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Radar: Charlatans, Wet Leg, Wolf Alice, Spilly Cave, The Wild Things, Burn Kit, Orchids Of Jupiter

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Radar: Charlatans, Wet Leg, Wolf Alice, Spilly Cave, The Wild Things, Burn Kit, Orchids Of Jupiter

Britpop a perder de vista: o Oasis tá de volta e os Charlatans, nem sempre tão lembrados, mas com vários discos clássicos na discografia, animaram-se para retornar com single e álbum depois de oito anos. Eles encabeçam o Radar internacional de hoje, que oscila entre novas bandas indie e alguns hits instantâneos do rock atual. Ouça tudo sem pressa.

Texto: Ricardo Schott – Foto (The Charlatans): Cat Stevens/Divulgação

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THE CHARLATANS, “WE ARE LOVE”. E olha só quem está de volta. A banda britânica The Charlatans anuncia We are love, seu primeiro disco de inéditas em oito anos, com lançamento marcado para 31 de outubro pela BMG. A produção é de Dev Hynes (Blood Orange) e Fred Macpherson (Spector), com ajuda de Stephen Street (Blur, The Smiths). As gravações aconteceram no histórico Rockfield Studios, no País de Gales, e no Big Mushroom, estúdio que pertence ao grupo.

Tim Burgess, vocalista, diz que a volta a Rockfield – onde gravaram o clássico Tellin’ stories, de 1997 – foi uma forma de homenagear a história dos Charlatans, e a turma que já passou pelas formações do grupo. A faixa-título, descrita como “um passeio de carro conversível nos créditos do seu filme favorito”, serviu como bússola criativa para o novo trabalho. E sai como single.

WET LEG, “CATCH THESE FISTS”. Passados alguns dias do lançamento de Moisturizer, disco novo do Wet Leg – que resenhamos aqui – o que mais tem é gente buscando as sessions ao vivo do grupo pra ver no YouTube, além de várias sessões novas para marcar a chegada do disco às plataformas. Na sexta (11), dia em que por acaso saiu Moisturizer, a rádio holandesa 3voor12 mandou pro YouTube uma gravação com o Wet Leg nos estúdios da emissora, tocando cinco faixas do disco novo, além de dois hits da estreia Wet Leg (2022), Chaise longue e Angelica. A primeira da live session foi o hit Catch these fists, de Moisturizer. Vai pro último volume ou não vai?

WOLF ALICE, “THE SOFA”. A banda dá mais um passo rumo ao lançamento de seu próximo álbum The clearing com The sofa, que mostra o Wolf Alice mergulhando sem cerimônia no soft rock. A balada, conduzida por piano e versos confessionais de Ellie Rowsell, observa os pequenos ciclos da vida com calma, amadurecimento e aceitação do presente – mesmo que ele pareça modesto demais perto dos antigos sonhos de grandeza.

Já o clipe da música, dirigido por Fiona Jane Burgess, passeia por ruas do norte de Londres em câmera lenta e cores vivas, com Ellie sendo levada em um sofá por cenários que mostram o cotidiano de maneira inclusiva e surreal. O release da faixa e do clipe, por sinal, faz questão de citar uma banda bastante chupada nos dias de hoje (o Fleetwood Mac) como referência para o disco que está vindo aí. Só aguardando – The clearing sai dia 22 de agosto.

SPILLY CAVE, “BALBOA”. Esse artista indie da Pensilvânia prepara disco para dia 29 de agosto, Sixty-four. Já tem outro single rolando por ai, Open air, mas preferimos destacar Balboa, slacker rock lançado por Spilly mês passado. No clipe da canção, um ator idoso chamado Robert Hakesley sai por aí com um caderno moleskine em que anota tudo que pode melhorar sua vida – ele anda pelo mato, faz exercícios ao ar livre, pratica canoagem, viaja de balão e toca uma gaitinha no meio da floresta. Balboa é um slacker rock em que dá para sentir o desespero na letra (“há um monte de merda que / eu nunca vou descobrir”), ainda que o clipe seja bem positivo.

THE WILD THINGS, “KNOCK DOWN, DRAG OUT”. Essa banda tem modernidade e memória. Afterglow, disco deles do ano passado – um álbum conceitual que conta a história dos moradores da cidade fictícia de Valentine, que enfrentam um fenômeno paranormal – teve co-produção de ninguém menos que Pete Townshend, do The Who. Enquanto não sai um novo álbum, eles vêm com o single Knock down, drag out, a primeira parte de uma história de amor enlouquecedora vivida por uma garota de Nova Orleans – e um rock energético que alude tanto ao pós-punk quanto ao próprio Who.

A canção vai ter um segunda parte, I can’t wait, que sai em breve e vai falar sobre o que aconteceu com o relacionamento – ao que consta, o intervalo entre os singles corresponde à duração do namoro (!). Na banda, destaque para a vocalista Sydney Rae White, uma atriz e cantora de 33 anos que trabalhou em séries de TV como O jovem Drácula, nitroglicerina pura em estúdios e palcos.

BURN KIT, “WHEN YOU KNOW, YOU KNOW”. Vinda de Boston, essa banda se dedica a uma mistura de punk, som gótico e vibes de skate music dos anos 1980 – às vezes lembrando a fase inicial do TSOL, com riffs graves de guitarra e batidas urgentes. Fallen rose, o EP novo, saiu em março. When you know, you know, a primeira faixa, é definida pela banda como “um hino de autoconhecimento radical. Um chamado sonoro à ação, para se levantar e lutar contra a acomodação que te impede de viver a vida que você realmente quer. Enquanto você não puxa o gatilho do que deseja, fica paralisado pelo medo de fazer a escolha errada. A sua intuição vai te mostrar o que é certo”, afirmam.

ORCHIDS OF JUPITER, “FIGHTING ON THE WRONG SIDE”. Brigas inúteis e infernos pessoais surgem nessa new wave gótica lançada pelo Orchids of Jupiter – uma banda de Los Angeles liderada pela cantora e guitarrista Karie Jacobson, e que volta e meia se parece com um B-52s menos exuberante e vestido de preto. O quarteto já lançou quatro singles e divide atualmente seu tempo entre correr atrás de shows e preparar devagar seu primeiro álbum – que deve sair só em 2026. “Com vocais assombrosos e letras que mergulham em reinos existenciais e mitológicos, o Orchids of Jupiter cria um mundo próprio, ligado a contos de fadas sombrios”, diz a banda.

Crítica

Ouvimos: Peter Murphy – “Silver shade”

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Ouvimos: Peter Murphy - "Silver shade"

RESENHA: No novo álbum, Silver shade, Peter Murphy mistura pós-punk, darkwave e clima Bowie anos 1990 – tem coisas boas, mas parece distante do brilho de seus discos clássicos.

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Vou começar a resenha com uma pergunta a você, que ouviu Silver shade antes de mim (o disco foi lançado tem alguns meses): você curtiu o novo disco de Peter Murphy de verdade, ou fui eu que impliquei com certos detalhes dele?

Eu já comecei a achar que havia algo estranho nesse disco por causa da capa – o rosto do ex-cantor do Bauhaus se transforma numa “coisa” metálica que mais lembra uma daquelas travessas de aço inox que só saem do armário para servir o peru de Natal, ou os cabos de talheres antigos do tempo de vovó garota. A voz de Peter continua impostada, lá em cima, mas ganhou um ligeiro tom canastrão que causa certas dúvidas. Swoon e Hut boy, dois temas darkwave de quatro costados que abrem o álbum, vão nessa linha.

Apesar da abertura em tom sombrio e eletrônico, Silver shade é na maior parte do tempo um disco que une pós-punk, alguns climas progressivos de FM e vibes trevosas. Sherpa é pós-punk de base “dark”, a faixa-título soa quase grunge, The artroom wonder soa bastante parecida com o começo da fase anos 1990 de David Bowie, e vai por aí. Já a enorme The meaning of my life parece um Duran Duran sombrio, reflexivo e meio pesado.

O canto de Bowie paira também sobre as duas melhores músicas do disco, Xavier new boy e Cochita is lame – essa última, com clima chique ligado à música dos anos 1960 e a trilhas de filmes policiais. Peter invade a pequena área do rock pauleira em Soothsayer e soa exagerado e meio (vá lá) cafona em faixas como Time waits e The salimaker’s charm (que soa como um Pink Floyd anos 1980 travado). Let the flowers grow, com Boy George, é meditativa, meio deprê e ressoa bem.

Silver shade tem méritos – e é Peter Murphy na atividade, ora bolas. Mas do começo ao fim você vai esperar algo gracioso como as faixas de discos antigos do cantor do Bauhaus, como Love hysteria (1988) e Deep (1989), e não vai achar.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7
Gravadora: Metropolis Records
Lançamento: 9 de maio de 2025

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Crítica

Ouvimos: La Flemme – “La fête”

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Garage rock francês com cowpunk, surf e noise: La fête, estreia do La Flemme, é barulhento, blasé e cheio de boas ideias.

RESENHA: Garage rock francês com cowpunk, surf e noise: La fête, estreia do La Flemme, é barulhento, blasé e cheio de boas ideias.

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O garage rock francês vai muito bem, obrigado. O La Flemme, em seu primeiro álbum, La fête, mostra-se uma banda de garagem com tendências a abarcar estilos como o bom e velho cowpunk (a faixa-título, dos versos exaustos “os jovens querem festejar / a preguiça”, repetidos o tempo todo), a surf music dos anos 1960 (a melô do pássaro do mau agouro Oiseau, e Laissez-moi tranquile) e até noise rock – esse, nos ruídos finais de Marre de vous e Demain.

O La Flemme tem bastante ligação com o pop francês, embora isso não seja esfregado na cara de quem ouve – dá para perceber no clima chique e irônico do pós-punk Le petit du camas, com vocais falando lembrando Serge Gainsbourg, e na brincadeira ruidosa e quase psicodélica de Mer azur. Um verdadeiro ET em La fête é Tunnel, um garage rock psicodélico, espacial e instrumental de quase sete minutos, com várias partes que migram para um clima quase stoner. O tipo de faixa que na era do CD talvez virasse um bônus escondido – com uma vibe não tão representativa da banda.

  • Ouvimos: Lùlù – Lùlù
  • Space: quando a França levou a disco music para o espaço

Em boa parte das letras de La fête, o narrador é o personagem que já está de saco cheio das mesmas pessoas e situações, como no perrengue alcoólico de Demain, e no tédio geral de Sans fond (“vamos falar pouco, mas vamos falar de verdade / nunca sem dizer nada / isso me entendia!”) e de Laissez-moi tranquile (“me deixem em paz”, em bom português). Um disco de estreia bacana, barulhento e cheio de atitude blasé.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 25 de abril de 2025

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Crítica

Ouvimos: Araúnas – “Relva”

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Araúnas estreia com Relva, disco que mistura noise rock, psicodelia e brasilidades em faixas experimentais e cheias de climas mutantes.

RESENHA: Araúnas estreia com Relva, disco que mistura noise rock, psicodelia e brasilidades em faixas experimentais e cheias de climas mutantes.

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A banda sergipana Araúnas já se chamou Amagatos e Relva – e preferiu adotar esse último nome para chamar seu primeiro álbum, dedicado a uma união desconcertante de noise rock e psicodelia. Victor Caldas (vozes e guitarra), Guilherme Mateus (vozes e bateria), Guilherme Bagio (guitarra) e João Pedro França (baixo) também inserem partículas de brasilidade em seu som, vistas em linhas vocais e em algumas células rítmicas que surgem nas músicas.

Relva, o disco, abre com algo que poderia estar no Paebiru, de Zé Ramalho e Lula Côrtes – a música natural da vinheta Natureza morta. Mostra sua verdadeira face com o indie rock de Bento – que prossegue ganhando guitarras ruidosas – e com o noise brasileiro de Panorama. Sumidouro é repleta de variações: começa ameaçando um samba, continua numa onda quase 60’s e vai ganhando um design musical pós-punk. A percussiva e libertária Ana foge e descobre a noite tem uma onda macia e dissonante que faz lembrar, ao mesmo tempo, Smiths e Pink Floyd.

O ex-grupo de Roger Waters também é devidamente louvado na meditativa Corre, com participação de Yves Deluc (Cidade Dormitório) e climas que lembram o disco Atom heart mother (1970). Desamparo é um indie-samba-rock de quase seis minutos e Alto-mar (com Danilo Garcez, do Ventocais) soa como uma esquina entre grunge e pós-punk. No fim, sons marítimos e clima tranquilo na bossa Música do mar, que fecha o ciclo de Relva.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Independente
Lançamento: 29 de maio de 2025.

  • Ouvimos: 43duo – Sã verdade (EP)
  • Ouvimos: Beto – Matriz infinita do sonho
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