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Lançamentos

Radar: Disstantes (foto), Jadsa, Eskröta e mais sons novos nacionais

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Radar: Disstantes (foto), Jadsa, Eskröta e mais sons novos nacionais

Dois sons da nossa lista foram lançados hoje (Eskröta e Manny Moura) e alguns dos selecionados, além de música, têm discurso afiadíssimo (Disstantes, Arnaldo Antunes e a própria Eskröta). Ponha tudo nas suas playlists e escute no volume máximo.

Foto Disstantes: reprodução Instagram

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DISSTANTES, “JOHN TRAVOLTA”. “Levanta a camisa / e dá uma volta”. A velha e má frase, dita por seguranças e policiais durante revistas (geralmente em portas giratórias de estabelecimentos bancários), ganha novo significado no batidão pulsante do Disstantes, trio de kraut-rap formado por Homobono (Djangos), Gilber T e Augusto Feres. O clipe, dirigido por Augusto e Rodrigo de Freitas, transporta o Disstantes para um universo de Pixel Art, cercada por figuras conhecidas do São Dom Dom, espaço de resistência cultural em Niterói (RJ). Um groove afiado, com peso e provocação na medida certa.

JADSA feat ANTONIO NEVES, “BIG BANG”. O single novo da cantora baiana prepara o lançamento do segundo álbum, Big buraco, agendado para maio pelo selo Risco. A música é um samba jazz que para Jadsa, serve como “um mantra, um amuleto”, já que foi feito depois da pandemia, quando ela voltava a morar em São Paulo, depois de uma temporada em Salvador. “Era um momento ainda incerto e eu queria muito acreditar nesse movimento que eu estava fazendo, mais uma vez, por causa da música. É uma música que diz muito sobre o disco que tá vindo, não só sonoramente, mas sobre os motivos dele existir e o que quero com ele”, comenta.

ESKRÖTA, “LBR (LATINA, BRASILEIRA, REVOLUCIONÁRIA)”. Depois de quebrar tudo em festivais como Rock in Rio e Knotfest, o Eskröta – Yasmin Amaral (vocal e guitarra), Tamyris Leopoldo (baixo e backing vocals) e Jhon França (bateria) – prepara o terreno para Blasfêmea, primeiro álbum pela Deck, que sai dia 11 de abril. E o primeiro ataque vem com LBR (Latina, Brasileira, Revolucionária), single que une metal, punk e até percussões de samba. A letra fala sobre o silenciamento das mulheres latino-americanas, e a melodia é a trilha sonora (pesadíssima) do protesto contra a repressão.

ARNALDO ANTUNES feat ANA FRANGO ELÉTRICO, “PRA NÃO FALAR MAL”. Poderia ser uma canção de Odair José ou até de Raul Seixas, só que com união de batida chacundum e teclados lembrando Ultravox. Mas é uma faixa do disco novo de Arnaldo, Novo mundo, com participação de Ana Frango Elétrico. A letra propõe um desafio quase zen, no sentido de não passar a violência e o abuso adiante: “não seja impaciente / com quem é impaciente com você / não seja malcriado / com quem é malcriado com você.” Fácil? Nem um pouco. A melodia avança como um mantra pop, em que cada verso, da maneira que é cantado e organizado dentro da melodia, surge do anterior. Uma aula de equilíbrio – e de resistência.

LUIZ AMARGO feat BEL AURORA, “QUANDO O FOGO VEM”. Renato Teixeira encontra Titãs num xote acústico: Quando o fogo vem é uma das joias de Amor de mula, excelente disco de Luiz Amargo lançado em 2024 (resenhado aqui). O clipe, gravado em MiniDV, tem aquele charme vintage, e acompanha encontros e desencontros entre Luiz e Bel – maquiados como dois pierrôs. Romantismo com texturas lo-fi.

MANNY MOURA, “ENOUGH”. Carioca radicada em Los Angeles, Manny Moura volta com Enough, balada folk-pop delicada, quase uma confissão. “Uma página de diário”, define ela, sobre a última música gravada para seu próximo álbum. Na capa do single, Manny veste um vestido de noiva – metáfora de um compromisso com suas próprias fantasias, mesmo quando elas não se refletem na realidade.

ANDRÉ ALBERNAZ + TERÊNCIO, feat MAYRA TARDELI, “CALMA, A BOLSA VAI SUBIR”. “Eles não são uma dupla. E sertanejo é praticamente o único gênero que ficou de fora.” Assim se apresenta Tudo vai derreter, disco de estreia de André Albernaz e Terêncio, parceiros desde os tempos da banda Djalma Não Entende de Política. Calma, a bolsa vai subir é um brega synth-pop que mistura economia, amor, redes sociais, cashback e – claro – o colapso da civilização ocidental. Música e teatro se cruzam em um retrato irônico de um mundo que está sempre prestes a ruir, mas segue dançando.

LARA CASTAGNOLLI, “XILEMA”. Nunca ouviu falar de xilema? Vamos lá: é o tecido que leva água e nutrientes do solo para as folhas, o que sustenta muitas árvores contra ventanias fortes. E também é o nome do bucólico primeiro single (e clipe) de Lara, anunciando seu álbum Araribá. Jazz, blues e um clima de canção interiorana embalam essa reflexão musical sobre crença e autoconhecimento. “Um mergulho no próprio ser”, define Lara, enquanto a letra traça caminhos espirituais à procura de sentido.

MANDINGA BEAT, “MÃE ME DIZ”. Ijexá, guitarras elétricas e batida eletrônica. O trio Mandinga Beat (André Sampaio, Joss Dee e Victória dos Santos) evoca comunidade, proteção e ancestralidade em Mãe me diz. A faixa resgata a história dos mandingas, africanos islamizados que carregavam o patuá como amuleto. O cabo-verdiano Hélio Ramalho participa da gravação, adicionando ainda mais peso a um som que carrega séculos de história.

GRUPO NATUREZA, “PODE ACREDITAR”. Lançado/não lançado pela Som Livre em 1981, o compacto do Grupo Natureza era um segredo bem guardado – até que a internet resolveu puxar o fio da meada. Pode acreditar virou uma das “músicas perdidas” mais procuradas da web, com pesquisadores como Cristiano Grimaldi e o canal Lucasnauta desvendando suas origens – que, ao que consta, vieram de uma bizarra campanha anti-maconha e pró-saúde (!). Agora, a própria Som Livre entra no jogo e relança o single nas plataformas digitais. Para quem passou anos tentando descobrir de onde vinha esse som, a resposta finalmente chegou.

Crítica

Ouvimos: Hélio Delmiro e Augusto Martins – “Certas coisas”

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Ouvimos: Hélio Delmiro e Augusto Martins - "Certas coisas"

RESENHA: Gravado pouco antes da morte de Hélio Delmiro, Certas coisas evita o tom de despedida com repertório variado e ótima sintonia com Augusto Martins.

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Quando o violonista Hélio Delmiro morreu (vítima de complicações de diabetes e problemas renais em 16 de junho, aos 78 anos), não apenas Certas coisas, gravado com o cantor Augusto Martins, estava terminado, como também o músico já estava prestes a cumprir agenda de imprensa – já até tinha dado uma entrevista. Produzido por Moacyr Luz, o álbum chuta a tristeza para o mais longe possível e escapa do clima de epitáfio, por causa da dinâmica entre cantor e músico, e pela vontade com que Hélio ataca violão e guitarra nas doze faixas.

Hélio Delmiro teve inúmeros amigos, parceiros e testemunhas. Seu trabalhos como guitarrista e violonista de cantoras como Elis Regina e Clara Nunes sempre são lembrados. Mas ele também tocou em grupos como o Fórmula 7, e na banda da versão carioca do Jovem Guarda, programa apresentado por Roberto Carlos, Wanderléa e Erasmo Carlos durante os anos 1960.

Como um reflexo dessa trajetória variada, o repertório de Certas coisas vai da MPB clássica à mais popular. Certas coisas, de Lulu Santos e Nelson Motta, aparece com algo de blues no andamento – e De repente, lado B da dupla de compositores, encerra o álbum ganhando cara de música de Gilberto Gil. Fotografia (Tom Jobim), que teve a guitarra de Hélio na gravação do disco Elis & Tom (1974), traz o músico ao violão unindo jazz e blues, e encartando um trecho de Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinicius de Moraes). Jardin d’hiver, popularizada por Henri Salvador, investe no samba-jazz noturno, e até Como vai você, de Antonio Marcos e Mario Marcos, está no repertório.

Augusto, cantor bom e despojado, acompanha e se deixa acompanhar por Hélio. O resultado vai do canto correto da faixa-título à entrega de Fotografia e de Fé cega, faca amolada (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos) – que se torna um samba épico, quase viajante – passando por uma versão contida até demais do bolero Contigo aprendi (Armando Manzanero). O repertório tem uma música totalmente inédita – a ótima Acanhado, de Hélio e Moacyr Luz – e traz como maior surpresa Bye bye Brasil, de Chico Buarque e Roberto Menescal, gravada como se fosse uma bossa pop de Rita Lee e Roberto de Carvalho.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Mills Records
Lançamento: 30 de maio de 2025

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Crítica

Ouvimos: Alberto Continentino – “Cabeça a mil e o corpo lento”

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Alberto Continentino, com Cabeça a mil e o corpo lento, faz pop-psicodélico com clima setentista e cinematográfico, misturando MPB, soul, bossa, boogie e city pop.

RESENHA: Alberto Continentino, com Cabeça a mil e o corpo lento, faz pop-psicodélico com clima setentista e cinematográfico, misturando MPB, soul, bossa, boogie e city pop.

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Mais do que o groove das músicas de Lincoln Olivetti e Robson Jorge, os discos de Gal Costa feitos entre os anos 1970 e 1980 – com todo aquele aspecto pop, mágico e quase espacial – parece servir de referência para vários álbuns e músicas das novas gerações da MPB. O terceiro disco de Alberto Continentino, Cabeça a mil e o corpo lento, tem muito desse clima.

Essa musicalidade rola em faixas que passam igualmente por um filtro psicodélico (Coral, com Dora Morelenbaum, e o single Milky way, com Leticia Pedroza) e fluido musicalmente – é o caso do disco todo, mas especialmente de O ovo do sol, que lembra os discos de orquestras dos anos 1970 e tem um quê passadista-futurista que ruma em direção a Stereolab e Arthur Verocai.

  • Ouvimos: Dora Morelenbaum – Pique
  • Urgente!: Wet Leg aquece para Moisturizer no Tiny Desk. Ana Frango Elétrico na vibe pós-disco.
  • Ouvimos: Stereolab – Instant holograms on metal film

Cerne, por sua vez, é um balanço no estilo de discos de Dom Salvador e Waltel Branco, com ritmo dado por assovios. Manjar de luz, com Ana Frango Elétrico, é tranquila e mântrica em letra e música. Go get your fix, com Gabriela Riley, une samba, bossa e city pop, e Uma verdade bem contada, com Nina Miranda nos vocais e Kassin na parceria, é boogie com cara de trilha de filme nacional antigo.

Como músico, Alberto tem duas décadas de carreira e trabalhou com músicos como Caetano Veloso, Ana Frango Elétrico, Adriana Calcanhotto – é um nome que provavelmente você já viu em muitos shows e discos. Em Cabeça a mil e corpo lento, por sua vez, ele filtra tudo que aprendeu nos estúdios e palcos por um clima voador e quase sempre, cinematográfico. O terço final do disco, com o soul Negrume, o pop francês carioca Vieux souvenirs (com Nina Becker) e a balada Madrugada silente – uma parceria com Negro Leo, levada por piano Rhodes, violão e baixo – traz bastante disso.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Selo RISCO
Lançamento: 17 de junho de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Gustavo Ortiz – “Desafogo” (EP)

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Com samba, jazz e até ambient, o EP Desafogo, de Gustavo Ortiz, trata de liberdade e denúncia, com destaque para a faixa José, João.

RESENHA: Com samba, jazz e até ambient, o EP Desafogo, de Gustavo Ortiz, trata de liberdade e denúncia, com destaque para a faixa José, João.

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“Desafogo” é uma daquelas palavras que a gente está acostumado a ler mas, em vários casos, nunca parou para ver o significado – uma palavra ligada ao fim de algo que oprime, pressiona, sufoca. No caso do EP do paulista Gustavo Ortiz, ela conceitua um repertório que fala sobre formas diferentes de viver. Mas apontando também para os tais momentos em que a opressão diária dá um tempo.

O clima também é de denúncia, e muita. A faixa José, João, com Romulo Fróes, foi lançada em single no simbólico 1º de maio, e é dedicada ao pai de Gustavo, um ex-caminhoneiro que começou a trabalhar ainda na infância, e morreu de covid poucos dias antes de receber a vacina – o clipe traz imagens do aniversário de 3 anos de Gustavo, com o pai entre os presentes, A faixa-título, composta há 16 anos, fala sobre como às vezes é complicado apenas esquecer dos problemas e descansar. Botafé propõe, na letra, liberdade para ser, ao mesmo tempo, silêncio e barulho.

Musicalmente, Desafogo é um samba com variadas referências. A faixa de abertura Trago voa pelo jazz, pelo samba de Jorge Ben e até pelo ambient. A faixa-título tem samba, afoxé e até um lado seresteiro, com coral feminino no estilo das Gatas. O violão e a voz dominam Casca cascata, e uma vibe quase carioca, herdada de Aldir Blanc e seus muitos parceiros, aparece em José, João. E Botafé encerra o disco em tom de chamada e de valsa afro.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Independente/Tratore
Lançamento: 20 de junho de 2025

  • Ouvimos: Vovô Bebê – Bad english
  • Ouvimos: Gabriel Ventura – Pra me lembrar de insistir

 

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