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Radar: Da Cruz, Oruã, Don L., Disk Mandy, Gandeia, Bia Nogueira, Phantasme

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Radar: Da Cruz, Oruã, Don L., Disk Mandy, Gandeia, Bia Nogueira, Phantasme

Aproveitamos o Radar nacional de hoje para confessar um vício: não conseguimos parar de ouvir Aff Maria, música do disco novo do rapper Don L. O rap nacional aprontou boas surpresas neste ano, mas essa aí pode virar música do ano – e se não virar hit, vamos nos surpreender muito. Mas aqui no Radar tem mais, muito mais: os beats afro-urbano do Da Cruz, o experimentalismo do Oruã e de Gandeia… Aumente o volume! Não faltam músicas que vão definir 2025 aqui.

Texto: Ricardo Schott – Foto (Da Cruz): Ane Hebeisen/Divulgação

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DA CRUZ feat MAGUGU, “CHATA”. Mariana da Cruz vem de Campinas (SP) e faz um som que pode ser definido como música brasileira afro-urbana – vários estilos da música afro, incluindo até o baile funk brasileiro, dão as caras em suas músicas. Na hora de escolher a faixa que iria para seu novo single, ela e os músicos de sua banda (que se chama justamente Da Cruz) não tiveram dúvidas: escolheram a faixa mais dançante e a que trazia mais lembranças engraçadas.

Chata, com participação do rapper nigeriano Magugu, foi composta após a banda escutar, numa plateia em Paris, uma brasileira reclamar várias vezes que certa pessoa era “muito chata!”. Misturando o inusitado da situação com o uso na França de uma palavra bem brasileira, a música acabou saindo – e nem precisa dizer que o beat e a história não fazem jus ao título, claro. Chata adianta o primeiro álbum do Da Cruz, Som sistema, previsto para janeiro de 2026.

ORUÃ, “DEUS-DARÁ”. Depois do ótimo Passe, lançado em 2024 (e que resenhamos aqui), tem disco novo do Oruã vindo aí – Slacker, que sai em 24 de outubro pela K Records, gravadora histórica de Seattle. Originalmente vindo do Rio, o grupo hoje mistura gente do Rio e de São Paulo na formação, e ganhou ares de supergrupo, com os ocupadíssimos Lê Almeida (guitarra/vocal), João Casaes (sintetizadores), Bigu Medine (baixo) e Ana Zumpano (bateria). Deus-dará, o novo single, une protesto, psicodelia, krautrock, garage rock e tropicalismo (Gilberto Gil, em especial).

Deus-dará é sobre perseverança e a coragem de se lançar ao mundo. Estamos prestes a embarcar em mais uma turnê pela Europa e muitas emoções nos envolvem. Muitas das minhas letras são como orações. Acho que esta é mais uma daquelas letras fortes e motivadoras”, disse Lê num papo com o site The Big Takeover.

DON L. feat GIOVANNI CIDREIRA, “AFF MARIA”. Caro vapor II – qual a forma de pagamento?, novo álbum do rapper cearense Don L, foi resenhado pela gente aqui. Mas vale citar novamente a existência de Aff Maria, balanço irresistível construído em cima da batida e do arranjo de metais de Senhor dono da casa, lado-Z de 1973 de Belchior – sim, alguém revisitando Belchior e deixando de lado o “ano passado eu morri” que já virou meme. Depois de ouvir Aff Maria, você nunca mais conseguirá escutar Senhor dono da casa sem completar com “aff Don, puta que pariu” (isso aparece na faixa do rapper).

DISK MANDY, “PECADO REVELOU”. “Um trabalho que mergulha no eletropop, pop alternativo, indie e em tudo o que pulsa entre a pista e o quarto”, define Amanda Alves, a Disk Mandy, que acaba de lançar o EP Insomnia, com quatro faixas que funcionam como contos noturnos, da pista de dança, dos lugares escondidos, da madrugada. Pecado revelou, uma das faixas que não haviam sido lançadas como single do EP, é um dream funk sobre amor, sexo e paixão, unindo batidas, ação física e sonho. Daniel Cataldi fez a produção.

GANDEIA, “FANTASMAS QUE DORMEM”. Carlos Rafael, artista e escritor de Itapecerica da Serra (SP), usa o nome artístico de Gandeia, e faz de seu trabalho musical uma união de poesia, rock, música experimental, música latina e sombras do dia a dia. A música Fantasmas que dormem foi feita em 2016, quando ele ainda era adolescente, “um período onde sentimentos contraditórios eram muito presentes”, e o principal era buscar um lugar no mundo e manter a esperança. Gandeia gravou boa parte da base (violão, guitarra, percussão, vozes), com convidados tocando instrumentos como flauta, violino e violoncelo – Guilherme Braz fez os arranjos. O resultado é uma faixa delicada e cheia de camadas, que transforma confusão e esperança em beleza sonora.

BIA NOGUEIRA, “SOBRE SOLIDÃO E SAUDADE”. Entre ritmos do congado de Minas Gerais, bits eletrônicos e um clima de poesia falada, a mineira Bia escolheu essa música para falar sobre dois sentimentos que, por acaso, se intensificaram durante a pandemia. Sobre solidão e saudade foi composta até antes do isolamento, mas acabou se encaixando direitinho no repertório de Respira, seu novo álbum – que é basicamente um disco sobre desacelerar, parar, respirar fundo.

“A inspiração da música veio de uma vivência à beira-mar, durante um amor atravessado pela ausência. A canção reflete como esses afetos nos atravessam – especialmente em tempos de distanciamento”, conta Bia, que é idealizadora do o festival IMUNE, que celebra a música preta, indígena, periférica e LGBTQIAPN+.

PHANTASME, “ATEMPORAL”. Depois do single Espelho, a Phantasme chega com Atemporal, novo compacto que já ganhou clipe, dirigido por Fernando Mencocini, e cheio de sombras e luzes duras. Yuri Nishida, Fi Ricardo, Giu Canales e Denis Mendes – que passaram por bandas como NX Zero, Granada, Gloria e Vowe – gravaram tudo quase ao vivo, na base da energia da sala de ensaio. A música mistura punk, hardcore e quebras rítmicas.

A letra veio depois que Yuri assistiu a um doc sobre a vida e morte do chef e escritor Anthony Bourdain – que ele viu como um anti-herói de sua profissão. Teve a ideia de fazer uma letra curta, que falasse de legado, de quem a gente é, e o que fica.

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Radar: Cali, Alessandra Leão e Liniker, Atalhos, Lua Dultra, ABQNE, SANJ

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Cali (foto: Luiza Meneghetti / Divulgação)

Semana encerrada e hoje ainda por cima tem podcast – e fim de semana distante do trabalho pra gente (finalmente!). O Radar nacional de hoje começa com a criatividade do clipe da paulista Cali, que ainda por cima foi um clipe surgido de várias demandas dos fãs. Mas tem bem mais na nossa lista de hoje, do rock progressivo à MPB safadinha, passando pelo folk. Ouça e repasse!

Texto: Ricardo Schott – Foto (Cali): Luiza Meneghetti / Divulgação

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CALI, “FOME” (CLIPE). Cantora vinda de Porto Ferreira (SP) e radicada em Campinas, Cali viu que os fãs estavam pedindo bastante um clipe para Fome, música sua lançada em agosto. Postou um vídeo falando a respeito disso, e no mesmo dia, foi procurada por duas diretoras, que mostraram seu trabalho para ela. Foi assim que Giovana Padovani (co-direção e direção de fotografia) e Calu Zete (co-direção e produção) acabaram fazendo o clipe do single, divulgado nesta semana no YouTube, e traz Cali assumindo três personas que representam fases emocionais de um artista. As personas passam pela ansiedade e exaustão iniciais, pelo confronto com o próprio lado sombrio e, por fim, pela conquista de uma versão confiante e madura.

Detalhe: a concepção do clipe também foi sugerida por um fã, que sugeriu o filme Cisne negro, de Darren Aronofsky, como referência. “Agora, eu me vejo madura o suficiente para trazer também o meu próprio lado sombrio… Desde nova adoro suspense psicológico e drama. Pensei, por que não me inspirar nisso para construir essa parte da minha estética também?”, comenta Cali, que tem referências em Rita Lee e Rosalía – e fez de Fome um baita batidão pop.

ALESSANDRA LEÃO feat LINIKER, “TATUZINHO”. Tatuzinho é uma música que tem (bastante) história: surgiu como instrumental no álbum Brinquedo de tambor, estreia de Alessandra lançada em 2006. E foi uma música feita enquanto Alessandra colocava o filho para dormir. Depois, ela foi regravada por Alessandra no EP Pedra de sal, só que com uma letra bem sacana feita por Kiko Dinucci. E dando início às comemorações de duas décadas de seu primeiro disco, Alessandra refez a música, mas com alguns diferenciais: ela ganhou produção musical de ChicoCorrea e a voz da convidada Liniker, além de uma proximidade maior com os universos do arrocha e do brega.

Detalhe da coincidência: Liniker havia compartilhado a música nas redes, e foi a partir daí que o encontro das duas rolou.  “Era ela que eu estava procurando para cantar junto”, conta Alessandra. “É uma delícia abrir as comemorações dos 20 anos do meu primeiro disco revisitando essa música ao lado de parceiros de longa data como ChicoCorrea e Kiko Dinucci – e com a presença luminosa de Liniker. É lindo vê-la voar”.

ATALHOS, “A FORÇA DAS COISAS” (SESSION). Banda de art rock com origens no interior paulista (vieram de Birigui), o Atalhos une som, literatura e profecias em seu novo disco, A força das coisas (resenhado pela gente aqui). O álbum de Gabriel Soares e Conrado Passarelli demonstra orgulho por soar próximo do dream pop, do indie rock mais recente e do pós-punk dos anos 1980 – numa nuvem de referências que inclui de The Smiths a Arctic Monkeys. E agora saiu uma session com o repertório do disco, tudo ao vivo, em preto e branco.

A session aparece quando a banda anuncia turnê pela Europa – entre os meses de fevereiro e março, passando por países como Inglaterra, Alemanha, França, Itália, Espanha, Dinamarca e Suíça. Também anunciam e o lançamento de A força das coisas em vinil, que vai rolar assim que os dois voltarem do giro.

LUA DULTRA, “MENINA”. Pop alternativo e folk alternativo cruzam-se na nova música da Lua, Menina – um som tranquilo e viajante que também carrega as referências da união entre folk e MPB (Sá & Guarabyra, Nando Reis, Lô Borges). E cujo clipe, com direção e roteiro dela e de Sofia Rojas, mexe com o imaginário do sertanejo, trazendo a cantora, compositora e instrumentista tocando violão na porta de uma igreja, andando a cavalo e sossegada numa casa no campo, tocando com sua turma.

ABQNE (A BANDA QUE NUNCA EXISTIU), “O OUTRO NOVO EU”. HL (Humberto Lyra) e LP (Luiz Pissutto) são os integrantes da A Banda Que Nunca Existiu – na verdade uma dupla com alguns colaboradores, que vão de Alexandre Fontanetti (produção e violão), Paulo Zinner (bateria), Edu Gomes (guitarra), Adriano Magoo (piano) e até Zeca Baleiro, que solta um assovio numa faixa. O maxi-single O outro novo eu na sala de estar, com quatro faixas – uma delas é um radio edit da primeira música, O outro novo eu – é definido pelos dois como uma “ópera rock psicodélica”, cheia de sinais escondidos.

A faixa original, que dura oito minutos, soa bastante inspirada em Mutantes (especialmente no disco da banda creditado a Rita Lee, Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida, lançado em 1972). A radio edit da faixa traz a música num releitura mais pinkfloydiana do que propriamente psicodélica. O conceito da faixa é citado nas outras duas músicas, Antes do outro eu e Sala de estar do outro eu. Uma viagem sonora.

SANJ, “MÁQUINA DE SOL”. SANJ, assim mesmo, com maiúsculas, é o novo projeto do músico Leonardo Sandi, de Caxias do Sul (RS), que integra a banda Catavento. Em Máquina de sol, o primeiro single, estilos como hip hop, drum’n bass e trip hop (pelo menos no clima enevoado do arranjo) unem-se na criação de uma canção que, diz Leonardo, “fala muito sobre tentar criar um mundo melhor também para um amor, uma paixão”, conta. “Sempre imaginei essa imagem de um cientista solitário em um porão, tentando criar uma máquina de sol. E um dia, quando ele finalmente consegue, tudo explode em luz”.

Outra ideia passada pela música é a de sempre seguir em frente. “Essa música é o meu recomeço, mas também é um lembrete para todo mundo que já sentiu o tempo escapar, que ainda dá para correr atrás dos sonhos”, conta ele, que para fazer Máquina de sol, se juntou a Murilo Vitorazzi, o mrl (beat, pianos, produção e co-autoria), e Francisco Maffei, o Chigo (mixagem e masterização).

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Crítica

Ouvimos: Lily Allen – “West End girl”

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Lily Allen renasce em West End Girl: pop confessional, moderno e afiado, transformando dores pessoais no melhor álbum dela em anos.

RESENHA: Lily Allen renasce em West End Girl: pop confessional, moderno e afiado, transformando dores pessoais no melhor álbum dela em anos.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: BMG
Lançamento: 24 de outubro de 2025.

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Muita gente anda dizendo que não esperava que Lily Allen, depois de tanto tempo (No shame, o disco anterior dela, saiu em 2018) voltasse com um álbum ótimo – e, de fato, as atenções do mercado fonográfico não estavam mesmo voltadas para ela. West End girl surgiu quase de surpresa no momento em que Lily se sentiu com coisas para falar, e mais do que tudo, segura consigo própria. O fim do casamento com o ator David Harbour, e os abusos e traições que ela viveu durante o relacionamento, são o suposto principal tema do disco (recentemente, a cantora deu uma disfarçada, falou que nem tudo é verdade e disse que West End girl foi “inspirado” em seu ex-casamento).

Lily sempre foi bastante confessional em relação a particularidades de sua vida, em músicas e entrevistas, mas dessa vez os fãs já vinham caçando detalhes de que algo estranho vinha rolando. Recentemente ressurgiu uma entrevista dada pelo ex-casal no tapete vermelho do prêmio teatral Oliviers Awards 2022: Lily foi indicada a melhor atriz por seu papel na peça 2:22 A ghost story e, no tal bate-papo, teve aturar o (então) marido fazendo uma piadinha cheia de ressentimento e inveja. Nas fotos do evento, ela parece bastante incomodada com tudo e sem a menor vontade de estar ali, pelo menos ao lado de Harbour.

  • Ouvimos: Blood Orange – Essex honey

Seja como for, o David Harbour (ou o que o valha) que é retratado em West End girl é um sujeitinho invejoso (na faixa-título), infiel (Just enough, Madeline e quase todo o disco), viciado em sexo (Pussy palace), escroto (em Nonmonogamummy ela fala algo sobre David ter exigido relacionamento aberto e que ela quisesse ter filhos com ele) e frequentador de redes sociais bem estranhas (4chan Stan, na qual Lily confessa que as bandeiras foram tantas que ela resolveu fuçar nas coisas do ex-marido e achou uma nota de compra suspeita). Allen também se diz cansada de ter que bancar a mãe de seus maridos e namorados (Fruityloop, de versos como “queria poder consertar todos os seus problemas / mas todos os seus problemas são seus para você consertar”).

Dallas Major, cantada na primeira pessoa, usa um truque típico de Madonna e Beyoncé – a criação de um alter-ego que, na real, é uma versão dela própria – e resume tudo em tristes constatações: “eu uso o nome artístico Dallas Major, mas esse não é meu nome verdadeiro / sabe, eu costumava ser bem famosa, isso foi há muito tempo atrás / sim, estou aqui em busca de reconhecimento e provavelmente devo explicar / como meu casamento se tornou aberto desde que meu marido me traiu”, canta, antes de mudar a perspectiva: “o nome dela é Dallas Major / ela morre de medo de fracassar / ela só está aqui em busca de validação”.

Musicalmente, West End girl é o melhor disco de Lily em bastante tempo, e tem algumas modernidades bem interessantes, como a bossa jazz pop da faixa-título, a agilidade sonora de Ruminating (com piano pop lembrando os hits de Joe Jackson), a blues ballad indie de Sleepwalking e o pop alternativo, com ares sessentistas, de Tennis. Madeline é um pop abolerado, quase um brega, que vai ganhando cara trap. Faixas como a celestial Pussy palace, 4chan Stan e Fruityloop (essa, lembrando a Lily do começo) deixam sempre a impressão de algo familiar – mas nunca repetido ou entediante.

Nonmonogamummy, mesmo com a letra relatando amarguras pessoas, é pop feliz e com ligeiro ar 60’s, evocando algo de Low rider, hit do War. Dallas Major é um r&b com cara quase disco, E ainda tem Let you w/in, pop adulto de piano, com andamento evocando Elton John e Paul McCartney. West End girl é o momento em que Lily percebe o tempo que perdeu tentando impressionar e conquistar gente estúpida – mas também musicalmente, é a “melhor versão” dela nos últimos tempos.

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Crítica

Ouvimos: Zécarlos Ribeiro – “(Todos os Homens)º = 1”

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Em (Todos os Homens)º = 1, Zécarlos Ribeiro une rock clássico, folk e deboche em disco variado que mistura poesia do cotidiano, crítica social e ecos de Erasmo, Zappa e Arrigo.

RESENHA: Em (Todos os Homens)º = 1, Zécarlos Ribeiro une rock clássico, folk e deboche em disco variado que mistura poesia do cotidiano, crítica social e ecos de Erasmo, Zappa e Arrigo.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 10
Gravadora: 7 de novembro de 2025
Lançamento: Independente

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Zécarlos Ribeiro é, ao lado de Luiz Tatit, o principal compositor da história do grupo Rumo, e um cara bom de narrar cenas – sempre com um olho na história, e outro no que pode estar acontecendo nas internas. Esse clima toma conta de seu segundo disco solo, (Todos os Homens)º = 1 (“todos os homens elevado a zero é igual a um”).

A curiosidade é que (Todos os Homens)º = 1 é basicamente um disco de rock, e de rock clássico, à maneira de Erasmo Carlos – o espírito do Tremendão baixa em faixas como o boogie Bando de loucos (que tem ótimo arranjo de metais), o rock acústico Vai pra cama descansar e o blues-rock titânico É do mal. Estica a trena abre com uma improvável cara industrial e depois vira um rock irônico e nostálgico. Arrigo Barnabé comparece em Minha cabeça, um eletro-rap-samba zoeiro, que tem algo de Sparks. E vibes lembrando Frank Zappa aparecem na faixa-título.

  • Ouvimos: UmQuarto – Fora de lugar

Zécarlos também embarca e tons folk e country em faixas como a sombria Deslumbre (com Ana Deriggi nos vocais), a abolerada e italianada Sonhe em pé (com Carlos Careqa), o roquinho mineiro Vem pra cá e a abolerada Volta pra mim, que lembra Rita Lee. Nas letras, Zécarlos põe poesia e história no trivial, sempre com deboche e protesto, como na insônia de Volta pra mim (“não consigo mais dormir de madrugada / meus pensamentos marcam reuniões inesperadas”) e o papo sobre amor e algoritmos de Bando de loucos.

Sonhe em pé conta histórias de italianos em São Paulo, enquanto Estica a trena fala sobre operários que dançam, no sentido literal e figurado – com direito à citação de Construção, de Chico Buarque, e suas lembranças de dias acidentados para o trabalhador brasileiro. Som e poesia do dia a dia.

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