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Urgente!: E o próximo disco do Arcade Fire, como vai?

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Urgente!: E o próximo disco do Arcade Fire, como vai?

O Arcade Fire está voltando. Pink elephant sai dia 9 de maio e é o sétimo álbum da banda. É também o primeiro desde WE (2022), disco que não moveu montanhas, musicalmente falando. A novidade veio acompanhada de um single e de um clipe, Year of the snake. Desta vez, o som está levemente mais dark, tentando parecer urgente, mas sem perder a pegada épica que os colocou onde estão. A produção do disco foi feita por Daniel Lanois (U2, Bob Dylan, Neil Young), lado a lado com os cabeças da banda, Win Butler e sua esposa Régine Chassagne.

O problema é que muita coisa mudou desde Funeral, primeiro álbum, de 2004. E muita coisa piorou desde WE, o mais recente. Pouco depois do lançamento desse disco, Win Butler foi acusado de má conduta sexual por diversas pessoas, conforme uma reportagem publicada pelo site Pitchfork — acusações que ele negou, dizendo que os encontros aconteceram, mas foram consensuais e não partiram de iniciativas dele. Depois afirmou que estava, nessa época, lutando contra problemas de saúde mental, abuso de substâncias e depressão.

Win e Régine, vale acrescentar, são casados desde 2003 – ou seja, além da tal conduta ruim, houve uma série de puladas de cerca. Win confirmou todas, mas alegou que o casamento deles, “no passado, foi mais anticonvencional do que alguns outros”.

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O episódio rachou parte da base de fãs e jogou a reputação da banda numa zona cinzenta, já que algumas rádios começaram a não tocar mais as músicas do grupo, e artistas como Beck e Feist, escalados para abrir shows do Arcade Fire, pularam fora da tour. Detalhe: Will Butler, irmão de Win, havia deixado o AF poucos meses antes do disco novo sair. Houve quem associasse a saída dele a uma suposta tempestade de merda que estaria vindo – e veio -, mas Will disse basicamente que “eu mudei e a banda mudou”. De todo modo, Régine, companheira de banda e de vida de Win, o defendeu publicamente e sinalizou que as coisas estavam no lugar.

O Arcade Fire seguiu em frente. E agora Pink elephant vem aí. Gravado no estúdio do casal em Nova Orleans (o Good News Recording Studio) o disco parece buscar equilíbrio entre o caos e a redenção. Afinal, a banda chegou inclusive a revelar coisas sobre ele num aplicativo de bate-papo chamado Circle Of Trust (o Stereogum lançou a alfinetada: “escolha interessante para um nome, depois das acusações de má conduta”).

Por acaso, ou não tão por acaso assim, o disco tem uma faixa chamada justamente Circle of trust. E tem outros nomes de músicas que dão pistas das DRs da banda: Stuck in my head, Ride or die, Open your heart or die trying. A banda vem tocando ao vivo Cars and telephones, uma faixa antiga que vem sendo trabalhada há pelo menos 25 anos (há vídeos dessa música há mais de dez anos no YouTube). E que, segundo o grupo, foi a primeira música que Butler tocou para sua esposa. Essa música não está programada para o álbum, mas pode ser ouvida no tal app Circle Of Trust, junto com um clipe.

Mais: para mostrar que estava voltando, o grupo fez mudanças drásticas em suas redes sociais. A bio do grupo traz a frase “é o ano da cobra, então deixe seu coração se partir”, presente na letra do single. O AF apagou todo o conteúdo de suas redes, publicou novas fotos de perfil e fez postagens em rosa. A mudança remete ao que fizeram na época do álbum WE, de 2022, quando também apagaram tudo.

O Arcade Fire sempre foi conhecido por sua capacidade de provocar reflexões profundas – ou pelas tentativas de fazer isso. O tal papo com o fã-clube da banda no Circle Of Trust trouxe uma tirada gratiluz típica do grupo: “Obrigada por dedicar um tempinho à gente – eu sei que tempo é a única coisa que você não pode comprar, então largue seu emprego e ligue para seu melhor amigo. É a estação da mudança, e se você se sentir estranho, provavelmente é bom”.

Pode ser que depois das tais acusações, Pink elephant seja um baita elefante… branco. E lá dentro do grupo pode ser que esteja rolando o questionamento: é possível continuar como antes, quando tudo mudou ao redor? O fato é que instabilidades e mudanças estão no cardápio do disco novo. “É a estação da mudança, e se você se sente estranho / provavelmente é bom”, a tal frase tilelê do grupo, é o refrão de Year of the snake, assim chamada porque 2025 é o Ano da Cobra no zodíaco chinês. A letra tem outras frases no mesmo estilo, tipo “no ano da cobra / eu fiz uma ruptura completa / e tentei algo novo” e “então faça o que é verdade / não faça o que você deveria”, além do verso confessional “eu tentei ser bom / mas sou um garoto de verdade”.

Já o nome Pink elephant refere-se àquele exemplo clássico de como nunca conseguimos bloquear pensamentos (a frase “não pense num elefante rosa!”, que já foi usada por coaches, neuro-linguistas, psicólogos comportamentais e uma turma enorme). E nesse novo capítulo do Arcade Fire, talvez a missão não seja esquecer o elefante na sala, mas finalmente encará-lo de frente — com todas as suas cores, memórias e contradições.

Foto: Danny Clinch/Divulgação

Lançamentos

Radar: Manny Moura, Dani Vallejo, Monchmonch, Emerald Hill, Palhaços da Cidade, Crise, Bebê Feio

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Manny Moura (Foto: Gabriela Grafolin/Divulgação)

Chegou o fim de semana e nosso Radar nacional de hoje tem uma novidade do dia: o single novo de Manny Moura, que acabou de sair. Nomes como Dani Vallejo, Monchmonch e Crise completam a lista com faixas que andamos ouvindo muito nos últimos dias – algumas delas já devidamente divulgadas com clipes. Ouça, veja e leia.

Texto: Ricardo Schott – Foto (Manny Moura): Gabriela Grafolin/Divulgação

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MANNY MOURA, “LEMONS AND LIMERENCE”. A palavra inglesa limerence – costumeiramente traduzida em língua portuguesa como limerência, mesmo – é o ato de se deixar levar por uma paixão ou por um amor. Influenciadíssima por nomes como Taylor Swift, Phoebe Bridgers e Gracie Abrams, Manny, artista carioca radicada em Los Angeles, descobriu a palavra por acaso e decidiu que a usaria numa música. O folk-pop Lemons and limerence brinca com aquele famoso ditado que recomenda: “se a vida te der limões, faça uma limonada”. O clipe é um desdobramento do estilo confessional da faixa.

DANI VALLEJO, “DRAMA PREFERIDO”. “Fui o seu drama preferido / agora o meu caso é comigo”, diz Dani em seu novo single, Drama preferido, que fecha um ciclo em sua carreira solo – afinal, trata-se do último lançamento de uma série de seis singles que falam sobre temas como dor, desejo, entrega e, finalmente, libertação. Ela afirma que daqui para a frente, seus novos lançamentos serão marcados por temas como autoconhecimento e realinhamento com o que é verdadeiro – e que um segundo EP está vindo aí. Por enquanto, o indie-rock-batidão Drama é o momento da redescoberta: Dani fala de reconstrução e do fim de um relacionamento abusivo e cagado. E já tem clipe.

MONCHMONCH, “COISA LINDA”. Dirigido, filmado e editado por Marina Mole, o clipe de Coisa linda foi feito sem roteiro numa praça da Lapa, em São Paulo, como uma espécie de pintura psicodélica para a faixa – uma das melhores do experimentalíssimo álbum Martemorte (resenhado pela gente aqui).

“No clipe vou pulando do barranco e constantemente me ferindo”, conta Lucas Monch, criador do projeto. Apesar do clima sombrio, Coisa linda foi feita em homenagem a um gato que acompanhou Lucas por 15 anos. “Eu sonho pelo melhor da humanidade, e sob infinitas guerras que tomam todas as formas, eu tenho o mesmo olhar que vi no meu amigo felino, de ver luz no nosso fim”, diz ele.

EMERALD HILL, “DIA DE CÃO”. Pós-punk visceral, sombrio e ruidoso de João Pessoa (PB). O Emerald Hill fala em seu novo single sobre o caos da vida na cidade grande, com uma gama de inspirações que vai de Idles e Bauhaus até o poema Tabacaria, de Fernando Pessoa. “É uma faixa realista, um retrato cru das vivências urbanas, do trabalho, da frustração. Não somos mais jovens rebeldes: somos adultos lidando com a dureza cotidiana”, diz a banda. A letra conta sobre amigos que resolveram se mudar para São Paulo e largaram antigos hábitos – mas o narrador-personagem da faixa resiste.

PALHAÇOS DA CIDADE, “PALHAÇO”. Rock, folk, ska, MPB, reggae e vários outros estilos misturam-se na sonoridade desta banda de Campinas (SP), que costuma se apresentar maquiada. Cada integrante tem um alterego e uma identidade visual específica: por Gabriel Orsi é o Orsi, Miguel Prado é o Copas, Athena Véspero é Athena, e Ricardo Lopes é Valetes. “São palhaços daquilo que acreditam, daquilo que querem acreditar, do mundo ao redor cercado de caos. Das pessoas, da cidade, do estado, de si mesmas”, definem-se. Palhaço, o primeiro single, fala sobre manter seus objetivos apesar da crueldade do mundo, em meio a peso, guitarras e vibe pop.

CRISE, “ROBOFOOT”. Bandas de Sorocaba (SP) têm sido comuns aqui no Pop Fantasma. O Crise nasceu de um casal (Cristine Siqueira e Gabriel Pasin), virou quinteto e hoje mistura folk, britpop e climas angustiados à moda do Radiohead. Por favor, me perdoe. As más notícias finalmente chegaram, o primeiro álbum do grupo, sai em breve pelo selo Lastro Musical e é puxado por Robofoot, um indie rock tristonho, cheio de guitarras etéreas e com uma letra que fala sobre um relacionamento que começa a trazer só problemas e desgastes. Mas o grupo avisa que “aqui tudo pode ser interpretado com certa dualidade, é como rir diante de um abismo, saber ver graça e senso de humor em meio a tragédia”, dizem.

BEBÊ FEIO, “BESTIÁRIO”. Tá a fim de calma e quietude? Então nem chegue perto do som da banda paulista Bebê Feio, que faz uma junção de punk, horrorcore, death metal e outros estilos pesados. Bestiário, o EP novo, abre com a pesada faixa-título, que “retrata a violência como espetáculo e usa o bestiário, livro medieval que cataloga criaturas, como metáfora para mostrar que o narrador não é parte do mal já conhecido – mas sua própria fonte, criadora de novas bestas”, avisa o grupo. Temas como hipocrisia religiosa e até física quântica também aparecem no disco, lançado nas plataformas neste mês.

 

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Crítica

Ouvimos: Jehnny Beth – “You heartbreaker, you”

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Jehnny Beth (ex-Savages) retorna com o segundo disco solo, You heartbreaker, you: punk sombrio, art metal e letras viscerais sobre dor e obsessão.

RESENHA: Jehnny Beth (ex-Savages) retorna com o segundo disco solo, You heartbreaker, you: punk sombrio, art metal e letras viscerais sobre dor e obsessão.

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O segundo álbum solo de Jehnny Beth, ex-vocalista da banda punk Savages, não é para qualquer ouvido – talvez não seja nem para qualquer coração. Trata-se de um disco cheio de camadas musicais e emocionais, no qual Jehnny assume uma persona complexa, instável e que não tem a mínima necessidade de colocar um disclaimer a cada verso ou cada faixa. O som pode ser classificado como punk de terror, art metal, eletrônica apodrecida e distorcida – qualquer coisa que mexa com a imaginação de quem escuta, evitando classificações comuns.

Musicalmente, o som de You heartbreaker, you coloca Jehnny a meio caminho de Rollins Band e Nine Inch Nails – mas com emanações de Babes In Toyland. As três primeiras faixas, Broken rib, No good for people e Obsession, estabelecem o clima ameaçador, com vocais que vão do berro ao sussurro, e gritos que parecem entalar na garganta. Faixas como Out of my reach, Reality e Stop me now vibram mostrando um punk rock que não precisa ser rápido para manter o peso e a intensidade. I still believe, recheada de beats eletrônicos, abre com um baixo que já põe medo.

  • Ouvimos: Thistle. – It’s nice to see you, stranger (EP)
  • Ouvimos: Sprints – Letter to self

As letras de You heartbreaker, you são um caso à parte. Jehnny fala sobre relacionamentos abusivos e violentos (Broken rib), apagamentos fatais (“sou muito crítica / você não encontrou um modo de me matar ainda / eu ainda estou de pé”, vocifera em No good for people) e sobre dores, culpas, problemas que não são seus, e projeções bem estranhas das imagens de outras pessoas – tudo isso reunido na sombria e pesada I see your pain, que encerra o disco. Também encarna a mulher que passa por relacionamentos obsessivos, em faixas como Obsession e I still believe (“um dia nós os faremos acreditar em você e em mim juntos / até lá, ainda acreditarei em você e em mim, para sempre”). Em Reality, une hedonismo, menage à trois e autoestima cagada. Stop me now fala sobre reencontros que causam gatilhos e memórias doloridas.

High resolution sadness, a faixa mais ágil do disco, une sexo, bagunça emocional e isolamento, concluindo que “o mundo é uma máquina triste”. You heartbreaker, you dá ao/à ouvinte a estranha sensação de ter presenciado uma explosão de carro-bomba sem se dar conta de que estamos todos dentro dele.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 10
Gravadora: Fiction Records
Lançamento: 29 de agosto de 2025

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Crítica

Ouvimos: Guma – “Virando noite”

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Trio recifense Guma mistura indie pop, tecnobrega, jovem guarda e ecos 80s em Virando noite, estreia festiva e cheia de balanço.

RESENHA: Trio recifense Guma mistura indie pop, tecnobrega, jovem guarda e ecos 80s em Virando noite, estreia festiva e cheia de balanço.

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O Guma é um trio recifense – Katarina Nápoles (voz), Carlos Filizola (guitarra e produção) e Caio Wallerstein (bateria) – que enxerga na dança, o melhor remédio. Virando noite, o disco de estreia do grupo, é um álbum de indie pop com ramificações no tecnobrega, no rock jovemguardista e até em estilhaços do rock nacional dos anos 1980.

Daria pra dizer que o Guma dá uma mirada numa espécie de Brat recifense, mas nesse ponto, o trio é mais discreto: falam de liberdade no pop-brega-funk O muro, lembram de ideias hedonistas que não saem da cabeça no reggae-rock safado Pecadinho e fazem um Love theme que soa como um desvio vaporwave dos discos de pop orquestral dos anos 1970, com guitarra, baixo, bateria, efeitos e voz declamada.

A vibe festeira de Virando noite ocupa todo o repertório, em faixas como o balanço rock-brega de Mozinho (com Bruna Alimonda) e Só quando lembro (com Uana), e a fanfarra de Novesfora, com teclados imitando metais e um clima que envolve até música cigana. Chegando perto do final, o grupo se aventura numa espécie de new wave recifense, Paraíso astral, que faz lembrar o Metrô (sim, a banda nacional dos anos 1980) e The Cure. E também no pop sonhador e quase psicodélico de Sonhar ou viver. Ouça correndo.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 4 de setembro de 2025.

  • Ouvimos: Mundo Livre S/A – Sessões Selo Sesc #15 (ao vivo)
  • Ouvimos: Jangada Pirata – Sal de casa
  • Ouvimos: Camaelônica – Eletrotropical

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