Lançamentos
Pai e filho: Benito di Paula e Rodrigo Vellozo lançam versão de “Amigo do sol, amigo da lua”

Se você acompanhou a novela de Rede Globo A gata comeu, que passou originalmente na TV em 1985 e já foi reprisada um número considerável de vezes, tem uma grande chance de você se recordar de Amigo do sol, amigo da lua, um dos últimos grandes hits de Benito di Paula, bastante executada na trama e aberta com uma combinação de piano e coral que gruda na mente. A música havia sido composta por Benito em homenagem ao nascimento do seu filho, Rodrigo Vellozo. E hoje pai e filho relembram a música num single novo, em dupla, que adianta o EP Do jeito que a vida quer, previsto para setembro. A regravação, como não poderia deixar de ser, é uma homenagem ao Dia dos Pais.
Além da música, pai e filho lançam um vídeo registrando alguns momentos da gravação da faixa. “É uma emoção muito grande apresentar essa canção. Amigo do sol, amigo da lua, é uma gravação histórica do meu pai que sempre fez parte do repertório dos shows, foi tema de novela e teve um impacto muito grande na época do lançamento, na década de 1980″, conta Rodrigo, lembrando que essa faixa, lançada originalmente num álbum de Benito chamado Que brote enfim o rouxinol que existe em mim (RGE, 1984), não estava nem nas plataformas de streaming.
O músico diz que a canção do pai é cheia de significado para toda a família. “A relação com meu pai foi transformada de maneira muito intensa com a chegada da minha filha. Regravar essa faixa neste contexto revelou camadas diversas e profundas de significação da nossa relação. É como se fosse uma continuação da gravação de Aurora, que ele compôs na ocasião do nascimento da minha filha, em 2021″, lembra Rodrigo.
Confira o vídeo e a música (foto: Murilo Alvesso/Divulgação)
Lançamentos
Radar: David Byrne com Hayley Williams, Struts com Brian May, Saint Etienne com Confidence Man – e mais

A gente tá tendo que fazer quase um jogo de quebra-cabeças com as músicas que vão saindo, para pelo menos não ficar muito distante das datas de lançamentos. Uma visitinha no YouTube já revela vários singles e clipes fortes que saíram só ontem – um deles abre o Radar internacional de hoje, e é o que reúne David Byrne e Hayley Williams. Ouça tudo em altíssimo volume.
Texto: Ricardo Schott – Foto (David Byrne): Shervin Lainez/Divulgação
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DAVID BYRNE feat HAYLEY WILLIAMS, “WHAT IS THE REASON FOR IT?”. Se você estava esperando ansiosamente o novo disco de David Byrne, Who is the sky?, está com mais sorte do que os fãs de longa data que aguardavam uma volta dos Talking Heads – o disco novo sai nesta sexta (5), mas o músico disse num papo com a Rolling Stone não ter interesse algum num retorno do grupo, basicamente porque não acha possível fazer acontecer a mesma coisa de novo.
De qualquer jeito, para adiantar o novo álbum, saiu mais um single nesta semana – é o batidão latino What is the reason for it?, cuja letra tenta analisar o amor fora de parâmetros lógicos. Hayley Williams (Paramore) divide os vocais com David. E a faixa já ganhou um clipe excelente em que o artista Dustin Yellin usa IA para animar mais de 20 desenhos feitos pelo próprio Byrne.
SPOON, “CHATEAU BLUES” / “GUESS I’M FALLIN IN LOVE”. O próximo disco do Spoon ainda não tem data para sair, mas já está sendo preparado. Justamente pela indefinição de lançamento, o grupo decidiu que essas duas músicas precisavam sair logo agora. As canções foram produzidas pela própria banda ao lado de Justin Meldal-Johnsen (Beck, Nine Inch Nails, St. Vincent), e valem o tal lançamento rápido: Chateau é um punk garageiro de primeiríssima, daquelas músicas que você escuta e grudam rapidamente; e Guess deixa um clima próximo do krautrock e do pós-punk vaporizar na área. As duas faixas já ganharam lyric videos (confira abaixo).
Vale citar que Britt Daniel, cantor do grupo, está numa felicidade daquelas, já que o Spoon circula por aí abrindo para os Pixies. “Sejamos sinceros, uma das três maiores bandas de todos os tempos. Uma banda que alguns talvez conheçam, é muito próxima e querida para mim há muito tempo. É um verdadeiro prazer e estamos muito felizes por voltar ao mundo dos shows por um segundo. Vejo vocês lá na frente”, avisa aos fãs.
THE STRUTS feat. BRIAN MAY. “COULD HAVE BEEN ME”. Lembra quando essa banda britânica de glam rock despontou com o hit Could have been me, em 2013? Atualmente em turnê, e sem álbuns novos planejados para 2015, os Struts revisitaram seu hit com uma colaboração especial: ninguém menos que Brian May, do Queen, na guitarra. “Esta música é sobre conquistar seus sonhos e viver a vida ao máximo, independentemente dos obstáculos. É um hino poderoso que nos lembra de perseguir o que incendeia nossas almas”, diz o cantor Luke Spiller, chamando Brian de “herói”.
May, por sua vez, disse à Classic Rock Magazine que Spiller o fazia lembrar de Freddie Mercury, e ainda afirmou que adoraria ter escutado Could have been me quando era criança. “É uma das melhores músicas de rock de todos os tempos. Na verdade, foi mais ouvida nos Estados Unidos do que na Grã-Bretanha: passou despercebida pelas pessoas aqui, e não deveria ter passado. Espero que esta seja uma oportunidade para a música realmente conectar o mundo todo”.
SAINT ETIENNE E CONFIDENCE MAN, “BRAND NEW ME”. International, o suposto último disco do Saint Etienne sai nesta sexta (5). Só pelos singles que já saíram, dá para supor que vem um discaço por aí – mas a banda ainda resolveu lançar mais um compactinho, Brand new me, feito lado a lado com a australiana de electro pop Confidence Man.
Na faixa, Sarah Cracknell, do Saint Etienne, divide vocais com Janet Planet, do Confidence. Mas o que vai deixar todo mundo babando é o clipe da faixa, feito em clima de Hanna-Barbera, e de desenhos animados como a abertura da série A Feiticeira. O vídeo foi dirigido e animado por Kyle Platts e Matt Lloyd, e traz as duas bandas competindo num programas de auditório muito doido.
THURSTON MOORE, “TEMPTATION INSIDE YOUR HEART”. Os fãs mais roxos do Velvet Underground devem se lembrar de Temptation inside your heart – uma música do grupo, feita por Lou Reed, gravada originalmente em 1968 mas só lançada no disco póstumo V.U. (1985). O ex-Sonic Youth Thurston vem fazendo alguns singles após lançar seu álbum mas recente, Flow critical lucidity (resenhado por nós aqui): nesse ano saíram The serpentine e um releitura de Now I wanna sniff some glue (Ramones) feita ao lado do Napalm Death. E dessa vez, ele decidiu dar sua cara própria à canção do Velvet. Fez o possível até para soar um pouco parecido com Lou cantando, embora sua releitura seja bem mais pós-punk e fria que o original balançante do Velvet. Confira cover e original aí embaixo.
TAMAR BERK, “STAY CLOSE BY”. Nesta sexta, sai o álbum novo da californiana Tamar, OCD – e ela é uma daquelas artistas independentes que usam a música quase como crônicas do seu dia a dia. O site The Big Takeover, por exemplo, já ouviu OCD e definiu-o como o álbum mais “pessoal” já lançado por ela. Stay close by, single do disco, traduz os pensamentos de Tamar numa onda entre o indie rock e a psicodelia, com vocais doces e vibe quase (quaaaase…) shoegaze. Vale ouvir e esperar pelo disco inteiro.
OMNI, “HIGH CEILINGS”. Bandaça da Georgia que faz pós-punk como se não houvesse nem amanhã nem ontem – e cujo som lembra uma mescla bizarra de Television e Black Sabbath – o Omni soltou recentemente pela Sub Pop seu novo single, High ceilings, doido de tão experimental e cáustico. Antes, em junho, o grupo já havia lançado um outro single, Forever beginner. Será que há um álbum novo surgindo por aí em 2025? Pode ser, mas as duas faixas são fruto das sessões do excelente quarto álbum do grupo Souvenir, lançado no ano passado (e resenhado pela gente aqui).
Crítica
Ouvimos: Mundo Livre S/A – “Sessões Selo Sesc #15” (ao vivo)

RESENHA: Mundo Livre S/A lança álbum ao vivo pelo Selo Sesc, celebrando 40 anos de banda e 30 da estreia Samba esquema noise. Histórico.
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No ano passado, a banda pernambucana Mundo Livre S/A fez comemoração dupla: trinta anos de sua estreia Samba esquema noise (1994) e quarenta anos de existência – o grupo foi formado em 1984 e já havia aparecido em seções de notinhas da revista Bizz anos antes da publicação dar espaço generoso para seu primeiro álbum).
O álbum ao vivo do grupo lançado pelo Sessões Selo Sesc #15 traz uma apresentação do Mundo Livre S/A no Sesc Ipiranga, em 16 de agosto do ano passado. Na comemoração, boa parte do repertório da estreia foi tocada e gravada ao vivo, em versões extensas e repletas de histórias contadas pelo vocalista Fred Zero Quatro – que chega a pedir desculpas aos funcionários do local por esticar o show com os bate-papos. Sem problemas: por causa das histórias, show e disco se transformam em documentos, com direito a Fred avisando que estava para sair “uma biografia da banda escrita pelo jornalista carioca Pedro de Luna” (e que não apenas já saiu como está à venda).
De principal, o disco ao vivo mostra como a fórmula musical do Mundo Livre S/A serviu de modelo para várias bandas de sucesso entre os anos 1990 e 2000. O balanço samba-rock do grupo foi chupado pelo Charlie Brown Jr em várias músicas, a obsessão por beats jorgebenianos virou uma obsessão do Planet Hemp e do Rappa, a estranhice herdada de Talking Heads e Tom Zé rendeu vários trabalhos indies vários anos depois de Samba esquema noise sair. Homero o junkie abre nessa onda, unindo peso herdado do Clash e vibe pós-punk. O clima galante, sacana e praieiro de Musa da Ilha Grande, e o balanço de A bola do jogo (“a alma do trabalhador é como um carro velho / só dá trabalho”) mantêm esse clima.
O Mundo Livre S/A recorda causos bancários do tempo do talão de cheques em Saldo de aratu, une samba e anti-psiquiatria na psicodélica Terra escura, lembram antigos impérios televisivos em O mistério do samba (“o samba não é do Gugu / o samba não é do Faustão”) e releem o hino Manguebit unindo rock, reggae e um trecho adaptado de London calling, do Clash. A praieira, outro hino, só que de Chico Science e Nação Zumbi, vira brega-dub-psicodélico nas mãos deles, com ruídos e alguns segundos de algazarra no final. Histórico.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 10
Gravadora: Selo Sesc
Lançamento: 22 de agosto de 2025.
Crítica
Ouvimos: Ebony – “KM2”

RESENHA: KM2, de Ebony, mistura rap, funk, R&B e protesto em um retrato cru da Baixada, entre traumas, empoderamento e batidões.
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Casca-grossa é pouco: oscilando entre funk e rap, KM2, disco da rapper Ebony, é um suco cruel da realidade. Com nome fazendo referência à violenta Queimados, na Baixada Fluminense (chamada por ela e amigos de “KM-dois”), o disco une sexo, beats pesados, tiros, machismo, abusos, crueldades e desigualdades do dia a dia.
A viagem começa pelas gravações de telejornais na faixa-título, e segue com a mescla de protesto e ostentação sexy e empoderada de Parte do mundo (“como eu não ia querer fazer algo pro mundo? / no tempo total, a gente vive e morre em um segundo”), Gin com suco de laranja e Festas e manequins (“eu nunca fui essas meninas tipo manequim / por isso é estranho elas querendo ser iguais a mim”). Ebony, você deve lembrar, foi a rapper que peitou o machismo no rap com a música Espero que entendam, que chamava pro pau artistas como Baco Exu do Blues, L7, Filipe Ret e Orochi.
O som de KM2 tem vocal rápido, referências de r&b, batidões, e às vezes, uma vibe próxima da MPB e até do jazz, como em Triplex e Hong he (“Rita Lee, agora eu gosto de MPB / a gente ia ser amiga que eu sei”). Mandando a real, Ebony fala de porradas reais e psicológicas em faixas tensas como Vale do silício, com Black Alien (“e o que é correr perigo na mão de falsos amigos / se pra cada rima minha é um trauma? / e ninguém liga pros seus traumas”) e o peso familiar de Não lembro da minha infância (“não tenho medo de monstros, quando os meus tios chegavam / eu dormia embaixo da cama / eu fiquei amiga das aranhas / o que Jesus faria nessa circunstância?”). E sai por cima no batidão perigoso de Kia e Roubando livros.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 8
Gravadora: Independente
Lançamento: 12 de maio de 2025
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