Lançamentos
Artesãos Na Era Das Máquinas: solarpunk progressivo em álbum ao vivo de longa duração

Os gaúchos do Artesãos na Era das Máquinas definem-se como banda solarpunk psicodélica instrumental. Composta por Erik Breda Leyen nos teclados e projeções, Lourenço Valentini na percussão e Wolf Peters no baixo, a banda faz um som psicodélico e cheio de groove, simultaneamente – com clima jazzístico e nada de guitarras. O grupo fez uma gravação ao vivo no espaço cultural independente Casa Surdina em Porto Alegre, e dessa gravação, surgiu o álbum que sai agora, Ao vivo na Surdina.
A captação de áudio e vídeo foi feita pela Tal & Tal Records, que lança o álbum. O repertório é pra quem gosta de músicas grandes e ambientações progressivas: são cinco faixas em quase 50 minutos, cabendo o tom tribal e lisérgico de Hipnofrigio, de nove minutos, o clima politico do blues progressivo Mujica ouverture (com um discurso do ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica, musicado pela banda) e o fusion espiritualista Transmigração, de 17 minutos, que inclui um sample de um discurso do escritor indígena Ailton Krenak (Foto: Divulgação).
Crítica
Ouvimos: Finn Wolfhard – “Happy birthday”

RESENHA: Finn Wolfhard estreia solo com lo-fi torto, entre Lemon Twigs e Weatherday, misturando barulho, charme retrô e zoeira pop.
- Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
- E assine a newsletter do Pop Fantasma para receber todos os nossos posts por e-mail e não perder nada.
Finn Wolfhard, o Mike Wheeler da série Stranger things, faz – quem diria – música do mesmo mundo invertido do qual seu personagem é frequentador. Seu primeiro disco solo, Happy birthday, é lo-fi purinho, e tem mais cara de mixtape do que de álbum. O volume de experimentações por faixa determina a colocação de Happy birthday numa esquina entre a beleza 60’s 70’s dos Lemon Twigs e a zoeira de estúdio do Weatherday. A faixa-título abre o álbum entre ruídos na abertura e um clima Beach Boys fake, seguida pelo power pop de boas guitarras de Choose the latter, e pelos sons de transmissão que surgem no bubblegum Eat.
Finn contenta-se em soar verdadeiramente mais pop em Objection, balada que lembra bandas como Rapsberries e Badfinger. Mas Happy birthday aposta suas fichas também no slacker rock de Trailers after dark, na grungeira de Crown e em pelo menos três faixas – Everytown there’s a darling, You e Wait – tão grudentas quanto indies, lembrando as produções da gravadora K Records. Provável que os próximos discos de Finn já tragam um equilíbrio maior entre barulho e beleza – depende dele.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 7,5
Gravadora: Night Shift/AWAL
Lançamento: 6 de junho de 2025
Crítica
Ouvimos: Esteves Sem Metafisica – “de.bu.te.”

RESENHA: Projeto da escritora portuguesa Teresa Esteves da Fonseca, o Esteves Sem Metafísica estreia com um belo disco de art rock, folk e ecos de Beatles, Stereolab e Bowie.
- Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
- E assine a newsletter do Pop Fantasma para receber todos os nossos posts por e-mail e não perder nada.
Com nome tirado de um verso do poema Tabacaria, de Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa), o Esteves Sem Metafísica é o projeto musical da escritora portuguesa Teresa Esteves da Fonseca. de.bu.te, primeiro álbum, faz lembrar às vezes vozes pouco lembradas, como as de Catherine Ribeiro – e tem uma referência enorme da fase final dos Beatles, em vários momentos. No geral, é um disco de art rock, com vocais que surgem como vento e peças sonoras delicadas, como Proposição, a folk e elaboreada Sóbria (que chega a lembrar Stereolab) e o jazz pop Dar-me de volta e Tenta, que unem noção musical beatle, soins franceses e música popular de Portugal.
Sons que vão encontrando seu próprio ritmo aparecem nos vocais de Não sei ter-te e na vibração celestial de Balada da debutante (que evoca David Bowie). Redenção abre com vocais bem cuidados e ritmo cigano, e ganha tom quase progressivo depois. No final, Montanha isolada vem quase silenciosa, com beleza folk e orquestral, e letra introspectiva. Uma estreia muito bonita.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: FlorCaveira
Lançamento: 20 de junho de 2025
Crítica
Ouvimos: Diego Assuf – “Zunindo a gruta da hibernação”

RESENHA: Ritualístico e psicodélico, o solo de estreia de Diego Assuf mistura folk, MPB, sons mântricos e surrealismo à la Manduka, Lennon e Gismonti.
- Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
- E assine a newsletter do Pop Fantasma para receber todos os nossos posts por e-mail e não perder nada.
O carioca Diego Assuf deixa claro qual é a dele logo no começo de seu primeiro disco solo, Zunindo a gruta da hibernação: sons ritualísticos, referências da psicodelia nordestina e de toda uma onda mântrica de voz e violão que muita gente fiicou conhecendo na era dos blogs de MP3 e do Rapidshare (lembra?). Nomes como Manduka – referência assumida, por sinal -, Hawkwind, Paulo Diniz e Paulo Bagunça, além da banda do disco-jogo Persona, emanam da sonoridade do disco.
Esse tom ritualístico surge logo nos dez minutos da faixa-título – que abre o álbum unindo sons acústicos de poucas notas, ruídos de mata e uma vibe lembrando os momentos calmos do King Crimson. Prossegue na música das matas de Hey searcher e invade também músicas como Chautauqua da nova vida (que lembra os voos instrumentais de Beto Guedes), o folk andino + samba montanhês de Se arrastando e o retropicalismo de Meu amigo Mario Carte.
Entre letras libertárias e alguns instrumentais, Zunindo é também o disco do blues folk Navio zen e da pianística Fim do meu ouvido, desconcertante a ponto de lembrar John Lennon, Arnaldo Baptista e Egberto Gismonti juntos nas teclas. Duas curiosidades no álbum: Hollywood, supostamente gravada ao vivo, traz Diego errando de propósito, tendo “brancos” no palco, e ganhando vaias e gritos de “toca Raul!”. E o forró psicodélico O meu sapato, com diálogos sampleados da pornochanchada sanguinária O cafetão, de Francisco Cavalcanti (1982). O tipo de disco que, se tivesse saído por um selo pequeno em 1971, teria virado raridade.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8,5
Gravadora: Paraíso Perdido
Lançamento: 4 de janeiro de 2025
-
Cultura Pop5 anos ago
Lendas urbanas históricas 8: Setealém
-
Cultura Pop5 anos ago
Lendas urbanas históricas 2: Teletubbies
-
Notícias7 anos ago
Saiba como foi a Feira da Foda, em Portugal
-
Cinema8 anos ago
Will Reeve: o filho de Christopher Reeve é o super-herói de muita gente
-
Videos8 anos ago
Um médico tá ensinando como rejuvenescer dez anos
-
Cultura Pop8 anos ago
Barra pesada: treze fatos sobre Sid Vicious
-
Cultura Pop7 anos ago
Aquela vez em que Wagner Montes sofreu um acidente de triciclo e ganhou homenagem
-
Cultura Pop7 anos ago
Fórum da Ele Ela: afinal aquilo era verdade ou mentira?