Lançamentos
Foo Fighters lança single/clipe “The teacher”

Saiu nesta terça (30) o single The teacher, do Foo Fighters. A música, que dura dez minutos, e é a maior da história da banda, será a penúltima do álbum But here we are, o próximo do grupo, que sai nesta sexta (2). Já é o quarto single lançado do disco, após a liberação de Rescued, Under you e Show me how.
O vídeo da faixa também foi liberado e traz várias imagens antigas do líder da banda, Dave Grohl, e de sua mãe Virginia Hanlon Grohl, morta em agosto de 2022, e que era professora. E ela possivelmente é o assunto da letra da canção, que tem versos como “o sol se põe, as janelas abertas/um passo mais perto do outro lado/eu posso sentir o que os outros fazem/não posso parar isso nem se eu quiser”, e encerra com um “adeus”. O disco novo da banda é dedicado a ela e a Taylor Hawkins, baterista do grupo, morto também no ano passado, em março.
O clipe da faixa, cheio de referências místicas, foi dirigido pelo artista multimídia norte-americano Tony Oursler. A canção tem uma estrutura bem diferente do comum dos Foo Fighters, fugindo do formato canção, e algumas imagens do clipe surgem bastante aceleradas, acompanhando o ritmo de certas partes da música – encerrando com sons distorcidos e corte abrupto. Imagens da própria mãe de Grohl aparecem em alguns segmentos do clipe.
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Lançamentos
Radar: Cameron Winter, Suzanne Vega, Model/Actriz e outros sons novos

Outro dia perguntaram porque é que nós, do Pop Fantasma, não fazemos playlists. Olha, é uma boa ideia, viu? – e até que já fizemos algumas no passado. Mas cada textinho do Radar é uma playlist imaginária, com seis músicas novas (e volta e meia alguma canção recentemente recordada em relançamentos) que fez nossa cabeça e ocupou nossa mente e nossos ouvidos. A dessa terça tá aí. Faça você mesma/mesmo sua playlist e ouça com a gente.
Foto Cameron Winter: Reprodução Bandcamp
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CAMERON WINTER, “LSD”. O cantor da banda norte-americana Geese gosta de causar – e de bagunçar certezas. Heavy metal, seu primeiro álbum solo (2024) é uma perversão da estética do blues-rock e do country rock do começo dos anos 1970. Soa como se, em 1969, os Rolling Stones tivessem chamado Syd Barrett (ex-Pink Floyd) para assumir a guitarra deixada por Brian Jones – e não Mick Taylor. LSD, um out take do disco, sai agora, e é uma loucura melódica unindo emanações de Syd, Radiohead e Beach Boys.
SUZANNE VEGA, “ALLEY”. Não paramos de ter MUITA curiosidade em relação ao próximo álbum de Suzanne Vega, Flying with angels, que sai nesta sexta-feira (2) pelo selo Cooking Vinyl. Tudo indica que vem aí um mergulho ousado nas possibilidades do rock alternativo, dividido entre ruído e delicadeza. Alley, o novo single, é um pós-punk sombrio que faz lembrar Siouxsie & The Banshees mergulhados em trevas folk, ou um curioso encontro entre o The Damned de Black album (1980) e Rita Lee. Alguns apostaram em Mazzy Star como referência — e olha que faz sentido, hein?
MODEL/ACTRIZ, “DIVA”. O Model/Actriz está de volta: Pirouette, o próximo disco da banda de electropunk, chega nesta sexta-feira (2). Diva, novo single, nasceu de forma despreocupada — segundo o vocalista Cole Haden, bastou trocar a caneta por uma taça de vinho para tudo fluir. Inspirado em encontros casuais e romances efêmeros das turnês, a letra de Diva mistura diversão e melancolia: “Conheci um cara em Copenhague / Ele era gay, mas tinha uma namorada / Conheci um cara em Amsterdã / Fechei o bar e depois o beijei”, canta Haden. Para ele, a canção lembra aqueles momentos em que a frivolidade de uma noite dá lugar à saudade no amanhecer — quando dois estranhos percebem que talvez nunca mais se reencontrem.
A DEEPER HEAVEN, “HIGH”. Wild Nothing, DIIV, Beach Fossils e veteranos como New Order e Echo and The Bunnymen inspiram o som enevoado do A Deeper Heaven, projeto de Brighton, Inglaterra. Rock psicodélico e tranquilo, feito para soar suave até quando sobe o volume. High, faixa-título do novo EP, já entrega essa sensação de olhar direto para o sol, sem óculos escuros. Na sexta (2), às 15h, o clipe da faixa estreia no YouTube.
CASSETTES ON TAPE, “NIGHT DRIVE”. Sem lançar álbuns novos há quase uma década, o Cassettes On Tape, de Chicago, ainda guarda um fascínio indie college dos anos 1980-90. Night drive, seu novo single, é grave, distorcido, sombrio, e remete ao Movement do New Order. Baixo, guitarra e vocais em clima de tensão até a explosão do refrão, com riff de sintetizador e parede de guitarras. No Instagram, rede social a qual nem se dedicam muito (231 seguidores apenas!), limitaram-se a dizer: “há novas faixas a caminho” — e deixaram o mistério no ar.
JAMES, “TOMORROW”. Veteranos de Manchester, o James prepara para novembro o filme-disco Live at the Acropolis, gravado em Atenas em julho de 2023. Um passeio pelos hits mágicos dessa banda que, no Brasil, já foi chamada nas rádios de “os novos Smiths” (ironicamente, surgiram antes). Um desses clássicos é Tomorrow, do álbum Whiplash (1997), cujo clipe chegou a passar na MTV Brasil e agora retorna remasterizado ao YouTube da banda. Vale ver de novo — como se fosse lançamento.
Crítica
Ouvimos: Mamalarky, “Hex key”

Vindo do Texas e baseado em Atlanta, Georgia, o Mamalarky é formado por três amigos de colégio (a cantora e guitarrista Livvy Bennett, o baterista Dylan Hill e o tecladista Michael Hunter) e por uma baixista (Nook Khan) que depois se juntou à formação por um meio bastante incomum: a vocalista Livvy fez uma convocatória de músicos pelo Tinder (!) e ela apareceu.
Vem dando match, musicalmente falando, na história musical do quarteto até o momento – e Hex key, o terceiro álbum, continua a tradição não apenas de discos legais, como também de criações desafiadoras. Basicamente Hex key é cheio de canções que parecem com uma coisa, mas logo logo vão revelando outras faces.
É o que rola no alt pop de Broken bones, no tecnopop repleto de camadas de Won’t give up, no pop espacial e psicodélico da faixa-título (remetendo a Mutantes, The Waeve e a estranhices como Joe Meek) e em especial nas dissonâncias e no som “derretido” de The quiet – cujo ritmo, a maior parte do tempo, é dado por um barulho que parece uma flautinha percussiva, como numa trilha de desenho animado.
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Anhedonia, por sua vez, tem uma guitarra na abertura que remete a Pixies. Até que fica claro que aquele acorde que costura a faixa é uma referência ao início de Ziggy Stardust, de David Bowie, servindo de base para uma canção de clima espacial. Uma música que, como acontece em quase todo o disco, sempre tem uma mudança brusca de tom, de nota. Tanto que ainda tem Take me, um easy listening que é tudo, menos uma música de “fácil audição”, e um dubstep-bossa nova que lembra um Sparks moderninho, #1 best of all time.
A estranhice do Mamalarky em Hex key se torna um troço sem edição (e com rédea solta demais) em poucos momentos, como no pós-disco esquisitaço de Nothing lasts forever. De modo geral, é um pop estranho com alguma noção de que aquilo ali tem que ser compreendido de alguma forma (ou uma música pop com tendência a se desfazer a qualquer momento, tanto faz).
O grupo vai chegando perto de novo da psicodelia em músicas como MF e Blow up, e parece recriar Word, lado B dos Beatles, no indie pop Blush. Como hoje em dia é quase impossível que uma banda ou um artista não tenha um forte lado soft rock, ele aparece nas duas últimas faixas, Feel so wrong e Here’s everything.
Trafegando entre o som acessível e a experimentação com uma categoria que volta e meia lembra a fase anos 1990 do Pato Fu, o Mamalarky pode virar uma daquelas bandas que mudam para chegar ao mainstream – ou um daqueles grupos que fazem com que o mainstream fique um pouco igual a eles. Ou pode ficar num meio termo bem interessante para seu público. Só vendo.
Nota: 8,5
Gravadora: Epitaph
Lançamento: 11 de abril de 2025
Crítica
Ouvimos: Divide and Dissolve, “Insatiable”

Insatiable, quinto disco do Divide and Dissolve, não é um disco. É um ambiente sonoro aterrador e sombrio, criado pela guitarrista australiana Takiaya Reed, mulher preta de ascendência cherokee. O som dela pode ser classificado rasteiramente como doom metal – ou quem sabe, indo mais além, pode ser definido como um stoner rock bem violento, bem psicodélico e bem arrastado.
Uma análise mais profunda enxergaria até música clássica ali: Insatiable é devastador, parece gravado no fundo de uma caverna, e parece, do começo ao fim, falar de sentimentos há anos deixados de lado, ou de histórias que não se conta a ninguém. A abertura com Hegemonic ainda não diz o que o álbum é: tem ruídos de voz operística, um barulho que lembra motor de helicóptero.
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Dai para a frente, tem o som destrutivo e metálico de Monolythic, parecendo um Black Sabbath perdido no horizonte, com guitarra, baixo e bateria enterrados na música. Withholding é como se no fim do túnel não houvesse uma luz, mas sim uma banda de metal ensaiando – como se viesse um som cavernoso de lá. Dichotomy é stoner blues metal soturno, enquanto Disintegrate parece uma longa introdução transformada em música – depois engrenando num riff cuja velocidade vai sendo diminuída.
O lado mais, digamos, erudito vai surgindo com Loneliness, que inicia com órgão e violino, e soa mais como uma música de igreja satânica do que como algo próximo do metal – e prossegue com a fantasmagórica Provenance, que soa como correntes rangendo, além da vinheta Grief, quase um acalanto, mas à distância. Death cult tem instrumentos de sopro vindos do inferno, compondo um só riff que funciona como um loop sombrio e satânico.
O mais louco é que, com todos esses predicados, Insatiable serve até para dar um relax e descansar a cabeça, em meio a ruídos e à descoberta de um mundo subterrâneo e lúgubre. Não é por acaso: a própria Takiaya faz questão de avisar que Insatiable é um disco “sobre o amor”, e que o repertório tem relacionamento com a sobrevivência dos dois povos aos quais ela pertence – e espelha a luta contra a supremacia branca. Ouça como se escutasse o som da guerrilha e da resistência.
Nome: 8,5
Gravadora: Bella Union
Lançamento: 18 de abril de 2025.
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