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Cultura Pop

Smithereens canta “Tommy”, do The Who

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Smithereens canta "Tommy", do The Who

Antes de mais nada, se você nunca ouviu falar dos Smithereens, pega aí Only a memory, sucesso deles que chegou a tocar (em pequena escala) no Brasil.

Se você nunca tinha ouvido nada de uma das melhores bandas de power pop dos anos 1980, criada em Nova Jersey, ouça tudo deles, por sinal. Os Smithereens ainda existem, mas têm gravado pouco. Seu mais recente disco de inéditas, 2011, saiu em… 2011, por um selo canadense chamado eOne. E em alguns outros lançamentos feitos nos últimos anos, a banda tem se dedicado a praticamente fazer songbooks ou a regravar discos inteiros. Em 2007, o grupo liderado pelo cantor e guitarrista Pat DiNizio regravou todo o primeiro disco norte-americano dos Beatles, Meet the Beatles, no álbum Meet the Smithereens. Em 2008, a banda gravou vários lados-B de compactos dos Beatles no CD Beatles B-sides. E em 2009 resolveram cometer uma enorme heresia: gravaram highlights da ópera-rock Tommy, do The Who (originalmente publicada em 1969) em The Smithereens play Tommy.

O repertório não tem Tommy em sua integralidade: a banda decidiu gravar, na ordem original do disco, vários dos destaques. Sumiram instrumentais como Underture, vinhetas como Tommy’s Holiday Camp, Do you think it’ alright? e Extra, extra, e as canções feitas pelo baixista John Entwistle, como Cousin Kevin. Detalhe que a banda (com DiNizio e Jim Babjak nos vocais e guitarra, Severo Jornacion no baixo e Dennis Diken na bateria) não inventou moda. Tocaram todos os arranjos quase como no original. Só fizeram questão de que o resultado fosse próximo do que rolava nos shows do Who na época. Ou seja: não tem metais (no LP original, John Entwistle tocava trompa). Pra compensar, tem teclados (no disco do Who, Townshend tocava órgão) e duas guitarras em vez de uma.

Olha eles aí, uma das melhores bandas dos anos 1980, tocando We’re not gonna take it/See me feel me, do Tommy.

Num papo com o Downtown West Palm, DiNizio deixou claro que os Smithereens, mesmo tendo feito algum sucesso, não se tornaram uma banda rica, daquelas que dão shows em lugares lotados e ganham royalties consideráveis. Disse que a carreira deles foi severamente afetada pelos downloads gratuitos (“aquela ideia terrível de que a música tem que ser de graça e não há nada para ser pago, a não ser a sua comida e o carro que você dirige”, contou). E que a ideia de regravar discos e músicas de bandas clássicas foi um projeto que veio por necessidade mercadológica.

“Fui ao último selo em que gravamos e apresentei a ideia de regravar músicas dos Beatles. Fez muito sucesso, bateu recordes do iTunes, e nos colocou na capa do caderno de variedades do New York Times num domingo”, contou. Entre um lançamento e outro, os Smithereens chegaram a gravar, para aproveitar o sucesso do disco beatlemaníaco, um álbum de Natal (Christmas with Smithereens, de 2007) e queriam mesmo era gravar um álbum novo. “Só que o selo viu que havia uma demanda por discos de tributo. Vim com a ideia de que poderíamos fazer algo para comemorar os 40 anos de Tommy. O selo ficou maluco, deu sinal verde imediatamente”. DiNizio, no entanto, foi gentilmente chamado às falas pelos seus colegas de banda, que achavam que aquilo era entregar o ouro ao bandido rápido demais. “Fui lá e falei: ‘Se vocês financiarem e lançarem um novo disco nosso, a gente faz Tommy‘”.

Nos shows, para complementar o cenário de Tommy, os Smithereens costumavam tocar um antigo sucesso, House we used to live in, de 1988, numa versão de mais de oito minutos em que incluíam as mesmas referências da versão ao vivo de My generation que o Who fez no disco Live at Leeds.

E o bom 2011, se você nunca ouviu, tá aí. Smithereens no Rock In Rio, pra quando?

Cultura Pop

No nosso podcast, o recomeço de John Lennon entre 1969 e 1970

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No nosso podcast, o recomeço de John Lennon entre 1969 e 1970

No começo de sua carreira solo, John Lennon era um artista brigão, politizado, dado a excessos, que estava de cara virada para seus ex-colegas de Beatles, e que havia encontrado um pouco de paz em seu relacionamento com a artista asiática Yoko Ono. Em meio a isso, alternava protestos, álbuns experimentais (ambos feitos com a nova esposa) e seus primeiros singles, com músicas guerrilheiras como Cold turkey e Instant karma!

Entre 1969 e 1970, parecia que acontecia de tudo na vida dos Beatles. E por tabela, na vida de John, que vivia um dia a dia de brigas, entrevistas malcriadas, gravações novas, ameaça de falência, problemas no novo casamento e um processo de autodescoberta que aconteceu depois que um certo livro apareceu na sua caixa de correio… A gente termina a temporada de 2024 do nosso podcast, o Pop Fantasma Documento, recordando tudo que andava rolando pelo caminho de Lennon nessa época. Termine de ouvir e ataque a super edição turbinada de John Lennon/Plastic Ono Band (1970) que chegou às plataformas em 2020. E, ei, não esqueça de escutar Yoko Ono/Plastic Ono Band, que saiu junto do disco de John.

Século 21 no podcast: Juanita Stein e Caxtrinho.

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify e no Deezer .

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch (foto: reprodução internet). Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Vinheta de abertura: Renato Vilarouca. Estamos aqui de quinze em quinze dias, às sextas! Apoie a gente em apoia.se/popfantasma.

(temos dois episódios do Pop Fantasma Documento sobre Beatles aqui e aqui).

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Crítica

Ouvimos: The Cure, “Songs of a lost world + Songs of a live world: Live Troxy London MMXIV” (ao vivo)

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Ouvimos: The Cure, “Songs of a lost world + Songs of a live world: Live Troxy London MMXIV” (ao vivo)

Sério que Songs of a lost world, álbum novo do The Cure, já ganhou rapidamente uma edição deluxe com um registro ao vivo de todas as faixas do álbum? Sim, ganhou essa edição acrescida do rabicho Songs of a live world: Live Troxy London MMXIV. Até porque se o disco já fez bastante sucesso, a noite de lançamento do álbum foi inesquecível – com um show da banda em 1º de novembro no Troxy London, tocando todo o repertório do começo ao fim, além de vários hits. E é justamente o repertório do disco executado nessa noite, ao vivo, que surge como “disco 2” do álbum.

O Cure, redescoberto por novas gerações e por uma turma que não necessariamente é fã deles, mas curte os hits e gosta de curtir uma fossa, meio que vai tentando dar uma de U2: além de oferecer mais um mimo para os fãs, a banda vai doar todos os royalties deste lançamento para a instituição de caridade War Child. Na loja online do grupo existe um hotsite (ainda se usa esse termo?) só para as diferentes versões de Songs of a live world e para duas edições diferentes em vinil vermelho de Songs of a lost world: uma deles apenas com o disco original, e outra em formato duplo, trazendo as músicas em versões instrumentais no disco 2 (reparem bem: Songs tem músicas em que o vocal começa quase no fim da faixa, e que já são quase instrumentais, mas aí vai quem quer).

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  • Resenhamos Songs of a lost world aqui.

O show inteiro daquela noite possivelmente você já viu no YouTube (se não viu, veja lá embaixo deste texto). E possivelmente você ficou impressionado/a como o The Cure voltou disposto a se transformar num espetáculo. Só que sem as presepadas do Coldplay e sem os truques de mágica do U2: é só a banda, num cenário escuro e esfumaçado, com muito peso e imponência visual e auditiva. As músicas do álbum transportadas para o “ao vivo” soam um pouco mais humanizadas, especialmente no caso de canções que, no disco, eram torrentes de ruído, como Warsong e Alone.

And nothing is forever destaca a magia dos teclados que, rearranjados, poderiam estar até num disco do Péricles – esse lado popularzão sem deixar de ser “dark” sempre foi uma das grandes forças do Cure. A ambiência do Troxy deixou músicas como I can never say goodbye (feita por Robert com o pensamento na morte de seu irmão mais velho Richard) e Endsong bem menos robóticas e desprovidas de qualquer traço de frieza. Se o disco novo do Cure é triste, a contrapartida ao vivo é a prova de que o show é feito para fãs que curtem chorar baldes ouvindo música. E tá tudo bem.

Nota: 9
Gravadora: Fiction/Polydor

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Crítica

Ouvimos: Dead Boys, “Live in San Francisco”

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Ouvimos: Dead Boys, “Live in San Francisco”

A Cleopatra Records, uma gravadora de Los Angeles que se dedica a lançar em edições oficiais-ou-quase antigos discos piratas (boa parte deles de punk rock, psicodelia e pedradas obscuras dos anos 1960) revisita agora o catálogo de bootlegs dos Dead Boys, com esse Live in San Francisco.

O show foi gravado em 2 de novembro de 1977, na época de lançamento da estreia do grupo, Young, loud and snotty (1977) e já esteve nas lojas com vários nomes: Live 1977, Live in Old Waldorf (local em San Francisco onde rolou o tal show), Down in flames, etc. Não muda o fato de que é um piratão legítimo, com qualidade de gravação de demo antiga (foi tirado na verdade de uma transmissão da emissora KSAN-FM) e sem muitos tratamentos. Mostra pelo menos o peso do grupo na época, além de uma seleção de faixas de Young, além de algumas que sairiam só no segundo álbum, We have come for your children (1978).

O material dos Dead Boys seria bastante influente em gerações posteriores do punk, do power pop e até do rock pauleira (Guns N’Roses, por exemplo). A abertura com Sonic reducer e All this and more mostra um estilo de punk rock herdadíssimo de artistas como Alice Cooper, Ramones, David Bowie, Rolling Stones, New York Dolls. Um som que, mesmo antes do vocalista Stiv Bators abrir a boca, já se impunha pela atitude, pelas microfonias e pelo clima descompromissado musicalmente – no nível da desafinação em alguns momentos, como em All this and more, a desbocada Caught with the meat in your mouth e outras, todas aplaudidas por uma plateia audivelmente pequena, mas animada.

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  • Stiv Bators: o “outro nome” do punk em documentário
  • Entrevista: Frank Secich fala sobre a pouco lembrada (e ótima) carreira solo de Stiv Bators

Flame thrower love, que sairia só no segundo disco, está no álbum ao vivo e já trazia uma diferença em relação ao material anterior: era uma canção punk basicamente construída em cima de um riff pesado, algo bem mais próprio do hard rock. A destrutiva Son of Sam, entre gritos de Stiv e viradas erradíssimas do baterista Johnny Blitz, era formada por uma estranha mescla de pós-punk deprê e acordes poderosos na linha do The Who. No final, a cacofonia de Down in flames, cantada por Bators quase sem voz, e a homenagem aos Stooges com a releitura de Search and destroy, com microfonias no fim.

Os Dead Boys não sobreviveriam, pelo menos inicialmente, ao excesso de drogas, às incompreensões do mercado e a seu próprio comportamento destrutivo. O grupo voltou em 2017 e recentemente anunciou um disco gravado por uma turma all-stars, liderada pelo guitarrista original Cheetah Chrome – disco esse que já causou polêmica porque o vocalista Jake Hout acusa a banda de querer usar a voz do falecido vocalista Stiv Bators em IA. Só vendo, mas o passado, com todos os seus defeitos e qualidades, tá aí.

Nota: 7,5
Gravadora: Cleopatra Records

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