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Vinil de Quinta: uma websérie para fazer você querer ouvir vinil

O deep listening (enfim, o ato de ouvir um disco com atenção e mergulhar de verdade na audição) vem ganhando projetos bem interessantes em formatos de podcast e canal de vídeos. A ideia do Vinil de quinta (cujos episódios foram ao ar todas as quintas-feiras no YouTube) é unir o lado profundo de ouvir vinis à conversa com quem entende de música e LPs.
O programa (que está em fase de planejamento para retornar em 2022) já trouxe entrevistas com colecionadores como Manoel Filho e Cristiano Grimaldi, e DJs como Grazy e Tamy, para falar de funk e rap, respectivamente. Pedro Diniz, um dos curadores da série junto com Eduardo Botelho, falou nos dois episódios sobre tropicalismo – aliás, cada tema é dividido em dois episódios, que são chamados de lado A e lado B.
A websérie é apresentada pelo DJ, pesquisador musical e comerciante de elepês Flávio César, e ainda tem vídeos enviados pelo público, analisados pela pesquisadora Aïcha Barat. Cada episódio passa por nada menos que 20 LPs, e a ideia dos criadores – e dos diretores Isabel Seixas (Estúdio M’Baraká) e Leo de Souza Santos (Pressa Filmes) – é que todo mundo, após assistir aos episódios que já foram ao ar, queiram sair por aí caçando seus vinis preferidos.
Eduardo, Pedro e Isabel bateram um papo com o POP FANTASMA sobre a websérie e sobre vinil (claro!).
Como vocês começaram a colecionar discos e qual foram seus primeiros discos?
Eduardo: Desde pequeno tive contato com LPs dentro de casa, pois meus pais fizeram o favor de guardar seus discos e sua vitrola pra além dos anos 90. Então desde pequeno tive uma pequena coleção dentro de casa, depois que cresci e passei a me interessar ainda mais por música, discos e todo esse universo, acabei “herdando” essa coleção de discos, a qual fui “engordando” com o tempo.
Pedro: Comecei meu contato com discos com a coleção dos meus pais, quando eu tinha 4-5 anos de idade, sempre pedia pra tocar Saltimbancos, TV Colosso, mas também os LPs do Chico Buarque, Clube da Esquina, Boca Livre e Beatles.
Conforme o tempo foi passando, os hábitos mudaram, e o CD passou a ser a mídia predominante, deixando assim, o vinil encostado pegando poeira.
Quando eu estava com 18-19 anos e meus pais estavam de mudança, eles quiseram jogar fora sua coleção de bolachões, foi aí que eu herdei um acervo repleto de grandes artistas nacionais e internacionais, do samba ao rock, do jazz a black music e voltei a me interessar pelo assunto.
Isabel: Eu recebi uma herança afetiva do meu pai. Antes dele falecer, separou sua coleção entres os filhos. Mas a maioria dos meus sete irmãos não tinha interesse e eu fiquei com uns cento e poucos discos. E dois irmãos com o resto. Nessa coleção que herdei do meu pai tinha basicamente MPB. Muito Gil, Caetano, Chico, Gal. Uns anos depois eu conheci o Pedro Diniz, curador da websérie e retomei esse amor pelos discos. E aí, o primeiro disco que comprei foi Paulinho da Costa (1984) e Beleléu (Itamar Assumpção), que dei de presente para os meus amigos, DJs e curadores da websérie (Pedro Diniz e Eduardo Botelho). No mesmo período, Pedro me presenteou com o Mico de circo, do Luiz Melodia.
Como vocês tiveram a ideia da série?
O projeto Vinil de quinta se iniciou no ano de 2017, quando Eduardo e Pedro trabalhavam juntos em um hostel em Copacabana, que possuía um espaço já famoso por seus eventos. Com o intuito de celebrar esse formato de mídia física e reunir amigos, colecionadores e entusiastas do disco de vinil, Pedro e Eduardo decidiram por iniciar um evento quinzenal, sempre às quintas-feiras, tocando discos de suas coleções e também estimulando os convidados a levar seus discos de casa para que fossem tocados, trocados, debatidos… O evento presencial em Copacabana chegou a um fim, após sete edições, quando os dois produtores, Pedro e Eduardo, foram aprovados juntos para um intercâmbio no Reino Unido com bolsa de estudos.
Após um período de hiato na realização do evento entra na história Isabel Seixas, que após conhecer o projeto e se identificar com a causa resolve apostar na volta do projeto por meio de seu escritório de projetos culturais, a M’Baraká. Então Isabel utilizou todo seu know how em projetos para adequar e inscrever o Vinil de quinta na lei Aldir Blanc, lei emergencial de incentivo a cultura que entrou em vigor durante a pandemia da Covid-19. A proposta inicial da lei era re-ocupar os espaços de cultura da cidade com eventos presenciais, porém com o avanço da pandemia e do número de internações o projeto que seria presencial e aconteceria no Parque das Ruínas teve que se adaptar, transformando-se numa websérie gravada dentro de casa, seguindo todos os protocolos de testagem e prevenção contra a Covid-19.
A ideia original do projeto sofreu mudanças por causa da pandemia, certo? Como era antes e como foram as adaptações?
A proposta original do evento consistia em realizar uma série de eventos presenciais no Parque das Ruínas, com debates, feira de troca e exposição de vinis e claro, muita discotecagem 100% nos biscoitos. Assim como na websérie, nós pretendíamos debater a cada edição do evento um movimento/gênero musical importante para a cidade do Rio de Janeiro, realizando na primeira hora de evento um debate de aproximadamente 60 minutos entre convidados, curadores, mediadores e platéia.
Na sequência do debate nosso DJ/pesquisador convidado do dia assumiria os toca-discos, apresentando para o público presente um DJ set “temático” de acordo com o movimento/gênero musical debatido no dia. Infelizmente não foi possível seguir com a idéia original do projeto, mas nos adaptamos, reinventamos, e transformamos esse debate no que hoje é a websérie. A parte “musical” infelizmente não conseguimos adaptar para a internet por conta das questões de direitos autorais, então não foi possível adicionar à websérie a reprodução de faixas e discos mencionados nos episódios, nem tampouco foi possível organizar um DJ set dentro da “legalidade”, mas independente disso ficamos felizes e bem satisfeitos com esse projeto adaptado.
Hoje em dia tem muitos projetos envolvendo o deep listening de vinis, além da coleta de histórias sobre discos clássicos. O hábito de ouvir música com atenção e com imersão tem aumentado por aí?
A “volta triunfal” do vinil é algo que vem se consolidando na última década e é possível percebermos isso com clareza quando vemos o aumento no número de vendas nos LPs, o crescimento e a consolidação das feiras de vinil pelo país afora, bem como outros projetos audiovisuais e espaços onde reproduz-se somente discos de vinil… O interesse nesse tipo de mídia é crescente e acredito que durante a pandemia esse hábito tenha se intensificado ainda mais, visto que estivemos todos (ou quase todos) presos dentro de casa buscando maneiras de nos distrair e de amenizar os tempos difíceis. De minha parte com certeza aumentou, meus discos e meu som sem dúvida foram meu melhor escape durante esse período pandêmico.
Como tem sido fazer a edição a escolha de tudo que entra na série, diante de convidados que têm sempre histórias fantásticas pra contar, como Manoel Filho e Cristiano Grimaldi? Dói muito no coração deixar certas coisas de fora?
Como preparamos um roteiro prévio, foi mais fluido fazer a edição. Mas claro, é sempre um sofrimento… Quem fez a edição foi o Terêncio Porto, que é muito experiente e nos ajudou a sofrer menos e fazer as escolhas a partir da fluidez do papo. Claro, considerando que cada entrevista gerou cerca de 200 minutos de material bruto, a edição teve que chegar a um resultado de menos de 30% do tempo do material bruto. Fizemos uma leitura prévia do material bruto e buscamos marcar as respostas para o nosso roteiro. Papo de gente apaixonada por música rola solta, mas tinham um roteiro a seguir para o formato do programa.
Além disso, tinham os quadros Amigos de quinta, que achamos muito especial (no qual convidamos pessoas para falar de um disco especial dentro do tema do episódio) e o quadro Olha a capa, no qual a pesquisadora Aicha Barat fazia a leitura de uma capa importante para aquele estilo. Foi difícil encaixar tudo, mas buscamos seguir o roteiro original na edição.
Onde vocês compram vinil?
Somos grandes adeptos do “shopping chão”, dá pra encontrar muita coisa boa dessa forma. Mas não deixamos de frequentar sebos, lojas especializadas, feiras, leilões na internet… Até alguns meses atrás eu também fazia parte de um clube de assinatura, recebendo mensalmente um LP em casa. Durante o isolamento essa foi uma ótima forma de continuar em contato com novos discos. Outras fontes muito boas também são os grupos de Facebook, páginas do Instagram, além é claro dos colecionadores/vendedores que fazem essa roda girar e negociam seus velhos achados para abrir espaços para novos achados.
Qual vinil vocês querem MUITO ter e não acharam/não conseguiram comprar por causa do preço?
Eduardo: Um sonho de consumo atual é o LP Nesse inverno, do Tony Bizarro. Não é dos preços mais estratosféricos (no Discogs o mais barato se encontra por R$ 560 com frete) mas é um LP chato de achar.
Pedro: Difícil escolher um. Mas coloco aqui três que eu quero muito: Panis et circenses, A banda tropicalista do Duprat e Jards Macalé (1972), são discos raros, caros e que são elementares pra nossa música.
Lembram de algum disco que só dá pra ouvir em vinil (em CD e plataformas digitais nem pensar)?
Pedro: Pensamos aqui e não lembramos de nenhum, só daqueles unreleased de música eletrônica.
Como veem essa onda dos toca-discos de maletinha? Dá pra confiar?
Eduardo: Particularmente eu acho essa moda das maletinhas até bacana, pra muita gente pode ser a única opção de soundsystem viável financeiramente para se começar uma coleção. Eu felizmente pude começar com o toca-discos 3 em 1 que herdei de meus pais mas muita gente não tem essa oportunidade e precisa arrumar um jeito barato de reproduzir aquele disco especial que tá pegando poeira na estante, então as maletinhas nesse caso podem ser uma boa opção de entrada. Agora, se a pessoa está disposta a dar um passo a mais e realmente se envolver com esse universo dos discos de vinil, ai eu já recomendo fortemente fugir dessas maletas, principalmente pela qualidade do braço e da agulha que, a médio-longo prazo, podem acabar deteriorando os discos ali reproduzidos.
Vocês ainda compram CD? Acham que o formato ainda vai ser revitalizado?
Não acreditamos em um “boom” do mercado de CDs como aconteceu com os LPs por diversos fatores: não achamos que o CD tenha o mesmo apelo “nostálgico” que um LP possui, nem a mesma qualidade sonora. Um bom LP reproduzido em um bom sistema de som sempre será a preferência da grande maioria dos audiófilos, além de que existe uma infinidade de obras e artistas que só estão disponíveis em long plays. Não temos comprado mais CDs, e sim focado na expansão da coleção de discos!
Lançamentos
Radar: Bike, Negro Leo, Vivendo do Ócio, Lô Borges e Zeca Baleiro, Esquema Símio, Tiaslovro, Funérea

Nada como a poesia de Lô Borges e Zeca Baleiro, além do clima introspectivo do Tiaslovro, para contrabalançar uma das edições mais ruidosas do Radar nacional do Pop Fantasma. Tem peso no som novo do Bike, no punk gótico do Funérea… até o indie gótico do Vivendo do Ócio e a MPB tropicalista de Negro Leo surgem falando bem alto por aqui. Ouça tudo no último volume para os vizinhos ouvirem.
Texto: Ricardo Schott – Foto (Bike): André Almeida/Divulgação
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BIKE, “SUCURI”. Noise meditations, sexto álbum da banda paulista Bike, sai em setembro, marcando mais um gol da nova psicodelia brasileira. Sucuri, single novo do grupo, investe com força na lisergia jazzística brasileira: a percussão e a bateria são assumidamente inspiradas nos trabalhos dos mestres Dom Um Romão e Robertinho Silva. Já a letra é inspirada na lenda Yube e a Sucuri, da tradição indígena Kaxinawá, que fala sobre um homem que se apaixona por uma mulher sucuri.
Júlio Cavalcante e Diego Xavier, guitarristas do Bike, emulam sons de pássaros com seus instrumentos, enquanto toda a banda dedica-se a um som ruidoso, com experimentações que vão do afropop ao hard rock. Não ouça de fone – é som pra caixas acústicas altas, espaços grandes e horas de sonho.
NEGRO LEO, “BORBOLETINHAS MULTICOLORIDAS”. Com participações de músicos como Marcelo Callado, Domenico Lancellotti e Eduardo Manso, o álbum Água batizada, de Negro Leo, saiu originalmente em agosto de 2016 pelo selo Rock It!. E agora passa a fazer parte do catálogo da gravadora QTV, em todas as plataformas. O samba infantil psicodélico Borboletinhas multicoloridas, aludindo a Jorge Ben, Mutantes e Gilberto Gil, é para escutar no repeat – e dá quase uma trilha do Sítio do Pica-Pau Amarelo (o programa da Globo) aditivada. E Rela, disco novo de Negro Leo, foi resenhado pela gente.
VIVENDO DO ÓCIO feat JADSA, “NÃO TEM NENHUM SEGREDO”. Depois de lançar a dançante Baila comigo (nada a ver com a canção de Rita Lee) ao lado de Paulo Miklos, a banda baiana recebe a conterrânea Jadsa para uma aventura pelo pop adulto eletrônico. Não tem nenhum segredo remete a soul, a psicodelia, a Roberto e Erasmo e a Skank. A música nasceu um sonho do vocalista e guitarrista Jajá Cardoso, que acordou com o refrão na cabeça e correu para gravá-lo no celular – Ronei Jorge, comandante da banda Os Ladrões De Bicicleta, coassina a faixa com ele. E Hasta la Bahia, quinto disco de estúdio do Vivendo Do Ócio, tá vindo aí.
LÔ BORGES E ZECA BALEIRO, “ANTES DO FIM”. Lô e Zeca curtem encontros musicais – descobrir novos parceiros, renovar o som com músicos novos, criar viagens sonoras diferentes. No dia 22 sai Céu de giz, disco novo de Lô, com letras assinadas por Zeca – e os dois dividem os vocais em cinco faixas do álbum, entre elas o single Antes do fim. Zeca, na canção, adere ao clima beatle e clássico das canções de Lô – e o mineiro junta-se à vibe poética, ácida e esperançosa do maranhense. A música já ganhou um lyric video, dirigido por Izabele Pertensen.
ESQUEMA SÍMIO, “BERÇÁRIO”. Essa banda baiana, lançamento da supergravadora indie Trinca de Selos (formada pelas etiquetas Brechó Discos, Bigbross Records e São Rock Discos), faz pós-grunge – mas não espere nada parecido com Foo Fighters ou algo do tipo. O negócio do Esquema Símio é misturar grooves psicodélicos, guitarras repletas de efeitos e letras instigantes – como o protesto de Arquivos mortos e a espiritualidade de Ogum. Berçário, uma das faixas do álbum Homo homini lupus 2 (2025), fala sobre todo o medo e renúncia da maternidade, com climas assumidamente influenciados pelos Smashing Pumpkins de Machina/The machines of god (2000).
TIASLOVRO, “TORRE DO TEMPO”. Tiaslovro é o codinome artístico escolhido pelo músico e diretor cinematográfico Matias Lovro. O EP de estreia Portos do Reino sai em breve, e Torre do tempo adianta os trabalhos. Um folk imagético, com referências assumidas de Fleet Foxes e Leonard Cohen, mas com algo bem próximo do som de cantores como Tim Buckley (o pai do Jeff). Tiaslovro diz que, na canção, o violão chega a expressar mais do que as palavras – e que a música revela que ele curte criar mundos e deixar o/a ouvinte completar as lacunas.
FUNÉREA, “CAROLINA”. Lançada pelo selo Downstage, a faixa nova da banda de Lucas Carmo (voz, guitarra), Pedro Lanches (baixo, voz), Lucas Santos (bateria) e Vitor Martins (guitarra) é punk com vibe emo, e certo clima gótico dado pela letra e por detalhes da melodia – por sinal, desde o começo, a banda paulistana é tida como “punk demais pro emo, emo demais pro punk”. Pedro Lanches, baixista do grupo, já apareceu com seu trabalho solo num outro Radar aqui no Pop Fantasma.
Lançamentos
Radar: Suede, Tombstones In Their Eyes, Ani Glass, Aimée e Mediopicky – e mais!

O Suede abre o Radar internacional de hoje com seu extremamente imperdível single novo, Dancing with the europeans – que só aumenta a vontade de conferir logo o próximo álbum, em breve nas plataformas. Tem uma galera bem experiente hoje por aqui (David Byrne, Jeff Tweedy), mas a ideia é jamais deixar de lado a turma que ainda está em busca de fãs e audições. Também fizemos questão de mostrar que pop, rock, música eletrônica e experimentações musicais andam se encontrando bastante. Ouça tudo no último volume.
Texto: Ricardo Schott – Foto (Suede): Reprodução YouTube
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SUEDE, “DANCING WITH THE EUROPEANS”. Após Disintegrate e Trance state, Dancing… é o terceiro single a anunciar o próximo disco da banda britânica Suede, Antidepressants, a sair dia 5 de setembro. O som lembra ligeiramente a fase Love, do The Cult (1985), com guitarras sempre presentes e ruidosas. Brett Anderson, cantor da banda, avisa que se trata de uma canção bastante otimista, que trouxe paz a ele durante um show do Suede na Espanha, exatamente na gravação do novo disco, “quando eu estava passando por um momento ruim e, pessoalmente, em baixa”, diz. O show acabou sendo ótimo, e a frase “dançar com os europeus” faz referência a buscar conexão com outras pessoas.
TOMBSTONES IN THEIR EYES, “I AM COLD”. Criada pelo músico John Treanor, essa banda de Los Angeles vem com pose de veterana e histórias para contar: gravam desde 2015 e, no single novo, I am cold, ressurgem com aquilo que chamam de “sessão de terapia cósmica”, já que a faixa nova tem barulho, psicodelia e sons em meio ao eco. I am cold encerra a jornada do álbum mais recente do Tombstones In Their Eyes, Asylum harbour, lançado no ano passado, e que teve produção de Paul Roessler (Josie Cotton, Nina Hagen, Hayley and the Crushers). E ganha um clipe tão viajante quanto a própria faixa.
ANI GLASS, “PHANTASMAGORIA”. Clima fantasmagórico não apenas em som como em imagem, é o que aguarda todo mundo no clipe dessa faixa, uma canção eletrônica, viajante e espectral que abre o lançamento do novo álbum de Ani, também chamado Phantasmagoria, e que sai em setembro. Ani é galesa, canta em galês e inglês, e decidiu fazer de seu próximo disco um lançamento conceitual sobre as questões de vida ou morte que ela vivenciou recentemente, quando foi diagnosticada com um raro tumor cerebral benigno.
AIMÉE E MEDIOPICKY, “AMIGO”. Um verdadeiro bate-estaca sonoro aguarda quem for escutar o novo single da cantora e do produtor dominicano. Definido como hyperpop pelo release, Amigo está mais para um gabber (aquela mescla de música eletrônica e hardcore), cujo peso e intermitência são quebrados pelos vocais doces de Aimée. O EP Amigo ainda tem Amigo punk – nada a ver com a canção da banda gaúcha Graforréia Xilarmônica, trata-se de uma releitura eletropunk da faixa-título. A terceira, Viejo amigo, é um merengue que mais parece um frevo, acelerado e psicodélico.
JEFF TWEEDY, “ENOUGH”. Vai ser fã de Tweedy assim lá no mato: o cantor do Wilco volta à carreira solo no dia 26 de setembro com o disco triplo (!) Twilight override. São trinta faixas novas, e vale dizer que isso não é nem metade do que ele anda fazendo – ele diz em entrevistas que compõe uma canção por dia. Enough, um dos quatro singles já liberados do disco, é um rock vintage que poderia estar no All things must pass, disco triplo de George Harrison (1970). Ou não?
DAVID BYRNE, “SHE EXPLAINS THINGS TO ME”. Fofa, ensolarada e com um clima que remente tanto ao folk quanto a Brian Wilson: a música nova de David Byrne tem também muito de Beatles e do próprio Talking Heads. E também é protesto puro: a letra é inspirada no livro Men explain things to me, de Rebecca Solnit, e fala sobre mansplaining – ou seja: o fato dos homens se acharem no direito de estarem sempre explicando coisas às mulheres, deslegitimando suas ideias e pontos de vista. Who is the sky?, próximo disco solo de Byrne, sai pela Matador no dia 5 de setembro.
NUUNNS, “INSTITUTION”. Banda de pós-punk e sons trevosos de Los Angeles, o Nuunns fala sobre loucura e afastamento da sociedade em seu novo single – cujo clipe, vale avisar, pode dar gatilhos em muita gente, embora valha MUITO a pena ser visto, até pelas questões que levanta. O som tem vibes motorik na bateria e uma pegada bem dark nos teclados, nas guitarras e nos vocais. Eles já estiveram aqui no Radar com um outro single, Self esteem.
Notícias
Urgente!: novas de AFI, Wolf Alice, Pelados, Saint Etienne e Big Thief

Operando entre o punk, o emo e o pós-punk, a banda norte-americana AFI retorna envolta em climas misteriosos e quase sombrios em seu novo single e seu novo clipe, Behind the clock. Davey Havok canta com voz grave, o baixo toma à frente, e as guitarras e a bateria fazem um condução quase psicodélica da faixa – que volta e meia lembra o som de grupos como Psychedelic Furs, U2 e Pulp, só que numa onda mais pesada. O vídeo, dirigido por Gilbert Trejo, é bem fantasmagórico: a ideia do diretor foi fazer com que “o vídeo parecesse como se você estivesse vendo algo que não deveria” (segundo suas próprias palavras).
Silver bleeds the black sun…, décimo-segundo disco do AFT, sai dia 3 de outubro e é definido pelo texto de apreesentação como “etéreo e onírico”. E se você acha que conhece o AFI de algum lugar mas não sabe de onde, provavelmente você se recorda de Aurelia, hit em algumas rádios-rock brasucas por volta de 2016 (aliás, single do álbum anterior do grupo, AFI- The blood album, lançado naquele ano). Você confere o clipe de Behind the clock e recorda Aurelia aí embaixo.
***
Dia 22 sai o disco novo do Wolf Alice, The clearing – e a banda, que já vem adiantando o álbum com alguns singles, solta mais uma música, a cavalar White horses. Uma novidade na faixa nova – que jã ganhou um lyric video – é que a voz da cantora Ellie Rowsell só surge no refrão. O baterista Joel Amey canta com rapidez os primeiros versos, até que a frontwoman surge. Uma outra novidade: o Wolf Alice experimenta em White horses batidas e sonoridades próximas do krautrock, o experimental rock alemão dos anos 1970 – ou seja: se você sentir algo parecido com o som do Neu! nessa música, não é por acaso.
Foi Joel quem fez o esqueleto da faixa, e apresentou para a banda. A letra de White horses, diz ele, foi inspirada em histórias de sua família. “Não sabíamos exatamente que herança carregamos até recentemente. Minha mãe e minha tia foram adotadas, e por anos isso nos levou a perguntas sobre a nossa identidade e onde ficavam nossas raízes. As respostas de que eu precisava nunca apareciam”, conta.
***
Uma banda chamada Pelados é algo que ninguém, em sã consciência, deixaria de prestar atenção. E é com uma gama de influências que vai “de Charli XCX ao Brian Wilson, do Chic ao Velvet Underground, do MC Marcinho ao James Murphy” (dizem eles), que o grupo retorna com o single Estranho efeito – uma espécie de faixa punk e eletrônica, o tipo de música que dá pra dançar, mas você vai ter que inventar uma coreografia. A faixa anuncia o lançamento do terceiro disco do grupo, a sair em breve pelo selo RISCO.
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Trazendo colaborações com Paul Hartnoll, do duo Orbital, e Tim Powell, do coletivo Xenomania, o Saint Etienne solta o single de Take me to the pilot, que já ganhou até um clipe. Elton John, vale citar, tem uma música com o mesmo nome, de 1970 – mas calma que o Saint Etienne não fez uma cover do velho rei do pop britânico. É uma faixa bastante eletrônica, cheia de acid bass e composta de ritmos quase espaciais, e que é definida pelo integrante Bob Stanley como “um mistério sombrio, uma viagem para um lugar novo, um lugar para fazer seu coração bater mais rápido. É sobre fuga, desaparecimento, reinvenção”. A faixa adianta o álbum que, você talvez saiba, é supostamente a despedida do Saint Etienne dos estúdios (International, 13º álbum, que deve sair em 5 de setembro).
***
É pelo clima dylaniano de Los Angeles e pela vibe relaxante de Grandmother que o Big Thief começa a divulgar Double infinity, seu próximo álbum, com lançamento marcado para o dia 5 de setembro pela gravadora 4AD. Estreando a nova formação de trio, após a saída do baixista Max Oleartchik, o Big Thief explora em Los Angeles o amor e a evolução de um relacionamento – e em Grandmother, com a ajuda do multi-instrumentista místico norte-americano Laraaji, fala sobre coisas que vão sendo passadas de geração para geração. As duas músicas saíram num single e mostram que o que vem por aí, provavelmente, é um disco muito bonito e espiritualizado.
Texto: Ricardo Schott – Foto AFI: Lexie Alley/Divulgação
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