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Destaque

POP FANTASMA apresenta Circus, “Transmissão”

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POP FANTASMA APRESENTA Circus, "Transmissão"

Vinda da região do Grande Méier (Zona Norte do Rio), a banda Circus aborda, entre os assuntos de seu segundo disco, Transmissão (que sai dia 6 de novembro), os problemas do dia a dia de quem mora no subúrbio carioca, como segregação, transporte deficitário, abandono. As questões aparecem em Norte da linha, uma das faixas programadas para entrar no disco.

O vocalista Bernardo Tavares, que divide a banda com Alex Heink (guitarra), Eduardo Lopez (guitarra), Thales Ramos (baixo) e Hugo Rezende (bateria), conta que o grupo tem ficado bastante atento às promessas de campanha das eleições municipais 2020.

“As campanhas pra prefeitura estão mais podres do que nunca. Com toda essa onda de desinformação e toda essa mentira que demoniza a ‘esquerda’. E que demoniza as políticas ditas de cunho socialista/comunista, que são na verdade políticas de bem estar social que qualquer um deveria se importar”, protesta o vocalista, que vê de perto o sucateamento da região há anos. “O quadro de opções está diretamente ligado ao pior de toda a cidade. São candidatos ligados à milícia, ao tráfico, às fake news, à corrupção administrativa, aos neopentecostais que hoje estão cada vez mais presentes na política impondo regras culturais conservadoras. Sem dúvida esse período vai ser marcado como um dos piores da cidade”.

Mesmo abordando vários temas políticos em outras faixas, como 1317 – que descreve o período pós-Dilma Rousseff e Michel Temer, até os dias de hoje – e O plano (que é sobre “todo o projeto de sucateamento com serviços essenciais da sociedade”), boa parte do álbum (que tem oito curtas faixas) é dedicada a temas mais reflexivos. Como as mudanças de personalidade de Renascer e os questionamentos sobre ansiedade em Permita sentir. Ou as construções e desconstruções da última música, Abstrações, que tem participações de Renato Rasta (NDR), Milton Aguiar (Bayside Kings) e do rapper Marcão Baixada, e que foi uma das faixas que já ganharam lyric video. Bernardo diz que foi uma letra difícil de ser escrita.

“É um tema que eu considero difícil e desafiador, é sobre tentar entender todos os dias o que são e como são as coisas que constroem nosso ser social. E entender como se constrói um ser social. São coisas que acontecem sem você perceber e pra você olhar isso de alguma forma tem que ter todo um esforço pra tentar ‘se olhar de fora'”, reflete. “O mais importante desse tema é entender que os homens constroem tudo. E se a gente constrói tudo, podemos reconstruir e construir de novo da melhor maneira possível. Seja nós mesmos e seja também a sociedade”.

A entrada de Marcão, por sinal, traz para o disco uma união musical rap + rock que era bem comum na década passada. “Sentimos muito falta dessa época, quando provavelmente todo mundo da banda teve seu primeiro contato com o rock. E bandas como Linkin Park estavam em alta misturando o rap e o rock”, conta o vocalista. “O álbum tem total influências de todos os sons que vieram dessa época, e os que vieram um pouco depois como o nu metal, metal core, post hc. E principalmente com o auge e alta do punk hardcore que sempre se comunicou com o rap e hip-hop em suas mensagens e causas”.

Transmissão foi gravado antes da pandemia. Após o início do isolamento, o Circus começou – lutando contra a própria ansiedade, por sinal – a se organizar para lançar o disco.

“A partir da pandemia começamos a organizar a estratégia, materiais de apoio em vídeo e fechar as parcerias. Na realidade, fomos privilegiados no pós-pandemia. Fizemos tudo com muita calma, vendo e revendo as possibilidades várias vezes. Antes da pandemia começamos a produção com muita pressa, tentando já emendar na época nas mini tours que a gente tava fazendo, porém fomos aprendendo melhor a lidar com essa pressa e prezar pela qualidade final que valeu muito a pena”, conta.

Os temas políticos do disco, diz Bernardo, ajudam a deixar guardada a memória do que aconteceu nos últimos anos do país.

“O estrago desses anos provavelmente vai perdurar algumas gerações. Por isso a gente sempre fala nos shows que todo posicionamento, por menor que seja, é muito importante nessa batalha cultural. É uma obrigação passar uma mensagem que construa um futuro melhor e que estimule alterar paradigmas e estruturas”, conta. “As fake news, a deslegitimação da história, ciência e de tantas outras coisas que vem com esse governo provavelmente vão distorcer muito do que vai ser contado. Cabe a todos tentarem construir memórias fiéis do que realmente aconteceu pós golpe”.

Veja também os clipes de O plano, Renascer e Novo mundo.

Foto: Daniel Marques/Divulgação

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Cultura Pop

Quando Suicide gravou… “Born in the USA”, do Bruce Springsteen

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Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

A way of life, disco de 1988 da dupla de música eletrônica Suicide, é tido como um disco, er, acessível. Acessível à moda de Martin Rev e Alan Vega, claro. O disco pelo menos podia ser colocado tranquilamente na prateleira dos artífices da darkwave e era bem mais audível do que o comum de um grupo que havia lançado a assustadora Frankie teardrop. O disco era produzido por Ric Ocasek, líder dos Cars (que já havia produzido o segundo disco deles, de 1981, Alan Vega/Martin Rev), e tinha até uma eletro-valsinha, Surrender, além de um estiloso misto de rockabilly e synthpop, Jukebox baby 96.

O que ninguém esperava era que a dupla tivesse feito nessa mesma época uma estranhíssima versão de… Born in the USA, de Bruce Springsteen. A faixa surge numa versão ao vivo, gravada num show de Vega e Rev em 1988, em Paris. A dupla nem sequer disfarçou que a ideia era fazer uma versão bem lascada – saca só o sintetizadorzinho da música, e a referência a músicas como Lucille, de Little Richard, e o tema When the saints go marching in, logo na abertura. A “versão” da faixa resume-se a quase nada além do título da canção. Parece um karaokê do demo (e é).

A versão poderia ser uma bela pirataria, mas vira oficial nesse mês: vai aparecer em uma reedição de A way of life, prevista para o dia 26. A edição de luxo estará disponível em vinil azul transparente com Born in the USA e em CD com quatro faixas bônus, além do formato digital. O material extra inclui versões ao vivo de Devastation e Cheree, bem como uma versão inicial de estúdio de Dominic Christ. O pesquisador Jared Artaud encontrou as faixas enquanto trabalhava no arquivo de Vega, após a morte do cantor em 2016.

Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

E se você não sabia, vai aí a surpresa: Springsteen tá bem longe de ser um sujeito que diria “what?” ao ser informado da existência do Suicide. Pelo contrário: era fã da dupla e costumava dizer que a estreia do Suicide, o disco epônimo de 1977, era “um dos discos mais sensacionais que já ouvi”. Em 1980, o cantor esteve com a dupla e Vega descobriu que Springsteen era seu fã – e se surpreendeu.

“Ele estava gravando o disco The river (1980) e nós estávamos gravando nosso segundo álbum em Nova York. Então tivemos uma reunião de audição do nosso álbum. Havia três ou quatro figurões da nossa gravadora, e Bruce também estava lá. Depois que tocamos o álbum, houve um silêncio mortal… exceto por Bruce, que disse, ‘Isso foi ótimo pra caralho.’ Ele fazia questão de nos dizer o quanto nos amava”, contou em 2014 ao New York Post.

Mais: um texto do site Treblezine, a partir de audições da obra de Bruce e de entrevistas do Suicide, descobre: a dupla influenciou muito o sombrio disco Nebraska, tido como o “primeiro disco solo” (sem a E Street Band) de  Springsteen (1982), basicamente um disco sobre crise, desemprego e gente à beira do desespero pela falta de oportunidades. Houve uma versão elétrica e pesada de Nebraska, mas Bruce quis lançar o disco acústico, de voz, violão e registros crus, e que de fato lembram o clima esparso do Suicide do primeiro disco.

Na dúvida, ouça State trooper, cujos uivos lembram bastante os gritos (sem aviso prévio) de Frankie teardrop. “Lembro-me de entrar na minha gravadora logo após o lançamento do meu disco”, disse Vega depois de ouvir State trooper pela primeira vez. “Eu pensei que era um dos meus álbuns que eu tinha esquecido. Mas era Bruce!”

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Cultura Pop

No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

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No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

A morte do baixista Cliff Burton, em 27 de setembro de 1986, desorientou muito o Metallica. Além do que aconteceu, teve a maneira como aconteceu: a banda dormia no ônibus de turnê, sofreu um acidente que assustou todo mundo, e quando o trio restante saiu do veículo, só restou encarar a realidade. A partir daquele momento, estavam não apenas sem o baixista, como também estavam sem o amigo Cliff, sem o cara que mais havia influenciado James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammett musicalmente, e sem a configuração que havia feito de Master of puppets (1986) o disco mais bem sucedido do grupo até então.

Hoje no Pop Fantasma Documento, a gente dá uma olhada em como ficou a vida do Metallica (banda que, você deve saber, está lançando disco novo, 72 seasons) num período em que o grupo foi do céu ao inferno em pouco tempo. O Metallica já era considerado uma banda de tamanho BEM grande (embora ainda não fosse o grupo multiplatinado e poderoso dos anos 1990) e, justamente por causa disso, teve que passar por cima dos problemas o mais rápido possível. E sobreviver, ainda que à custa justamente da estabilidade emocional de Jason Newsted, o substituto do insubstituível Cliff Burton…

Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: Skull Koraptor e Manger Cadavre?

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta-feira!

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Destaque

Dan Spitz: metaleiro relojoeiro

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Se você acompanha apenas superficialmente a carreira da banda de thrash metal Anthrax e sentia falta do guitarrista Dan Spitz, um dos fundadores, ele vai bem. O músico largou a banda em 1995, pouco antes do sétimo disco da banda, Stomp 442, lançado naquele ano. Voltaria depois, entre 2005 e 2007, mas entre as idas e as vindas, o guitarrista arrumou uma tarefa bem distante da música para fazer: ele se tornou relojoeiro (!).

A vida de Dan mudou bastante depois que o músico teve filhos em 1995, e começou a se questionar se queria mesmo aquela vida na estrada. “Fazíamos um álbum e fazíamos turnês por anos seguidos, e então começávamos o ciclo de novo – o tempo em casa não existia. É uma história que você vê em toda parte: tudo virou algo mundano e mais parecido com um trabalho. Eu precisava de uma pausa”, contou Spitz ao site Hodinkee.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Rockpop: rock (do metal ao punk) na TV alemã

Na época, lembrou-se da infância, quando ficava sentado com seu avô, relojoeiro, desmontando relógios Patek Philippe, daqueles cheios de pecinhas, molas e motores. “Minha habilidade mecânica vem de minha formação não tradicional. Meu quarto parecia uma pequena estação da NASA crescendo – toneladas de coisas. Eu estava sempre construindo e desmontando coisas durante toda a minha vida. Eu sou um solucionador de problemas no que diz respeito a coisas mecânicas e eletrônicas”, recordou no tal papo.

Spitz acabou no Programa de Treinamento e Educação de Relojoeiros da Suíça, o WOSTEP, onde basicamente passou a não fazer mais nada a não ser mexer em relógios horrivelmente difíceis o dia inteiro, aprender novas técnicas e tentar alcançar os alunos mais rápidos e mais ágeis da instituição.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Discos de 1991 #9: “Metallica”, Metallica

A música ainda estava no horizonte. Tanto que, trabalhando como relojoeiro em Genebra, pensou em largar tudo ao receber um telefonema do amigo Dave Mustaine (Megadeth) dizendo para ele esquecer aquela história e voltar para a música. Olhou para o lado e viu seu colega de bancada trabalhando num relógio super complexo e ouvindo Slayer.

O músico acha que existe uma correlação entre música e relojoaria. “Aprender a tocar uma guitarra de heavy metal é uma habilidade sem fim. É doloroso aprender. É isso que é legal. O mesmo para a relojoaria – é uma habilidade interminável de aprender”, conta ele. “Você tem que ser um artista para ser o melhor – seja na relojoaria ou na música. Você precisa fazer isso por amor”.

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