Notícias
Vinil de Quinta: uma websérie para fazer você querer ouvir vinil

O deep listening (enfim, o ato de ouvir um disco com atenção e mergulhar de verdade na audição) vem ganhando projetos bem interessantes em formatos de podcast e canal de vídeos. A ideia do Vinil de quinta (cujos episódios foram ao ar todas as quintas-feiras no YouTube) é unir o lado profundo de ouvir vinis à conversa com quem entende de música e LPs.
O programa (que está em fase de planejamento para retornar em 2022) já trouxe entrevistas com colecionadores como Manoel Filho e Cristiano Grimaldi, e DJs como Grazy e Tamy, para falar de funk e rap, respectivamente. Pedro Diniz, um dos curadores da série junto com Eduardo Botelho, falou nos dois episódios sobre tropicalismo – aliás, cada tema é dividido em dois episódios, que são chamados de lado A e lado B.
A websérie é apresentada pelo DJ, pesquisador musical e comerciante de elepês Flávio César, e ainda tem vídeos enviados pelo público, analisados pela pesquisadora Aïcha Barat. Cada episódio passa por nada menos que 20 LPs, e a ideia dos criadores – e dos diretores Isabel Seixas (Estúdio M’Baraká) e Leo de Souza Santos (Pressa Filmes) – é que todo mundo, após assistir aos episódios que já foram ao ar, queiram sair por aí caçando seus vinis preferidos.
Eduardo, Pedro e Isabel bateram um papo com o POP FANTASMA sobre a websérie e sobre vinil (claro!).
Como vocês começaram a colecionar discos e qual foram seus primeiros discos?
Eduardo: Desde pequeno tive contato com LPs dentro de casa, pois meus pais fizeram o favor de guardar seus discos e sua vitrola pra além dos anos 90. Então desde pequeno tive uma pequena coleção dentro de casa, depois que cresci e passei a me interessar ainda mais por música, discos e todo esse universo, acabei “herdando” essa coleção de discos, a qual fui “engordando” com o tempo.
Pedro: Comecei meu contato com discos com a coleção dos meus pais, quando eu tinha 4-5 anos de idade, sempre pedia pra tocar Saltimbancos, TV Colosso, mas também os LPs do Chico Buarque, Clube da Esquina, Boca Livre e Beatles.
Conforme o tempo foi passando, os hábitos mudaram, e o CD passou a ser a mídia predominante, deixando assim, o vinil encostado pegando poeira.
Quando eu estava com 18-19 anos e meus pais estavam de mudança, eles quiseram jogar fora sua coleção de bolachões, foi aí que eu herdei um acervo repleto de grandes artistas nacionais e internacionais, do samba ao rock, do jazz a black music e voltei a me interessar pelo assunto.
Isabel: Eu recebi uma herança afetiva do meu pai. Antes dele falecer, separou sua coleção entres os filhos. Mas a maioria dos meus sete irmãos não tinha interesse e eu fiquei com uns cento e poucos discos. E dois irmãos com o resto. Nessa coleção que herdei do meu pai tinha basicamente MPB. Muito Gil, Caetano, Chico, Gal. Uns anos depois eu conheci o Pedro Diniz, curador da websérie e retomei esse amor pelos discos. E aí, o primeiro disco que comprei foi Paulinho da Costa (1984) e Beleléu (Itamar Assumpção), que dei de presente para os meus amigos, DJs e curadores da websérie (Pedro Diniz e Eduardo Botelho). No mesmo período, Pedro me presenteou com o Mico de circo, do Luiz Melodia.
Como vocês tiveram a ideia da série?
O projeto Vinil de quinta se iniciou no ano de 2017, quando Eduardo e Pedro trabalhavam juntos em um hostel em Copacabana, que possuía um espaço já famoso por seus eventos. Com o intuito de celebrar esse formato de mídia física e reunir amigos, colecionadores e entusiastas do disco de vinil, Pedro e Eduardo decidiram por iniciar um evento quinzenal, sempre às quintas-feiras, tocando discos de suas coleções e também estimulando os convidados a levar seus discos de casa para que fossem tocados, trocados, debatidos… O evento presencial em Copacabana chegou a um fim, após sete edições, quando os dois produtores, Pedro e Eduardo, foram aprovados juntos para um intercâmbio no Reino Unido com bolsa de estudos.
Após um período de hiato na realização do evento entra na história Isabel Seixas, que após conhecer o projeto e se identificar com a causa resolve apostar na volta do projeto por meio de seu escritório de projetos culturais, a M’Baraká. Então Isabel utilizou todo seu know how em projetos para adequar e inscrever o Vinil de quinta na lei Aldir Blanc, lei emergencial de incentivo a cultura que entrou em vigor durante a pandemia da Covid-19. A proposta inicial da lei era re-ocupar os espaços de cultura da cidade com eventos presenciais, porém com o avanço da pandemia e do número de internações o projeto que seria presencial e aconteceria no Parque das Ruínas teve que se adaptar, transformando-se numa websérie gravada dentro de casa, seguindo todos os protocolos de testagem e prevenção contra a Covid-19.
A ideia original do projeto sofreu mudanças por causa da pandemia, certo? Como era antes e como foram as adaptações?
A proposta original do evento consistia em realizar uma série de eventos presenciais no Parque das Ruínas, com debates, feira de troca e exposição de vinis e claro, muita discotecagem 100% nos biscoitos. Assim como na websérie, nós pretendíamos debater a cada edição do evento um movimento/gênero musical importante para a cidade do Rio de Janeiro, realizando na primeira hora de evento um debate de aproximadamente 60 minutos entre convidados, curadores, mediadores e platéia.
Na sequência do debate nosso DJ/pesquisador convidado do dia assumiria os toca-discos, apresentando para o público presente um DJ set “temático” de acordo com o movimento/gênero musical debatido no dia. Infelizmente não foi possível seguir com a idéia original do projeto, mas nos adaptamos, reinventamos, e transformamos esse debate no que hoje é a websérie. A parte “musical” infelizmente não conseguimos adaptar para a internet por conta das questões de direitos autorais, então não foi possível adicionar à websérie a reprodução de faixas e discos mencionados nos episódios, nem tampouco foi possível organizar um DJ set dentro da “legalidade”, mas independente disso ficamos felizes e bem satisfeitos com esse projeto adaptado.
Hoje em dia tem muitos projetos envolvendo o deep listening de vinis, além da coleta de histórias sobre discos clássicos. O hábito de ouvir música com atenção e com imersão tem aumentado por aí?
A “volta triunfal” do vinil é algo que vem se consolidando na última década e é possível percebermos isso com clareza quando vemos o aumento no número de vendas nos LPs, o crescimento e a consolidação das feiras de vinil pelo país afora, bem como outros projetos audiovisuais e espaços onde reproduz-se somente discos de vinil… O interesse nesse tipo de mídia é crescente e acredito que durante a pandemia esse hábito tenha se intensificado ainda mais, visto que estivemos todos (ou quase todos) presos dentro de casa buscando maneiras de nos distrair e de amenizar os tempos difíceis. De minha parte com certeza aumentou, meus discos e meu som sem dúvida foram meu melhor escape durante esse período pandêmico.
Como tem sido fazer a edição a escolha de tudo que entra na série, diante de convidados que têm sempre histórias fantásticas pra contar, como Manoel Filho e Cristiano Grimaldi? Dói muito no coração deixar certas coisas de fora?
Como preparamos um roteiro prévio, foi mais fluido fazer a edição. Mas claro, é sempre um sofrimento… Quem fez a edição foi o Terêncio Porto, que é muito experiente e nos ajudou a sofrer menos e fazer as escolhas a partir da fluidez do papo. Claro, considerando que cada entrevista gerou cerca de 200 minutos de material bruto, a edição teve que chegar a um resultado de menos de 30% do tempo do material bruto. Fizemos uma leitura prévia do material bruto e buscamos marcar as respostas para o nosso roteiro. Papo de gente apaixonada por música rola solta, mas tinham um roteiro a seguir para o formato do programa.
Além disso, tinham os quadros Amigos de quinta, que achamos muito especial (no qual convidamos pessoas para falar de um disco especial dentro do tema do episódio) e o quadro Olha a capa, no qual a pesquisadora Aicha Barat fazia a leitura de uma capa importante para aquele estilo. Foi difícil encaixar tudo, mas buscamos seguir o roteiro original na edição.
Onde vocês compram vinil?
Somos grandes adeptos do “shopping chão”, dá pra encontrar muita coisa boa dessa forma. Mas não deixamos de frequentar sebos, lojas especializadas, feiras, leilões na internet… Até alguns meses atrás eu também fazia parte de um clube de assinatura, recebendo mensalmente um LP em casa. Durante o isolamento essa foi uma ótima forma de continuar em contato com novos discos. Outras fontes muito boas também são os grupos de Facebook, páginas do Instagram, além é claro dos colecionadores/vendedores que fazem essa roda girar e negociam seus velhos achados para abrir espaços para novos achados.
Qual vinil vocês querem MUITO ter e não acharam/não conseguiram comprar por causa do preço?
Eduardo: Um sonho de consumo atual é o LP Nesse inverno, do Tony Bizarro. Não é dos preços mais estratosféricos (no Discogs o mais barato se encontra por R$ 560 com frete) mas é um LP chato de achar.
Pedro: Difícil escolher um. Mas coloco aqui três que eu quero muito: Panis et circenses, A banda tropicalista do Duprat e Jards Macalé (1972), são discos raros, caros e que são elementares pra nossa música.
Lembram de algum disco que só dá pra ouvir em vinil (em CD e plataformas digitais nem pensar)?
Pedro: Pensamos aqui e não lembramos de nenhum, só daqueles unreleased de música eletrônica.
Como veem essa onda dos toca-discos de maletinha? Dá pra confiar?
Eduardo: Particularmente eu acho essa moda das maletinhas até bacana, pra muita gente pode ser a única opção de soundsystem viável financeiramente para se começar uma coleção. Eu felizmente pude começar com o toca-discos 3 em 1 que herdei de meus pais mas muita gente não tem essa oportunidade e precisa arrumar um jeito barato de reproduzir aquele disco especial que tá pegando poeira na estante, então as maletinhas nesse caso podem ser uma boa opção de entrada. Agora, se a pessoa está disposta a dar um passo a mais e realmente se envolver com esse universo dos discos de vinil, ai eu já recomendo fortemente fugir dessas maletas, principalmente pela qualidade do braço e da agulha que, a médio-longo prazo, podem acabar deteriorando os discos ali reproduzidos.
Vocês ainda compram CD? Acham que o formato ainda vai ser revitalizado?
Não acreditamos em um “boom” do mercado de CDs como aconteceu com os LPs por diversos fatores: não achamos que o CD tenha o mesmo apelo “nostálgico” que um LP possui, nem a mesma qualidade sonora. Um bom LP reproduzido em um bom sistema de som sempre será a preferência da grande maioria dos audiófilos, além de que existe uma infinidade de obras e artistas que só estão disponíveis em long plays. Não temos comprado mais CDs, e sim focado na expansão da coleção de discos!
Lançamentos
Radar: Lia de Itamaracá e Daúde, Silver, Janu, Felipe Neiva, Wills Tevs

A semana começou! Aliás “começou!” me lembra que tem um certo podcast aí que volta nesta semana… Mas teremos a semana para falar disso. Dessa vez, começamos com o Radar nacional, que destaca o novo single de Lia de Itamaracá e Daúde – tem álbum em dupla vindo aí – além de outras novidades. Ouça e repasse!
Texto: Ricardo Schott – Foto (Lia de Itamaracá e Daúde): Ravaneli Mesquitta / Divulgação
- Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.
- Mais Radar aqui.
LIA DE ITAMARACÁ E DAÚDE, “QUEM É?” / “A GALERIA DO AMOR”. Histórico é pouco para definir este lançamento. Em breve sai Pelos olhos do mar, unindo Daúde e Lia de Itamaracá – você já leu aqui mesmo no Radar sobre o primeiro single, Florestania. E dessa vez sai um single duplo, com as músicas Quem é? (Maurilio Lopes e Silvinho) e A galeria do amor (Agnaldo Timóteo).
A primeira é um bolero imortalizado pelo co-autor Silvinho, cantado candidamente por Lia – já a Galeria, composta e gravada por Agnaldo em 1975, ressurge transformada numa guarânia blues na voz de Daúde, e é uma música que falava de forma cifrada da Galeria Alaska, ponto de encontro de homens gays em Copacabana. Curiosamente, a veterana Lia recorda ter conhecido Quem é? justamente na gravação de Timóteo, feita em 1978 no álbum Te amo cada vez mais. Pedro Baby (guitarra) e Zé Ruivo (piano Rhodes) participam das duas faixas.
SILVER, “TURN AROUND”. O guitarrista, escritor e jornalista Felipe Machado (Viper) uniu-se ao vocalista Rodrigo Cerveira para recordar o rock pauleira dos anos 1990 no Silver – a ideia é responder perguntas do tipo “como soaria o grunge em 2025?”, e buscar um equilíbrio de influências noventistas com sons mais clássicos do rock. Mesmo com o lado anos 1990 super acentuado, o EP Turn around (selo Wikimetal) destaca a faixa-título, música que faz uma união exata de referências de Led Zeppelin e Black Sabbath, nos solos e no andamento.
A faixa já ganhou um clipe, em preto e branco, dirigido por Raul Machado – e destacando também as participações dos convidados Rodrigo Oliveira (Korzus) na bateria e Rob Machado (Hollowmind) no baixo.
JANU, “DE TODAS AS COISAS”. “Eu poderia viver com você / cuidar d’uns bichos / decidir o que ver na TV / fazer o impossível / pra tu nunca mais parar de rir / mas tu não mereceu”, canta o alagoano Janu em seu novo single, De todas as coisas – uma canção de desamor e superação, bem dançante, que ganhou um lyric video gravado na Ilha do Ferro, lá mesmo em Alagoas. O novo som de Janu, aliás, é uma salsa, cujo nome é referenciado no álbum De todas las flores, da cantora e compositora mexicana Natalia Lafourcade.
E o ciclo da latinidad é fechadíssimo pelos versos em espanhol da parceira Laura Emília, que surge na faixa declamando sua poesia. Laura, vinda de Arapiraca (AL), é doutoranda em Literaturas Hispânicas pela Universidade da Califórnia, e tanto ela quanto Janu são “apaixonados pela cultura latina e com vontade de diminuir a distância entre Brasil e América Latina, onde o que mais afasta é a barreira da língua”, diz o cantor.
FELIPE NEIVA, “BABY”. Em 2026 sai o álbum de Felipe, NiKitsch / PopIshtar, que “explora o que há de kitsch em ser um indie-popstar from Niterói (RJ), agora, vivendo em Portugal”. A ideia de Felipe é ajudar a fazer renascer a soul music nacional – e o single Baby, com lembranças da santíssima trindade do estilo (Tim Maia, Hyldon, Cassiano) adianta a proposta, com melodia e arranjo românticos e voadores. Ao lado de Felipe, os irmãos Alberto Continentino (baixo, guitarra), Jorge Continentino (flauta transversal) e Kiko Continentino (teclados e co-produção ao lado de Felipe). Um lançamento Cavaca Records, em parceria com o selo europeu Concha.
WILLS TEVS, “MENSAGEIRO”. Com um álbum já na agulha para o começo de 2026, Infinitas___lacunas, o paulistano Wills Tevs é um cara do indie rock, mas vem se aproximando do country – aquele mesmo, feito nos Estados Unidos – em novas gravações. Mensageiro, sua nova música, é bem nesse estilo, contando com guitarras slide, violões e a estileira geral do country na produção. O single sai pelo selo Orangeiras.
Lançamentos
Radar: Feralkat, CPM 22, Los Otros, Carvel, Brsk Gene

Semana complicadinha por aqui: resfriado brabo (já falei disso no Radar anterior) e mal funcionamos ontem. Mas estamos aqui com o Radar nacional de hoje, destacando a novidade do single novo do Feralkat, do single comemorativo do CPM 22, do primeiro clipe de Los Otros, e de sons de Carvel e Brsk Geene. Ouça e repasse!
Texto: Ricardo Schott – Foto (Feralkat): Érica Ignácio / Divulgação
- Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.
- Mais Radar aqui.
FERALKAT, “TSUNAMI”. Karukasy, próximo disco do projeto da musicista e cantora Natasha Durski, sai em 2026. E é aberto pelo single Tsunami, uma canção que une estilos que primam pelo escapismo musical e pela vibe imagética (dreampop e post rock). A ideia de Natasha foi falar do término difícil de um relacionamento, recorrendo a sons e imagens que evocam emoções de maneira densa.
“O ‘tsunami’ é tanto o mar turbulento interno quanto o pranto – as lágrimas dessa dor. O sample de Space song, do Beach House, reforça essa sensação, com o verso ‘who will dry your eyes when it falls apart’ ecoando na solidão desse fim”, conta Natasha, que gravou todo o material do disco em seu próprio estúdio. Ela recomenda inclusive o uso de bons fones de ouvidos para sentir o som do álbum por inteiro. “Trabalhei muito o paneamento (sons passando de um canal para o outro) e o estéreo”, avisa.
CPM 22, “30 ANOS DEPOIS”. A banda punk paulistana dá continuidade à comemoração pelas suas três décadas de história lançando um single que resume a sua trajetória até aqui. 30 anos depois surgiu de um texto escrito pelo vocalista Badaui, que foi transformado em letra pelo guitarrista Luciano Garcia – e sai no meio da turnê comemorativa do grupo.
“A ideia de fazer uma música em comemoração aos 30 anos da banda existia desde o ano passado, mas o processo de desenvolvimento começou há uns três ou quatro meses”, conta Luciano. Badauí completa: “No fim, essa música é uma homenagem à nossa trajetória e também um agradecimento a quem sempre esteve com a banda”.
LOS OTROS, “ROTINA”. A abertura dessa música tem conexões com Roll with me, do Oasis – mas é só começar a ouvir, que dá para perceber relações sérias com Beatles, rock de garagem, glam rock e outros estilos próximos. Rotina, single novo da banda paulistana Los Otros (Isabella Menin, baixo e voz; Tom Motta, guitarra e voz; Vinicius Czaplinski, bateria) já havia sido comentado e elogiado por aqui, lembra? E agora virou clipe, mostrando a banda em ação, tocando e fazendo de tudo para evitar ela própria, a tal da rotina.
CARVEL, “NÓS DOIS SABEMOS”. Vindos de Vinhedo (SP), Guilherme Avelino (voz e guitarra), Lucas Argenton (guitarra), Victor Gonzales (baixo) e João Gabriel Diamantino (bateria) definem seu som pela união do indie rock com o ritmo de nomes como Jamiroquai. A faixa Nós dois sabemos antecipa o lançamento de Ainda é tempo, álbum previsto para 2026, e fala sobre o término de um relacionamento, só que comentando também sobre mudanças e fases novas – justamente num momento de mudanças para o grupo. O clipe, dirigido pelo guitarrista Lucas Argenton, mostra a banda tocando em estúdio, sempre em preto e branco – e só se torna colorido no final, representando a mudança na história do grupo.
BRSK GENE feat. KOUTH, “F.a.L.a // c.o.m.i.g.o.”. Com nome de música e de banda estilizados (Brsk Gene é a abreviatura de “berserk gene”, algo como “gene furioso”), esse projeto musical veio de Massaranduba, município de Santa Catarina que é conhecido como a capital local do arroz. Jus/i, que criou o Brsk Gene, garante que a natureza de sua música é a intensidade, e fala nas letras de temas como ansiedade, TDAH, relacionamentos complexos e a luta para existir de maneira autêntica no mundo.
O som traz referências de metalcore, trap metal, eletrônica e peso em geral. O single F.a.L.a // c.o.m.i.g.o. fala sobre “esse limiar perigoso entre o real e o surreal, mas também sobre aquela sensação de ser estranho, inadequado, e a relação desesperadora disso com a necessidade de conexão social. E tem o acréscimo dos vocais da trapper paulistana Kouth.
- Gostou do texto? Seu apoio mantém o Pop Fantasma funcionando todo dia. Apoie aqui.
- E se ainda não assinou, dá tempo: assine a newsletter e receba nossos posts direto no e-mail.
Lançamentos
Radar: Clara Bicho, Tontom, Seu Calixto, Miragaya, Tenório

Atchim! Em meio a um baita resfriado, vamos devagar para o segundo Radar nacional da semana – agora são três vezes! – destacando o clipe retrô-moderninho de Clara Bicho, mas seguindo também com o pop brasileiro de Tontom, o rock’n roll de Seu Calixto e Miragaya, e o jazz indie do Tenório.
Texto: Ricardo Schott – Foto (Clara Bicho): Pedro Patti / Divulgação
- Quer receber nossas descobertas musicais direto no e-mail? Assine a newsletter do Pop Fantasma e não perca nada.
- Mais Radar aqui.
CLARA BICHO, “TELEJORNAL ANIMAL”. Primeiro single da mineira Clara desde o EP Cores da TV (resenhado pela gente aqui), Telejornal animal é um easy listening ensolaradíssimo, com balanço lembrando Lincoln Olivetti e estileira dream pop nos vocais e nos teclados. Narrando um romance mediado pela TV, a letra fala em largar tudo e voar pra bem longe de tudo que causa estresse e aporrinhação.
Já o clipe, dirigido por Mariana Barbosa, traz a personagem Lua – um personagem imaginado por Clara, que ganhou fantoche feito por Laura Kind – apresentando um misto de telejornal com talk show no estilo do Johnny Carson. A cláusula de tempo é a dos anos 1960/1970: vestidões, roupas em clima psicodélico, gente fumando na plateia e até no palco. Ainda que Telejornal animal, a música, seja o mais 2025 possível.
TONTOM, “OLHA”. A carioca Tontom (Antonia Perissé) também lança o primeiro single após um EP – Mania 2000 saiu no ano passado e foi resenhado pela gente aqui. Olha, o novo compactinho dela, é uma ska-bossa com efeitos, ruídos e psicodelia no design sonoro. A letra, por sua vez, narra de maneira fofíssima o começo de uma paixão. “Eu escrevi o single enquanto conhecia meu namorado, fiz a melodia junto com o primeiro verso, e ao longo do tempo e dos acontecimentos, fui completando as lacunas vazias da melodia com a letra. É uma canção extremamente sincera e pessoal”, conta ela, que hoje está estudando música em Berlim, na Alemanha.
SEU CALIXTO, “LÁ FORA”. Essa banda de Salvador (BA) une referências como Clube da Esquina, Raul Seixas e Red Hot Chili Peppers – e, pode acreditar, você vai encontrar tudo isso misturado em Lá fora, novo single de Pedro Bulcão (voz), Seu Zé (guitarra), Gabriel Brandão (baixo) e David Bernardes (bateria). É uma música que une o senso melódico e as texturas imortalizadas por John Frusciante (guitarrista do RHCP) e uma poesia bem brasileira. Seu Zé, o guitarrista, conta que a música fala sobre aproveitar de maneira plena “a companhia de outra pessoa, uma conexão de almas que exclui o resto do mundo”. Já a ideia por trás da melodia é a de “traduzir um clima de que há tempo de sobra para aproveitar o momento, sem pressa”.
MIRAGAYA, “LOCKDOWN”. Autor de músicas para comerciais e trilhas, o guitarrista Ronaldo Miragaya deu um tempo nas bandas com vocalistas e decidiu montar um power trio instrumental com Vinícius Giffoni (baixo) e Dawton Mendes (bateria). O trabalho chegou ao disco, por intermédio do selo Caravela Records, e também à TV: o EP Ao vivo do Ipiranga sai nas plataformas e também virou especial do canal de TV Music Box Brazil. Lockdown, uma das mais significativas faixas do EP, dá uma cara blues-rock ao fecha-tudo da pandemia, trazendo o que Miragaya chama de “riffs e grooves coexistindo em harmonia”, além de inúmeros solos.
TENÓRIO, “PEDRA DO RIO NÃO SABE QUE MONTANHA É QUENTE”. Jazz caudaloso, progressivo e referenciado em Tigran Hamasyan, Amaro Freitas, Radiohead, Badbadnotgood e Porstishead. É a proposta do Tenório, projeto musical que acaba de estrear com seu primeiro single, Pedra do rio não sabe que montanha é quente. Uma música que passeia por vários ritmos, conduzida pelo piano e pelo design percussivo.
Na formação do Tenório, Filipe Consolini (piano), Henrique Meyer (guitarra), Victor José (baixo) e Felipe Marques (bateria). O grupo pretende lançar mais um single até o começo de dezembro, e o álbum inteiro do Tenório no ano que vem.
- Gostou do texto? Seu apoio mantém o Pop Fantasma funcionando todo dia. Apoie aqui.
- E se ainda não assinou, dá tempo: assine a newsletter e receba nossos posts direto no e-mail.
Cultura Pop5 anos agoLendas urbanas históricas 8: Setealém
Cultura Pop5 anos agoLendas urbanas históricas 2: Teletubbies
Notícias8 anos agoSaiba como foi a Feira da Foda, em Portugal
Cinema8 anos agoWill Reeve: o filho de Christopher Reeve é o super-herói de muita gente
Videos8 anos agoUm médico tá ensinando como rejuvenescer dez anos
Cultura Pop7 anos agoAquela vez em que Wagner Montes sofreu um acidente de triciclo e ganhou homenagem
Cultura Pop9 anos agoBarra pesada: treze fatos sobre Sid Vicious
Cultura Pop8 anos agoFórum da Ele Ela: afinal aquilo era verdade ou mentira?

































