Destaque
POP FANTASMA apresenta Pavilhão 9 e BaianaSystem, “Lockdown (Cidade perdida)”

O novo single do Pavilhão 9 (grupo de rap e rock responsável por discos clássicos, como Cadeia nacional, de 1997) poderia acabar falando sobre qualquer outro assunto. O vocalista Rhossi começou a trabalhar em estúdio com o produtor Daniel Krotoszynski em janeiro de 2020. Mas logo vieram as primeiras notícias sobre o coronavírus e sobre a pandemia, o fechamento dos estúdios e a interrupção de tarefas. Desse modo, o tema principal já ficou praticamente definido e surgiu Lockdown (Cidade perdida), nova música do Pavilhão 9, com participação do BaianaSystem.
O nome do grupo baiano surgiu logo assim que o rapper e produtor perceberam que faltava um nome para complementar o número de referências. Aliás, são duas bandas conhecidas pelo grafismo baseado em máscaras. “A máscara, de certa forma, nos une, mas também houve muita sintonia nas ideias musicais. A capa do single fez a fusão das duas máscaras”, conta Rhossi em papo com o POP FANTASMA. Será que o Pavilhão influenciou o BaianaSystem nisso? “Talvez tenhamos influenciado porque somos do início dos anos 90. Mas o importante é que, nessa música, a fusão foi bem natural e gostamos bastante do resultado da parceria”, conta.
FEATS DIVERSOS
A faixa já estava pré-produzida no começo do ano. “Mas na minha opinião, a música tinha que ter um feat. Uma participação inusitada, mas que, ao mesmo tempo, tivesse uma relação com o nosso trabalho. Assim, me veio à cabeça o BaianaSystem”, conta Rhossi, que já conhecia Russo Passapusso, do Baiana, pois já o encontrara num evento em São Paulo. A gravação foi feita à distância.
Aliás, grandes participações e parcerias sempre foram uma das características do Pavilhão 9. que já contou com nomes como Max Cavalera, João Gordo, Nação Zumbi, Black Alien, Marcelo Falcão e Marcelo D2 em seus discos. “O Pavilhão 9 nunca teve preconceito com estilos musicais. Desde os primeiros álbuns, que eram mais eletrônicos, já sampleávamos rock, funk dos anos 1970 e jazz. As participações que tivemos e as parcerias que fizemos no decorrer da carreira aconteceram de forma natural, por sermos próximos e da mesma geração”, conta ele, que sonha com parcerias com Zack de la Rocha (Rage Against The Machine) ou Chuck D (Public Enemy).
O álbum mais recente do Pavilhão 9 foi Antes durante depois, de 2017. Há um novo disco vindo aí? “Por enquanto, estamos, na medida do possível, respeitando o distanciamento, criando novas músicas, mas muito ainda em processo embrionário. Nosso novo single aponta para um novo momento do Pavilhão 9. Mas o público pode aguardar que assim como a nossa nova música, vamos preparar algo diferente”, conta Rhossi.
PAVILHÃO 9 NO ROCK IN RIO DUAS VEZES
O Pavilhão 9 tem um relação positiva e histórica com o Rock In Rio, festival no qual se apresentaram duas vezes. A primeira fez foi em 2001, quando lançavam o disco Reação (o único do grupo a sair por uma multinacional, a Warner). A segunda foi no ano passado, quando dividiram o Palco Sunset com o Detonautas Roque Clube.
“Esse último show foi o reconhecimento do retorno do Pavilhão 9, que aconteceu em 2017. O público, há tempos, estava querendo assistir novamente a um show da banda no festival, por também lembrar da nossa apresentação em 2001”. conta Rhossi. Aliás, naquele primeiro show, por sinal, o vocalista preparou uma surpresa para os fãs. Ele e o também vocalista Doze abriram com a nova Planos, mapas e esquemas, usando toucas ninjas. Tiraram as toucas e mostraram os rostos pela primeira vez no palco, marcando um novo momento na banda.
“Marcou a nossa carreira, foi o ápice do Pavilhão 9. A decisão de mostrar o rosto foi minha por ser o único integrante a sustentar o uso da máscara (Doze costumava pintar o rosto e os demais músicos não usavam). Eu estava vivendo um novo momento e não tinha por que me esconder. Mas a máscara ainda é o nosso símbolo e é parte da nossa história”, recorda.
PANDEMIA E ISOLAMENTO
Rhossi diz que nunca foi fácil para ele falar de fatos tristes em suas letras, mas que eles surgem bastante na história do Pavilhão 9, uma banda que mostra a realidade das ruas em suas músicas desde os anos 1990. “O mundo foi surpreendido pela pandemia, não imaginávamos passar por uma situação como essa e eu nunca imaginei fazer uma música sobre esse tema. Senti a necessidade de escrever sobre o tema e trazer outros acontecimentos que vieram à tona junto com a pandemia, como racismo, polícia violenta, homofobia, preconceito e a falta de apoio do poder público”, afirma.
O isolamento, diz ele, serviu para olhar para dentro e repensar muitas coisas na vida. “No primeiro semestre, não foi fácil. No segundo semestre, consegui administrar melhor. Não tive desespero. O que surgiu foi mais uma preocupação com o futuro e uma sensação de
impotência e falta de liberdade”, afirma.
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Cultura Pop
Quando Suicide gravou… “Born in the USA”, do Bruce Springsteen

A way of life, disco de 1988 da dupla de música eletrônica Suicide, é tido como um disco, er, acessível. Acessível à moda de Martin Rev e Alan Vega, claro. O disco pelo menos podia ser colocado tranquilamente na prateleira dos artífices da darkwave e era bem mais audível do que o comum de um grupo que havia lançado a assustadora Frankie teardrop. O disco era produzido por Ric Ocasek, líder dos Cars (que já havia produzido o segundo disco deles, de 1981, Alan Vega/Martin Rev), e tinha até uma eletro-valsinha, Surrender, além de um estiloso misto de rockabilly e synthpop, Jukebox baby 96.
O que ninguém esperava era que a dupla tivesse feito nessa mesma época uma estranhíssima versão de… Born in the USA, de Bruce Springsteen. A faixa surge numa versão ao vivo, gravada num show de Vega e Rev em 1988, em Paris. A dupla nem sequer disfarçou que a ideia era fazer uma versão bem lascada – saca só o sintetizadorzinho da música, e a referência a músicas como Lucille, de Little Richard, e o tema When the saints go marching in, logo na abertura. A “versão” da faixa resume-se a quase nada além do título da canção. Parece um karaokê do demo (e é).
A versão poderia ser uma bela pirataria, mas vira oficial nesse mês: vai aparecer em uma reedição de A way of life, prevista para o dia 26. A edição de luxo estará disponível em vinil azul transparente com Born in the USA e em CD com quatro faixas bônus, além do formato digital. O material extra inclui versões ao vivo de Devastation e Cheree, bem como uma versão inicial de estúdio de Dominic Christ. O pesquisador Jared Artaud encontrou as faixas enquanto trabalhava no arquivo de Vega, após a morte do cantor em 2016.
E se você não sabia, vai aí a surpresa: Springsteen tá bem longe de ser um sujeito que diria “what?” ao ser informado da existência do Suicide. Pelo contrário: era fã da dupla e costumava dizer que a estreia do Suicide, o disco epônimo de 1977, era “um dos discos mais sensacionais que já ouvi”. Em 1980, o cantor esteve com a dupla e Vega descobriu que Springsteen era seu fã – e se surpreendeu.
“Ele estava gravando o disco The river (1980) e nós estávamos gravando nosso segundo álbum em Nova York. Então tivemos uma reunião de audição do nosso álbum. Havia três ou quatro figurões da nossa gravadora, e Bruce também estava lá. Depois que tocamos o álbum, houve um silêncio mortal… exceto por Bruce, que disse, ‘Isso foi ótimo pra caralho.’ Ele fazia questão de nos dizer o quanto nos amava”, contou em 2014 ao New York Post.
Mais: um texto do site Treblezine, a partir de audições da obra de Bruce e de entrevistas do Suicide, descobre: a dupla influenciou muito o sombrio disco Nebraska, tido como o “primeiro disco solo” (sem a E Street Band) de Springsteen (1982), basicamente um disco sobre crise, desemprego e gente à beira do desespero pela falta de oportunidades. Houve uma versão elétrica e pesada de Nebraska, mas Bruce quis lançar o disco acústico, de voz, violão e registros crus, e que de fato lembram o clima esparso do Suicide do primeiro disco.
Na dúvida, ouça State trooper, cujos uivos lembram bastante os gritos (sem aviso prévio) de Frankie teardrop. “Lembro-me de entrar na minha gravadora logo após o lançamento do meu disco”, disse Vega depois de ouvir State trooper pela primeira vez. “Eu pensei que era um dos meus álbuns que eu tinha esquecido. Mas era Bruce!”
Cultura Pop
No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

A morte do baixista Cliff Burton, em 27 de setembro de 1986, desorientou muito o Metallica. Além do que aconteceu, teve a maneira como aconteceu: a banda dormia no ônibus de turnê, sofreu um acidente que assustou todo mundo, e quando o trio restante saiu do veículo, só restou encarar a realidade. A partir daquele momento, estavam não apenas sem o baixista, como também estavam sem o amigo Cliff, sem o cara que mais havia influenciado James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammett musicalmente, e sem a configuração que havia feito de Master of puppets (1986) o disco mais bem sucedido do grupo até então.
Hoje no Pop Fantasma Documento, a gente dá uma olhada em como ficou a vida do Metallica (banda que, você deve saber, está lançando disco novo, 72 seasons) num período em que o grupo foi do céu ao inferno em pouco tempo. O Metallica já era considerado uma banda de tamanho BEM grande (embora ainda não fosse o grupo multiplatinado e poderoso dos anos 1990) e, justamente por causa disso, teve que passar por cima dos problemas o mais rápido possível. E sobreviver, ainda que à custa justamente da estabilidade emocional de Jason Newsted, o substituto do insubstituível Cliff Burton…
Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: Skull Koraptor e Manger Cadavre?
Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta-feira!
Destaque
Dan Spitz: metaleiro relojoeiro

Se você acompanha apenas superficialmente a carreira da banda de thrash metal Anthrax e sentia falta do guitarrista Dan Spitz, um dos fundadores, ele vai bem. O músico largou a banda em 1995, pouco antes do sétimo disco da banda, Stomp 442, lançado naquele ano. Voltaria depois, entre 2005 e 2007, mas entre as idas e as vindas, o guitarrista arrumou uma tarefa bem distante da música para fazer: ele se tornou relojoeiro (!).
A vida de Dan mudou bastante depois que o músico teve filhos em 1995, e começou a se questionar se queria mesmo aquela vida na estrada. “Fazíamos um álbum e fazíamos turnês por anos seguidos, e então começávamos o ciclo de novo – o tempo em casa não existia. É uma história que você vê em toda parte: tudo virou algo mundano e mais parecido com um trabalho. Eu precisava de uma pausa”, contou Spitz ao site Hodinkee.
>>> Veja também no POP FANTASMA: Rockpop: rock (do metal ao punk) na TV alemã
Na época, lembrou-se da infância, quando ficava sentado com seu avô, relojoeiro, desmontando relógios Patek Philippe, daqueles cheios de pecinhas, molas e motores. “Minha habilidade mecânica vem de minha formação não tradicional. Meu quarto parecia uma pequena estação da NASA crescendo – toneladas de coisas. Eu estava sempre construindo e desmontando coisas durante toda a minha vida. Eu sou um solucionador de problemas no que diz respeito a coisas mecânicas e eletrônicas”, recordou no tal papo.
Spitz acabou no Programa de Treinamento e Educação de Relojoeiros da Suíça, o WOSTEP, onde basicamente passou a não fazer mais nada a não ser mexer em relógios horrivelmente difíceis o dia inteiro, aprender novas técnicas e tentar alcançar os alunos mais rápidos e mais ágeis da instituição.
>>> Veja também no POP FANTASMA: Discos de 1991 #9: “Metallica”, Metallica
A música ainda estava no horizonte. Tanto que, trabalhando como relojoeiro em Genebra, pensou em largar tudo ao receber um telefonema do amigo Dave Mustaine (Megadeth) dizendo para ele esquecer aquela história e voltar para a música. Olhou para o lado e viu seu colega de bancada trabalhando num relógio super complexo e ouvindo Slayer.
O músico acha que existe uma correlação entre música e relojoaria. “Aprender a tocar uma guitarra de heavy metal é uma habilidade sem fim. É doloroso aprender. É isso que é legal. O mesmo para a relojoaria – é uma habilidade interminável de aprender”, conta ele. “Você tem que ser um artista para ser o melhor – seja na relojoaria ou na música. Você precisa fazer isso por amor”.
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