Lançamentos
Radar: Your 33 Black Angels, BBSC e outros nomes que conhecemos no Groover

O Pop Fantasma agora também tá no Groover! Por lá, artistas independentes mandam seus sons pra uma rede de curadores – e a gente faz parte desse time. O que tem chegado até nós? De tudo um pouco, mas, curiosamente (ou nem tanto), uma leva forte de bandas e projetos mergulhados no pós-punk, darkwave, eletrônico, punk, experimental, no wave e afins. Aqui embaixo, separamos alguns nomes que já passaram pelo nosso filtro e ganharam espaço no site. Dá o play, adiciona na sua playlist e vem descobrir coisa nova! (na foto, o Your 33 Black Angels).
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YOUR 33 BLACK ANGELS, “SHAGGY & JOE”. Olha só que interessante: essa banda novaiorquina acaba de lançar single, prepara um álbum, Eternities II, para o dia 15 de abril e… está prestes a fazer uma turnê na América do Sul, indo do Sul ao Sudeste, entre abril e maio. Os Black Angels, ou Y33BA, como preferem ser conhecidos, faz rock eletrônico com tendências a soar dark e até um tantinho psicodélico, já que o maior investimento da turma na música nova é em paisagens sonoras futuristas e dançantes, às vezes lembrando um Justice mais analógico. Vá sem medo à delicadeza dark pop de Shaggy & Joe.
BBSC, “GEOMETRIC GARDEN”. Imagine um filme sci-fi dos anos 1970, com letreiros em neon e sintetizadores analógicos reverberando no fundo. Geometric garden poderia ser a trilha sonora. O projeto solo desse multi-instrumentista parisiense mistura pós-punk, electro e um quê de surrealismo pop, ecoando Gorillaz, La Femme e MGMT. Beats precisos, vocais carregados de sotaque, atmosfera densa e misteriosa. Tudo gravado no home studio, onde ele desconstrói e reconstrói o som como um engenheiro de um futuro retrô.
HORSE, “BLIGHT”. “Essa música é sobre perceber que você não precisa colocar alguém em um pedestal e fazer com que suas opiniões reflitam as daqueles ao seu redor”, comenta essa banda pós-punk da Austrália. Blight, o primeiro single, tem peso nas guitarras, vocais entre o melódico e o sombrio, e um uso de eco que deixaria Martin Hannett (produtor do Joy Division, orgulhoso): a canção parece que foi gravada numa sala enorme ou numa igreja antiga.
AWAKE & DREAMING, “HIT ME”. Somando influências de nomes como Radiohead, Muse, The Cranberries, Nine Inch Nails e LCD Soundsystem, esse trio canadense pende mais para a mistura de folk, pós-punk e tristeza pop em seu grudentíssimo novo hit. O piano é simples, mas hipnótico, a guitarra faz riffs mecânicos e robóticos, enquanto os vocais de Sasha Kristoff conduzem tudo com uma delicadeza cortante. Pop (e rock), mas nada óbvio.
JONAS & THE JAGUAR MOON, “BELIEVER”. Rock radiofônico, intenso. Jonas & The Jaguar Moon chegam com Believer, uma explosão de riffs enérgicos e um vocal que passeia entre o blues, o punk e a fúria pós-grunge. Eles são canadenses e têm tudo para se tornar o próximo grande nome da cena rock de lá. O clipe, dirigido por Dave Schiffman (Red Hot Chili Peppers, Audioslave, Adele, Chris Cornell), reforça o peso e a pegada visceral do som.
CRISTIAN DUJMOVIC, “SIN CUERPO”. Esse cantor e compositor argentino já teve um álbum resenhado aqui no site, e volta com single novo. Sin cuerpo traz aquele pós-punk gélido, carregado de teclados etéreos e guitarras minimalistas, mas certeiras – daquelas que se infiltram na melodia principal e criam camadas inesperadas. Som econômico, sem excessos, mas cheio de belezas.
NAIVE MEN LEADING THE BLIND, “TWO STARS WITH THE CIRCUS IN TOWN”. O duo sueco formado por Martin Korpi e Niclas Jonsson traz um power pop cheio de personalidade neste novo single. Two stars with the circus in town pulsa com guitarras sujas, melodias grudentas e um quê de nostalgia alternativa. Tem ecos de Guided By Voices, Dinosaur Jr. e uma energia crua de garagem – a gaita no final dá um toque inesperado, quase folk. E vem mais por aí: o EP foi gravado no porão de Korpi, onde a mágica sonora acontece.
DESU TAEM, “THAT!”. “Eu estava assistindo ao YouTube recentemente, e havia um vídeo de um cara que foi atingido por um carro na rodovia. E ele subiu no ar e caiu no trânsito do outro lado e caiu direto no para-brisa de um caminhão enquanto ele estava a 70. Ele quicou como uma bola de bilhar. É assim que eu escrevo música”, avisa a turma do Desu Taem, uma banda que já andou aparecendo aqui no Pop Fantasma, e que sofre de incontinência criativa – são singles, álbuns, EPs, soltados com pouco tempo de diferença um do outro. That!, o mais recente, é indie pop metálico e garageiro de primeira, com riff podre e poderoso.
ZORIN MORRIS, “ONLY WHEN”. O som desse norte-americano parece pop adulto oitentista, ou aquelas músicas que a gente lembra que foram trilha de algum clássico do cinema lá por 1985, 1986. Os vocais, os teclados e o uso econômico da guitarra dão exatamente esse design musical para o single novo dele, Only when, uma música que ele diz ter sido feita para “transportar os ouvintes para um espaço de reflexão pacífica e otimismo”. Para dar o play e sonhar.
Foto Your 33 Black Angels: Divulgação.
Crítica
Ouvimos: The Mars Volta, “Lucro sucio; Los ojos del vacio”.

Você pode até pensar: “pô, o disco novo do The Mars Volta dura 50 minutos, vou ouvir só vinte minutos e depois escuto o resto…” ou “que legal, saiu disco novo do Mars Volta, vou ouvir enquanto lavo a louça”. Eu acho, francamente, que ninguém faria isso, mas se for o seu caso, pode tirar o cavalinho da chuva: Lucro sucio; Los ojos del vacio, nono álbum da banda texana, vai te sugar para um vórtice auditivo de alta profundidade – e você só vai conseguir voltar à realidade quando escutar tudo.
A Kerrang!, QG jornalístico do metal, classificou Lucro sucio como um disco feito para testar os limites da paciência do/da ouvinte, e ainda disparou que “há uma linha tênue entre a genialidade e a insanidade”. Mas talvez a questão aqui nem seja o quanto o Mars Volta, uma banda progressiva bastante peculiar, é genial. Isso porque Lucro sucio é um disco tão bom, e tão repleto de detalhes para serem descobertos, que ele se presta mais a discussões intermináveis do que a conversas fechadas. Parece que ninguém ali está muito preocupado em parecer “genial”, e muita coisa do álbum soa como diversão musical levada a sério – por sinal, como acontecia em discos de bandas como Gong e Can.
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Lucro sucio não começa: ele decola, com os vocais harmonizados e a ambientação de igreja de Fin, o batidão ambient e dance de Reina tormenta, e a vibe de Sympathy for the devil pós-punk de Enlazan las tinieblas – que lá pelas tantas se parece mais com um Radiohead novobaiano. Até que chega um momento no álbum em que fica claro que o melhor de Lucro sucio é a união de elementos pop e progressivos. É o que surge em faixas como Mictlán e The iron rose, por exemplo. Ou no som latino e calmo, entre Djavan e James Taylor, do soft rock jazzístico Voice in my knives – levado adiante com voz, percussão, violão e piano Rhodes.
Quem é fã radical de climas prog vai curtir a primeira parte de Cue the sun, lembrando o começo do álbum Obscured by clouds (1972), do Pink Floyd. Além do jazz destruidor de Alba del Orate, a lisergia sombria de Celaje, e a balada enevoada Maullidos. E já que o Pink Floyd foi citado, vale citar que o Mars Volta, em vários momentos do disco – e de sua história – parece querer juntar a frieza do progressivo britânico ao soul do Earth, Wind and Fire, como acontece em Morgana e Cue the sun 2. No final, o progressivo latino e espacial da faixa Lucro sucio, que dá parte do título do disco.
Resumindo: Lucro sucio; Los ojos del vacio é uma experiência, mais até do que um álbum.
Nota: 10
Gravadora: Clouds Hill
Lançamento: 11 de abril de 2025
Crítica
Ouvimos: Doce Creolina, “Debaixo do chapéu de um cogumelo”

O mais fácil é comparar o Doce Creolina, dupla de Passo Fundo (RS) formada por Julia Manfroi e Mattos Rodrigues, com Júpiter Maçã ou Mutantes – temas doidões são muito comuns no EP de estreia deles, que por acaso se chama Debaixo do chapéu de um cogumelo. Tem muito mais ali: Beach Boys, Rita Lee (a ironia de várias letras e o clima tranquilo de algumas melodias descende direto da Rita de 1980) e até a psicodelia com cara latinesca dos Doors, além de estilos musicais cubanos.
Debaixo… começa com Micelios: sininhos, teclados, percussão abolerada, até que o clima vira para um rock sixties, com guitarra psicodélica. Vanuza tem violão cigano e percussão, com letra cheia de promessas de amor e melodia lembrando uma versão lisérgica dos Gipsy Kings – uma musicalidade que bate também no folk gauchesco e invernal de O vento e o tempo, que encerra o disco.
O lado brega-psicodélico do grupo surge no bolero de Para onde foram os morcegos da Vila Indiana? E também em Tema de marcação, chacundum com cara de Kinks e de Who, mas também ligado a Roberto Carlos e Júpiter Maçã – e que na verdade é releitura de uma canção de teor altamente guerrilheiro, lançada em 1975 pelo cantor gaúcho Leopoldo Rassier.
O EP do Doce Creolina tem ainda um subtexto punk, de protesto, exposto nos textos de lançamento do disco – um manifesto que fala sobre exploração dos recursos da natureza e os destroços do progresso e da civilização. A vibe da dupla é também uma proposta de amor à liberdade, pessoal e musical, seguindo rumo ao último volume.
Nota: 9
Gravadora: Independente
Lançamento: 9 de abril de 2025
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Crítica
Ouvimos: Roberta Lips, “En plein coeur”

Quarteto francês formado por mulheres, o Roberta Lips parece um desvio punk-garage rock das riot grrls, com referências óbvias tanto de Bikini Kill quanto de Blondie e Runaways – e até The Damned e Ramones. En plein coeur tem energia próxima da new wave em vários momentos, cabendo punk rocks com órgão e promessas de dancinhas malucas. É o som que brota de faixas como Roberta Lips (a banda tem uma música com seu próprio nome), Cafard e 9 meses.
No final a faixa-título consiste numa guitarra wah-wah que vai crescendo e se sobressaindo na faixa, ao lado de baixo, bateria e vocais. O clima confessional do disco já começa pela capa, com um telefone fora do gancho – En plein coeur, por sinal, abre com um ruído de ligação, e encerra com um telefone ocupado.
Nota: 7,5
Gravadora: Le Cepe Records/Modulor
Lançamento: 28 de março de 2025.
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