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Quadrinhos

Coco, o cachorro mais pessimista do mundo

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Coco, o cachorro mais pessimista do mundo

O desenhista e animador norueguês Ozan Drøsdal sai fora do comum às histórias em quadrinhos que falam do dia a dia dos animais de estimação. Coco, o cachorrinho que ele criou, não tem nada de fofinho. É pessimista, mal-humorado e vive em crise, apesar de ter donos atenciosos. Reclama da vida igual aos humanos e passa por um monte de situações em que até quando sai no lucro, enxerga o copo meio vazio. Olha aí as aventuras do coitado.

https://www.instagram.com/p/BSrRnmQBJ26

“Alegria temporária é a pior que existe”

https://www.instagram.com/p/BSeS7IXBDer

“A vida está se esvaindo. Eu vou estar aqui de novo ou é a última vez? Tudo me lembra da morte”

https://www.instagram.com/p/BSmT97hhguA

“Preparado para sofrer na escuridão eternamente”

https://www.instagram.com/p/BWGE51MhCtY/

“Sou vítima do grande vazio do mal”

https://www.instagram.com/p/BVAs8-bBQ9V/

“Vou morrer aqui sem ver nada do mundo” vs “Não quero ir a lugar nenhum”

https://www.instagram.com/p/BSzNaowhW56/

“Estou muito estressado”

https://www.instagram.com/p/BSWxYEkh8Hs

“Estou cansado dessa piada chamada existência”

https://www.instagram.com/p/BShBQzvhdIM

“Odeio o consumismo. Vou fazer um favor para este planeta e ficar em greve de fome até morrer”

Ricardo Schott é jornalista, radialista, editor e principal colaborador do POP FANTASMA.

Cultura Pop

Angeli, Glauco, Laerte, Luiz Gê: Quadrinhos em Fúria

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Angeli, Glauco, Laerte, Luiz Gê: Quadrinhos em Fúria

Nunca cheguei a falar com Angeli, mas tentei. Em 2014 quando trabalhava no jornal O Dia, recebi da editora Sesi-SP o livro Humor paulistano — A experiência da Circo Editorial, que trazia a história da editora que havia lançado revistas como Circo, Geraldão e Chiclete Com Banana. Aproveitei para falar com todos os envolvidos (faltou, evidentemente, Glauco, que havia sido assassinado alguns anos antes) para uma matéria publicada pelo jornal. Angeli estava ocupado e preferiu não dar depoimento, mas foi um prazer poder falar um pouco do livro e da história dele – e mais ainda poder falar com Toninho Mendes, Luiz Gê e Laerte. 

Resolvi resgatar a matéria aqui para lembrar do trabalho de Angeli (que acaba de se afastar do dia a dia de cartunista por motivos de saúde) e para recordar também esse livro, que qualquer hora dessas vai parar lá no nosso podcast só pra apoiadorxs no Catarse, o Acervo Pop Fantasma. Além de textos contando a história da editora, o volume ainda traz HQs originais na íntegra, publicadas nas revistas da Circo.

Mais do que fazer muita gente passar a curtir quadrinhos – e mostrar a outros tantos que o assunto não servia só para crianças – a revistas da Circo ensinaram às pessoas que haviam alternativas. Que havia um povo subterrâneo a mostrar suas visões de mundo, que existiam mulheres liberadas e donas dos seus narizes, que era possível achar beleza e poesia onde menos se esperava e imaginava. Angeli, Laerte, Glauco e Luiz Gê ajudaram a moldar meu perfil profissional, felizmente (Ricardo Schott).

(foto lá de cima: reprodução Galeria Angeli)

QUADRINHOS EM FÚRIA
Livro conta a história da Circo, que publicou revistas como Chiclete com banana e personagens como Geraldão, Bob Cuspe e Rê Bordosa

Publicado por O Dia em 11 de maio de 2014

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Nos anos 80, as bancas de jornal foram tomadas por punks, figuras da noite, roqueiros, piratas do Tietê e outros personagens. E com direito a um número de vendas que até hoje assusta. “Revistas como Chiclete com banana e Circo chegavam até 30 mil exemplares!”, lembra Toninho Mendes, criador da Circo Editorial. A editora paulistana deu abrigo a desenhistas de quadrinhos como o trio Angeli-Laerte-Glauco (e a outros nomes, como Luiz Gê, Alcy, Mariza e os irmãos Chico e Paulo Caruso), lançou personagens como Bob Cuspe e Rê Bordosa (ambos de Angeli) e agora tem sua história relatada no livro Humor paulistano — A experiência da Circo Editorial (1984 – 1995) (Ed. Sesi-SP, 432 págs), organizado pelo próprio Toninho.

“A gente testou todos os limites do fim da ditadura”, lembra o editor. “A heroína da revista Chiclete com banana (Rê Bordosa) transava com um time de futebol inteiro, a gente fazia campanha do Bob Cuspe para prefeito. E a gozação era com a esquerda e com a direita”, conta Toninho, que inclui de brinde no livro seu “poema-revista” A confissão para o Tietê, quadrinizado por Jaca.

No terceiro número da revista Piratas do Tietê, em 1990, a editora exibiu os seios da mulher que aparece no logotipo do Leite Moça. “Chegaram a falar: ‘Ih, a Nestlé (que fabrica o leite condensado) vai mandar recolher’. Mas não aconteceu nada. Teve até um cara na Bahia que comprou toda a tiragem para vender mais caro, achando que iam recolher”, brinca.

Outras personagens liberadinhas da editora foram a cientista tarada Mara Tara (também de Angeli) e a funcionária pública Dona Marta (de Glauco). Ou as mulheres nuas de Fadas & bruxas, de Laerte. “Mostramos as mudanças no comportamento feminino na época”, conta o editor. “E também mostramos que o quadrinho podia fazer o que nenhuma outra arte fazia. Fiz uma história chamada Futboil com várias crianças e adolescentes correndo atrás de um balão. Era um folclore urbano que nunca tinha sido retratado nem em cinema nem na TV!”, espanta-se o ex-editor da Circo, Luiz Gê. Essa e outras histórias aparecem na íntegra no livro.

As drogas eram tema frequente da turma. Glauco ironizou o assunto em personagens como Geraldão e Doy Jorge, uma paródia do popstar Boy George, que havia sido preso com heroína. “Muita gente pensava que passávamos o dia nos drogando. Mas quem faz isso não faria o que fazíamos. A gente trabalhava o dia inteiro!”, conta Toninho. Em 1987, Angeli matou uma das personagens mais loucas da Chiclete, Rê Bordosa, numa edição especial que incluía até declarações de celebridades como Rita Lee e Ziraldo, indignadas com a atitude do desenhista. “Eu tinha tão pouca noção da importância da Rê que mandei fazer 100 mil revistas em vez de 300 mil. Se tivesse feito, venderia tudo na hora”, diverte-se Toninho.

Em 2010, Laerte abandonou seus personagens e passou a aparecer publicamente usando roupas femininas. “Na arte, Laerte corre por fora. Ele é outro tipo de artista e de pessoa, um cara especial”, conta Toninho. Glauco foi assassinado junto com o filho Raoni, também em 2010, em casa. “Acompanhava o trabalho espiritual dele (Glauco era adepto do Santo Daime) e cheguei a tomar o chá com Glauco. Nem sei dimensionar a falta dele”, lamenta o editor. “Pouco antes, voltamos a nos falar, depois de anos de estranhamento. Não era como antes, mas as nuvens se foram”, recorda Laerte.

Hoje, Toninho comanda a editora Peixe Grande. E mesmo com saudades da Circo, pensa em um dia se desfazer dos fotolitos das revistas que publicou. “Tem muita coisa que não está em bom estado. E tenho tudo impresso de qualquer jeito”, conta.

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Cultura Pop

Jogaram todos os números da “Animal” na web

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Quem lia quadrinhos nos anos 1980 se recorda da revista Animal, que publicava um monte de artistas do universo das HQs em português no Brasil. Surgida no rastro de publicações como a Circo e as graphic novels da Abril, era uma revista um tanto quanto complicada de encontrar nas bancas (pelo menos no Rio e em Niterói, porque dizem que em São Paulo era bem tranquilo), mas valia MUITO a pena. Foi nessa revista (cujo slogan era “feio, forte e formal”) que muita gente leu pela primeira vez no Brasil nomes como os italianos Tamburini e Liberatore (de Ranxerox) e o espanhol Jaime Martín (Sangue de Bairro).

A publicação foi criada em 1989 por Rogério de Campos (que depois cuidou da área de quadrinhos da Conrad Editora e atualmente dirige a editora Veneta), Celso Singo Aramaki, Newton Foot e Fábio Zimbres, e durou até 1991, entre edições normais e especiais. Nomes brasileiros como Osvaldo Pavanelli, André Toral, Fábio Zimbres e Lourenço Mutarelli colaboraram por lá.

E o legal da revista é que ela não se restringia aos quadrinhos: tinha o fanzine Mau, que ainda tratava de temas como música, política e comportamento, entre outros assuntos. Até mesmo um ranking dos preços de drogas ilegais foi parar lá, certa vez. Um tempo depois da Animal, nesse papo aqui, Rogério se recordou de ter ganho seu primeiro prêmio como editor no HQ Mix por causa da revista, e que desistiu de desenhar quadrinhos quando percebeu que poderia apenas editar.

A novidade é que o blog Scans Quadrinhos escanneou todos os números da revista e dá pra ver tudo no computador – eles fizeram o serviço em 2016 e tudo continua no ar. Só pegar aqui.

O blog contou também um pouco da história da revista.

“A revista durou 22 edições regulares (chegou-se a cogitar o lançamento de uma 23ª edição que nunca aconteceu). Além de oito edições das Grandes Aventuras Animal e dois volumes da Coleção Animal.

Era um destaque nas prateleiras das bancas de jornais, principalmente pelo seu formato um pouco maior que as revistas da época (21 X 28 cm) e acabamento primoroso.

A revista fez um relativo sucesso, que acabou gerando mais duas versões de personagens que eram publicados na revista normal.

Foram publicadas a Coleção Animal que durou apenas dois números (publicou Triton de Daniel Torres no número 01 e Ranxerox em New York de Tamburini e Liberatore no número dois).

A outra versão durou oito edições e era intitulada Grandes Aventuras Animal. A última edição (de número 08 em novembro de 1991), fazia uma chamada para a edição de nº 23, que nunca chegou as bancas de jornais. Se alguém conseguiu este exemplar tem uma raridade em mãos”.

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Cinema

Um professor do Rio criou um guia visual de filmes de super-heróis para o ensino de História

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Um professor do Rio criou um guia visual de filmes de super-heróis para o ensino de História

Professor de História da rede municipal de Angra dos Reis (RJ), mediador nas disciplinas pedagógicas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, fã de quadrinhos e de filmes de super-heróis, Arthur Gibson Pereira Pinto, morador do Rio nascido em Natal (RN) transformou sua dissertação de mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro em um trabalho bem mais amplo. É o Guia visual super-heróis e ensino de História, com sugestões didáticas para o uso de filmes da Marvel e da DC em sala de aula. No guia, Arthur foca no Capitão América e na Mulher Maravilha e analisa cenas de produções como Capitão América: O primeiro vingador, de 2011. Ou o filme homônimo da Mulher Maravilha, de 2017.

https://www.youtube.com/watch?v=u0XhkpC2M1g

Seguindo o mesmo raciocínio de um dos fundadores do Kiss, Gene Simmons (que, antes da fama, trabalhou como professor primário e foi demitido por incentivar os alunos a ler quadrinhos de super-heróis em sala de aula), Arthur sugere que os professores usem filmes como Capitão América para discutir temas como a Segunda Guerra Mundial, lado a lado com produções já costumeiramente usadas para falar do assunto, como O resgate do Soldado Ryan e A lista de Schindler. “Se um professor escolher assistir ao Capitão América junto com seus alunos, haverá muito o que trabalhar em sala de aula”, escreve Arthur na introdução do guia, usando como argumento os temas levantados pela obra e o sucesso que os super-heróis fazem no cinema (e de fato, filmes mais recentes como Os Vingadores, quebraram recordes no Brasil, arrecadando R$ 66 milhões nos cinemas nacionais).

Você pode ler (e usar) o guia de Arthur aqui. Segue aí um papo que batemos com ele sobre super-heróis, filmes e quadrinhos (que são a origem dos super-heróis da telona e que, ainda hoje, sofrem bastante preconceito).

POP FANTASMA: Eu peguei uma época em que havia professores que realmente achavam que história em quadrinhos eram uma leitura inferior, que provocavam preguiça mental, em que ao se referirem a um aluno ruim, eles diziam “esse aí não lê nem história em quadrinhos”… Ainda há muito preconceito contra quadrinhos no meio acadêmico?
ARTHUR GIBSON: Esta desconfiança com as histórias em quadrinhos é tão antiga quanto os próprios gibis. Desde que começaram a se tornar um grande sucesso nos EUA, os quadrinhos foram tachados de alienantes e mesmo perseguidos como responsáveis por estimular a violência, a libertinagem ou a delinquência entre os jovens. Essas visões mais extremas foram perdendo força com o passar dos anos, mas persistiu uma percepção das HQs como uma forma de arte inferior ou sem grandes qualidades. Especificamente na academia, hoje em dia, me parece que há grande receptividade para a utilização de variadas fontes e são valorizadas iniciativas que buscam estudar temas pouco tradicionais. O estudo dos quadrinhos se beneficia desta abertura, porém ainda não são muitos os pesquisadores que se dedicam a ele, o que se torna um elemento dificultador.

Você enfrentou narizes torcidos de colegas ao criar seu guia visual? Ou, por outro lado, descobriu entusiastas dos quadrinhos entre professores? Até agora só tive boas reações ao Guia Visual. Existem muitos professores que gostam de quadrinhos e se interessam pela cultura pop de modo geral, e acredito que inclusive gostariam de ter tido a possibilidade de fazer um trabalho parecido ao que fiz. Mas infelizmente nem sempre encontram espaço para desenvolvê-los. Mas mais do que isso, acho que muitos professores já perceberam que precisam de ferramentas para estabelecer pontes com os estudantes nas suas aulas e são receptivos a propostas que dialogam com os interesses deles.

Super-heróis têm muitos fãs entre seus alunos? Me parece que os super-heróis nunca foram tão populares quanto hoje, embora não necessariamente por causa dos quadrinhos. Hoje estes heróis são, sobretudo, personagens das narrativas de cinema, TV e streaming, sendo parte de uma das maiores franquias de produtos de audiovisual da história. A Marvel e a DC inundam salas de cinemas, mas isso é só a ponta do iceberg. Elas inundam a nossa sociedade de imagens, de produtos, de símbolos. Se andarmos atentos pelas ruas de uma cidade qualquer do Brasil vamos entrar em contato com dezenas de referências a estes heróis na forma de propaganda e de mercadoria, muitas delas carregadas por nós mesmos. Todo este aparato faz com que muitos estudantes sejam fãs de super-heróis, mas não apenas isso, faz com que praticamente todos os estudantes conheçam e tenham algum contato com este universo. Isso por si só torna importante para um professor conhecer o universo dos super-heróis e refletir sobre possibilidades didáticas a partir deles.

Tem personagens que têm uma carga política tão grande que é quase uma heresia que eles NÃO sejam usados para entender o que acontece pelo mundo afora, como Capitão América e Mulher Maravilha. O que é possível entender dos acontecimentos do mundo por intermédio dos dois? (um exemplo só, já que claro que dá pra entender muita coisa…) Vou citar uma abordagem que cabe tanto para o Capitão América como para a Mulher Maravilha. É sempre um caminho interessante pensar qual o contexto de criação de cada personagem, ou seja, de que forma as características que conformam o personagem se relacionam com a sociedade e as ideias da época em que foram criados. No caso do Capitão América os seus criadores queriam fortalecer um movimento na opinião pública americana em favor da entrada do país na Segunda Guerra Mundial. Havia uma disputa aberta na sociedade americana quanto à posição do país diante do conflito, e o Capitão América foi pensado como um instrumento para intervir nesta disputa. Após a entrada dos EUA na guerra as características ufanistas e militaristas do personagem foram usadas para mobilizar civis e militares para a guerra.

Já a Mulher Maravilha foi criada como propaganda ideológica feminista. Ela é fruto de pessoas que conviveram e se engajaram nas discussões e movimentações de orientação feminista que ocorreram no início do século XX. Além das características da própria personagem, dentro das revistas mulheres notáveis eram celebradas como modelos de talento e liderança. Estes são exemplos de que tanto os super-heróis podem ser muito interessantes para ajudar no aprendizado da história, como também o conhecimento histórico ajuda a compreender melhor estes personagens.

Que outro personagem você destaca como sendo mais “utilizável” (possível de utilização, enfim) por professores? O personagem só se torna utilizável no contexto de uma aula específica, de um professor específico. Eu prefiro destacar que até personagens aparentemente “inutilizáveis” podem ser muito úteis. Até uma história totalmente fantasiosa pode ser útil no ensino. Nos últimos filmes dos Vingadores um alienígena super poderoso entra numa busca obsessiva por preencher uma manopla com jóias cósmicas para poder eliminar metade dos seres do universo. Neste enredo aparentemente não há nada que possa ser aproveitado para o ensino. Contudo, se levarmos em conta que as motivações de Thanos são muito próximas do que seria um pensamento neomalthusiano, podemos ter no filme uma excelente forma de discutir esta corrente de pensamento. Então, no final das contas depende muito mais dos objetivos do professor do que do personagem em si. Por isso que o Guia que elaborei pretende chamar a atenção dos professores pra este universo para que eles possam buscar e decidir as melhores histórias e personagens para suas aulas.

Qual tua relação com quadrinhos? Você sempre foi colecionador? Quando criança eu lia muita revista em quadrinhos, de todo tipo: Turma da Mônica, Zé Carioca, Senninha, Os Trapalhões, Recruta Zero, Menino Maluquinho e, depois, já adolescente, os super-heróis. Mas não sou exatamente um colecionador, e nem leio mais tantos quadrinhos como gostaria. Gosto de quadrinhos, como gosto de cinema ou de música e, como historiador, me interessam as relações que estas expressões artísticas estabelecem com a sociedade.

Seu interesse por história foi surgindo lado a lado com o interesse pelos super-heróis? Quando você percebeu que gostava mesmo de história e que, mais ainda, viraria professor? Me lembro de me interessar pelo que se passava no Brasil e no mundo desde muito cedo. Mais tarde, no Ensino Fundamental, acho que comecei a entender que este interesse tinha muito a ver com o que era discutido em algumas disciplinas na escola, especialmente História. Nesta mesma época comecei a me interessar pelos super-heróis, mas não sei se uma coisa tem uma relação tão próxima com a outra. Acho que tive a sorte de crescer em uma família que sempre valorizou o contato com a cultura, e isso me levou a gostar também de quadrinhos. Depois, como estudante de História, aprendi a olhar um pouco mais historicamente para estes bens culturais. A faculdade de História necessariamente nos encaminha para a docência, e foi como professor que comecei a refletir sobre as possibilidades didáticas da relação entre super-heróis e história.

Marvel ou DC? E qual das duas empresas fornece mais material para você utilizar em sala de aula? Bons artistas produzem boas histórias, seja qual for o personagem ou universo ficcional em que ele está inserido. Mas para o ensino até uma história ruim pode render discussões, o necessário é que o professor identifique que caminhos aquela história pode abrir para o processo de aprendizagem. Hoje em dia a Marvel tem mais filmes e personagens de sucesso, o que facilita que a relação dos alunos com eles e abre, quantitativamente, mais possibilidades. Mas nada impede que qualquer filme ou revista de qualquer personagem seja utilizado.

Pensa em mais algum projeto envolvendo cultura pop e História? O Guia Visual foi elaborado a partir de uma reflexão feita na minha dissertação de mestrado sobre a prática docente no ensino de História. Então esta conexão entre História e cultura pop é algo que vai prosseguir no meu trabalho como professor e pesquisador. Mas ainda não tenho em mente outros projetos mais concretos como o Guia.

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