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Crítica

Ouvimos: Chappell Roan, “The rise and fall of a Midwest princess”

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Ouvimos: Chappell Roan, "The rise and fall of a Midwest princess"
  • The rise and fall of a Midwest princess é o primeiro álbum da cantora Chappell Roan, que tem 26 anos. O álbum foi lançado em 22 de setembro de 2023 pelo selo Amusement, da Island Records, e teve nove singles lançados até chegar nas lojas. Dois deles saíram bem antes do contrato dela com o selo, em 2020 (Pink Pony Club e California).
  • Chappell, que nasceu no Missouri mas vive hoje em Los Angeles, começou a tocar piano na infância. Sua carreira já vem de antes: em 2017 ela havia assinado com a Atlantic e lançado um EP, School nights, que não fez sucesso – o que provocou sua retirada do elenco da gravadora. Enquanto investia na carreira de artista, ela chegou a trabalhar como barista e babá.
  • Seu produtor, Dan Nigro, é o mesmo que cuidou bem de perto dos dois álbuns de Olivia Rodrigo – e Chappell abriu as duas turnês de Olivia. Na época do contrato com a Atlantic, abriu tours de Vance Joy e Declan McKenna.
  • Chappell, cujo nome verdadeiro é Kayleigh Rose Amstutz, é lésbica, tem visual inspirado nas drag queens e sua música é enxergada como parte da cultura queer. O novo single, Good luck, Babe!, que chegou aos 50 mais do Spotify, fala sobre uma mulher que tenta negar seus sentimentos por mulheres.

De um tempo para cá todo mundo começou a falar de uma cantora pop cujo álbum de estreia já saiu tem uns meses (este The rise and fall of a Midwest princess é um lançamento de setembro de 2023) e cujo novo single, Good luck, babe!, saiu em 5 de abril, mas chegou há pouco às 50 mais virais do Spotify. A história musical de Chappell Roan tem, de qualquer jeito, algo que faz recordar um pouco a de Alanis Morissette. Ou seja: cantora começa a trabalhar ainda na adolescência, demora alguns anos para fazer sucesso de verdade e chega à fama, aparentemente, de maneira bem mais meticulosa e menos meteórica do que vários outros artistas atuais. Uma artista cuja carreira tem um segundo ato – algo raro nesses tempos urgentes.

Tanto que, ouvido com nove meses de atraso, The rise and fall… impressiona pelo fator novidade, de música feita para o seu tempo – ou seja: para adolescentes que provavelmente não se identificam com a postura “melhor amiga” de Taylor Swift. Mas ao mesmo tempo rolam outros tipos de comunicação musical ali: músicas como o trio de abertura, Femininomenon, Red wine supernova e After midnight fazem imaginar a menina Kayleigh Rose Amstutz (nome verdadeiro de Chappell) crescendo no Missouri como fã de artistas como Fleetwood Mac, ABBA, Katy Perry (grande referência em todo o disco, ao que parece), Lady Gaga e Gwen Stefani.

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Em especial, até o clima cheerleader de alguns hits solo de Gwen, bem como o tom dramático da fase mainstream de sua banda No Doubt, batem ponto em vários momentos do disco de Chappell. Que, une momentos dançantes, agudinhos próximos do country (em excesso, quase sempre), canções grudentas (o pop-rock Red wine supernova, a balada Casual e os synth pops Hot to go! e Super graphic ultra modern girl são dessas) e letras sexualmente ativas. E algumas baladas nostálgicas e derramadas na onda Lana Del Rey-Adèle (a chatinha Kaleidoscope e a bela Picture you).

The rise and fall… fica mais interessante quando exibe Chappell como filha de uma mescla de anos 1980 e 2000. Como nos sintetizadores da radiofônica-ao-extremo Naked in Manhattan e de Guilty pleasure, ou no balancinho meio Lily Allen de After midnight. Uma estreia legal, embora faça falta ainda uma cara própria e algo que faça com que Chappell seja reconhecida à distância musicalmente, e não apenas visualmente.

Nota: 7,5
Gravadora: Amusement/Island

Crítica

Ouvimos: Mandrake Handshake – “Earth-sized worlds”

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No álbum Earth-sized worlds, o Mandrake Handshake mistura rock psicodélico, bossa, kraut e afro-pop num som coletivo que parece remixar 1967 com o futuro.

RESENHA: No álbum Earth-sized worlds, o Mandrake Handshake mistura rock psicodélico, bossa, kraut e afro-pop num som coletivo que parece remixar 1967 com o futuro.

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Vindo da Inglaterra, com integrantes divididos entre Londres e Oxford, o Mandrake Handshake funciona como uma espécie de Novos Baianos da terra dos Beatles. A sonoridade é comunitária e o dia a dia é de coletivo musical, contando com “de sete a dez integrantes” (dizem sites gringos). O som de Earth-sized worlds não tem nada a ver com o do Stereolab, mas uma ideia parece unir as duas bandas: botar eras diferentes para conversar.

Músicas como o easy listening Time goes up, a bossa dub Charlie’s comet e o krautrock com balanço Hypersonic super-asteroid unem rock dos anos 1960, rajadas sonoras de 2025 e música brasileira vintage (em alguns momentos, as orquestrações lembram algo do Moacir Santos), quase sempre com um subtexto espacial. Muita coisa surge filtrada por influências de Mutantes, Azymuth e até afro-pop, como nas batidas sombrias e dançantes de Barranmode, na vibração quase nordestina de The change and the changing e no balanço californiano anos 60 de Lorenzo’s desk.

  • Ouvimos: Beto – Matriz infinita do sonho
  • Ouvimos: Stereolab – Instant holograms on metal film
  • No nosso podcast, Primal Scream do começo à fase de Screamadelica

Nos momentos mais roqueiros do disco, o Mandrake Handshake chega a evocar Santana Band, The Doors e até vibes do Screamadelica, do Primal Scream – um bom exemplo disco é o pós-disco texturizado de King cnut. No final, a faixa-título dura mais de dez minutos em clima de viagem. Abre com um tema hippie-meditativo, cantado em coral, como se fosse algo quase religioso – prossegue em tom cerimonial, com percussões, vocais, som de mellotron, ganha ares de voo noturno.

Earth-sized worlds é uma viagem cósmica e coletiva que soa como se o verão de 1967 tivesse sido remixado no futuro.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Tip Top Recordings
Lançamento: 21 de fevereiro de 2025

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Crítica

Ouvimos: Saturno Express – “Tenho sonhos elétricos”

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No álbum Tenho sonhos elétricos, o Saturno Express estreia com psicodelia, city pop e bossa espacial em um disco que é puro delírio sonoro e jazz pop.

RESENHA: No álbum Tenho sonhos elétricos, o Saturno Express estreia com psicodelia, city pop e bossa espacial em um disco que é puro delírio sonoro e jazz pop.

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Duo paulista formado por Mariah Rodrigues e Breno Ferrari, o Saturno Express foi criado na pandemia, e vem rendendo até hoje – Tenho sonhos elétricos é o primeiro álbum dos dois. Com inspiração em estilos como bossa nova, synthpop e jazz fusion, o Saturno Express traz climas ligados à psicodelia e ao city pop em faixas espaciais como Contatos imediatos e a quase progressiva Delírio total. Músicas como Quem me dera, Conto de verão e o pop adulto oitentista Vamp trazem clima derretido, com ritmos evoluindo em torno da canção, de forma quase jazzística.

Muita coisa em Tenho sonhos elétricos vem de uma confluência com o lado rock-soul-jazz do Clube da Esquina, como rola em Homem espiral e nos vários tons e batidas de Seja lá como for, que remetem a Focus e Gentle Giant também. A balada Não vá se apagar tem piano e bateria soltos no espaço, com eco e sombras. IDWBWU, com letra em inglês, é bossa espacial, psicodélica sem clichês de psicodelia. Um disco para sonhar acordado.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 26 de junho de 2025.

  • Ouvimos: 43duo – Sã verdade (EP)
  • Ouvimos: Araúnas – Relva
  • Ouvimos: Pedro Mizutani – Mostrando os dentes (EP)

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Crítica

Ouvimos: Juliano Costa – “Chamar alguém de amor”

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Juliano Costa mistura Stereolab, Roberto Carlos e britpop em Chamar alguém de amor, disco lo-fi e romântico com ecos de brega e psicodelia.

RESENHA: Juliano Costa mistura Stereolab, Roberto Carlos e britpop em Chamar alguém de amor, disco lo-fi e romântico com ecos de brega e psicodelia.

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Você já se imaginou ouvindo uma mistura de Stereolab, Roberto Carlos, bubblegum 60’s – tudo cantado com voz empostada e grave como a de vários vocalistas do britpop, e um certo tino punk herdado de artistas como Júpiter Maçã? Se não imaginava, o escritor e músico paulistano Juliano Costa faz exatamente isso em seu terceiro disco, Chamar alguém de amor.

A estética de Juliano no disco novo, volta e meia lembra bastante a de artistas como Odair José, só que tudo misturado com um certo senso de estranheza, que às vezes leva para o lado da psicodelia (Tcharam), às vezes para um clima pós-jovemguardista (Eu amo essa mulher e Chamar alguém de amor). Me leva é uma espécie de brega vaporwave, lembrando bastante Roberto Carlos na maneira de cantar. Fica sob a pele é um brega maldito que poderia ter sido composto ou produzido por Raul Seixas em início de carreira. Em algumas faixas, Juliano convidou amigos como Helena Aranha, Millena Rosado e Gabriel Serapicos para dividir os vocais.

Seguindo na audição, Sol e lua soa como José Augusto cantando britpop. Brigar é fácil é indie grudento. Bagunça dá uma cara mais power pop para o álbum. Já Tudo outra vez é uma balada beatle que, antes de começar a narrar qualquer desventura amorosa, começa com um “puta que pariu, aconteceu de novo, não é possível”. Juliano também soa como um Roberto Carlos maníaco e como um Beach Boys descontrolado em A força. Pura diversão romântica lo-fi.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Independente/Tratore
Lançamento: 2 de julho de 2025

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