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Crítica

Ouvimos: The Hives, “The death of Randy Fitzsimmons”

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Ouvimos: The Hives, "The death of Randy Fitzsimmons"
  • Banda sueca de garage rock que teve destaque nos anos 2000, The Hives têm nome e codinome: Howlin’ Pelle Almqvist (Per Almqvist) nos vocais, Nicholaus Arson (Niklas Almqvist) na guitarra solo e backing vocals, Vigilante Carlstroem (Mikael Karlsson) na guitarra rítmica e backing vocals, Chris Dangerous (Christian Grahn) na bateria e o quase novato The Johan and Only (Johan Gustafsson), que está há dez anos na banda, no baixo.
  • The death of Randy Fitzsimmons é o sexto álbum e o primeiro desde Lex Hives (2012). Randy Fitzsimmons, o tal “morto” do título, é um personagem misterioso (o suposto descobridor da banda) ao qual eram creditadas todas as canções dos Hives até o disco anterior. Em The death…, as músicas são creditadas a Howlin’ (letras) e Chip Fitzsimmons, Montgomery Fitzsimmons, Randy Fitzsimmons e Wilbur Fitzsimmons (melodias).

Não é só a/o ouvinte de rock que vai perder se não escutar no último volume o novo álbum dos Hives. DJs que tocam rock não vão se arrepender se resolverem testar músicas como Rigor mortis radio e Countdown to shutdown em alguma festa – o teste de pista com certeza vai render gente dançando e berrando os refrãos das faixas. Mesma coisa com quem é fã de bandas mais antigas e tem conhecimento da história do estilo musical – e vai deparar com o tributo a Kinks e Small Faces de Stick up e o punk das antigas (lembrando Clash e Buzzcocks) de Smoke & mirrors. Se ainda tem meia dúzia de três ou quatro pessoas que repetem coisas como “o rock morreu”, felizmente esqueceram de avisar aos Hives. Voltaram depois de uma década com um álbum típico de quem acredita no estilo musical e não faz rock só porque prefere.

Os Hives sempre foram um dos melhores exemplos de banda de rock dos anos 2000 – tudo bem, começaram em 1993, o primeiro disco é de 1997, mas quase todo mundo conheceu mesmo o som deles com o autoconfiante Veni, vidi, vicious, de 2000. Era o tipo de grupo que sabia como fazer rock olhando para o passado, mas sempre voltando com novidades e buscando parecer sempre mais interessante numa década em que até as bandas mais representativas corriam o risco de serem esquecidas rapidamente, perdidas em meio a downloads ilegais, CDs cada vez mais caros e gravadoras com expectativas irreais e vagas arrombadas.

Como em discos anteriores, os Hives recorrem a uma fórmula que dificilmente se torna gasta, que é do rock de garagem: a união de anos 1960, distorções, punk, bandas que fizeram parte de coletâneas como Nuggets, new wave. Quando você acha que nada pode ficar mais barulhento e feroz, eles vêm com as batidas fortes de Step out of the way, a última faixa. Ou abrem o disco com uma introdução que mais lembra uma banda de heavy metal, em Bogus operandi. Ou vêm com os riffs cheio de efeitos e a batida new wave de Two kinds of trouble. Ou a bomba punk, curtinha, The bomb. Ou o indie rock quase robótico de What did I ever do to you? Obrigue os vizinhos a ouvirem.

Gravadora: Disques Hives
Nota: 10

Foto: reprodução da contracapa do álbum

Ricardo Schott é jornalista, radialista, editor e principal colaborador do POP FANTASMA.

Crítica

Ouvimos: The Stargazer Lilies – “Love pedals”

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Shoegaze lisérgico e groovy: em Love pedals, o The Stargazer Lilies entrega guitarras densas, psicodelia e experimentos brilhantes.

RESENHA: Shoegaze lisérgico e groovy: em Love pedals, o The Stargazer Lilies entrega guitarras densas, psicodelia e experimentos brilhantes.

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Provavelmente nenhum site vai escolher Love pedals, sexto disco da banda novaiorquina The Stargazer Lilies, como disco do ano. Azar de quem não ouvir e de quem não reconhecer neles uma banda mais do que excepcional. Criada pelo casal John Cep e Kim Field, essa banda – que surgiu de um quinteto de dream pop chamado Soundpool – faz um som que parece vir de dentro do/da ouvinte, tamanha a intensidade das guitarras e dos baixos. Tudo gravado como paredões de som e, mais do que isso, como vendavais sonoros que carregam os sentidos de quem ouve o disco para todos os lados.

The Stargazer Lilies costuma ser definido como shoegaze, por aí. Não exatamente: trata-se de uma banda que faz psicodelia e som groovy na base das guitarras altas e distorcidas. Em Love pedals, eles unem peso, lisergia e distorções na guitarra e no baixo em Ambient light, quase um nevoeiro sonoro. A faixa-título é soul + psicodelia + shoegaze, num efeito fantástico. Parece realmente um hit de rádio AM jogado num triturador junto com guitarras, pedais de distorção e pastilhas de LSD.

  • Ouvimos: Pobre Orfeu – Galeria das recordações
  • Ouvimos: Humour – Learning greek

O grupo vai dosando sabedoria musical e experimentações em faixas como Perfect world, um tema de girl group, com violão, eco, distorções e obnubilações. By your side é uma balada com um paredão de ruídos que afina e desafina à medida que a música segue – chega a parecer uma transmissão sonora. Shining yellow é uma balada que até poderia ser uma canção do Swing Out Sister – mas é uma porradaria psicodélica e dissonante, aquele tipo de beleza no qual se vê algo estranho e talvez, tenebroso. Heaven knows poderia ter saído nos anos 1970 caso não fosse uma barulheira groovy.

O Stargazer Lilies deixou os momentos mais declaradamente rocker do disco para o final. Trans med é blues psicodélico, o som mais eminentemente sixties do álbum. Hold tight soa como um shoegaze hendrixiano – tem a dramaticidade de uma canção de Jimi Hendrix, mas tem a cabeça ligada em outras esferas. Um caleidoscópio sonoro de primeira.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 10
Gravadora: Shore Dive Records
Lançamento: 22 de agosto de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Goo Goo Dolls – “Summer anthem” (EP)

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EP Summer anthem mostra Goo Goo Dolls entre boas faixas power pop e tropeços bregas, mas sem apagar a nostalgia dos álbuns antigos.

RESENHA: EP Summer anthem mostra Goo Goo Dolls entre boas faixas power pop e tropeços bregas, mas sem apagar a nostalgia dos álbuns antigos.

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Aquele velho papo (chato, admitimos) de “ah, como a banda tal era boa nos anos 1980 e 1990” faz todo sentido quando a banda em questão é o Goo Goo Dolls. Compreensível que um grupo que começou se dizendo “uma banda punk para a geração do skate” e que já foi comparado aos Replacements – no excelente disco A boy named Goo (1995) – tenha resolvido embarcar num caminho mais comercial assim que a porta se abriu. Fazer música não é fácil, ganhar grana com ela é complicado e vai por aí. Mas que depois do álbum Dizzy up the girl (1998) e do hit Iris a paciência de muitos fãs vem sendo testada… Ah, isso vem rolando sim.

O EP Summer anthem, na verdade, é pouco mais do que um souvenir para os fãs – recentemente o Goo Goo Dolls teve seu hit Iris incluído na trilha de Deadpool & Volverine e a música não apenas voltou a ficar falada, como tem sido bastante aplaudida e esperada nos shows. Como estão estreando uma turnê chamada Summer anthem, aproveitaram o nome para o disquinho, que beira uma espécie de emo-soul em Ocean e dá aquele susto nos fãs quando lembra um Maroon 5 indie em Nothing lasts forever.

No geral, o número de momentos bacanas de Summer anthem não apagam a vontade de parar o disco no meio e ouvir os álbuns antigos dos Goo Goo Dolls. A energia power pop do grupo ressurge em Slightly broken, Misery e Such a mystery. Já Run all night dá uma crescida no ouvido mas é um som meio brega – no pior dos sentidos em que a palavra “brega” pode ser usada. Not goodbye (Close my eyes) encerra o disco com uma nota triste – e não que isso tenha a ver com o funéreo “feche meus olhos” do título. É que o Goo Goo Dolls, nesta faixa, surge fazendo aquele mesmo rock arenístico-gratiluz do Coldplay. Caraca…

Texto: Ricardo Schott

Nota: 6
Gravadora: Warner Music
Lançamento: 22 de agosto de 2025.

  • Relembrando: Goo Goo Dolls – A boy named Goo (1995)
  • Ouvimos: Replacements – Tim (Let it bleed edition)

 

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Ouvimos: Desu Taem – “Molasses fighter jet”

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Desu Taem volta com Molasses fighter jet, mergulhando no metal caótico, cheio de clichês, zoeira e boas ideias entre punk e metal.

RESENHA: Desu Taem volta com Molasses fighter jet, mergulhando no metal caótico, cheio de clichês, zoeira e boas ideias entre punk e metal.

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Rapaz, mas não é que lá vem o Desu Taem de novo? Essa banda norte-americana lança vários discos por ano – sabe-se lá se recorrem a IA, ou se têm um vasto acervo de composições, mas o resultado sempre tem a tendência de sair interessante e bem louco.

Molasses fighter jet é o (já nem me atrevo a contar)º disco do grupo – e um grande índice de que o universo do metal, ou pelo menos a brincadeira com os clichês dele, tomam conta da musicalidade da banda, agora. Molasses abre com Forgotten chaos, metal cromado e palhetado que envolve mundo acabando, memórias chegando ao fim. E prossegue com as guitarradas oitentistas de Insufficient salt e a vibe Ministry de Why?! Além de um namoro com o som de bandas como Testament e Sepultura na bizarra Alarm clock masturbator – que ainda por cima ganha uns uivos vocais que parecem coisa do Charlie Brown Jr.

  • Ouvimos: Ming City Rockers – Clementine
  • Ouvimos: Babymetal – Metal forth

Boa parte do material de Molasses foi gravado com som de demo, com um cozidão de guitarras, baixo e bateria – que surge em I will not be assimilated (soando como uma demo do Judas Priest gravada em 1991), no blues-funk-metal de I will not break e de Cyanide Soul Sister, e na onda meio punk pop de Victimized, but content e It hurts to be cool. Caindo numa mescla de punk e metal em You’re a dick e Yet toboggan run, o Desu Taem ainda prega a teologia da brutalidade em Mosh pit theology e manda bala na mordacidade em Crucifix vendors fair e You can’t unseen that.

Aparentemente a zona dessa turma não tem fim (se bobear já estão gravando o próximo disco de 2025). Mas quando o Desu Taem faz mais zoeira e menos pastiche musical, se torna bem mais interessante.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7
Gravadora: Independente
Lançamento: 6 de agosto de 2025.

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