Connect with us

Lançamentos

Anoushka Shankar: sitar instrumental e sons new age em EP novo

Published

on

Anoushka Shankar: sitar instrumental e sons new age em EP novo

Anoushka Shankar é filha do sitarista Ravi Shankar e meia-irmã de Norah Jones. Também é sitarista, nascida em Londres em 1981, e criada entre a capital do Reino Unido e Delhi, na Índia. Os parentescos não definem totalmente o trabalho dela, que transita entre os sons indianos e a música clássica (gravou discos até pelo selo Deutsche Grammophon) e também fez trabalhos como atriz, narradora e até jornalista. Na infância, acompanhou o pai tocando tamboura com ele, mas aprendeu sitar de verdade com um discípulo de Ravi, Gaurav Mazumdar.

Muita gente deve se lembrar de que ela participou do memorial a George Harrison, The concert for George, em 2002 – abriu a apresentação e depois voltou para cantar The inner light, lado B dos Beatles feito por Harrison, com o guitarrista Jeff Lynne. De lá para cá, além dos shows solo, ela também participou de vários tributos e shows beneficentes – por acaso muita gente se recorda de seu pai participando do Concerto para Bangladesh, criado por George Harrison. Fez também trilhas para filmes de Bollywood, além de criar relações com a música eletrônica e com o jazz em alguns momentos.

Dessa vez ela retorna com o disco instrumental Chapter I: Forever, for now, o primeiro de uma série de três EPs, cada um trazendo uma espécie de momento ligado à música. No caso do primeiro EP da série, são momentos do dia a dia, coisas para relembrar, e um design sonoro que às vezes, fica mais próximo da new age dos anos 1980 ou daquele estilo que lá pelos anos 1990 chamava, de healing music. O resultado soa belo, mas bem repetitivo em vários momentos, especialmente para quem não está acostumado com esse tipo de sonoridade.

A primeira faixa, Daydreaming, gravada com o pianista alemão Nils Frahm, abre com um tilintar do sitar bem próximo ao da introdução de Love you to, dos Beatles. O lado mais melancólico do disco fica por conta de Stolen moments, a segunda faixa. Os nove minutos de What I will remember? e a última faixa, Sleeping flowers (Awaken every spirit), soam como continuação uma da outra, e parecem falar (musicalmente) de recordações em vídeos antigos e álbuns de fotos, como se fosse uma trilha para um filme de tempos idos.

No disco, Anoushka é acompanhada por Nils Frahm (piano, gaita de vidro, harmônio, percussão), Gal Maestro (baixo) e Magda Giannikou (acordeão), mas é o som do seu instrumento o que mais aparece no EP, e o que mais conversa musicalmente com o ouvinte.

Crítica

Ouvimos: Jovens Ateus, “Vol. 1”

Published

on

Ouvimos: Jovens Ateus, “Vol. 1”

Aguardado com certa expectativa, o álbum da banda paranaense Jovens Ateus é sombrio, opera entre o pós-punk e a darkwave, e pode ser resumido por uma referência: o The Cure de discos sorumbáticos como Seventeen seconds (1980) e Disintegration (1989). O baixo de Bruno Deffune dá a argamassa de boa parte do repertório, e ele caminha, em várias faixas, para algo próximo dos hits mais deprês do grupo britânico, como A forest e Lovesong.

Você encontra essa sonoridade em faixas de Vol. 1 como Espelhos, Cedo demais, Homem em ruínas e Passos lentos, e também na fantasmagórica Introspectro, algo entre The Cure, Joy Division e My Bloody Valentine. Em Mágoas, um riff de guitarra costura aquele que é o pós-punk mais ensolarado do álbum – por sinal num álbum no qual a palavra “ensolarado” não pode ser encaixada com facilidade. Baixo e synth dão a cara de Flores mortas, vibrações eletrônicas marcam a vinheta tamanho-família Twinturbo mixtape e um insuspeito lado metalcore (!) da banda dá as caras em Saboteur got me bloody, que lembra Ministry.

Nota: 8
Gravadora: Balaclava Records
Lançamentos: 10 de abril de 2025.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

 

Continue Reading

Crítica

Ouvimos: Funeral Macaco, “Idade do pássaro” (EP)

Published

on

Ouvimos: Funeral Macaco, “Idade do pássaro” (EP)

Com origens na “cacofonia da favela de Rio das Pedras, Zona Oeste do Rio” (frase tirada do próprio Instagram do grupo), o som do Funeral Macaco une pós-punk e brasilidades, num resultado que lembra tanto o rock pernambucano dos anos 1990 quanto bandas como Black Future e Paulo Bagunça e a Tropa Maldita. A capa do disco, por sua vez, dá uns traços com a de Exuma I, a estreia do Exuma (do hit Exuma, The Obeah Man).

Canicule, a faixa-título, resume tudo: baixo pesado, batuque de umbanda, vocal parecendo um dialeto, guitarra econômica, bateria soando como uma porrada rápida, entre rock e jazz – basicamente uma só nota entendida e transformada em algo pesado e sombrio. Congo e Angola é um samba fantasmagórico, com letra que lembra algo de Luiz Melodia. Frevo é um frevo de vocal furioso e bateria igualmente tensa, uma energia que passa pelo entendimento pós-punk do estilo.

General Candongueiro traz vocal cantado num ponto de umbanda, letra soando como homenagem a uma entidade – algo que ressoa na percussão-e-voz de Morangueira, e no ritmo quase cardíaco, que vai crescendo aos poucos em letra e peso musical, de O tempo do maquinário não é o mesmo e Exu Elégbará. Ao vivo, o Funeral Macaco deve ser uma enorme surpresa – e vale esperar pelos próximos shows.

Nota: 10
Gravadora: Independente
Lançamento: 13 de março de 2025

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

Continue Reading

Crítica

Ouvimos: Morcegula, “Caravana dos desajustados”

Published

on

Ouvimos: Morcegula, “Caravana dos desajustados”

Com formação pouco usual – um duo de guitarra e bateria, sendo que a bateria é tocada em pé e sem uso de pratos – o Morcegula, formado por Badke (Carbona) e Rebeca Li (Pulmão Negro) faz rock de garagem e punk com referências de Ramones, Blondie, B-52s, Cramps e até Rita Lee e Mutantes.

Algo que remete ao grupo paulistano pode ser encontrado nas letras de faixas como Formiga (uma espécie de apologia às formigas, e uma das melhores letras do disco) e Ratazanagem, enquanto um cruzamento com The Hives surge em Jupiter falou. Tomo 13 é punk melódico com lembranças de Strenght to endure (Ramones) e um clima próximo das músicas de Chuck Berry aparece na abertura de R de rei.

O lado Cramps do Morcegula surge não apenas em referências musicais, como também na opção por um rock “de terror” – sempre apontando para o lado das criaturas marginais, como na faixa-título, e em músicas como Noiva cadáver e Causa mortis. Basicamente rock simples e com ganchos que remetem ao punk noturno e rueiro, destinado ao último volume.

Nota: 8,5
Gravadora: Goma Base
Lançamento: 10 de abril de 2025

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

Continue Reading
Advertisement

Trending