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Fanzine virando biblioteca, oficina e objeto de estudo em Macaé (RJ)

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Fanzine virando biblioteca, oficina e objeto de estudo em Macaé (RJ)

Se tem gente por aí dizendo que os fanzines são uma mídia antiga e que as pessoas só querem saber de internet, é uma excelente oportunidade para essa pessoa conhecer a turma do Projeto IFanzine, conduzido pelo designer e cartunista Alberto Carlos Paula de Souza (o popular Beralto) no Instituto Federal Fluminense campus Macaé, Rio de Janeiro. Desde 2013, o projeto promove oficinas de fanzine e quadrinhos, e em 2017 passou a ter uma fanzinoteca, para abrigar tanto o acervo local quanto o de outros autores.

O IFanzine tem também produção própria: o zine Peibê, surgido em 2016, que já ganhou até prêmio (o Troféu Angelo Agostini na categoria fanzine). A sede da fanzinoteca tem abrigado trabalhos, mostras, encontros entre alunos e fanzineiros, além das oficinas. E fomos lá bater um papo com o Beralto pra saber o que eles andam fazendo.

Como começou seu relacionamento com os fanzines?

Nos anos 1980. Conheci o primeiro, o Notícias dos Quadrinhos do Ofeliano Almeida, do Rio de Janeiro. Daí me encantei com o mundo dos zines, especificamente os zines de quadrinhos, que é a minha praia. Daí publiquei meus quadrinhos em vários zines da época, Mutação (RS), Politiqua (RS), Aventura (RJ), Marca de Fantasia (PB), Hiperespaço (SP), etc.

Aliás, como começou a estudá-los e colecioná-los?

Bom, o primeiro zine foi apresentado por um professor na época do ensino médio. Também as revistas Calafrio e Mestres do Terror da Editora D’Arte tinham uma sessão de cartas com anuncio de zines e daí, achando os primeiros zines, a gente achava o fio de ariadne pra transitar e interagir na nossa mídia social analógica.

Já estudar zine ou aplicá-lo na educação foi há cerca de 13 anos, quando comecei a trabalhar como servidor no Instituto Federal Fluminense campus Macaé RJ, uma escola pública da rede federal de ensino profissionalizante. O projeto de zines é uma ação de extensão acadêmica. Nesse contexto começamos a resgatar a paixão pelos zines nesse ambiente do ensino e aprendizagem e vem dando certo, a ponto de termos conseguido em 2017 um espaço físico para montar uma Fanzinoteca.

Fanzine virando biblioteca, oficina e objeto de estudo em Macaé (RJ)

Beralto (esq.) durante oficina de fanzine em escola pública

Como foi que os fanzines chegaram ao Instituto Federal Fluminense?

A partir dessa nossa proposta de oportunizar para os estudantes a proposta Do It Yourself de customizar a mídia tátil com o jeito livre, expressivo e autoral. E ao mesmo tempo apresentar aos educadores o zine como uma ferramenta acessível como estímulo à produção textual e como ferramenta avaliativa.

Fale um pouco sobre o impacto que o projeto provocou no universo dos fanzineiros. Muita gente procura vocês?

Na nossa região circulamos pelas escolas públicas promovendo oficinas de zines e em eventos culturais, eventos de rua e eventos acadêmicos. Fizemos oficinas para idade de 8 a 80, (sem exagero) e para público de ensino fundamental à pós-graduação.

A partir da criação da Fanzinoteca passamos a receber também a visita de caravanas de estudantes, que não vêm apenas para conhecer a casa dos zines, mas conhecer a escola como um todo, mas a Fanzinoteca passou a fazer parte do tour dos alunos potenciais candidatos do processo seletivo de ingresso na escola. Os jovens com aptidão para as artes ficam encantados.

Quanto à comunidade zineira, desde a criação do projeto em 2013 temos feito parcerias, e temos recebido doações generosas de autores e aficionados da cultura zineira. E somos muito gratos à comunidade zineira por todo apoio. Temos realizado também a Mostra Peibê de Zines e Publicações Independentes que reúne autores veteranos com os novos talentos revelados pelo projeto.

Fanzine virando biblioteca, oficina e objeto de estudo em Macaé (RJ)

Trabalho de língua portuguesa na fanzinoteca

O que você tem guardado na fanzinoteca e como ela pode ser visitada?

A Fanzinoteca tem um acervo atualmente em torno de 3500 exemplares e os zines abarcam a diversidade que o zine contempla, zines de HQ, zines de música, terror e ficção científica, zines de artes visuais, zines de movimentos sociais, zines produzidos por escolas e universidades. Destaque para os zines feitos pelos alunos da escola que, feitos como um espécie de prova alternativa, após atribuição de nota, passam a fazer parte do acervo. É uma ressignificação do processo avaliativo e os docentes de língua portuguesa, espanhol, ingles, história, filosofia e sociologia são os que normalmente demandam o uso de zine nesse contexto pedagógico.

A Fanzinoteca é pública e funciona de segunda a sexta de 13h30 às 16h30, e outros horários podem ser agendados previamente pelo e-mail fanzinotecamacae@gmail.com. Autores de fanzines e publicações independentes podem agendar lançamento de publicações, educadores podem agendar oficinas de zine e visitas coletivas para acesso ao acervo. Como a pandemia estamos com as portas fechadas desde março de 2020, e esperamos retornar no ano que vem em condições seguras assim que possível.

Como vocês fazem para explicar às novas gerações o que é um fanzine, levando em conta que com a internet a novidade da “autopublicação” virou parte do dia a dia de muita gente?

Justamente por ser o zine uma mídia pré-internet, e por embutir o modo artesanal de fazer e com o jeito analógico de curtir e compartilhar, que faz o zine ser uma novidade para o nativo digital. Pode até haver uma estranheza inicial quando propomos ao jovem fazer um zine nas oficinas, mas logo o pessoal se solta e fazem zines super criativos.

Fanzines ainda têm muito apelo no mundo digital? Como os alunos das oficinas reagem à descoberta de que é possível produzir material físico para leitura com bom conteúdo, muito talento e material caseiro?

O nosso projeto resgata e prioriza esse modo de fazer tradicional do zine, mas não descartamos a veiculação nas plataformas digitais, zine físico e zine digital podem e devem conviver pacificamente. Normalmente lançamos o zine fisicamente e depois disponibilizamos no meio digital. Os zines do projeto Fanzinoteca podem ser acessados gratuitamente no site da Editora Marca de Fantasia através deste link.

Confesso que no começo do projeto senti dificuldades de envolver os alunos, mas tudo foi questão de tempo, até o projeto alcançar visibilidade e, contando com a adesão dos professores, o zine hoje é um fenômeno “viral” na escola. Há pouco tempo descobri que os alunos antes de virem estudar aqui já ficam sabendo que tem um tal de fanzine que os professores usam às vezes como forma de avaliação. Isso é inimaginável porque há 9 anos atrás praticamente ninguém sabia, por aqui, o que é um zine.

E hoje os fanzines estão na internet, em PDF. Como vê mais essa possibilidade?

Uma das formas possíveis de veiculação, de fazer circular os zines. Inclusive durante a pandemia criamos um repositório de zines digitais. E o link está acessível para quem quiser conhecer os web-zines e zines analógicos digitalizados. Temos contatado antigos faneditores na intenção de pedir arquivos digitais de zines para que essa memória nãos e perca. Inclusive nos oferecemos para digitalizar quando o autor não tem tempo ou recursos para esse trabalho. Eis o link da Zineteca Digital Colaborativa, a ZDC.

Fale da Peibê, a publicação feita pelo projeto. Saíram outras publicações dele?

O zine Peibê é o primeiro e principal zine de nosso projeto. O nome foi sugerido pelos estudantes, referenciando o preto e branco das revistas artesanais normalmente em fotocópia. Ele apresenta a proposta de publicar quadrinhos de estudantes da casa e de veteranos no fanzinato, o que representa uma excelente diálogo intergeracional que ajuda a incentivar os novos autores. Apreciamos muito a diversidade de estilos de fazer quadrinhos com essa proposta livre dos zines, e já publicamos quadrinhos com perfil profissional, até as HQs de homem-palito e rabiscos, ou seja, quadrinhos autorais são muito bem-vindos.

O zine Peibê chegou a ganhar um troféu Ângelo Agostini e foi muito bom como conquista coletiva e pra dar visibilidade ao projeto. O Peibê está no número 7 e a oitava edição está em preparação. Depois dele, outros zines do Coletivo Fanzinoteca foram lançados, como o Traços de Memória, Café Filosófico, Afroindi e outros, sempre trazendo a marca do talento e protagonismo dos jovens estudantes da nossa escola.

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Lançamentos

Radar: Dingo, Fernanda Coelho, Júca, Supercombo, Pablo Lanzoni, Fuz Aka, Maria Esmeralda

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Radar: Dingo, Fernanda Coelho, Júca, Supercombo, Pablo Lanzoni, Fuzaka, Maria Esmeralda

Sei lá o que os algoritmos andam falando por aí – o Pop Fantasma está a fim, na maior parte do tempo, de música nova. E de gente que está fazendo coisas novas com a música. O Radar nacional de hoje parte do groove reflexivo do Dingo, passa por uniões de piseiro e metal (!) e até pelo forró percussivo e eletrônico. Ouça em alto volume.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Gustavo Vargas/Divulgação (Dingo)

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DINGO, “DÚVIDAS”. O quarteto gaúcho Dingo (ex-Dingo Bells) voltou a lançar material inédito após três anos com Dúvidas, um single de indie pop que mergulha na fonte da disco music setentista – mais um exemplo das vibes retrô que surgem no pop alternativo. A faixa tem brilho, groove e reflexão: fala sobre o caos de escolhas e estímulos do presente, tudo isso com batida pulsante. A música antecipa as comemorações de dez anos do disco Maravilhas da vida moderna e ganhou clipe dirigido por Gustavo Vargas.

FERNANDA COELHO, “CLAREIA”. Fernanda transforma em música e imagem a ponte entre São Paulo e Tóquio em Clareia, faixa de seu álbum 5 minutos. O clipe da faixa foi gravado no Japão, após um convite inesperado do dono de um estúdio durante uma viagem em 2014, que acabou rendendo também a gravação de um álbum. A música nasce do olhar curioso da artista sobre os espaços escondidos e históricos de São Paulo, enquanto o vídeo mostra as ruas geladas de Tóquio.

“Era inverno e em alguns momentos a minha roupa não segurava muito o frio. E como gravamos com esse efeito de imagens aceleradas, eu tinha que ficar imóvel por muitas horas… aí teve um momento em que eu estava congelando mesmo”, brinca. Mas sem estresse: clipe belo e música igualmente bela e tranquila.

JÚCA, “FOGO”. Single lançado no ano passado, Fogo chega agora ao YouTube no formato clipe, valorizando a sonoridade introvertida da música. Dirigido por Yasmin Sanches e pelo próprio Júca, o vídeo foi feito no Arpoador (Ipanema, Rio de Janeiro) nas primeiras horas do dia, e utiliza várias performances de dança para trabalhar com a ideia de resistência e reinvenção. O próprio “fogo” da letra, diz Júca, tem a ver com os rituais de transformação. “Essa tensão entre continuar e transformar é o que move a música”, explica ele, que prepara um álbum para este ano.

SUPERCOMBO, “PISEIRO BLACK SABBATH”. A Supercombo abre os caminhos para seu disco novo com esse single, um cruzamento inusitado (e bem-humorado) entre rock pauleira e piseiro. Com clima de jam ao vivo e letra sobre metaleiros que curtem uma praia e um bailão, a faixa mostra o espírito livre do novo álbum do grupo, que sai em 15 de agosto. O som é intenso, divertido e cheio de referências brasileiras – prova de que a banda está mais aberta do que nunca a experimentar e brincar com seu próprio universo sonoro. E já tem clipe, com a banda de preto curtindo uma praia em p&b, até que…

PABLO LANZONI, “PORTO”. “Salve a cidade! Minha gente vive aí”, diz Pablo em sua nova música, uma balada climática falando da urbanidade e da paisagem de Porto Alegre, sem deixar de observar os problemas vividos recentemente pela capital gaúcha.

Porto foi uma das últimas faixas compostas para Aviso de não lugar, novo álbum que está programado para agosto. E foi escrita enquanto Pablo acompanhava “as notícias sobre uma disputa judicial envolvendo a proposta de construção de um prédio de cerca de quarenta andares ao lado de um importante museu da cidade — projeto que avançava sem estudo de impacto de vizinhança e sem manifestação dos órgãos de proteção do patrimônio histórico”, conta.

FUZ AKA feat EDGAR, “SAIDERA”. Com uma sonoridade marcada pelo forró eletrônico, a dupla formada por Ricardo Mingardi (Kazvmba) e Fernando Barroso merece ser olhada e ouvida com calma – o som nordestino e eletrônico deles une forró e estilos como afrobeat, dancehall, trap, funk e hip hop, e soa como uma renovação de sons como o mangue beat. Saidera, o single mais recente, saiu em fevereiro com participação de Edgar. Entre rabecas e beats, a ideia da dupla é falar sobre “identidade, memória e futuro traduzido em som, corpo e imagem”.

MARIA ESMERALDA (Thalin, Cravinhos, VCR Slim, Pirlo e iloveyoulangelo) feat DONCESÃO, “POLIESPORTIVA”. A turma que fez o disco Maria Esmeralda, lançado no ano passado, voltou ao material para fazer e lançar o clipe de Poliesportiva, uma das melhores faixas. A direção de VCR Slim aposta na estética de tela dividida em quatro, inspirada no filme indie Timecode (2000), de ampliando as camadas da história. A faixa mistura observações do dia a dia, poesia e reflexões, tudo ampliado pela participação de Doncesão. E se você não ouviu Maria Esmeralda, ouça hoje – falamos dele aqui.

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Lançamentos

Radar: Stina Marie Claire, King Princess, Mèr, Esteves Sem Metafísica, Suede, Mantra Of The Cosmos, Rosetta West

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Radar: Stina Marie Claire, King Princess, Mèr, Esteves Sem Metafísica, Suede, Mantra Of The Cosmos, Rosetta West

Ouça no último volume: em comum, as músicas do Radar internacional de hoje têm a inquietação – seja a inquietação existencial, a inquietação criativa, ou aquele estado que tira a gente da letargia e obriga a fazer alguma coisa urgentemente. A lista começa com Stina Marie Claire dando um trato no arranjo de sua própria música, e prossegue até a psicodelia dançante do Mantra Of The Cosmos.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Bandcamp (Stina Marie Claire)

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STINA MARIE CLARIE, “THE HUMAN CONDITION (MEMENTO VERSION)”. Stina Tweeddale é mais conhecida por liderar a banda Honeyblood, que gravou álbuns excelentes unindo emo, power pop (com mais ênfase no “power”), sons misteriosos e um certo clima grunge. O Honeyblood tá meio sumido desde o single You’re standing on my neck (2019) e após a pandemia, Stina tem se dedicado a seu projeto solo, assinado com seu nome quase completo (que é Christina Marie Claire Tweeddale).

Na real, o Honeyblood já vinha funcionando como um projeto de uma mulher só. A diferença é que Stina Marie Claire dedica-se a uma sonoridade mais próxima do dream pop e do som-de-quarto. O EP A souvenir of a terrible year, repleto de lembranças do isolamento pandêmico, saiu em 2021, e agora sai a versão “memento” das faixas, reimaginadas com arranjos de cordas. A de The human condition humaniza tudo aquilo que era eletrônico e quase chiptune no original. Ficou bonito.

KING PRINCESS, “RIP KP”. No dia 12 de setembro sai Girl violence, novo álbum de Mikaela Strauss, ou King Princess, produzido por ela ao lado de Jake Portrait (Alex G, Unknown Mortal Orchestra) e Aire Atlantica (SZA). O disco marca a volta da artista a Nova Iorque e a um som mais cru e direto, após rompimentos pessoais e profissionais. O single RIP KP, que anuncia o álbum, mistura desejo feminino, melancolia e autossabotagem com batidas pulsantes e guitarras viscerais.

“É é sobre o lado sexy da violência feminina – quando o amor toma conta do seu cérebro e, de repente, você está sendo fodida pela casa toda, agindo como uma idiota. É a maneira perfeita de abrir o disco: dramática, desequilibrada e um pouco irônica”, conta ela, que no clipe, encara um clube de strip tease bem estranho. “É um hino safado para as lésbicas. Precisamos de devassidão neste verão”.

MÈR, “LET’S FIGHT”. A dupla formada pelas cantoras e compositoras francesas Cindy Doire e Sarah Burton uniu-se ao Chorus of Courage – um coletivo que amplifica as vozes de sobreviventes da violência. Do trabalho em conjunto saiu a delicada e etérea Let’s fight, uma canção em inglês e francês, que põe em versos a convivência com pessoas narcisistas e tóxicas. Aliás, a faixa é a estreia da dupla: Sarah e Cindy conhecem-se há duas décadas e mantém carreiras solo, mas só agora gravam juntas.

“Você já teve um amigo ou amante que sempre queria começar uma briga? É um ciclo exaustivo de manipulação e mágoa”, diz Sarah, localizando o sentido da letra. “A música é interpretada com ironia e calma, como se a pessoa dissesse: ‘Não vou mais brigar'”. A gravação foi feita durante uma nevasca na casa de Cindy, e o Mèr misturou sons acústicos e eletrônicos, lançando mão de sintetizadores vintage.

ESTEVES SEM METAFÍSICA, “SÓBRIA”. Com nome inspirado num verso do poema Tabacaria, de Álvaro de Campos (heterônimo do poeta Fernando Pessoa), o Esteves Sem Metafísica é uma banda de uma mulher só – a escritora portuguesa Teresa Esteves da Fonseca, que acaba de lançar com seu projeto o álbum de.bu.te. Não é um pop fácil: é um dream pop com referências de folk, música clássica, sons de Portugal e a fase mais elaborada dos Beatles. Nas letras, há espaço para crônicas pessoais e comentários existenciais: a bela e contemplativa Sóbria, single que antecedeu o álbum, é definido por Teresa como “um hino à juventude inconsequente”.

SUEDE, “TRANCE STATE”. No dia 5 de setembro, os reis do glam rock dos anos 1990 voltam às plataformas e prateleiras: o Suede lança o novo álbum Antidepressants (BMG). Produzido por Ed Buller, parceiro de longa data da banda, o disco promete um mergulho no pós-punk, segundo o vocalista Brett Anderson. Depois do ótimo primeiro single, Disintegrate, agora é a vez de Trance state, um rock dramático e elegante sobre perder o controle (entrar em estado de transe, enfim) ao ver alguém. Nada de trance eletrônico, como o nome da canção sugere, mas o clima hipnótico está garantido: é Suede puro, com clima de arena e direção de vídeo feita por Chris Turner.

(e falamos de Disintegrate aqui).

MANTRA OF THE COSMOS feat NOEL GALLAGHER, “DOMINO BONES (GETS DANGEROUS)”. O tira-casaco-bota-casaco envolvendo Zak Starkey na formação do The Who manteve o nome do baterista na mídia. Aliás, no caso, pior para a veterana banda britânica, que agiu de maneira bem estranha na demissão do músico.

Zak permanece aparecendo: seu supergrupo Mantra Of The Cosmos – que também tem na formação Shaun Ryder e Bez, do Happy Mondays, e o guitarrista do Ride, Andy Bell – volta com o terceiro single, um dance-rock lisérgico que lembra os próprios Mondays e o Black Grape (a “outra banda” de Shaun e Bez), e que tem participação de Noel Gallagher, do Oasis. Starkey, provavelmente o único filho de beatle que dispensa tal aposto ao lado no nome, usou os brinquedos do filho no clipe da faixa.

ROSETTA WEST, “DORA LEE”. Lembra do Rosetta West, banda que chegou até nós pelo nosso perfil no Groover e da qual já falamos diversas vezes? Eles estão de volta com o ótimo EP Gravity sessions, com músicas antigas do grupo gravadas numa sessão no estúdio Gravity, de Chicago. Dora Lee, uma das mais legais do álbum Night’s cross (resenhado aqui), era um blues acústico no original, e virou punk-blues com herança de Jimi Hendrix e Tad.

“A música conta a história de um homem assombrado por uma visita breve e apaixonada de uma figura feminina aparentemente sobrenatural. No clipe, o narrador assume o papel de um endurecido comandante de tanque, ainda perturbado por essa aparição mesmo em meio aos combates”, avisa o grupo, chegadíssimo nos climas sombrios.

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Radar: Julião e o Forró do Suco Elétrico, Swave, Lupino, Vi Drumus – e mais

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Radar: Julião e o Forró do Suco Elétrico, Swave, Lupino, Vi Drumus - e mais

Tem um restinho da farra de junho abrindo essa edição nacional do Radar – com o som nordestino e psicodélico de Julião e O Forró do Suco Elétrico (foto). Entre sons herdados do punk, como Swave e Lupino, também tem muita brasilidade aqui hoje, inclusive com a presença de um dos maiores e mais longevos nomes da MPB entre os novos lançamentos. Ouça tudo no volume máximo.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Divulgação

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JULIÃO E O FORRÓ DO SUCO ELÉTRICO, “A MURIÇOÇA”. Criado pelo músico pernambucano Feiticeiro Julião, o Forró do Suco Elétrico (que estreia agora em EP epônimo) é uma brincadeira séria com a tradição zoeira e alegre do forró, só que turbinada pelas guitarras e pela psicodelia – como também é tradicional na MPB nordestina dos anos 1970 para cá, via Alceu Valença, Robertinho de Recife e vários outros nomes. Julião une-se a Ju Menezes, Alexandre Baros, Drica Ayub, Juvenil Silva e Tomé, e liga forró, frevo e sons afins na tomada, sem esquecer das raízes. A muriçoca, de Julião, une forró, folk, reggae, sofrência e picardia em doses quase iguais. Pra tocar na sua festa!

SWAVE, “VAI CAIR”. Esse supergrupo indie paulistano lançou recentemente o disco Foi o que deu pra fazer (resenhado pela gente aqui) e une sua estética musical grunge a um clima de gravação de vídeo antiga no novo clipe, Vai cair. Parece um VHS guardado por décadas, uma videoarte antiga, ou um vídeo dos primórdios das câmeras digitais – você escolhe – mas tudo cheio de estilo e som alto. Detalhe: com esse vídeo, a banda fechou a rodada, porque agora todas as onze faixas do álbum (!) têm clipes. Música para ver e ouvir.

LUPINO, “MUROS”. Unindo rock, variações rítmicas e música eletrônica, o Lupino, de Florianópolis (SC), fecha seu primeiro ciclo de gravações com Muros – que vem após outros quatro single lançados. Uma música especial para a banda, por ter sido a primeira vez em que a banda compôs em conjunto, “unindo elementos de rock e música eletrônica para criar uma experiência dançante e introspectiva”.

Na faixa, os vocais de Taissa Bordalo cantam uma relação bem complicada, em que uma pessoa entra sem pedir licença e as coisas fica beeem bagunçadas – tanto que em algum momento, a outra parte do relacionamento tem que construir muros em volta de si. Lá pela metade, a canção muda de ares e ganha um clima mais tecnológico, com teclados e programações.

JOÃO MERIN, YAAN, LAIÔ, “FILHOS DE ÁFRICA”. Esse trio vem da Bahia, une afrobeats, pagotrap e r&b, e mescla talentos – João é cantor e rapper, Yaan é músico e produtor, Laiô tem 20 anos de carreira como cantora, compositora e gestora cultural. O EP Olhos de sol tem música pra dançar, mas tem protesto e vitória, como no balanço de Filhos de África. Uma música em que Laiô canta que “tá ficando preto, tá ficando bom / cês tão vendo só o começo, vamo dominar”, e João entra citando o jogador Vinicius Jr e o rei do afrobeat Fela Kuti. “Cantando o amor até mesmo no fim /precioso na lama feito rubi”, diz, unindo amor e resistência.

CAMALEÔNICA, “GERAL”. Banda formada em Barcelona por dois amigos de infância do Brasil (Felipe Dantas e Fernando Reis), o Camaleônica encontra na mistura musical a sua razão de existir – samba, bossa nova, rock, rap, eletrônicos, tudo isso encontra lugar no som deles. Geral, um dos singles que puxam o disco Eletrotropical, une guitarras ligadas ao blues e ao rock, e batuque vindo do axé. Seria um axé-blues, então? Talvez. Felipe explica que o principal da faixa é que apesar das diversidades, o personagem da música tem orgulho de sua história – e é esse amor próprio que “pulsa forte nos batuques e conduz sua trajetória”, completa o músico.

VI DRUMUS, “O SONHO ANESTESIA”. “Quero que quem ouça esse som se sinta visto, mesmo nas suas sombras”, diz Vi Drumus, que acaba de lançar o álbum Medor. O sonho anestesia é uma música que une metais, beats e referências que vão do hip hop ao soul brasileiro, para falar de “uma realidade em que o corpo é explorado e a mente busca refúgio na poesia e na fuga onírica”. Som pra dançar e encarar a luta do dia a dia com outra mentalidade, já que um dos grandes temas dos quais Vi fala em seu álbum, é como um monte de coisas que a gente faz e pensa são mediadas pela dor.

NEY MATOGROSSO, “PÁSSARO BRANCO”. Canção meditativa composta por Paula Raia, Pássaro branco é a faixa-título do novo EP de Ney – que traz quatro faixas feitas para a trilha do balé Entre a pele e a alma, espetáculo encenado pela Focus Cia de Dança sob direção de Alex Neoral. O disco é um dos projetos que envolvem o nome de Ney perto de seu aniversário de 84 anos – ele chega à nova idade em 1º de agosto. Tivemos também o filme Homem com H – que fez sucesso nos cinemas e está agora na Netflix – e o ótimo disco Canções para um novo mundo, um dos destaques do começo do ano, gravado com a banda Hecto (e resenhado pela gente aqui). Algo nos diz que vem mais aí.

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