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O que já dá para saber sobre a tal série dos Sex Pistols

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O que já dá para saber sobre a tal série dos Sex Pistols

Então: há alguns dias saíram as duas primeiras imagens da série sobre os Sex Pistols que terá seis episódios e irá ao ar no canal FX. O programa terá direção de Danny Boyle (Trainspotting) e não tem data definida ainda para ser exibida. O nome da série, pelo menos até o momento é Pistol. Isso porque o roteiro será baseado nas memórias de um integrante: o livro Lonely boy: Tales from a Sex Pistol, do guitarrista Steve Jones (um dos livros de ouro da biblioteca do POP FANTASMA, por sinal).

Olha as imagens aí. A escalação traz Louis Partridge (Enola Holmes) como o baixista Sid Vicious, Anson Boon (1917) como o vocalista John Lydon, Jacob Slater como o baterista Paul Cook e Toby Wallace (Dente de leite) como Jones.

O que já dá para saber sobre a tal série dos Sex Pistols

O que já dá para saber sobre a tal série dos Sex Pistols

O elenco ainda tem mais: Fabien Frankel (The serpent) faz o baixista original Glen Matlock; Thomas Brodie-Sangster (O gambito da Rainha) interpreta o empresário Malcolm McLaren; Talulah Riley (Westworld) faz a estilista Vivienne Westwood; Dylan Llewellyn (Derry Girls) é Wally Nightingale, guitarrista de um embrião dos Pistols, The Strands; Sydney Chandler (Don’t worry darling) faz Chrissie Hynde antes da fama, Emma Appleton (The witcher) faz Nancy Spungen, namorada de Sid; e Maisie Williams (Game of thrones) é a ícone punk Jordan Mooney.

Da para ter uma ideia de como fica o roteiro (que por sinal é de Craig Pearce, co-roteirista de Mouling Rouge, ao lado de Frank Cottrell Boyce)? Bom, já que a série baseia-se no livro de Jones, o que o fã da banda pode esperar, no mínimo, é muita intriga envolvendo os ex-integrantes do grupo. Os Sex Pistols, em vários momentos, tiveram desentendimentos e falaram coisas bem pouco airosas uns dos outros em entrevistas. O livro do guitarrista não economiza em comentários sarcásticos, especialmente sobre John Lydon (o Johnny Rotten, vocal) e Sid Vicious (baixo).

Só para se ter uma ideia, Jones recorda em dada altura que ficou sabendo da morte por overdose de Sid por intermédio de um repórter da Rolling Stone que ligou para ele em busca de uma declaração. E lembra de ter respondido: “Bom, pelo menos vamos vender muitos discos agora”. “Foi uma resposta estúpida e o repórter ficou chocado”, recordou o músico no livro.

O site Consequence Of Sound conta que a série “gira em torno da jornada de Jones no oeste de Londres, lar da icônica butique Sex, de Vivienne Westwood e Malcolm McLaren, um epicentro da cultura punk inicial. A partir daí, Boyle rastreia a ascensão e queda relativamente curta, mas furiosa, de Sex Pistols”. Boyle, por sinal, resumiu um pouco a série num comunicado.

“Imagine invadir o mundo de The crown e Downton Abbey com seus amigos, gritando suas canções e sua fúria por tudo que eles representam. Este é o momento em que a sociedade e a cultura britânicas mudaram para sempre. É o ponto de detonação da cultura de rua britânica, onde os jovens comuns tinham o palco e desabafavam sua fúria e sua moda, e todos tinham que assistir e ouvir. E todos os temiam ou os seguiam”, disse, esclarecendo também que Jones era “um jovem cleptomaníaco analfabeto charmoso”.

Enfim, pelo que Danny conta aí, a série deve, pelo menos no começo, focar bastante num hábito perigoso que Jones e seu amigo Wally tinham na época do Strand: roubar equipamento dos outros. Jones certa vez foi assistir a um show de Bob Marley e saiu da casa de shows com um ampli Twin Reverb afanado da banda que abriu para o rei do reggae – usou o pedal inclusive durante as gravações do único LP dos Sex Pistols, Never mind the bollocks (1977). “Conhecia o local como a palma da minha mão. Sempre costumava entrar furtivamente lá e me dependurar nas vigas”, chegou a afirmar certa vez.

Em outra ocasião, a vítima foi ninguém menos que Woody Woodmansey, baterista de David Bowie. Jones foi ver o cantor no Hammersmith Odeon em 1973 e resolveu fingir, com alguns amigos, que era da equipe da banda. Saiu de lá com equipamentos e alguns pratos do baterista. O guitarrista depois confessou o roubo a Bowie e ofereceu o equipamento de volta – segundo ele, o cantor lhe disse para não se preocupar com isso. Já Woody foi ao programa de rádio de Jones na emissora KLOS, no ano passado, e saiu de lá com um pedido de desculpas e trezentos dólares (!).

Mais Sex Pistols no POP FANTASMA aqui.

Fotos: Lon Bozarth/AIRSHP.com (destaque) e Miya Mizuno para FX (série)

Cultura Pop

Quando Suicide gravou… “Born in the USA”, do Bruce Springsteen

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Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

A way of life, disco de 1988 da dupla de música eletrônica Suicide, é tido como um disco, er, acessível. Acessível à moda de Martin Rev e Alan Vega, claro. O disco pelo menos podia ser colocado tranquilamente na prateleira dos artífices da darkwave e era bem mais audível do que o comum de um grupo que havia lançado a assustadora Frankie teardrop. O disco era produzido por Ric Ocasek, líder dos Cars (que já havia produzido o segundo disco deles, de 1981, Alan Vega/Martin Rev), e tinha até uma eletro-valsinha, Surrender, além de um estiloso misto de rockabilly e synthpop, Jukebox baby 96.

O que ninguém esperava era que a dupla tivesse feito nessa mesma época uma estranhíssima versão de… Born in the USA, de Bruce Springsteen. A faixa surge numa versão ao vivo, gravada num show de Vega e Rev em 1988, em Paris. A dupla nem sequer disfarçou que a ideia era fazer uma versão bem lascada – saca só o sintetizadorzinho da música, e a referência a músicas como Lucille, de Little Richard, e o tema When the saints go marching in, logo na abertura. A “versão” da faixa resume-se a quase nada além do título da canção. Parece um karaokê do demo (e é).

A versão poderia ser uma bela pirataria, mas vira oficial nesse mês: vai aparecer em uma reedição de A way of life, prevista para o dia 26. A edição de luxo estará disponível em vinil azul transparente com Born in the USA e em CD com quatro faixas bônus, além do formato digital. O material extra inclui versões ao vivo de Devastation e Cheree, bem como uma versão inicial de estúdio de Dominic Christ. O pesquisador Jared Artaud encontrou as faixas enquanto trabalhava no arquivo de Vega, após a morte do cantor em 2016.

Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

E se você não sabia, vai aí a surpresa: Springsteen tá bem longe de ser um sujeito que diria “what?” ao ser informado da existência do Suicide. Pelo contrário: era fã da dupla e costumava dizer que a estreia do Suicide, o disco epônimo de 1977, era “um dos discos mais sensacionais que já ouvi”. Em 1980, o cantor esteve com a dupla e Vega descobriu que Springsteen era seu fã – e se surpreendeu.

“Ele estava gravando o disco The river (1980) e nós estávamos gravando nosso segundo álbum em Nova York. Então tivemos uma reunião de audição do nosso álbum. Havia três ou quatro figurões da nossa gravadora, e Bruce também estava lá. Depois que tocamos o álbum, houve um silêncio mortal… exceto por Bruce, que disse, ‘Isso foi ótimo pra caralho.’ Ele fazia questão de nos dizer o quanto nos amava”, contou em 2014 ao New York Post.

Mais: um texto do site Treblezine, a partir de audições da obra de Bruce e de entrevistas do Suicide, descobre: a dupla influenciou muito o sombrio disco Nebraska, tido como o “primeiro disco solo” (sem a E Street Band) de  Springsteen (1982), basicamente um disco sobre crise, desemprego e gente à beira do desespero pela falta de oportunidades. Houve uma versão elétrica e pesada de Nebraska, mas Bruce quis lançar o disco acústico, de voz, violão e registros crus, e que de fato lembram o clima esparso do Suicide do primeiro disco.

Na dúvida, ouça State trooper, cujos uivos lembram bastante os gritos (sem aviso prévio) de Frankie teardrop. “Lembro-me de entrar na minha gravadora logo após o lançamento do meu disco”, disse Vega depois de ouvir State trooper pela primeira vez. “Eu pensei que era um dos meus álbuns que eu tinha esquecido. Mas era Bruce!”

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Cultura Pop

No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

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No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

A morte do baixista Cliff Burton, em 27 de setembro de 1986, desorientou muito o Metallica. Além do que aconteceu, teve a maneira como aconteceu: a banda dormia no ônibus de turnê, sofreu um acidente que assustou todo mundo, e quando o trio restante saiu do veículo, só restou encarar a realidade. A partir daquele momento, estavam não apenas sem o baixista, como também estavam sem o amigo Cliff, sem o cara que mais havia influenciado James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammett musicalmente, e sem a configuração que havia feito de Master of puppets (1986) o disco mais bem sucedido do grupo até então.

Hoje no Pop Fantasma Documento, a gente dá uma olhada em como ficou a vida do Metallica (banda que, você deve saber, está lançando disco novo, 72 seasons) num período em que o grupo foi do céu ao inferno em pouco tempo. O Metallica já era considerado uma banda de tamanho BEM grande (embora ainda não fosse o grupo multiplatinado e poderoso dos anos 1990) e, justamente por causa disso, teve que passar por cima dos problemas o mais rápido possível. E sobreviver, ainda que à custa justamente da estabilidade emocional de Jason Newsted, o substituto do insubstituível Cliff Burton…

Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: Skull Koraptor e Manger Cadavre?

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta-feira!

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Destaque

Dan Spitz: metaleiro relojoeiro

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Se você acompanha apenas superficialmente a carreira da banda de thrash metal Anthrax e sentia falta do guitarrista Dan Spitz, um dos fundadores, ele vai bem. O músico largou a banda em 1995, pouco antes do sétimo disco da banda, Stomp 442, lançado naquele ano. Voltaria depois, entre 2005 e 2007, mas entre as idas e as vindas, o guitarrista arrumou uma tarefa bem distante da música para fazer: ele se tornou relojoeiro (!).

A vida de Dan mudou bastante depois que o músico teve filhos em 1995, e começou a se questionar se queria mesmo aquela vida na estrada. “Fazíamos um álbum e fazíamos turnês por anos seguidos, e então começávamos o ciclo de novo – o tempo em casa não existia. É uma história que você vê em toda parte: tudo virou algo mundano e mais parecido com um trabalho. Eu precisava de uma pausa”, contou Spitz ao site Hodinkee.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Rockpop: rock (do metal ao punk) na TV alemã

Na época, lembrou-se da infância, quando ficava sentado com seu avô, relojoeiro, desmontando relógios Patek Philippe, daqueles cheios de pecinhas, molas e motores. “Minha habilidade mecânica vem de minha formação não tradicional. Meu quarto parecia uma pequena estação da NASA crescendo – toneladas de coisas. Eu estava sempre construindo e desmontando coisas durante toda a minha vida. Eu sou um solucionador de problemas no que diz respeito a coisas mecânicas e eletrônicas”, recordou no tal papo.

Spitz acabou no Programa de Treinamento e Educação de Relojoeiros da Suíça, o WOSTEP, onde basicamente passou a não fazer mais nada a não ser mexer em relógios horrivelmente difíceis o dia inteiro, aprender novas técnicas e tentar alcançar os alunos mais rápidos e mais ágeis da instituição.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Discos de 1991 #9: “Metallica”, Metallica

A música ainda estava no horizonte. Tanto que, trabalhando como relojoeiro em Genebra, pensou em largar tudo ao receber um telefonema do amigo Dave Mustaine (Megadeth) dizendo para ele esquecer aquela história e voltar para a música. Olhou para o lado e viu seu colega de bancada trabalhando num relógio super complexo e ouvindo Slayer.

O músico acha que existe uma correlação entre música e relojoaria. “Aprender a tocar uma guitarra de heavy metal é uma habilidade sem fim. É doloroso aprender. É isso que é legal. O mesmo para a relojoaria – é uma habilidade interminável de aprender”, conta ele. “Você tem que ser um artista para ser o melhor – seja na relojoaria ou na música. Você precisa fazer isso por amor”.

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