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Destaque

Aquela vez que Shaun Ryder fez lavagem intestinal de café

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Aquela vez em que Shaun Ryder fez lavagem intestinal de café


Isso que você está vendo na foto acima é uma sonda retal. Serve para fazer aquilo que no jargão médico é conhecido como enema, ou clister. Enfim, a popular lavagem intestinal, ou a introdução de medicamentos no organismo por via anal.

O roqueiro Shaun Ryder, criador das bandas Happy Mondays e Black Grape, está participando de um reality show bastante peculiar, exibido pela emissora britânica ITV. 100 years younger in 21 days leva oito estrelas da Grã-Bretanha para um spa, em que se submeterão a tratamentos pouco convencionais de rejuvenescimento. Parece piada do Costinha, mas um dos tratamentos revigorantes do tal spa inclui um enema de café, por uso de sonda retal.

Ryder – cujo histórico inclui tanto abuso de drogas que há alguns anos, ao escrever uma autobiografia, admitiu ter precisado recorrer a jornais e revistas porque teve um apagão de 16 anos na memória – foi uma das celebridades que se submeteram ao tal enema de “café preto, sem açúcar”, como o narrador faz questão de esclarecer. O resultado segue abaixo. Shaun disse ter sentido dor, até porque precisava expulsar o café do organismo após segurá-lo por cinco (!) minutos.

Lógico que ninguém conseguiu ficar sem mover um músculo da face diante da agonia de Ryder. O apresentador de TV e comediante Roy Walker disse que jamais conseguiria olhar para a bebida da mesma forma. Mas Roy também passou por uma situação, er, inusitada. Aliás ele e a veteraníssima atriz (91 anos) June Brown, ambos submetidos no programa a uma massagem facial feita por caramujos. Encara?

Bom, outro tratamento consiste em passar a própria urina no rosto. Sandra Martin e June Brown (que apesar da idade avançadíssima, também fez o tal enema de café) encararam essa e mais outras.

Nem tudo no programa é essa dureza toda. Os nove participantes – uma lista que ainda inclui o astrólogo popstar Russel Grant, a ex-atriz da série tradicional Coronation Street Sherrie Hewson e a ex-participante do reality show Gogglebox Sandra Martin – também precisaram tomar banho numa piscina cheia de leite. Parecia agradável, até o momento em que um dos comandantes do programa mostra a eles várias cumbucas com queijo fermentado, feito a partir de leite de cabra. E pede a todos que passem aquilo no corpo como se fosse sabonete. Shaun não gosta muito da ideia.

Como em todo reality show, já começaram a surgir fofocas e mimimis. Um deles diz respeito a uma esnobada que os outros participantes teriam dado em Sandra, na base do “ela é apenas uma participante de reality show, tá fazendo o que aqui?”. June Brown teria sido a mais indignada com a presença dela por lá. Sandra apenas declarou que pretende escrever um livro sobre a experiência.

https://www.youtube.com/watch?v=pzNk0BmNpqM

Vale dizer que o programa coube como uma luva no novo estilo de vida de Shaun Ryder, que se diz livre das drogas, e afirma que gosta de praticar esportes com as filhas. Falou isso há pouco num papo com o The Sun. Em 1991, muita gente lembra, os Happy Mondays vieram se apresentar no Rock In Rio II a bordo do hit Kinky afro, e Ryder chegou a declarar que traria mil tabletes de ecstasy ao Brasil. Depois desistiu, dizendo que não queria conhecer o sistema carcerário brasileiro.

Em janeiro, Ryder, coincidentemente, já tido um ato heróico ao salvar a vida de seu futuro companheiro de reality show, Roy Walker, na Sardenha. Walker praticava stand up paddle quando foi levado pela correnteza. Ryder pulou na água e salvou o amigo. “Foi terrível de assistir. Foi coisa de super-herói mesmo”, disse uma testemunha ao The Sun na época. Olha os dois aí falando do assunto.

 

Cultura Pop

Quando Suicide gravou… “Born in the USA”, do Bruce Springsteen

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Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

A way of life, disco de 1988 da dupla de música eletrônica Suicide, é tido como um disco, er, acessível. Acessível à moda de Martin Rev e Alan Vega, claro. O disco pelo menos podia ser colocado tranquilamente na prateleira dos artífices da darkwave e era bem mais audível do que o comum de um grupo que havia lançado a assustadora Frankie teardrop. O disco era produzido por Ric Ocasek, líder dos Cars (que já havia produzido o segundo disco deles, de 1981, Alan Vega/Martin Rev), e tinha até uma eletro-valsinha, Surrender, além de um estiloso misto de rockabilly e synthpop, Jukebox baby 96.

O que ninguém esperava era que a dupla tivesse feito nessa mesma época uma estranhíssima versão de… Born in the USA, de Bruce Springsteen. A faixa surge numa versão ao vivo, gravada num show de Vega e Rev em 1988, em Paris. A dupla nem sequer disfarçou que a ideia era fazer uma versão bem lascada – saca só o sintetizadorzinho da música, e a referência a músicas como Lucille, de Little Richard, e o tema When the saints go marching in, logo na abertura. A “versão” da faixa resume-se a quase nada além do título da canção. Parece um karaokê do demo (e é).

A versão poderia ser uma bela pirataria, mas vira oficial nesse mês: vai aparecer em uma reedição de A way of life, prevista para o dia 26. A edição de luxo estará disponível em vinil azul transparente com Born in the USA e em CD com quatro faixas bônus, além do formato digital. O material extra inclui versões ao vivo de Devastation e Cheree, bem como uma versão inicial de estúdio de Dominic Christ. O pesquisador Jared Artaud encontrou as faixas enquanto trabalhava no arquivo de Vega, após a morte do cantor em 2016.

Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

E se você não sabia, vai aí a surpresa: Springsteen tá bem longe de ser um sujeito que diria “what?” ao ser informado da existência do Suicide. Pelo contrário: era fã da dupla e costumava dizer que a estreia do Suicide, o disco epônimo de 1977, era “um dos discos mais sensacionais que já ouvi”. Em 1980, o cantor esteve com a dupla e Vega descobriu que Springsteen era seu fã – e se surpreendeu.

“Ele estava gravando o disco The river (1980) e nós estávamos gravando nosso segundo álbum em Nova York. Então tivemos uma reunião de audição do nosso álbum. Havia três ou quatro figurões da nossa gravadora, e Bruce também estava lá. Depois que tocamos o álbum, houve um silêncio mortal… exceto por Bruce, que disse, ‘Isso foi ótimo pra caralho.’ Ele fazia questão de nos dizer o quanto nos amava”, contou em 2014 ao New York Post.

Mais: um texto do site Treblezine, a partir de audições da obra de Bruce e de entrevistas do Suicide, descobre: a dupla influenciou muito o sombrio disco Nebraska, tido como o “primeiro disco solo” (sem a E Street Band) de  Springsteen (1982), basicamente um disco sobre crise, desemprego e gente à beira do desespero pela falta de oportunidades. Houve uma versão elétrica e pesada de Nebraska, mas Bruce quis lançar o disco acústico, de voz, violão e registros crus, e que de fato lembram o clima esparso do Suicide do primeiro disco.

Na dúvida, ouça State trooper, cujos uivos lembram bastante os gritos (sem aviso prévio) de Frankie teardrop. “Lembro-me de entrar na minha gravadora logo após o lançamento do meu disco”, disse Vega depois de ouvir State trooper pela primeira vez. “Eu pensei que era um dos meus álbuns que eu tinha esquecido. Mas era Bruce!”

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Cultura Pop

No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

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No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

A morte do baixista Cliff Burton, em 27 de setembro de 1986, desorientou muito o Metallica. Além do que aconteceu, teve a maneira como aconteceu: a banda dormia no ônibus de turnê, sofreu um acidente que assustou todo mundo, e quando o trio restante saiu do veículo, só restou encarar a realidade. A partir daquele momento, estavam não apenas sem o baixista, como também estavam sem o amigo Cliff, sem o cara que mais havia influenciado James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammett musicalmente, e sem a configuração que havia feito de Master of puppets (1986) o disco mais bem sucedido do grupo até então.

Hoje no Pop Fantasma Documento, a gente dá uma olhada em como ficou a vida do Metallica (banda que, você deve saber, está lançando disco novo, 72 seasons) num período em que o grupo foi do céu ao inferno em pouco tempo. O Metallica já era considerado uma banda de tamanho BEM grande (embora ainda não fosse o grupo multiplatinado e poderoso dos anos 1990) e, justamente por causa disso, teve que passar por cima dos problemas o mais rápido possível. E sobreviver, ainda que à custa justamente da estabilidade emocional de Jason Newsted, o substituto do insubstituível Cliff Burton…

Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: Skull Koraptor e Manger Cadavre?

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta-feira!

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Destaque

Dan Spitz: metaleiro relojoeiro

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Se você acompanha apenas superficialmente a carreira da banda de thrash metal Anthrax e sentia falta do guitarrista Dan Spitz, um dos fundadores, ele vai bem. O músico largou a banda em 1995, pouco antes do sétimo disco da banda, Stomp 442, lançado naquele ano. Voltaria depois, entre 2005 e 2007, mas entre as idas e as vindas, o guitarrista arrumou uma tarefa bem distante da música para fazer: ele se tornou relojoeiro (!).

A vida de Dan mudou bastante depois que o músico teve filhos em 1995, e começou a se questionar se queria mesmo aquela vida na estrada. “Fazíamos um álbum e fazíamos turnês por anos seguidos, e então começávamos o ciclo de novo – o tempo em casa não existia. É uma história que você vê em toda parte: tudo virou algo mundano e mais parecido com um trabalho. Eu precisava de uma pausa”, contou Spitz ao site Hodinkee.

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Na época, lembrou-se da infância, quando ficava sentado com seu avô, relojoeiro, desmontando relógios Patek Philippe, daqueles cheios de pecinhas, molas e motores. “Minha habilidade mecânica vem de minha formação não tradicional. Meu quarto parecia uma pequena estação da NASA crescendo – toneladas de coisas. Eu estava sempre construindo e desmontando coisas durante toda a minha vida. Eu sou um solucionador de problemas no que diz respeito a coisas mecânicas e eletrônicas”, recordou no tal papo.

Spitz acabou no Programa de Treinamento e Educação de Relojoeiros da Suíça, o WOSTEP, onde basicamente passou a não fazer mais nada a não ser mexer em relógios horrivelmente difíceis o dia inteiro, aprender novas técnicas e tentar alcançar os alunos mais rápidos e mais ágeis da instituição.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Discos de 1991 #9: “Metallica”, Metallica

A música ainda estava no horizonte. Tanto que, trabalhando como relojoeiro em Genebra, pensou em largar tudo ao receber um telefonema do amigo Dave Mustaine (Megadeth) dizendo para ele esquecer aquela história e voltar para a música. Olhou para o lado e viu seu colega de bancada trabalhando num relógio super complexo e ouvindo Slayer.

O músico acha que existe uma correlação entre música e relojoaria. “Aprender a tocar uma guitarra de heavy metal é uma habilidade sem fim. É doloroso aprender. É isso que é legal. O mesmo para a relojoaria – é uma habilidade interminável de aprender”, conta ele. “Você tem que ser um artista para ser o melhor – seja na relojoaria ou na música. Você precisa fazer isso por amor”.

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