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Cultura Pop

Music Minus One: Aquela vez em que uma gravadora fez backing tracks em vinil

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Um músico sabe o quanto é importante estudar acompanhamento – aprender a tocar junto de outros instrumentos. Com essa prática, o instrumentista melhora seu senso rítmico, entende melhor seu papel dentro de uma música e desenvolve sua criatividade.

Uma forma prática de treinar acompanhamento (sem precisar de uma banda) é através das backing tracks – faixas em que um dos instrumentos é retirado para que o instrumentista possa tocá-lo junto da música. Hoje é possível encontrar esse tipo de gravação com facilidade pela internet. Mas… E há 70 anos?

Em 1950, aos 24 anos, o universitário Irv Kratka fundou a Music Minus One, gravadora que se especializou em lançar LPs com backing tracks para músicos. Junto com os discos, a empresa encartava partituras para o instrumento excluído da gravação. No lugar de pôsteres e letras das músicas, livretos indicando nota por nota o que o músico deveria tocar.

Focando principalmente em música erudita e jazz, a MMO contou com astros da música internacional como Stan Getz e Stanley Drucker e orquestras de diversos países, principalmente da Europa.

Aqui tem uma entrevista com o fundador do selo, em quatro partes.

Um disquinho da gravadora

Desde 2016 a gravadora pertence a empresa Hal Leonard Corporation, uma das principais vendedoras dos álbuns da MMO – hoje lançados em CD. O motivo da venda, segundo Irv, foi sua aposentadoria: “Estou com 90 anos e depois de 66 anos nesse negócio senti que é minha hora de parar. Estou confiante que Keith (CEO da empresa) e a equipe da Hal Leonard cuidarão bem do nosso catálogo e trarão novos frutos, ainda mais modernos, para as próximas gerações de músicos”, contou o fundador a MMR Magazine.

Atualmente o catálogo da MMO/Hal Leonard conta com mais de 1.100 títulos que, com a nova gestão, passou a ter um preço mais baixo – cada volume, que inclui CD e livreto com informações e partituras, sai com um preço próximo de R$45 no site oficial. Criadora de um novo conceito de aprender e tocar músicas, A Music Minus One teve a importância do legado reconhecida pela MMR Magazine. Pela primeira vez mesmo músicos que tocam por hobby puderam solar com uma orquestra profissional, graças à alta qualidade das gravações que acompanham os livretos.

Para mostrar que nem só de jazz e música erudita vive o legado da MMO, fizemos uma lista com os quatro títulos mais curiosos disponíveis no site da empresa. Confira:

DISNEY PRINCESS SONGBOOK – SINGER’S EDITION. Trabalha com animação de festas? Quer fazer o cosplay perfeito da Cinderella? Seus problemas acabaram!! Agora você pode aprimorar suas habilidades vocais enquanto aprende a viver como metade mulher metade peixe! Melhore o seu desempenho e se torne a intérprete mais completa das diversas princesas Disney! Rabo de sereia, carruagem de abóbora e tigre de estimação não inclusos!

THE BEATLES FOR ACCORDION. Então quer dizer que você não toca no cover de Beatles dos seus colegas porque eles dizem que o som não combina com acordeon? Seus problemas acabaram! Agora você pode tocar 17 canções do quarteto de Liverpool na sua sanfona – e o que é melhor: você não precisa da banda e nem dos seus amigos! Chegou a hora de mostrar com quantos baixos se faz uma Hey Jude!

COVER BAND HITS – DRUM PLAY ALONG VOL. 9. Um disco de acompanhamento para você fazer cover de uma banda cover? Mas… Se são uma banda cover como eles têm canções próprias que você pode aprender a fazer cover com essas backing tracks? Olha, dessa vez seus problemas não acabaram não…

IT’S EASY TO FAKE ROCK GUITAR. Quer parecer um grande guitarrista sem ser um grande guitarrista? Seus problemas acabaram! Que tal aprender… A fingir que você sabe tocar? Sim! Você não precisa se tornar um grande músico de rock, apenas aprender o suficiente para impressionar as pessoas e fazê-las pensarem que você é um guitarrista da pesada!! Tudo isso através das firulas de Jimi Hendrix, Van Halen e grande elenco!

Lucas Vieira é jornalista, colecionador de LPs e produtor de conteúdo no portal Disconversa.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a “Jagged little pill”

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No nosso podcast, Alanis Morissette da pré-história a "Jagged little pill"

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. No segundo e penúltimo episódio desse ano, o papo é um dos maiores sucessos dos anos 1990. Sucesso, aliás, é pouco: há uns 30 anos, pra onde quer que você fosse, jamais escaparia de Alanis Morissette e do seu extremamente popular terceiro disco, Jagged little pill (1995).

Peraí, “terceiro” disco? Sim, porque Jagged era só o segundo ato da carreira de Alanis Morissette. E ainda havia uma pré-história dela, em seu país de origem, o Canadá – em que ela fazia um som beeeem diferente do que a consagrou. Bora conferir essa história?

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: Capa de Jagged little pill). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

Ouça a gente preferencialmente no Castbox. Mas estamos também no Mixcloud, no Deezer e no Spotify.

Mais Pop Fantasma Documento aqui.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Radiohead do começo até “OK computer”

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Radiohead no nosso podcast, o Pop Fantasma Documento

Você pensava que o Pop Fantasma Documento, nosso podcast, não ia mais voltar? Olha ele aqui de novo, por três edições especiais no fim de 2025 – e ano que vem estamos de volta de vez. Para abrir essa pequena série, escolhemos falar de uma banda que definiu muita coisa nos anos 1990 – aliás, pra uma turma enorme, uma banda que definiu tudo na década. Enfim, de técnicas de gravação a relacionamento com o mercado, nada foi o mesmo depois que o Radiohead apareceu.

E hoje a gente recorda tudo que andava rolando pelo caminho de Thom Yorke, Jonny Greenwood, Colin Greenwood, Ed O’Brien e Phil Selway, do comecinho do Radiohead até a era do definidor terceiro disco do quinteto, OK computer (1997).

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

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4 discos

4 discos: Ace Frehley

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Dizem por aí que muita gente só vai recordar de Gene Simmons e Paul Stanley, os chefões do Kiss, quando o assunto for negócios e empreendedorismo no rock – ao contrário das recordações musicais trazidas pelo nome de Ace Frehley, primeiro guitarrista do grupo, morto no dia 16 de outubro, aos 74 anos.

Maldade com os criadores de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, claro – mas quando Frehley deixou o grupo em 1982, muita coisa morreu no quarteto mascarado. Paul Daniel Frehley, nome verdadeiro do cara, podia não ser o melhor guitarrista do mundo – mas conseguia ser um dos campeões no mesmo jogo de nomes como Bill Nelson (Be Bop De Luxe), Brian May (Queen) e Mick Ronson (David Bowie). Ou seja: guitarra agressiva e melódica, solos mágicos e sonoridade quase voadora, tão própria do rock pesado quanto da era do glam rock.

Ace não foi apenas o melhor guitarrista da história do Kiss: levando em conta que o grupo de Gene e Paul sempre foi uma empresa muito bem sucedida, o “spaceman” (figura pela qual se tornou conhecido no grupo) sempre foi um funcionário bastante útil, que lutou para se sentir prestigiado em seu trabalho, e que abandonou a banda quando viu suas funções sendo cada vez mais congeladas lá dentro. Deixou pra trás um contrato milionário e levou adiante uma carreira ligada ao hard rock e a uma “onda metaleira” voltada para o começo do heavy metal, com peso obedecendo à melodia, e não o contrário.

Como fazia tempo que não rolava um 4 Discos aqui no Pop Fantasma, agora vai rolar: se for começar por quatro álbuns de Ace, comece por esses quatro.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Reprodução

“KISS: ACE FREHLEY” (Casablanca, 1978). Brigas dentro do Kiss fizeram com que Gene, Paul, Ace e o baterista Peter Criss lançassem discos solo padronizados em 1978 – adaptando uma ideia que o trio folk Peter, Paul and Mary havia tido em 1971, quando saíram álbuns solo dos três cujas capas e logotipos faziam referência ao grupo. Ace lembra de ter ouvido uma oferta disfarçada de provocação numa reunião do Kiss, quando ficou definido que cada integrante lançaria um disco solo: “Eles disseram: ‘Ah, Ace, a propósito, se precisar de ajuda com o seu disco, não hesite em nos ligar ‘. No fundo, eu dizia: ‘Não preciso da ajuda deles’”, contou.

Além de dizer um “que se foda” para os patrões, Ace conseguiu fazer o melhor disco da série – um total encontro entre hard rock e glam rock, destacando a mágica de sua guitarra em ótimas faixas autorais como Ozone e What’s on your mind? (essa, uma espécie de versão punk do som do próprio Kiss) além do instrumental Fractured mirror. Foi também o único disco dos quatro a estourar um hit: a regravação de New York Groove, composta por Russ Ballard e gravada originalmente em 1971 pela banda glam britânica Hello. Acompanhando Frehley, entre outros, o futuro batera da banda do programa de David Letterman, Anton Fig, que se tornaria seu parceiro também em…

“FREHLEY’S COMET” (Atlantic/Megaforce, 1987). Seguindo a onda de bandas-com-dono-guitarrista (como Richie Blackmore’s Rainbow e Yngwie Malmsteen’s Rising Force), lá vinha Frehley com seu próprio projeto, co-produzido por ele, pelo lendário técnico de som Eddie Kramer (Jimi Hendrix, Beatles, Led Zeppelin) e Jon Zazula (saudoso fundador da Megaforce). Frehley vinha acompanhado por Fig (bateria), John Regan (baixo, backing vocal) e Tod Howarth (guitarras, backing vocal e voz solo em três faixas).

O resultado se localizou entre o metal, o hard rock e o rock das antigas: Frehley escreveu músicas com o experiente Chip Taylor (Rock soldiers), com o ex-colega de Kiss Eric Carr (Breakout) e com John Regan (o instrumental Fractured too). Howarth contribuiu com Something moved (uma das faixas cantadas pelo guitarrista). Russ Ballard, autor de New York groove, reaparece com Into the night, gravada originalmente pelo autor em 1984 em um disco solo. Típico disco pesado dos anos 1980 feito para escutar no volume máximo.

“TROUBLE WALKING” (Atlantic/Megaforce, 1989). Na prática, Trouble walking foi o segundo disco solo de Ace, já que os dois anteriores saíram com a nomenclatura Frehley’s Comet. A formação era quase a mesma do primeiro álbum da banda de Frehley – a diferença era a presença de Richie Scarlet na guitarra. O som era bem mais repleto de recordações sonoras ligadas ao Kiss do que os álbuns do Comet, em músicas como Shot full of rock, 2 young 2 die e a faixa-título – além da versão de Do ya, do The Move. Peter Criss, baterista da primeira formação do Kiss, participava fazendo backing vocals. Três integrantes do então iniciante Skid Row (Sebastian Bach, Dave Sabo, Rachel Bolan), também.

“10.000 VOLTS” (MNRK, 2024). Acabou sendo o último álbum da vida de Frehley: 10.000 volts trouxe o ex-guitarrista do Kiss atuando até como “diretor criativo” e designer da capa. Ace compôs e produziu tudo ao lado de Steve Brown (Trixter), tocou guitarra em todas as faixas – ao lado de músicos como David Julian e o próprio Brown – e convocou o velho brother Anton Fig para tocar bateria em três faixas. A tradicional faixa instrumental do final era a bela Stratosphere, e o spaceman posou ao lado de extraterrestres no clipe da ótima Walkin’ on the moon. Discão.

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