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Destaque

POP FANTASMA apresenta Flores de Plástico, “Retinas”

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O nome da banda Flores de Plástico, de São Gonçalo (RJ), não surgiu por causa da música Flores, dos Titãs. “O nome vem da ideia de sermos uma banda de folk da cidade. A ideia de que hoje tudo pode ser falso”, teoriza o Romulo Narducci, que divide a banda com os músicos Gustavo Guedes, Murillo Peres, Marcelo Oliveira e o vocalista Victor Morris, que se alternam em instrumentos como guitarra, bateria, violão e baixo. O grupo acaba de lançar o terceiro single de 2020, Retinas.

“As pessoas hoje em dia, podem ser o que quiserem por detrás dos seus computadores ou celulares. O advento da internet nos conduziu a falsas realidades no convívio das redes sociais, seja nas relações pessoais, amorosas ou na política. Existem casos em que amizades e relacionamentos amorosos se mantém sem as pessoas nunca terem se visto. Existem governos que chegam ao poder através de mentiras, vivemos um mundo platônico e que a mentira por vezes prevalece sobre o que é real e verdadeiro”, conta ele, que na música nova, contou justamente a história de um sujeito que se apaixona por uma garota nas redes sociais. “É o desejar e não ter, ou o ter e não poder tocar, é o sexo virtual, o amor platônico da modernidade fria, são os olhos vidrados que queimam na tela do celular por alguém que as vezes pode nem existir de verdade”.

MÚSICAS DE TRABALHO

A banda já lançou em 2020 os singles Andaluzia e Pai dos trovões. A ideia é lançar um single por mês e ir trabalhando um após o outro até lançar um álbum.

“Quando se trabalha um álbum ou um EP, você escolhe a sua música de trabalho. Pode ser uma, duas ou três no máximo. As demais podem ser até o que chamamos de anticonvencionais, experimentais, dependendo da proposta de cada banda. Mas trabalhar single a single, é um desafio ainda maior. Pois cada canção tem que ser a música de trabalho. O bom desse desafio é que fechando um álbum com essas canções, você pode ter uma obra-prima ao final”, conta Rômulo, cuja banda tem referências de grupos como Secos & Molhados, Violeta de Outono, Legião, Neil Young, Beatles, The Cure e REM.

FORMAÇÃO E SHOWS

O Flores de Plástico formado por amigos que já estiveram juntos em outros grupos, como Láudano, Expresso Lunar e Mangusto – na qual Rômulo, Gustavo e Marcelo Oliveira tocaram ao lado de um grande batalhador do underground carioca, Wagner José. Victor se tornou amigo de Rômulo nos bares, quando mostrava seu repertório como músico, e acabou integrado à nova banda.

O grupo começou a lançar seus primeiros singles no meio da pandemia e não chegou a fazer shows. Romulo diz que o Flores só vai tocar ao vivo com segurança, quando já houver uma vacina para a covid-19, e que a primeira missão é formar um repertório nas plataformas de streaming, até que haja o suficiente para um álbum. Justamente pelo isolamento, o grupo vem se encontrando pouco e trocando ideias pelo WhatsApp. Possivelmente nos shows, vão rolar músicos extras – é uma ideia da banda.

“Nos encontramos mais no home studio do Felipe Kbça (que foi da banda Carlos Spihler). Ele tem trabalhado conosco nos processos de gravação, mixagem e masterização. Mas até nas gravações, as vezes, nos dividimos em dois grupos”, conta o vocalista.

MÚSICA, PROSA E POESIA

Além da música, Romulo é escritor e tem um livro de poesia pronto para sair pela editora Patuá, Me dê um tiro mas não me venha com poemas de amor, além de outro livro de contos, Microfonia, sobre histórias de rock de periferia. “Tem ficção, terror, suspense e até um pouco de erotismo. Mas as histórias e seus personagens vivem esse universo do rock and roll”, conta ele, que desde criança sonhava em ter uma banda, até que vieram o teatro e a poesia na sequência. Ele diz que os caminhos para novos escritores são múltiplos nos dias de hoje, mesmo num país em que tanto a pandemia quanto a política são cruéis com a arte.

“Para se lançar no mercado literário hoje em dia, não há um ingrediente. As novas gerações apostam nas publicações virtuais, pois os mais jovens têm consumido muita literatura através das plataformas para lerem em seus kindles, celulares… Outros mergulham em coletâneas, e participam de games literários, como a Flup (Festa Literária das Periferias), por exemplo. Eu mesmo já publiquei em três coletâneas pela Flup. Enfim, cada um vai buscando o seu caminho. Não há regra. Não basta escrever bem. Você tem que ser lido. Ter a sorte de ser descoberto”.

PLAYLISTS

A banda vem investindo em playlists para quem quiser conhecer trabalhos no estilo deles, ou artistas que o Flores de Plástico gosta. “Criamos três playlists até o momento. Uma só de musica brasileira, e as outras duas internacionais. O bacana é que numa dessas playlists, a chamada Até onde o mar nos levar, colocamos músicas de artistas latinos como Uruguai, Argentina, e de países lusófonos, como Portugal e Angola”, conta Rômulo.

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Cultura Pop

Quando Suicide gravou… “Born in the USA”, do Bruce Springsteen

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Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

A way of life, disco de 1988 da dupla de música eletrônica Suicide, é tido como um disco, er, acessível. Acessível à moda de Martin Rev e Alan Vega, claro. O disco pelo menos podia ser colocado tranquilamente na prateleira dos artífices da darkwave e era bem mais audível do que o comum de um grupo que havia lançado a assustadora Frankie teardrop. O disco era produzido por Ric Ocasek, líder dos Cars (que já havia produzido o segundo disco deles, de 1981, Alan Vega/Martin Rev), e tinha até uma eletro-valsinha, Surrender, além de um estiloso misto de rockabilly e synthpop, Jukebox baby 96.

O que ninguém esperava era que a dupla tivesse feito nessa mesma época uma estranhíssima versão de… Born in the USA, de Bruce Springsteen. A faixa surge numa versão ao vivo, gravada num show de Vega e Rev em 1988, em Paris. A dupla nem sequer disfarçou que a ideia era fazer uma versão bem lascada – saca só o sintetizadorzinho da música, e a referência a músicas como Lucille, de Little Richard, e o tema When the saints go marching in, logo na abertura. A “versão” da faixa resume-se a quase nada além do título da canção. Parece um karaokê do demo (e é).

A versão poderia ser uma bela pirataria, mas vira oficial nesse mês: vai aparecer em uma reedição de A way of life, prevista para o dia 26. A edição de luxo estará disponível em vinil azul transparente com Born in the USA e em CD com quatro faixas bônus, além do formato digital. O material extra inclui versões ao vivo de Devastation e Cheree, bem como uma versão inicial de estúdio de Dominic Christ. O pesquisador Jared Artaud encontrou as faixas enquanto trabalhava no arquivo de Vega, após a morte do cantor em 2016.

Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

E se você não sabia, vai aí a surpresa: Springsteen tá bem longe de ser um sujeito que diria “what?” ao ser informado da existência do Suicide. Pelo contrário: era fã da dupla e costumava dizer que a estreia do Suicide, o disco epônimo de 1977, era “um dos discos mais sensacionais que já ouvi”. Em 1980, o cantor esteve com a dupla e Vega descobriu que Springsteen era seu fã – e se surpreendeu.

“Ele estava gravando o disco The river (1980) e nós estávamos gravando nosso segundo álbum em Nova York. Então tivemos uma reunião de audição do nosso álbum. Havia três ou quatro figurões da nossa gravadora, e Bruce também estava lá. Depois que tocamos o álbum, houve um silêncio mortal… exceto por Bruce, que disse, ‘Isso foi ótimo pra caralho.’ Ele fazia questão de nos dizer o quanto nos amava”, contou em 2014 ao New York Post.

Mais: um texto do site Treblezine, a partir de audições da obra de Bruce e de entrevistas do Suicide, descobre: a dupla influenciou muito o sombrio disco Nebraska, tido como o “primeiro disco solo” (sem a E Street Band) de  Springsteen (1982), basicamente um disco sobre crise, desemprego e gente à beira do desespero pela falta de oportunidades. Houve uma versão elétrica e pesada de Nebraska, mas Bruce quis lançar o disco acústico, de voz, violão e registros crus, e que de fato lembram o clima esparso do Suicide do primeiro disco.

Na dúvida, ouça State trooper, cujos uivos lembram bastante os gritos (sem aviso prévio) de Frankie teardrop. “Lembro-me de entrar na minha gravadora logo após o lançamento do meu disco”, disse Vega depois de ouvir State trooper pela primeira vez. “Eu pensei que era um dos meus álbuns que eu tinha esquecido. Mas era Bruce!”

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Cultura Pop

No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

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No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

A morte do baixista Cliff Burton, em 27 de setembro de 1986, desorientou muito o Metallica. Além do que aconteceu, teve a maneira como aconteceu: a banda dormia no ônibus de turnê, sofreu um acidente que assustou todo mundo, e quando o trio restante saiu do veículo, só restou encarar a realidade. A partir daquele momento, estavam não apenas sem o baixista, como também estavam sem o amigo Cliff, sem o cara que mais havia influenciado James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammett musicalmente, e sem a configuração que havia feito de Master of puppets (1986) o disco mais bem sucedido do grupo até então.

Hoje no Pop Fantasma Documento, a gente dá uma olhada em como ficou a vida do Metallica (banda que, você deve saber, está lançando disco novo, 72 seasons) num período em que o grupo foi do céu ao inferno em pouco tempo. O Metallica já era considerado uma banda de tamanho BEM grande (embora ainda não fosse o grupo multiplatinado e poderoso dos anos 1990) e, justamente por causa disso, teve que passar por cima dos problemas o mais rápido possível. E sobreviver, ainda que à custa justamente da estabilidade emocional de Jason Newsted, o substituto do insubstituível Cliff Burton…

Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: Skull Koraptor e Manger Cadavre?

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta-feira!

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Destaque

Dan Spitz: metaleiro relojoeiro

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Se você acompanha apenas superficialmente a carreira da banda de thrash metal Anthrax e sentia falta do guitarrista Dan Spitz, um dos fundadores, ele vai bem. O músico largou a banda em 1995, pouco antes do sétimo disco da banda, Stomp 442, lançado naquele ano. Voltaria depois, entre 2005 e 2007, mas entre as idas e as vindas, o guitarrista arrumou uma tarefa bem distante da música para fazer: ele se tornou relojoeiro (!).

A vida de Dan mudou bastante depois que o músico teve filhos em 1995, e começou a se questionar se queria mesmo aquela vida na estrada. “Fazíamos um álbum e fazíamos turnês por anos seguidos, e então começávamos o ciclo de novo – o tempo em casa não existia. É uma história que você vê em toda parte: tudo virou algo mundano e mais parecido com um trabalho. Eu precisava de uma pausa”, contou Spitz ao site Hodinkee.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Rockpop: rock (do metal ao punk) na TV alemã

Na época, lembrou-se da infância, quando ficava sentado com seu avô, relojoeiro, desmontando relógios Patek Philippe, daqueles cheios de pecinhas, molas e motores. “Minha habilidade mecânica vem de minha formação não tradicional. Meu quarto parecia uma pequena estação da NASA crescendo – toneladas de coisas. Eu estava sempre construindo e desmontando coisas durante toda a minha vida. Eu sou um solucionador de problemas no que diz respeito a coisas mecânicas e eletrônicas”, recordou no tal papo.

Spitz acabou no Programa de Treinamento e Educação de Relojoeiros da Suíça, o WOSTEP, onde basicamente passou a não fazer mais nada a não ser mexer em relógios horrivelmente difíceis o dia inteiro, aprender novas técnicas e tentar alcançar os alunos mais rápidos e mais ágeis da instituição.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Discos de 1991 #9: “Metallica”, Metallica

A música ainda estava no horizonte. Tanto que, trabalhando como relojoeiro em Genebra, pensou em largar tudo ao receber um telefonema do amigo Dave Mustaine (Megadeth) dizendo para ele esquecer aquela história e voltar para a música. Olhou para o lado e viu seu colega de bancada trabalhando num relógio super complexo e ouvindo Slayer.

O músico acha que existe uma correlação entre música e relojoaria. “Aprender a tocar uma guitarra de heavy metal é uma habilidade sem fim. É doloroso aprender. É isso que é legal. O mesmo para a relojoaria – é uma habilidade interminável de aprender”, conta ele. “Você tem que ser um artista para ser o melhor – seja na relojoaria ou na música. Você precisa fazer isso por amor”.

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