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Radar: Mateus Fazeno Rock, Planoreal, Marcela Lucatelli, Reverendo Frankenstein, Marés, Zaina Woz, Marcelo D2

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Radar: Mateus Fazeno Rock, Planoreal, Marcela Lucatelli, Reverendo Frankenstein, Marés, Zaina Woz, Marcelo D2

Aqui no Rio de Janeiro, onde estou agora, é feriado por causa do BRICS 2025. Em Niterói, onde moro de verdade, que eu saiba, não é. Seja como for, o Radar nacional do Pop Fantasma tá funcionando e tem novidades: Mateus Fazeno Rock dá mais uma pista de seu próximo álbum, Planoreal faz emocore com garra, Marcela Lucatelli une pop, MPB e transe, e vai por aí. Ouça tudo em alto volume e obrigue os vizinhos a ouvirem música nova.

Texto: Ricardo Schott – Foto Mateus Fazeno Rock: Jorge Silvestre/Divulgação

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MATEUS FAZENO ROCK, “MELÔ DO SOSSEGO”. Depois de chegar pesado com o single-manifesto Arte mata, Mateus dá uma desacelerada (mas não muito) com Melô do sossego, mais uma prévia do disco novo que vem aí. A faixa vem toda trabalhada na vibe soul brasileira, com o próprio Mateus no piano e na guitarra.

Já a letra tem ar de mantra: fala de como descansar é um privilégio – e que muita gente, dependendo de onde nasceu ou vive, nem chega perto disso. “Nosso sonho é sempre ter sossego e dar sossego para a nossa família, e essa letra é sobre isso”, diz Mateus, certíssimo. O clipe, feito por ele junto com Izzi Vitório, é celebração em família, comida na mesa e calmaria no ar.

PLANOREAL, “INÉRCIA”. Alguém comentou no YouTube que o novo clipe da Planoreal, Inércia, parece ter sido upado em 2005, mas deixado como rascunho por vinte anos – até que hoje, com 40 anos, o vocalista resolveu publicar. É só uma constatação: 2025 é um ótimo momento para o hardcore pesado, com coração emo e garganta rasgada – aquilo que Raul Seixas dizia que é necessário fazer: “gritar e cantar rock”. Depois do disco Nativos da era da mentira (lançado em janeiro) e de uma sequência de clipes, o grupo de Joinville volta com mais um petardo: um grito contra a estagnação, chutando a inércia pra bem longe.

MARCELA LUCATELLI, “COISA MÁ”. No clipe da faixa-título de seu disco mais recente, a cantora, compositora e encenadora Marcela Lucatelli parece estar em total transe – e faz sentido. O clipe de Coisa má, dirigido por ela própria, segue uma onda espiritual marcada por “dissolução, travessia e renascimento”, em que tudo parece um portal para o desconhecido: música, corpo, elementos do cenário, maquiagem. Tanto que ela própria encara o trabalho como um rito de passagem.

“Faço música para tensionar o que é esperado, para invocar o que foi esquecido ou silenciado. Meus trabalhos são rituais performativos, onde enceno e vivo os conflitos do mundo que me atravessa — com voz, corpo e complexidade”, conta ela, que com Coisa má, encerra a trilogia de clipes do álbum. Agora é pensar nos próximos passos…

REVERENDO FRANKENSTEIN, “O RESPIRO”. Pós-punk, skate punk e uma atmosfera sombria dão o tom do novo single da banda Reverendo Frankenstein. No clipe, a tensão aumenta: um sujeito com um saco plástico na cabeça e um zumbi ao volante em alta velocidade criam um clima sufocante e perigoso. A faixa O respiro traz um reforço de peso do rock paulista — a letra é assinada por Fábio Gasparini, vocalista da lendária banda Varsóvia.

MARÉS, “FUNDAS”. As musicistas Jadsa (guitarra, eletrônicos e produção musical), Lua Bernardo (baixo e flauta transversal), Saskia (eletrônicos e guitarra) e Xeina Barros (percussão) aceitaram o desafio do Selo Sesc, que criou a série Encontros Instrumentais: quatro dias para compor e gravar três músicas instrumentais inéditas. Saíram então as faixas Macumba, Fundas e Mares marés, disponíveis no primeiro EP da série (EIN 001), já nas plataformas. Três mergulhos na espiritualidade, na negritude e na união de sons. Fundas, a segunda faixa do rol, tem samba, jazz, matas, sombras, vibes eletrônicas, tudo junto em doses iguais.

ZAINA WOZ, “M.S.F.”. Em certo momento, a cantora e compositora Zaina Woz se viu completamente envolvida por dois universos: a série Sex and the City e o álbum Erotica, da Madonna. Dessa mistura nasceu M.S.F., um mergulho na disco music com letra minimalista – são apenas duas frases: “I got three obsessions: myself, sex, fashion” (daí o título da faixa).

“Passei a cantar esses versos e fui aumentando a velocidade e percebi que as palavras do último verso, quando cantadas rápidas, soavam como ‘my self-satisfaction’ (minha auto-satisfação). Fiquei arrepiada: estava ali o meu mantra. Aí gravei um áudio de whatsapp para o Zopelar (parceiro e produtor) e ele adorou a ideia”.

MARCELO D2, “1967”. Lembra dessa? Era a faixa que abria (logo depois da intro) o primeiro disco solo de Marcelo D2, Eu tiro é onda (1998), lançado durante uma pausa forçada do Planet Hemp. Na letra, D2 conta a história a partir do ano em que nasceu – o 1967 do título – mas esqueça qualquer referência a Sgt. Pepper’s ou psicodelias da época. O que rola aqui é um passeio pelas ruas do Rio, cheio de histórias de infância, calote no ônibus lotado pra praia, bailes no Cassino Bangu, carnavais de bate-bola. Um retrato vibrante da vida urbana e suburbana carioca, entre o rap e o samba. Agora, a faixa volta com nova roupagem no álbum Manual prático do novo samba tradicional Vol. 3: Luiza, com clipe assinado por Cauã Csik.

Crítica

Ouvimos: The Stargazer Lilies – “Love pedals”

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Shoegaze lisérgico e groovy: em Love pedals, o The Stargazer Lilies entrega guitarras densas, psicodelia e experimentos brilhantes.

RESENHA: Shoegaze lisérgico e groovy: em Love pedals, o The Stargazer Lilies entrega guitarras densas, psicodelia e experimentos brilhantes.

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Provavelmente nenhum site vai escolher Love pedals, sexto disco da banda novaiorquina The Stargazer Lilies, como disco do ano. Azar de quem não ouvir e de quem não reconhecer neles uma banda mais do que excepcional. Criada pelo casal John Cep e Kim Field, essa banda – que surgiu de um quinteto de dream pop chamado Soundpool – faz um som que parece vir de dentro do/da ouvinte, tamanha a intensidade das guitarras e dos baixos. Tudo gravado como paredões de som e, mais do que isso, como vendavais sonoros que carregam os sentidos de quem ouve o disco para todos os lados.

The Stargazer Lilies costuma ser definido como shoegaze, por aí. Não exatamente: trata-se de uma banda que faz psicodelia e som groovy na base das guitarras altas e distorcidas. Em Love pedals, eles unem peso, lisergia e distorções na guitarra e no baixo em Ambient light, quase um nevoeiro sonoro. A faixa-título é soul + psicodelia + shoegaze, num efeito fantástico. Parece realmente um hit de rádio AM jogado num triturador junto com guitarras, pedais de distorção e pastilhas de LSD.

  • Ouvimos: Pobre Orfeu – Galeria das recordações
  • Ouvimos: Humour – Learning greek

O grupo vai dosando sabedoria musical e experimentações em faixas como Perfect world, um tema de girl group, com violão, eco, distorções e obnubilações. By your side é uma balada com um paredão de ruídos que afina e desafina à medida que a música segue – chega a parecer uma transmissão sonora. Shining yellow é uma balada que até poderia ser uma canção do Swing Out Sister – mas é uma porradaria psicodélica e dissonante, aquele tipo de beleza no qual se vê algo estranho e talvez, tenebroso. Heaven knows poderia ter saído nos anos 1970 caso não fosse uma barulheira groovy.

O Stargazer Lilies deixou os momentos mais declaradamente rocker do disco para o final. Trans med é blues psicodélico, o som mais eminentemente sixties do álbum. Hold tight soa como um shoegaze hendrixiano – tem a dramaticidade de uma canção de Jimi Hendrix, mas tem a cabeça ligada em outras esferas. Um caleidoscópio sonoro de primeira.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 10
Gravadora: Shore Dive Records
Lançamento: 22 de agosto de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Goo Goo Dolls – “Summer anthem” (EP)

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EP Summer anthem mostra Goo Goo Dolls entre boas faixas power pop e tropeços bregas, mas sem apagar a nostalgia dos álbuns antigos.

RESENHA: EP Summer anthem mostra Goo Goo Dolls entre boas faixas power pop e tropeços bregas, mas sem apagar a nostalgia dos álbuns antigos.

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Aquele velho papo (chato, admitimos) de “ah, como a banda tal era boa nos anos 1980 e 1990” faz todo sentido quando a banda em questão é o Goo Goo Dolls. Compreensível que um grupo que começou se dizendo “uma banda punk para a geração do skate” e que já foi comparado aos Replacements – no excelente disco A boy named Goo (1995) – tenha resolvido embarcar num caminho mais comercial assim que a porta se abriu. Fazer música não é fácil, ganhar grana com ela é complicado e vai por aí. Mas que depois do álbum Dizzy up the girl (1998) e do hit Iris a paciência de muitos fãs vem sendo testada… Ah, isso vem rolando sim.

O EP Summer anthem, na verdade, é pouco mais do que um souvenir para os fãs – recentemente o Goo Goo Dolls teve seu hit Iris incluído na trilha de Deadpool & Volverine e a música não apenas voltou a ficar falada, como tem sido bastante aplaudida e esperada nos shows. Como estão estreando uma turnê chamada Summer anthem, aproveitaram o nome para o disquinho, que beira uma espécie de emo-soul em Ocean e dá aquele susto nos fãs quando lembra um Maroon 5 indie em Nothing lasts forever.

No geral, o número de momentos bacanas de Summer anthem não apagam a vontade de parar o disco no meio e ouvir os álbuns antigos dos Goo Goo Dolls. A energia power pop do grupo ressurge em Slightly broken, Misery e Such a mystery. Já Run all night dá uma crescida no ouvido mas é um som meio brega – no pior dos sentidos em que a palavra “brega” pode ser usada. Not goodbye (Close my eyes) encerra o disco com uma nota triste – e não que isso tenha a ver com o funéreo “feche meus olhos” do título. É que o Goo Goo Dolls, nesta faixa, surge fazendo aquele mesmo rock arenístico-gratiluz do Coldplay. Caraca…

Texto: Ricardo Schott

Nota: 6
Gravadora: Warner Music
Lançamento: 22 de agosto de 2025.

  • Relembrando: Goo Goo Dolls – A boy named Goo (1995)
  • Ouvimos: Replacements – Tim (Let it bleed edition)

 

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Crítica

Ouvimos: Desu Taem – “Molasses fighter jet”

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Desu Taem volta com Molasses fighter jet, mergulhando no metal caótico, cheio de clichês, zoeira e boas ideias entre punk e metal.

RESENHA: Desu Taem volta com Molasses fighter jet, mergulhando no metal caótico, cheio de clichês, zoeira e boas ideias entre punk e metal.

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Rapaz, mas não é que lá vem o Desu Taem de novo? Essa banda norte-americana lança vários discos por ano – sabe-se lá se recorrem a IA, ou se têm um vasto acervo de composições, mas o resultado sempre tem a tendência de sair interessante e bem louco.

Molasses fighter jet é o (já nem me atrevo a contar)º disco do grupo – e um grande índice de que o universo do metal, ou pelo menos a brincadeira com os clichês dele, tomam conta da musicalidade da banda, agora. Molasses abre com Forgotten chaos, metal cromado e palhetado que envolve mundo acabando, memórias chegando ao fim. E prossegue com as guitarradas oitentistas de Insufficient salt e a vibe Ministry de Why?! Além de um namoro com o som de bandas como Testament e Sepultura na bizarra Alarm clock masturbator – que ainda por cima ganha uns uivos vocais que parecem coisa do Charlie Brown Jr.

  • Ouvimos: Ming City Rockers – Clementine
  • Ouvimos: Babymetal – Metal forth

Boa parte do material de Molasses foi gravado com som de demo, com um cozidão de guitarras, baixo e bateria – que surge em I will not be assimilated (soando como uma demo do Judas Priest gravada em 1991), no blues-funk-metal de I will not break e de Cyanide Soul Sister, e na onda meio punk pop de Victimized, but content e It hurts to be cool. Caindo numa mescla de punk e metal em You’re a dick e Yet toboggan run, o Desu Taem ainda prega a teologia da brutalidade em Mosh pit theology e manda bala na mordacidade em Crucifix vendors fair e You can’t unseen that.

Aparentemente a zona dessa turma não tem fim (se bobear já estão gravando o próximo disco de 2025). Mas quando o Desu Taem faz mais zoeira e menos pastiche musical, se torna bem mais interessante.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Independente
Lançamento: 6 de agosto de 2025.

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