Cinema
Tem DJ fazendo música com cartão magnético – que nem no filme “Em ritmo de fuga”
Escrito e dirigido por Edgar Wright (Todo mundo quase morto, Heróis de ressaca), o filme Em ritmo de fuga, em cartaz a partir de 27 de julho (rolou pré-estreia no último fim de semana), tem um enredo bastante curioso. Baby (Ansel Elgort) é um motorista brilhante e destemido que acaba trabalhando para uma gangue de criminosos. E que precisa ouvir música o tempo todo, para silenciar o zumbido em seu ouvido, adquirido após um acidente na infância.
O filme tem um storytelling todo especial, já que a trilha sonora é exibida no longa intermitentemente – justamente pelo fato de Baby não conseguir fazer praticamente nada sem ouvir música – e confunde-se a todo momento com o próprio ritmo do filme. Com participações especiais de Flea (baixista dos Red Hot Chili Peppers) e Sky Ferreira, Em ritmo de fuga traz passagens bastante marcantes ao som de músicas do The Damned (Neat, neat, neat, do quarentão primeiro álbum do grupo), Queen (Brighton rock), T Rex (Debra), Commodores (Easy) e Incredible Bongo Band (Bongolia), entre outros. Alguém já fez uma playlist com as músicas do filme no Spotify.
Além de dirigir carros e ouvir música em vários iPods (um para cada estado de espírito, com playlists variadas), Baby é também DJ amador. Adora gravar vozes dos outros – com um pequeno gravadorzinho estilo Dictaphone – e mixá-las, usando bateria eletrônica. Depois digitaliza tudo e grava em mixtapes.
O DJ por trás de toda a história é um canadense chamado Kid Koala, que também é desenhista de quadrinhos e montou trilhas do filme como Was he slow?, baseada nas falas do ator Kevin Spacey, que faz o gângster Doc, na história. Olha aí.
Agora, o que muitos DJs e pessoas interessadas em música se perguntaram quando assistiram o filme é: que engenhoca é aquela que Baby usa na mixagem de algumas de suas trilhas, que mais parece uma máquina de cartão de crédito?
Se você não reparou no tal aparelho, ele aparece bem pouco, quando Baby estava trabalhando em Was he slow? É a cena aí de cima.
E o tal aparelho é esse aí: o Cardmaster da marca Califone. De modo geral, não é usado para atividades musicais: usa-se para atividades pedagógicas, como o ensino de uma segunda linguagem (focando em pronúncia). Em um papo com o site BirthMoviesDeath, Kid Koala disse que imaginava que Baby deveria ter em casa uma série de aparelhos usados, comprados em loja de penhores. A Califone, empresa de áudio que fabrica fones, toca-discos e tape-decks, também pôs nas lojas uma série desses aparelhos de cartão, geralmente vendidos para escolas.
“Nas aulas de idiomas, a máquina era ser usada para criar cartões de memória de áudio. Ela vem com um cartão de cerca de dez centímetros, com uma faixa de fita magnética colada no fundo. Você a alimenta no leitor de cartões e pode gravar nesta fita magnética. E recebe cerca de três segundos de áudio, por aí”, disse Koala ao site. “Foi concebido como uma ferramenta educacional. Mas o que eu realmente gostei nele era o tom, e esse alto falante de plástico barato e grosso, e o dispositivo de gravação magnético, que é bem estranho. Isso foi perfeito para o que Edgar queria, havia um pouco de velhice e nostalgia no aparelho”.
Se o tal leitor de cartões vai virar mania ou não, só Deus sabe. Mas tem uma turma produzindo pequenos loops de áudio combinando-os a outros equipamentos, e isso já tava rolando BEM ANTES de Em ritmo de fuga começar a existir. Olha o que esse sujeito, Brian Green, fez
https://www.youtube.com/watch?v=mYVBkTkn2iU
https://www.youtube.com/watch?v=pw_6NRaBrvY
https://www.youtube.com/watch?v=I4BeFMhv7t8
E se você quiser entrar no clima de Em ritmo de fuga, além de assistir ao filme, pode comprar O GRAVADOR e o CARDMASTER usados por Ansel Engort no filme, já que os dois estão em leilão no eBay. Sua carreira de DJ amador e analógico pode começar assim! 🙂
Cinema
Ouvimos: Lady Gaga, “Harlequin”
- Harlequin é um disco de “pop vintage”, voltado para peças musicais antigas ligadas ao jazz, lançado por Lady Gaga. É um disco que serve como complemento ao filme Coringa: Loucura a dois, no qual ela interpreta a personagem Harley Quinn.
- Para a cantora, fazer o disco foi um sinal de que ela não havia terminado seu relacionamento com a personagem. “Quando terminamos o filme, eu não tinha terminado com ela. Porque eu não terminei com ela, eu fiz Harlequin”, disse. Por acaso, é o primeiro disco ligado ao jazz feito por ela sem a presença do cantor Tony Bennett (1926-2023), mas ela afirmou que o sentiu próximo durante toda a gravação.
Lady Gaga é o nome recente da música pop que conseguiu mais pontos na prova para “artista completo” (aquela coisa do dança, canta, compõe, sapateia, atua etc). E ainda fez isso mostrando para todo mundo que realmente sabe cantar, já que sua concepção de jazz, voltada para a magia das big bands, rendeu discos com Tony Bennett, vários shows, uma temporada em Las Vegas. Nos últimos tempos, ainda que Chromatica, seu último disco pop (2020) tenha rendido hits, quem não é 100% seguidor de Gaga tem tido até mais encontros com esse lado “adulto” da cantora.
A Gaga de Harlequin é a Stefani Joanne Germanotta (nome verdadeiro dela, você deve saber) que estudou piano e atuação na adolescência. E a cantora preparada para agradar ouvintes de jazz interessados em grandes canções, e que dispensam misturas com outros estilos. Uma turminha bem específica e, vá lá, potencialmente mais velha que a turma que é fã de hits como Poker face, ou das saladas rítmicas e sonoras que o jazz tem se tornado nos últimos anos.
O disco funciona como um complemento a ao filme Coringa: Loucura a dois da mesma forma que I’m breathless, álbum de Madonna de 1990, complementava o filme Dick Tracy. Mas é incrível que com sua aventura jazzística, Gaga soe com mais cara de “tá vendo? Mais um território conquistado!” do que acontecia no caso de Madonna.
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O repertório de Harlequin, mesmo extremamente bem cantado, soa mais como um souvenir do filme do que como um álbum original de Gaga, já que boa parte do repertório é de covers, e não necessariamente de músicas pouco conhecidas: Smile, Happy, World on a string, (They long to be) Close to you e If my friends could see me now já foram mais do que regravadas ao longo de vários anos e estão lá.
De inéditas, tem Folie à deux e Happy mistake, que inacreditavelmente soam como covers diante do restante. Vale dizer que Gaga e seu arranjador Michael Polansky deram uma de Carlos Imperial e ganharam créditos de co-autores pelo retrabalho em quatro das treze faixas – até mesmo no tradicional When the saints go marching in.
Michael Cragg, no periódico The Guardian, foi bem mais maldoso com o álbum do que ele merece, dizendo que “há um cheiro forte de banda de big band do The X Factor que é difícil mudar”. Mas é por aí. Tá longe de ser um disco ruim, mas ao mesmo tempo é mais uma brincadeirinha feita por uma cantora profissional do que um caminho a ser seguido.
Nota: 7
Gravadora: Interscope.
Agenda
Rock Horror Film Festival: cinema de terror em setembro no Rio
O Rock Horror Film Festival, festival carioca de filmes de terror, está de volta na praça – e vai rolar de 19 de setembro a 02 de outubro no Cinesystem de Botafogo (Zona Sul do Rio). Dessa vez, o evento vai trazer uma seleção de mais de 50 filmes de 17 países em seis categorias: Longas Sinistros, Médias Bizarros, Docs Estranhos, Curtas Macabros, Brasil Assombrado e Pílulas de Medo.
O objetivo do festival é unir terror, cultura pop e rock, e juntar os públicos das três coisas. Entre os filmes selecionados, há produções como The history of the metal and the horror, documentário de Mike Schiff repleto de nomões do som pesado (EUA), Tales of babylon, de Pelayo de Lario (Reino Unido), The Quantum Devil, de Larry Wade Carrell (EUA). Há também Death link, dirigido por David Lipper (EUA), com um time de astros e estrelas que inclui Jessica Belkin (Pretty little liars), Riker Lynch (Glee), David Lipper (Full House) e outros.
O evento também vai ter mesas redondas com diretores, atores e outros profissionais da indústria para o público do festival, comandadas pela criadora do Rock Horror Film Festival, Chrys Rochat (Sin Fronteras Filmes), e que vão rolar no hall do Cinesystem. Entre os convidados já estão confirmados diretores da Polônia, EUA, Canadá e Brasil. Happy hours cinéfilas, shows de rock e oficinas estão no programa também, além da exibição de um filme inédito no Brasil na abertura.
Lista completa dos filmes que participarão da edição no site do festival: www.
Agenda
Parayba Rock Fest: filme que será exibido no evento relembra história de fotógrafo morto por covid
Marcado para este domingo (28) na Areninha Cultural Hermeto Pascoal (Lona Cultural de Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro), o Parayba Rock Fest, do qual você ficou sabendo aqui, vai ter shows, DJs, exposições e várias outras atrações. E Michael Meneses, criador do selo Parayba Records e realizador da festa (que também comemora seus 50 anos de idade), vai exibir seu primeiro filme, Ver + – Uma luz chamada Marcus Vini. Michael, que é fotógrafo e professor de fotografia, iniciou o filme como trabalho de conclusão de curso de sua faculdade de Cinema.
“O que eu vou exibir no evento são os 50 minutos que já estão prontos do filme e que apareceram na apresentação do meu TCC. Ainda estou inclusive fazendo pesquisas para ele”, conta Michael, que com o filme, homenageia Marcus Vini, seu melhor amigo (“o irmão homem que eu não tive”, conta), morto por covid. Marcus era fotógrafo e, como Michael, foi professor universitário e cobriu festivais de música como o Rock In Rio.
“Marcus contraiu covid naquela época mais braba da doença, e morreu no dia em que ele deveria estar tomando a primeira dose”, lembra Michael. “Ele foi fotojornalista e curiosamente fazia aniversário no dia 19 de agosto, que é o Dia Mundial da Fotografia. E só soube disso depois que virou fotógrafo. Ele inclusive fez uma foto super importante numa enchente, que foi publicada no jornal Le Monde. A ideia do filme é focalizar o lado humanitário dele, um cara que estava sempre pensando em fazer doação de alimentos, coordenou um curso de fotografia em Madureira (Zona Norte do Rio)“. Antes do evento de Michael, o filme foi exibido também em lugares como a livraria carioca Belle Epoque.
O Pop Fantasma é um dos apoiadores do evento, ao lado de uma turma enorme. Para saber mais e comprar seu ingresso, confira o serviço abaixo.
SERVIÇO:
SHOWS COM AS BANDAS:
Netinhos de Dna Lazara, Benkens, NoSunnyDayz, New Day Rising (NDR) e Welcome To Tenda Spírita.
ALÉM DOS SHOWS:
Exibição do Documentário: VER+ – Uma Luz Chamada Marcus Vini – Direção: Michael Meneses
DJs: Explica e Chorão 3
Expo de fotos dos fotógrafos da Rock Press
Feira Cultural com: Disco de vinil, CDs, DVDs, roupas, livros, fanzines, artesanato, acessórios de moda rock, cultura geek e muito mais
Gastronomia Vegana: Vegazô – A Feira Vegana da Zona Oeste/RJ
DATA: 28 de julho 2024, às 14h.
LOCAL: Areninha Cultural Hermeto Pascoal – Praça 1 de Maio S/N – Bangu/RJ
INGRESSOS: antecipados aqui, na bilheteria da Areninha e na loja Requiem (Camelódromo de Campo Grande).
Foto: reprodução Instagram
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