Crítica
Ouvimos: Pedro Mizutani – “Mostrando os dentes” (EP)

RESENHA: Pedro Mizutani mistura bossa, soul, jazz e pop em um EP suave e inventivo sobre sentimentos e renovação.
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O carioca Pedro Mizutani é um sujeito da bossa pop – mas não exatamente daquela noção de bossa eletrônica que começou a fazer sucesso lá pelos anos 2000. No EP Mostrando os dentes, com produção do britânico Skinshape (importante para o trabalho a ponto de merecer crédito ao lado do solista) tem até um samba tranquilo e lo-fi, Canal, com nota repetida no violão a lembrar João Bosco. E também um soul cristalino, Deixar, unido com rock e bossa – e que poderia ser muito bem uma música do começo dos anos 1970.
Passando longe de ideias fáceis em cinco faixas, Pedro une bossa, jazz e pop francês em Criaturas da noite, faz som quase espacial (com uma guitarra slide que dá clima de deserto) em Sozin e vai para os lados do r&b tranquilo em Lugar de agonia. Boa parte do repertório do EP fala sobre sentimentos represados, conformismo, vontade de sair da zona de conforto, um clima renovador que casa com a sonoridade do disco. No final, o repertório ressurge em versões instrumentais.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Nice Guys
Lançamento: 13 de junho de 2025.
Crítica
Ouvimos: Mandrake Handshake – “Earth-sized worlds”

RESENHA: No álbum Earth-sized worlds, o Mandrake Handshake mistura rock psicodélico, bossa, kraut e afro-pop num som coletivo que parece remixar 1967 com o futuro.
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Vindo da Inglaterra, com integrantes divididos entre Londres e Oxford, o Mandrake Handshake funciona como uma espécie de Novos Baianos da terra dos Beatles. A sonoridade é comunitária e o dia a dia é de coletivo musical, contando com “de sete a dez integrantes” (dizem sites gringos). O som de Earth-sized worlds não tem nada a ver com o do Stereolab, mas uma ideia parece unir as duas bandas: botar eras diferentes para conversar.
Músicas como o easy listening Time goes up, a bossa dub Charlie’s comet e o krautrock com balanço Hypersonic super-asteroid unem rock dos anos 1960, rajadas sonoras de 2025 e música brasileira vintage (em alguns momentos, as orquestrações lembram algo do Moacir Santos), quase sempre com um subtexto espacial. Muita coisa surge filtrada por influências de Mutantes, Azymuth e até afro-pop, como nas batidas sombrias e dançantes de Barranmode, na vibração quase nordestina de The change and the changing e no balanço californiano anos 60 de Lorenzo’s desk.
- Ouvimos: Beto – Matriz infinita do sonho
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- No nosso podcast, Primal Scream do começo à fase de Screamadelica
Nos momentos mais roqueiros do disco, o Mandrake Handshake chega a evocar Santana Band, The Doors e até vibes do Screamadelica, do Primal Scream – um bom exemplo disco é o pós-disco texturizado de King cnut. No final, a faixa-título dura mais de dez minutos em clima de viagem. Abre com um tema hippie-meditativo, cantado em coral, como se fosse algo quase religioso – prossegue em tom cerimonial, com percussões, vocais, som de mellotron, ganha ares de voo noturno.
Earth-sized worlds é uma viagem cósmica e coletiva que soa como se o verão de 1967 tivesse sido remixado no futuro.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Tip Top Recordings
Lançamento: 21 de fevereiro de 2025
Crítica
Ouvimos: Saturno Express – “Tenho sonhos elétricos”

RESENHA: No álbum Tenho sonhos elétricos, o Saturno Express estreia com psicodelia, city pop e bossa espacial em um disco que é puro delírio sonoro e jazz pop.
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Duo paulista formado por Mariah Rodrigues e Breno Ferrari, o Saturno Express foi criado na pandemia, e vem rendendo até hoje – Tenho sonhos elétricos é o primeiro álbum dos dois. Com inspiração em estilos como bossa nova, synthpop e jazz fusion, o Saturno Express traz climas ligados à psicodelia e ao city pop em faixas espaciais como Contatos imediatos e a quase progressiva Delírio total. Músicas como Quem me dera, Conto de verão e o pop adulto oitentista Vamp trazem clima derretido, com ritmos evoluindo em torno da canção, de forma quase jazzística.
Muita coisa em Tenho sonhos elétricos vem de uma confluência com o lado rock-soul-jazz do Clube da Esquina, como rola em Homem espiral e nos vários tons e batidas de Seja lá como for, que remetem a Focus e Gentle Giant também. A balada Não vá se apagar tem piano e bateria soltos no espaço, com eco e sombras. IDWBWU, com letra em inglês, é bossa espacial, psicodélica sem clichês de psicodelia. Um disco para sonhar acordado.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 26 de junho de 2025.
Crítica
Ouvimos: Juliano Costa – “Chamar alguém de amor”

RESENHA: Juliano Costa mistura Stereolab, Roberto Carlos e britpop em Chamar alguém de amor, disco lo-fi e romântico com ecos de brega e psicodelia.
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Você já se imaginou ouvindo uma mistura de Stereolab, Roberto Carlos, bubblegum 60’s – tudo cantado com voz empostada e grave como a de vários vocalistas do britpop, e um certo tino punk herdado de artistas como Júpiter Maçã? Se não imaginava, o escritor e músico paulistano Juliano Costa faz exatamente isso em seu terceiro disco, Chamar alguém de amor.
A estética de Juliano no disco novo, volta e meia lembra bastante a de artistas como Odair José, só que tudo misturado com um certo senso de estranheza, que às vezes leva para o lado da psicodelia (Tcharam), às vezes para um clima pós-jovemguardista (Eu amo essa mulher e Chamar alguém de amor). Me leva é uma espécie de brega vaporwave, lembrando bastante Roberto Carlos na maneira de cantar. Fica sob a pele é um brega maldito que poderia ter sido composto ou produzido por Raul Seixas em início de carreira. Em algumas faixas, Juliano convidou amigos como Helena Aranha, Millena Rosado e Gabriel Serapicos para dividir os vocais.
Seguindo na audição, Sol e lua soa como José Augusto cantando britpop. Brigar é fácil é indie grudento. Bagunça dá uma cara mais power pop para o álbum. Já Tudo outra vez é uma balada beatle que, antes de começar a narrar qualquer desventura amorosa, começa com um “puta que pariu, aconteceu de novo, não é possível”. Juliano também soa como um Roberto Carlos maníaco e como um Beach Boys descontrolado em A força. Pura diversão romântica lo-fi.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Independente/Tratore
Lançamento: 2 de julho de 2025
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