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Cultura Pop

The Real Kids: punk coirmão dos Modern Lovers e dos Ramones

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O guitarrista e cantor norte-americano John Felice, antes de montar The Real Kids, andou pela primeira formação dos Modern Lovers, banda de Jonathan Richman. Com 15 anos de idade, acabou não ficando na banda por causa de compromissos escolares. Tocou com eles até 1973 mas nem sequer chegou a gravar nas sessões de 1972 que originariam o primeiro disco do grupo, porque estava cuidando de demandas off-Modern Lovers.

Modern Lovers: John Felice é o da esquerda

“Eu e Jonathan, quanto mais próximos ficávamos, mais apareciam diferenças. Eu era um malucão, gostava de drogas, muitas drogas. Gostava de beber… E Jonathan era o caretão que não usava drogas, comida comida saudável, era o cara que bebia suco de cenoura”, disse nesse papo aqui.

Felice alega ter feito várias músicas para os Modern Lovers e que todas foram rejeitadas pelo líder (“os outros integrantes gostaram delas, mas ele tinha um ego imenso”, diz). Ele estava até do lado de Richman quando a banda assinou o primeiro contrato com uma gravadora, embora tenha ficado de fora do disco. E diz também que o personagem Hippy Ernie, da música I’m straight, dos ML (era o cara que estava “sempre doidão, nunca careta”) foi inspirado nele.

Surgidos em 1972, os Real Kids (vindos de Boston) lembravam muito os Ramones – pelo menos nos penteados e no som que vazou para seu primeiro disco, de 1977, lançado pelo selo Red Star. Tudo considerado, eram uma banda bem pré-punk, já que no começo dos 70 não tinha muita gente fazendo esse tipo de som.

O grupo começou com o nome de The Kids – nada a ver com esse The Kids. “A música estava mudando. A música que eu e Jonathan gostávamos, a música do tipo anti-hippie. Eu gostei do Velvet Underground. Eu não gostava do Quicksilver Messenger Service e de toda aquela merda hippie. Eu odiava essa merda. Eu gostei dos Stooges e do Velvet Underground e do MC5, foi isso que eu escutei no ensino médio. Isso foi tudo que eu ouvi”.

Em 1977 o grupo tinha, além de Felice, Billy Borgioli (guitarra), Allen “Alpo” Paulino (baixo) e Howie Ferguson (bateria). E gravou seu primeiro disco, The Real Kids. Olha aí o primeiro grande hit, All kindsa girls.

Pouco antes dos Real Kids tornar-se uma realidade, Felice ficou bastante próximo dos New York Dolls e chegou a ser sondado para os Heartbreakers, banda dos ex-Dolls Johnny Thunders e Jerry Nolan. Mesmo sendo bem mais doidão do que o ex-colega Richman, Felice declinou do convite para se juntar a dois notórios heroinômanos. “Eu estaria morto”, afirmou.

Cartaz de show recente da banda

A ligação com os Ramones não vinha só pelo som ou pela aparência. Felice diz que os Real Kids eram amigos de Johnny, Joey, Dee Dee e Tommy. Ele mesmo chegou a trabalhar como roadie dos roqueiros do Queens antes do Real Kids dar em alguma coisa. Aliás, nem chame os Real Kids de punk porque Felice não gosta. “Outras pessoas nos rotularam de banda punk, eu não entendo. Os Ramones eram amigos pessoais próximos, eles não eram uma banda punk. Se eles ainda estivessem vivos, diriam que, assim como nós, eles eram uma banda de rock and roll. Não posso deixar de pensar que os Buzzcocks se sentem da mesma maneira”, afirmou.

Olha Felice aí, em 1982, à frente de um dos vários retornos do Real Kids.

E olha o Real Kids aí, tocando a amarga Who needs you (que Felice diz ter sido feita em desomenagem a Richman) no ano passado.

Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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