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Lançamentos

Radar: Edy Star, Adriano Grineberg, Domperidhona, Calorosa e outros sons novos

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Radar: Edy Star, Adriano Grineberg, Domperidhona, Calorosa e outros sons novos

O Radar já começa com sete novos sons nacionais – sendo que um deles, na real, já tem 50 anos de história, mas foi resgatado agora para o YouTube (é um clipe raro de ninguém menos que o monolito glam Edy Star). Deixe sua playlist maior ainda e ouça tudo em alto volume.

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ADRIANO GRINEBERG feat LAZZO MATUMBI, “SAMBA DA MINHA TERRA”. Se você ainda não ouviu Eufótico, disco lançado por Adriano Grineberg em 2024, trate de correr atrás. Pianista, cantor e compositor com os dois pés fincados no blues, ele reinterpretou nove clássicos de Dorival Caymmi em clima de groove e improviso. Desde então, seu mergulho na obra do baiano ganhou mais profundidade. No mês passado, foi a vez de Maracangalha ganhar nova cara. Agora, Grineberg convida Lazzo Matumbi, gigante da música da Bahia, para uma releitura incendiária de Samba da minha terra – misturando blues, rock e zydeco (a música folk negra do sul dos EUA), com direito a piano escorregadio, escaleta e órgão Hammond em ebulição.

DOMPERIDHONA, “PÃO E CIRCO”. Bia (baixo e vocal), Ana (guitarra) e Carol (bateria) formam o Domperidhona, trio punk de Curitiba que fala sobre guerras, alienação e desigualdade em alto e bom som. A vibração é parecida com a das bandas clássicas do punk nacional, como Cólera e Olho Seco – com um toque de L7. Pão e circo, faixa-título do EP lançado por elas, tem a agilidade elétrica dos Dead Kennedys e já começa com um “1,2,3,4” seguido de acordes e batidas que não dão descanso.

CALOROSA, “DE EMETÊ (DMT)”. Vamos deixar que a própria banda de Cuiabá (MT) defina seu som: “A música, uma mujica à cuiabana, traz rasqueado, lambadão, reggae e eletrônico. Um ritmo ardidinho e tropical com letras de deboche e crítica social, sem esquecer dos romances despretensiosos”. Prestes a lançar um novo EP, o grupo apresenta De emetê (DMT) um reggae-rap eletrônico e brasileiríssimo, com vocais ágeis que misturam peso, dança, experimentação e sarcasmo. Tudo isso se une num caldeirão cultural e sonoro que aborda política e sociedade com faro crítico e irônico – “é na bancada do boi / na bancada da bala / é no esquema do grilo / que vai doleta na bala”, diz um trecho da letra.

LUIZA GIRARDELLO, “GTFO (HOMEBREAKING)”. Indie-pop-bossa com pitadas de jazz e até um quê de rock progressivo, GTFO (Homebreaking) traz Luiza Girardello lidando com os rastros deixados por um relacionamento abusivo — e tão invasivo que a personagem da música já nem se sentia dona do próprio espaço. Mas da pressão nasce o despertar: ela assume a força de dizer que “não é tarefa minha consertar você / nem mesmo tentar entender”. Ah, sim: GTFO quer dizer exatamente isso que você pensou: “get the fuck out!” (algo como o popular “vaza daqui!”, mas dito com bem mais impaciência e atitude).

CITY MALL, “SAPPHIRE”. O City Mall faz som com propósito: se define como um projeto musical para acompanhar os momentos de espera, aquele tempo em que não resta muito além de matar o tempo. O EP Lobby songs já apareceu por aqui, e agora o grupo lança o clipe de uma das suas melhores faixas, Sapphire: um city pop de teclados antigos, que, na tela, vira trilha para uma história de sonhos, desafios e desejos – tudo dentro do espaço apertado de um… elevador.

ILYUSHIN, feat A TERRA VAI SE TORNAR UM PLANETA INABITÁVEL, “HOW DOES IT FEEL?”. Direto de Florianópolis, o Ilyushin mistura shoegaze, synthpop, dream pop, pitadas de metal, industrial e punk, tudo regado a um humor sarcástico e corrosivo. Fever dream, o segundo álbum do projeto, traz entre seus destaques How does it feel?, faixa que começa soturna, entre sintetizadores, e mergulha num clima de slowcore, com participação da banda shoegaze A Terra Ainda Vai Se Tornar Um Planeta Inabitável.

EDY STAR, “CLAUSTROFOBIA”. Morto em 24 de abril, aos 87 anos, Edy Star costumava dizer em entrevistas que, durante o tempo em que foi contratado da Som Livre, jamais pisou num programa da Rede Globo – a emissora que controlava a gravadora na época. Não foi bem assim. Em 1974, ele apareceu no Fantástico para divulgar seu disco Sweet Edy, num número musical absolutamente camp, dublando a faixa Claustrofobia, composta por ninguém menos que Roberto e Erasmo Carlos.

O clipe foi ao ar em 8 de maio daquele ano e mostrou Edy Star com um visual à la Marc Bolan (do T. Rex), dublando a música cercado por bailarinos usando máscaras contra gases – um toque visual que casava perfeitamente com versos como “pare de me sufocar” e “enquanto eu puder respirar”. Claustrofobia misturava, com insólita naturalidade, forró, samba ao estilo Jorge Ben e guitarras pesadas à la Black Sabbath. Esquecido por décadas, o vídeo acaba de ganhar nova vida graças a uma restauração feita pelo canal Videoteca do Jota, de João Antonio Franz.

Crítica

Ouvimos: Duda Beat, “Esse delírio vol. 1” (EP)

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Duda Beat mistura psicodelia, hyperpop e synthpop no EP Esse delírio, explorando amor e surrealismo ao lado de colaboradores.

RESENHA: Duda Beat mistura psicodelia, hyperpop e synthpop no EP Esse delírio, explorando amor e surrealismo ao lado de colaboradores.

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O agachamento de Duda Beat na capa do EP Esse delírio vol. 1 lembra vagamente o de Rhian Teasdale na capa de Moisturizer, novo disco do Wet Leg. As semelhanças quase param por aí – afinal, Duda não fez um disco de rock, muito menos de punk – mas ambos os discos tratam de assuntos como amor, sexo, introspecção, confortos e desconfortos por um viés quase surrealista,

Mexendo no terreno do hyperpop à brasileira, Esse delírio vol. 1 é um EP de indie pop muito bem composto, produzido e arranjado, com pelo menos uma participação inesperada – a banda goiana Boogarins ajuda Duda a fazer de Foi mal um rock psicodélico e texturizado, que já vem sendo chamado por aí de “Tame Impala brasileiro”, e comparado com as parcerias entre Miley Cyrus e Flaming Lips (nada a ver nos dois casos, e o contexto é bem outro, diga-se).

Você vai gostar, que traz a rapper Ajuliacosta, é indie pop com surpresas e dissonâncias, Nossa chance é pos-disco + piseiro com participação de TZ da Coronel, e a busca total de liberdade de Fuga cai dentro do synthpop e do eletrorock. Já Pessoa errada segue nessa mesma onda roqueira e eletrônica, mas com um clima adicional de bossa espacial. A curiosidade maior de Esse delírio acaba nem sendo a presença dos Boogarins, mas o fato do timbre de Duda lembrar nada ligeiramente o de Ivete Sangalo (!) na dançante e introspectiva Casa (que reaparece em demo acústica no final).

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Universal Music Brasil
Lançamento: 8 de agosto de 2025.

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Crítica

Ouvimos: The Armed – “The future is here and everything needs to be destroyed”

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The Armed retoma a barulheira inicial em disco apocalíptico e furioso, misturando hardcore, metal, punk e crítica política.

RESENHA: The Armed retoma a barulheira inicial em disco apocalíptico e furioso, misturando hardcore, metal, punk e crítica política.

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Vindo de Detroit, o The Armed é uma banda de formação variável, pela qual já passaram supostamente mais de cem músicos. O grupo foi pulando de uma visão bem particular de hardcore eletrônico para o som mais melódico do disco anterior, Perfect saviors – que resenhamos aqui. Um álbum bacana, mas faltava justamente a barulheira do começo, que volta fazendo doer ouvidos em The future is here and everything needs to be destroyed, o disco novo.

Para começar, o título do disco não deve nada ao que verdadeiros neo-fascistas das big tech andam pensando por aí com seus botões – também revela o que está por trás da pulsão de morte de políticos escrotos (Trump, B*lsonaro) e quem os elege. Daí The Armed decidiu fazer arte com o apocalipse musicado, tanto em sons quanto em clipe – quem já assistiu à porradaria inútil do vídeo de Well made play e se assustou com a briga e com a barulheira, tem uma ideia.

  • Ouvimos: Ministry – The squirrely years revisited
  • Ouvimos: The Dirty Nil – The lash

Do começo ao fim, The future… não dá paz a ninguem. Faixas como Purity drag e Kingbreaker soam como desastres de automóvel. Grace obscure é eletrônica e levemente lo-fi, quase uma cópula screamo de Ministry e Napalm Death. Broken mirror é um pesadelo sonoro, uma música que sai como se viesse de um escapamento de moto. Daí para a frente, o disco segue tão “normal” quanto possível, com o rock groovado e furioso de Sharp teeth, o stoner punk de I steal what I want, o metal-grunge psicodélico de Gave up e o pós-punk frio de Local millionaire – que soa como Killing Joke, só que extremamente violento e berrado.

Se a música não oferece sossego, imagine as letras de The future is here and everything needs to be destroyed. Cristãos anticristo surgem como soldados do mal em Broken mirror, autoestima masturbatória surge dos versos de Local millionaire (“esta é a nossa música para os haters”, diz Tony Wolski, criador do grupo), a democracia vista do avesso desponta em Gave up. E uma verdadeira catarse espera a/o ouvinte no fim do disco, com A more perfect design, amor e ódio juntos, em meio a recados anti-opressão (“não deixe que digam que você está errado / não deixe que digam que isso é equilíbrio / não deixe que eles questionem seu amor”).

Texto: Ricardo Schott

Nota: 10
Gravadora: Sargent House
Lançamento: 1 de agosto de 2025.

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Crítica

Ouvimos: It’s The Ocean – “Enfins” (EP)

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It's The Ocean, o projeto de Thiago Oceano, mistura folk, indie e grunge em estreia sensível e cheia de camadas sonoras.

RESENHA: It’s The Ocean, o projeto de Thiago Oceano, mistura folk, indie e grunge em estreia sensível e cheia de camadas sonoras.

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It’s The Ocean é o projeto criado pelo músico Thiago Oceano, que estreia com o EP Enfins. O próprio título do disco já mostra que, nas letras das canções, há bem mais por descobrir entre as palavras – o próprio Thiago afirma no release que boa parte do material surgiu do encontro com uma pessoa que passava por um momento delicado na vida.

Thiago, vindo do Capão Redondo (mesma área dos Racionais MCs, em São Paulo) opta por um som entre o folk e o indie rock para transmitir letras que operam basicamente em preto-e-branco. Um dia te vi é uma balada perdida, cheia de ecos, com certo ar grunge – lembrando até o Nirvana – e os vocais de Barbara Guanais (Brita). A greve do sol vai na onda do guitar rock, com participação de Menino Thito. Na fila por palavras tem ar psicodélico dado justamente pelo uso das guitarras.

No fim de Enfins, Tão real tem violão forte e ágil na abertura, localizando-se entre os estilos que mais marcam o disco (grunge, psicodelia e a MPB). O disco é um começo cheio de sensibilidade.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7,5
Gravadora: Dona Dete Records
Lançamento: 1 de agosto de 2025.

  • Ouvimos: Cícero – Uma onda em pedaços
  • Ouvimos: Kurt Vile e Luke Roberts – Classic love (EP)

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