Cultura Pop
Dez bandas que você não fazia ideia que ainda existiam

Inacreditável: aos trancos e barrancos, lutando contra o entra-e-sai de integrantes, o cansaço da estrada e o desinteresse das gravadoras (e muitas vezes do público), essa turma resiste. Confira aí.
Right Said Fred: Lembra de “I’m too sexy”? Desde “Up” (1992), o primeiro disco, os irmãos Fred e Richard Fairbrass nunca pararam de produzir e de lançar coisas novas. “Sweet treats”, o single mais recente, saiu em janeiro e em breve sai o disco novo, “Exactly!”. Olha o clipe da música aí.
Collective Soul: Vindos da Georgia, nos Estados Unidos, eles foram enfiados na onda grunge assim que lançaram o primeiro disco, “Hints allegations and things left unsaid”, de 1993. Aqui no Brasil, são banda de um hit só: “Shine”, cujo clipe tocou até não poder mais na MTV. Lá fora tiveram vários hits. No Brasil, “Better now”, de 2004, tocou também um pouco no rádio. Vão lançar disco em 2017.
Lou Bega: Artista solo na parada: David Lubega, hoje com 42 anos, nascido na Alemanha (ele tem ascendência italiana e africana), era figurinha fácil nas “Dez melhores da Jovem Pan” lá por 1999/2000 com sua releitura de “Mambo nº5”, do cubano Perez Prado. Passou os últimos anos correndo MUITO atrás do sucesso e em 2013 lançou “A little bit of 80’s”, disco até bem interessante, com versões para clássicos dos anos 1980, como “Give it up” (KC & The Sunshine Band), “Come on Eileen” (Dexy’s Midnight Runners) e “Gimme hope Jo’Anna” (Eddy Grant).
Spin Doctors. Vaiadíssimos no Hollywood Rock de 1995, quando abriram para Rita Lee e os Rolling Stones (eles vinham abrindo os shows da turnê de “Voodoo lounge”, por sinal), os Doctors, claro, serão eternamente lembrados por “Two princes”, que tocou tanto no rádio em 1992 que enjoou. Em 1999, o vocalista Chris Barron teve um traumatismo gravíssimo nas cordas vocais e ficou mudo por um ano. Por causa disso a banda deu uma parada, mas voltaram em 2001 e estão aí até hoje. Olha eles no palco, num show que rolou em fevereiro.
Us3. Em 1993, eles pegaram “Cantaloup island”, do jazzista Herbie Hancock, deram uma mexida, botaram um raps e uns samples e o resultado virou “Cantaloop (Flip fantasia)”, que virou sucesso – no Brasil, sucesso único – e transformou a união de jazz e rap em som de elevador, evento descolado e sala de espera de dentista. O grupo do músico e produtor Geoff Wilkinson lançou, sem o mesmo sucesso, um disco mais “adulto” em 1997, “Broadway & 52nd” e depois disso manteria a média de um disco a cada dois ou três anos. O grupo ainda existe – esse vídeo aí embaixo tem 20 minutos de um show deles em 2013.
Uma curiosidade: existe um grupo bem recente aqui no Brasil chamado Us3 – e que se bobear não faz a mínima ideia de que existe uma banda anterior com o mesmo nome. O nosso US3 acaba de lançar uma música “em homenagem aos gêmeos do Big Brother”.
EMF: Só quem é muito fã lembra de alguma música desse grupo que não seja a dance track “Unbelievable”. No Brasil, a MTV dava toda a atenção do mundo a eles e a canção tocava muito no rádio. E, sim, aos trancos e barrancos, eles ainda estão por aí. Olha eles em 2016 num festival na Inglaterra.
Jesus Jones: Essa banda era costumeiramente confundida com o EMF. Assim como eles, também tiveram um hit único no Brasil, “Right here, right now”, Depois me lembraram de vários outros hits do grupo, “Who, where, why” e “Bring it on down” entre eles. Eles ainda existem. Em junho, vão lançar um disco novo por crowdfunding, o primeiro em 15 anos. E estão com uma música nova bem legal, “Grateful”. Ouve aí.
Smash Mouth: Em agosto, essa banda dos anos 1990 (lembra de “Walkin’ on the sun”?) e Will Toledo, do Car Seat Headrest, trocaram elogios pelas redes sociais. A conversa evoluiu a ponto de um fã sugerir que as duas bandas fizessem um EP juntas e tanto o Smash quanto Toledo curtiram a ideia. Na verdade, não há planos, mas o Car Seat deverá gravar sucessos deles num disco. Enfim, o que importa é que o Smash ainda existe. O disco mais recente, “Magic”, saiu em 2012. Abaixo, show recente deles.
Sugar Ray: Essa banda americana é a prova viva de que a esperança é a última que morre. O grupo, que existe há 31 anos (!), deu certo só no fim dos anos 1990. Em 1997 lançou o disco “14:59”, cujo título era uma auto-zoação baseada na frase de Andy Warhol: “No futuro, todo mundo terá direito a 15 minutos de fama”. É por causa desse álbum que você lembra de “Someday” e “Every morning”. A banda ainda existe, mas recentemente o vocalista Mark McGrath anunciou que o Sugar Ray nunca mais vai gravar disco nenhum, por causa de uma disputa legal que rola entre eles e ex-integrantes. Olha eles no palco em 2016.
Crash Test Dummies: Até as rádios mais comerciais do Brasil se renderam ao single “Mmm Mmm Mmm Mmm”, que essa banda lançou em 1993. O grupo lançou um single em 2015 em parceria com o DJ e produtor Marc Mysterio, “Promised land” e vem fazendo shows. Isso aí é uma apresentação solo do vocalista Brad Roberts no ano passado. Adivinha o que ele cantou?
Já OMC, 4 Non Blondes, Chumbawamba, New Radicals, Deee Lite, Virgulóides, isso tudo já acabou mesmo.
Cultura Pop
12 apostas malucas das gravadoras

Ah, os pitorescos anos 1990… naquela época o rock alternativo estava em alta graças ao estouro mundial do grunge e isso fez as grandes gravadoras se voltarem para o cenário underground e saírem lançando todo tipo de banda possível, na esperança de encontrarem um novo Nirvana ou Soundgarden e, na ânsia de ganhar dinheiro, muito provavelmente as majors foram com muita sede ao pote e não prestaram muita atenção no que estavam contratando… acho que só isso (ou um porre homérico dos engravatados) justifica algumas escolhas que até hoje parecem bizarras!! Nós do POP FANTASMA listamos aqui 12, mas certamente tem bem mais (se você porventura lembrou de alguém que nós deixamos de fora, por favor nos diga!)!! Dito isso, vamos a eles (na foto, o Flipper).
CLAW HAMMER. Banda californiana que fazia uma mistura indigesta de punk rock, blues e experimentalismo, mas ainda assim, apesar da esquisitice, foi a segunda banda da gravadora independente Epitaph a assinar com uma major, depois do L7. Sim, acredite, o Claw Hammer conseguiu chegar ao mainstream antes do Offspring e do Bad Religion, vai entender… Quem cometeu tal loucura foi a Interscope, subsidiária da Universal e que já tinha em seu cast bandas como o Primus e o Nine Inch Nails. Por esse selo, eles lançaram dois discos, Thank the hold upper e Hold your tongue and say apple, ambos bons trabalhos, porém difíceis de assimilar e que, obviamente, não deram em nada.
COP SHOOT COP. Só pela formação dá pra ver que os novaiorquinos do Cop Shoot Cop não eram nem um pouco convencionais. Os caras tinham dois baixistas, não tinham guitarra e ao invés de um baterista tinham uma espécie de percussionista que usava apenas caixa, surdo e um prato aqui e ali. Mesmo assim a Interscope (olha eles aí de novo…) achou que com uma roupagem adequada daria pra encaixá-los na cena industrial que estava pipocando na época e apostou neles.
Surpreendentemente até que deu certo: O primeiro disco lançado pelo selo, Ask questions later, estourou nas college radios graças a música $10 bill, um jazz torto e esquisito mas que sabe-se lá porque caiu no gosto de um público razoável, o que fez as vendas irem melhor do que o esperado e deixou tanto banda quanto selo animados e cheios de expectativas. Em 1994, menos de um ano após o lançamento do álbum anterior, saiu Release, porém apesar de também terem conseguido um mini hit (Interference), a resposta não foi tão calorosa e as vendas não foram tão boas, fazendo o selo rescindir o contrato. No final da turnê, o Cop Shoot Cop encerrou as atividades.
DRIVE LIKE JEHU. Nesse caso não foi exatamente culpa da gravadora (mais uma vez a Interscope): Ao assinararem com o Rocket From The Crypt, o vocalista John Reis colocou uma cláusula no contrato exigindo que seu projeto paralelo Drive Like Jehu teria que ir junto, ou nada feito.
O selo aceitou a condição e assim, em 1994, veio ao mundo Yank crime, segundo álbum do DLJ. Foi um daqueles discos que a crítica adorou mas o público não curtiu. A gravadora também não ajudou, haja vista que sabiam que algo tão experimental dificilmente cairia no gosto do povo e que o foco principal do selo era o Rocket From the Crypt. Curiosamente, Yank crime ganhou um certo status cult com o passar dos anos e até hoje tem um séquito apaixonado de fãs. Talvez estivessem muito à frente do tempo e por isso não emplacaram, vai saber…
FLIPPER. O Flipper sempre foi uma banda complicada pois seus integrantes tinham um comportamento destrutivo, viviam se entupindo de drogas e o som que faziam era cru ao extremo, propositalmente repetitivo e tosco, tanto é que mesmo sendo rotulados como punks, muitos punks odiavam o som deles. Por serem tão caóticos, só tinham lançado um disco, Generic Flipper, em 1982.
Entretanto, veio o estouro do grunge, Kurt Cobain apareceu em diversas fotos usando uma camiseta do Flipper e bandas como o Melvins e o Mudhoney citaram Generic Flipper como uma grande influência, o que fez as grandes gravadoras crescerem o olho neles. Quem os contratou foi a American Recordings (não foi a Interscope dessa vez, aleluia!), casa do Slayer, que lançou em 1992 American grafishy, disco que foi massacrado tanto pela crítica quanto pelos fãs das antigas, apesar de, milagrosamente, ter conseguido a proeza de emplacar um mini hit, Flipper twist. Obviamente, a American Recordings percebeu que não foi uma boa ideia, rescindiu o contrato e eles só lançaram outro álbum em 2009, Love, novamente através de um selo independente.
DANIEL JOHNSTON. Daniel Johnston era um rapaz que tinha esquizofrenia, e tinha um talento único pra escrever melodias delicadas e ensolaradas. Lançou diversas fitas K7 na década de 1980 e a mais famosa delas, Hi, how are you? também atraiu a atenção depois que o vocalista do Nirvana apareceu com uma camiseta estampada com a capa da tal fitinha. O problema é que a condição mental do Daniel foi degringolando cada vez mais. Ele ficou obcecado pelo diabo a ponto de enxergar o mal em tudo, só falar nisso e, por causa disso, volta e meia ser internado em hospitais psiquiátricos.
Porém, assim como o Flipper, a exposição que o Nirvana proporcionou fez as gravadoras disputarem seu passe. Um caso curioso foi a Elektra, que ofereceu um caminhão de dinheiro pra ele, mas Daniel recusou porque “não queria estar na mesma gravadora de uma banda satânica como o Metallica”. Quem acabou levando no fim foi a Atlantic, subsidiária da Warner, que deve se arrepender disso até hoje: apesar de ser um disco lindíssimo, Fun, lançado em 1994, foi um fracasso retumbante, vendendo menos de 5 mil cópias .
BRUTAL JUICE. Os texanos do Brutal Juice se autorrotulavam como Acid punk, tinha integrantes que vieram da cena jazz local e um vocalista chamado Craig Welch que era famoso por apagar cigarros NA TESTA durante os shows. Bem, acho que já deu para perceber por esse breve resumo que eles eram uma banda completamente fora da casinha, não?
Após lançarem seu segundo álbum pelo cultuado selo Alternative Tentacles, receberam uma proposta da Interscope (sempre ela) e lançaram por ali Mutilation makes identification difficult, um baita discaço, porém bastante indigesto, que foi um sucesso de crítica e um fracasso comercial, fazendo com que a banda resolvesse encerrar as atividades após a turnê de divulgação. Em 2016, eles retornaram à ativa, lançaram mais um trabalho chamado Welcome to the panopticon, que quase ninguém viu/ouviu e desde então fazem shows esporádicos.
SURGERY. Talvez seja o caso mais triste na lista. Após lançarem um bom trabalho chamado Nationwide pelo selo Amphetamine Reptile, a banda de blues punk nova iorquina Surgery foi contratada pela Atlantic, muito graças a uma forcinha do Sonic Youth. Porém, menos de um mês antes do lançamento de Shimmer, o vocalista Sean McDonell teve uma súbita crise de asma e veio a falecer. Os demais integrantes ficaram tão consternados que terminaram com tudo ali mesmo, fazendo a gravadora abortar todo o projeto de divulgação e, assim, o disco passar em brancas nuvens. Mas de qualquer jeito duvido que daria certo, haja vista que o trabalho em questão não era lá muito comercial…
WESLEY WILLIS. Wesley Willis era um rapaz que tinha esquizofrenia, ganhava dinheiro tocando um teclado fuleiro nas ruas de Chicago e vendendo desenhos que fazia com hidrocor. Lançou mais de 50 discos por conta própria e todos rigorosamente iguais: as letras mudavam, mas a base das músicas era sempre a mesma. Ao mesmo tempo ele tinha uma banda de rock chamada Wesley Willis Fiasco, que causou um murmurinho no underground e chamou a atenção de figurinhas consagradas na cena. Porém, na hora de assinar com um grande selo (no caso a American Recordings), inexplicavelmente optaram em lançar seu trabalho solo cujas músicas eram todas iguais, ao invés do seu projeto com banda. Dois discos foram lançados num intervalo de apenas dois meses, Fabian road warrior e Feel the power, ambos rigorosamente iguais e claro, ambos fracassos retumbantes. Como curiosidade, no disco Fabian road warrior tem uma música chamada Brutal Juice, cuja letra é uma homenagem à banda citada anteriormente.
BOREDOMS. É uma banda de noise rock japonesa altamente experimental que não raro faz mais barulho do que música propriamente dita e que não tem lá uma das melhores reputações. Além do vasto histórico de destruir as casas de shows onde se apresentavam, ainda por cima costumavam jogar na plateia pedestais, instrumentos e demais objetos capazes de ferir com gravidade. Isso para não falar de seus discos repletos de obscenidades (só para citar um exemplo, todas as músicas do EP de estreia Anal by anal têm a palavra “anal” no título e falam sobre vocês já imaginam o que). Porém nos insanos anos 1990, estávamos no auge do grunge e tudo que era ruidoso interessava as majors. Pop tatari (lançado em 1992 pela Reprise, que também lançou o Mudhoney) é um álbum de difícil digestão, totalmente não comercial, mas sabe-se lá porquê chamou a atenção do público e não foi de todo mal nas vendas, pois ainda lançaram outros dois CDs pelo selo, participaram da turnê do Lollapalooza em 1994 e, no Japão, são contratados da Warner até hoje! Vai entender….
FUDGE TUNNEL. Tava na cara que essa tinha tudo pra dar errado (e deu), a começar pelo nome (“Fudge Tunnel” é um apelido carinhoso da cavidade anal). Como se não bastasse, o som era um noise rock barulhento ao extremo (basta ver que seu primeiro álbum foi lançado pela Earache, gravadora independente especializada em Grindcore). Ainda assim a Sony achou que, com um polimento, dava para vendê-los naquela cena metal moderna que surgia na época, com bandas como o Prong e o Helmet assumindo a dianteira. Creepy diets foi lançado e até conseguiu um surpreendente mini hit com a música Grey, mas infelizmente não vendeu o suficiente pra Sony continuar apostando neles. O Fudge Tunnel encerrou as atividades pouco tempo depois, após o lançamento do terceiro disco (novamente pela Earache), mas uma coisa boa ficou: o vocalista Alex Newport tornou-se um produtor muito requisitado, já tendo trabalhado inclusive em dois álbuns do Ratos de Porão.
UNSANE. Resumindo bastante, a mesma coisa que aconteceu com o Fudge Tunnel aconteceu com os novaiorquinos do Unsane. Ambas as bandas fazem um som lento, pesado, cheio de nuances e de difícil digestão e em ambos os casos uma grande gravadora achou que dava para vendê-los como parte da cena metal moderna da época (aqui no caso a Atlantic, subsidiária da Warner), porém aqui com um agravante: Total destruction é um trabalho EXTREMAMENTE irritante, barulhento, com músicas que soam todas iguais. Parece até que foi composto na base da zoeira, só pra tirar uma com a cara da gravadora. Óbvio que não vendeu nada e de lá pra cá eles já passaram por várias gravadoras independentes renomadas (Matador, Ipecac, Relapse, Alternative Tentacles), permanecendo na ativa até hoje.
THREE MILE PILOT. Os californianos do Three Mile Pilot são uma banda bastante complicada de rotular. Depois de lançarem um disco de punk rock SEM GUITARRAS na sua estreia (Na vucca do lupu), lançaram um segundo trabalho (já com guitarras dessa vez) chamado The chief assassin to the sinister pela pequena gravadora Cargo Records. Surpreendentemente a DGC (sim, o mesmo selo do Nirvana) resolveu relançá-lo, com músicas a mais e alterando a ordem das mesmas, sabe-se lá porquê. Se o objetivo era tornar mais acessível, não funcionou: o trabalho em questão passou em brancas nuvens e eles voltaram para o underground.
Cultura Pop
No nosso podcast, o 1972 do Led Zeppelin (remake!)

Há 51 anos, o Led Zeppelin precisava manter o status recém-adquirido de maior banda do mundo – que, na prática, ele dividia com algumas outras bandas, Rolling Stones entre elas. O quarto disco do grupo, de 1971, era o álbum do hit Stairway to heaven, e tinha sido o maior sucesso do quarteto até então. Em 1972, a banda faria várias turnês, reescreveria as regras do mercado de shows, começaria a gravar um disco para sair naquele ano (e que não sairia naquele ano, enfim) e desfrutaria de um poder jamais visto no universo da música.
E, sim: o episódio de hoje do nosso podcast é um remake de um outro episódio que fizemos em 27 de maio sobre um ano em que uma das maiores bandas de todos os tempos se dividiu entre estrada e estúdios, e não lançou disco nenhum. O episódio volta com algumas mudanças no roteiro, identidade visual diferente e outras recomendações musicais. E vale relembrar (o antigo tá aqui).
Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: Black Midi e Loreta Colucci.
Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.
Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta!
Cultura Pop
Roberto Carlos: agradecimento aos fãs e lembranças em “Eu ofereço flores”

Quando Roberto Carlos anunciou uma música nova chamada Eu ofereço flores, que foi cantada por ele em 19 de abril no show comemorativo de seus 82 anos – cidade natal de Cachoeiro de Itapemirim (ES) – imediatamente me veio à cabeça a antipatia de Roberto ao distribuir flores à plateia durante shows, no ano passado, quando ele chegou até mesmo a responder de maneira grosseira a um fã que testava sua paciência.
Seria uma maneira de fazer as pazes com o público, então? Talvez. Eu ofereço flores põe pela primeira vez em música um hábito que Roberto Carlos tem no fim de seus shows há anos, e que sempre tornou suas apresentações especiais para todos. Afinal, é um artista romântico que, no fim do show, oferece um presente para suas fãs mais dedicadas, em especial às fãs que têm coragem de se aventurar na frente para disputar uma das rosas com várias outras admiradoras (uma fã dele certa vez me confessou que lixava as unhas quase no formato de garras antes de ir aos shows de Roberto – e na hora de disputar as rodas, saía distribuindo unhadas nas concorrentes).
Eu ofereço flores, uma balada com belo arranjo orquestral (que ocupa o final da faixa, com direito a tímpanos para dar mais grandiloquência), é basicamente uma música feita por ele para agradecer aos fãs pelo amor e pela fidelidade durante suas seis décadas de carreira. “Eu quero agradecer/por tudo o que você/de bom me faz sentir/por tantas emoções/você me viu chorar/você me fez sorrir”, diz a letra. É uma boa surpresa para quem já estava acostumado à falta de novidades, já que se os álbuns anuais de Roberto deixaram de ser feitos em 2005, nem mesmo o hábito de lançar um single a cada ano foi adquirido pelo cantor. Aliás, o único single realmente memorável lançado por ele nos últimos tempos foi o de Esse cara sou eu, que já tem onze anos (Sereia, de 2017, feita para a trilha da novela A força do querer, não é tão brilhante).
- E lembramos que temos um episódio do nosso podcast, o Pop Fantasma Documento, sobre a fase 1966/1967 de Roberto Carlos. Ouça aqui.
A nova música deixa um certo ar de despedida, até por ser um canção em que Roberto elenca tudo que o faz agradecer aos fãs, como se folheasse um álbum de fotografias. Será? Que seja apenas uma impressão. Para 2024, ano em que se comemora os 60 anos do bem sucedido álbum É proibido fumar, o cantor poderia se espelhar no exemplo de vários colegas mais novos, que fazem do lançamento de álbuns um acontecimento de grandes proporções, e lançar um novo disco. Sim: com doze faixas, nem que algumas delas sejam regravações.
Se o tal disco (que só existe na minha imaginação) trouxer músicas novas dele, unidas a canções novas de seus habituais fornecedores (a dupla Eduardo Lages e Paulo Sergio Valle, por exemplo), vai ser o sonho de muita gente. Os fãs merecem ser supreendidos mais uma vez por Roberto – e ninguém merece ver o maior cantor pop brasileiro de todos os tempos apenas virar meme todo final de ano com o “descongelamento” de sua imagem.
Foto: Reprodução da capa do single.
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