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Clássicos de Beatles, Pink Floyd e Jimi Hendrix no… gayageum (!)

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Clássicos de Beatles, Pink Floyd e Jimi Hendrix no... gayageum (!)

Se você nunca escutou falar de um instrumento musical chamado gayageum, ele é da Coreia e data do século 6. E tem toda pinta de ser um daqueles instrumentos temperamentais que dão um baita trabalho para serem usados e transportados. Seja como for, uma garota chamada Luna Lee está fazendo o que pode para mostrar o gayageum para fãs de rock e música pop. Olha ela aí debulhando Sultans of swing, dos Dire Straits, no instrumento. Com direito a riffs e solinhos iguais aos do original.

Olha While my guitar gently weeps, de George Harrison (ok, dos Beatles) aí.

Voodoo child, do Jimi Hendrix, virou isso aí.

Olha o que ela faz com três músicas do Pink Floyd.

“Será que tem uma versão de Halelujah, de Leonard Cohen?” Imagine se não.

“Meus ancestrais tocavam o gayageum em uma pequena sala, então o som não precisava ser alto”, escreve Luna Lee em sua página do Patreon. “Mas minha música é tocada com instrumentos modernos como bateria, baixo e guitarra. Então eu tive que reconstruir meu gayageum para que o som fosse igual ao do instrumento moderno. Eu tive que aumentar o volume e a pressão, desenvolver o tom e aumentar o som de sustentação. E fiz isso na esperança de expressar o som de gayageum de maneira mais diversa, como o do violão. Tive que estudar efeitos de guitarra e amplificadores. E testá-los para ver se eles se encaixariam ao som do gayageum”.

Via Open Culture.

Ricardo Schott é jornalista, radialista, editor e principal colaborador do POP FANTASMA.

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Entrevista

Entrevista: Les Rita Pavone fala sobre disco de estreia, cena musical paraense, viver ou não de música

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Les Rita Pavone (Foto: Safo / Divulgação)

Em 2025, a banda paraense Les Rita Pavone fez 12 anos de existência – entre shows, alguns hiatos, alguns singles e várias mudanças de formação. O grupo hoje é um quinteto formado por Gabriel Gaya (voz e composição), Arthur da Silva (violão, voz, teclado, cavaquinho e produção), Helênio Cézar (baixo), Jimmy Góes (guitarra) e Luiz Otávio de Moraes (bateria) e em maio, eles lançaram o ótimo primeiro álbum, ¡El baile rock!, cuja repercussão chegou à lista dos 50 melhores disco do primeiro semestre de 2025 da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).

Quando resenhei o disco, achei que a banda estava sendo irônica com a limitação de vários segmentos do público roquista ao incluir em sua estreia sons latinos, revoluções sonoras a la The Clash e Mano Negra, e sambas com cavaco e guitarra. Nada disso: no papo abaixo, Gaya, Arthur e Jimmy contam como o rock, no caso deles, inclui vários estilos e perspectivas.

(se você quer saber se rolam confusões nas plataformas de música entre o nome da banda e o da veterana cantora italiana Rita Pavone, eles já falaram sobre isso com a gente)

Texto e entrevista: Ricardo Schott – Foto: Safo / Divulgação

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Quando fiz a resenha do ¡El baile rock!, imaginei (e disse isso no texto) que havia uma certa ironia no título do disco, já que se trata de um álbum musicalmente bastante diversificado. Aí vocês me falaram por DM que não se tratava de nenhuma ironia. Expliquem isso aí.

Gaya: Eu entendo o rock como um ritmo modular, que por isso teve tantas transformações e ramificações com o passar do tempo. Ao entrar em contato com alguns discos do rock latino, e com bandas brasileiras influenciadas por esse tipo de rock, como Acabou La Tequila e Pato Fu, vi que a diversidade de ritmos é meio que o padrão. E o que credencia esses discos como discos de rock é justamente as escolhas de timbragem e o trabalho conceitual. O disco tenta achar esse ponto de intersecção entre a música brasileira, psicodelia, rock, latinidade e a experiência de viver em uma cidade da Amazônia urbana.

Jimmy: O rock permeia todas as faixas de alguma forma, no sentido do ritmo musical, na influência que cada um tem desse estilo, e no sentido da palavra, que em Belém é algo referente a uma “festa”. Mas interpretar o título do álbum como tendo essa certa ironia não tá errado. Faz parte do que a banda propõe essa “confusão” de significados.

Arthur: O nome denota exatamente o que o disco se propõe a ser, mostrar uma outra perspectiva de rock, mais dançante, gingada (daí o “baile”) e voltado às nossas influências amazônicas e latinas, uma forma de interpretar o artigo em espanhol “El”.

Vocês estão ficando felizes com a receptividade do disco? Dá para perceber que o Les Rita vem progredindo bastante no número de fãs e menções na mídia, certo?

Gaya: Fico feliz sim com a receptividade, a entrada na lista da APCA… Mas sempre confiei muito nesse repertório e no conceito criado. Queremos nacionalizar a banda. Mas pra ter realmente um público mais substancial, do tipo que paga suas contas, ainda precisamos saber trabalhar melhor com as possibilidades da internet.

Jimmy: Quis gravar com a intenção de fazer um registro das músicas e só. Não esperava que houvesse uma receptividade como está tendo. As pessoas curtem os shows, mas geralmente a gravação não fica com a mesma energia de um show. Mas tá sendo interessante perceber que, mesmo assim, as músicas tem alcançado as pessoas. Nunca imaginei que o solo todo torto que eu fiz na última música fosse fazer parte de um disco que ficaria na lista da APCA.

Arthur: Isso é muito engraçado, porque há relativamente pouco tempo atrás, tinha gente que pensava que a banda sequer existia mais. Nossos lançamentos em forma de single foram uma boa estratégia porque pavimentaram o ambiente para o lançamento do álbum e construíram a receptividade por parte do público.

Quanto tempo vocês demoraram gravando o disco?

Gaya: Pra mim o disco começou a ser gravado em 2021 quando começamos a gravação de Eva. Aí firmamos a parceria com o Studio Z do querido amigo Thiago Albuquerque, e um certo padrão de produção foi estabelecido.

O disco foi quase todo feito nas minhas folgas do trabalho alinhadas com o tempo livre de cada integrante da banda e participantes em geral – se eu deixei de estar em duas sessões, foi muito. Depois de tudo, ainda passamos um pente fino pra definir a mixagem e dar uma certa concisão no disco todo. Porém, só foi feito um ajuste fino de volume.

Arthur: A primeira tentativa de gravação dessas músicas já tinha rolado antes de eu entrar na banda, mas voltamos em 2022. Já estava mais do que na hora de registrar esses sons e lançá-los.

O disco, como vocês falaram no texto de lançamento, resgata a memória afetiva da banda – tem faixas feitas há tanto tempo que são assinadas por ex-integrantes, etc. Como foi mexer nesse baú do grupo?

Gaya: Ainda nem mexemos no baú! Nós apenas registramos as músicas que já eram tocadas em shows antes da saída deles e continuaram sendo tocadas. E muitas delas foram feitas a seis mãos, como Pira de pajé, Fui cumê e Café Havana – em que eu tive um papel muito ativo na composição.

Arthur: Essas músicas são tocadas desde quando os ex-integrantes ainda eram da banda, e permaneceram no repertório mesmo após a saída deles. O Les Rita é uma família musical, vários compositores passaram pela banda e foram deixando suas contribuições.

Jimmy: São músicas que fazem parte do repertório de um jeito “vivo”. Elas meio que são parte da identidade da banda.

Gaya: Mesmo composições como Radio AM – em que eu não assino a autoria – encontraram suas versões definitivas a partir de proposições feitas por essa “nova formação”, que na verdade já tem seis anos. Teve, por exemplo, a inserção do dial da Rádio Clube, uma rádio paraense histórica do AM. Isso foi uma sacada do Arthur, e deixou a música ainda mais linda.

O baú da banda de fato são as canções que eu, Rafael e Mateus escrevemos – algumas em parceria – nos nossos anos formativos como compositores. Nessa gaveta não estão apenas canções mas também uma série de conceitos pra discos em que elas foram agrupadas a época. Quero mexer nesse material após o lançamento do segundo disco.

Aliás vocês têm dois ex-integrantes que são bem próximos do grupo: gravaram vocais, assinam faixas, um deles carrega “Pavone” no sobrenome artístico… Como é essa relação com eles, ao mesmo tempo tão perto e tão longe?

Gaya: Vou deixar primeiramente um comentário sobre o nome “Rafael Pavone”. Em 2012 quando a gente lançou o primeiro single no Soundcloud, que foi a marcha rancho Sentimento do mundo, a banda na verdade era um trio de compositores. Não havia uma formação do tipo guitarra, baixo, bateria – até por isso eu conto os anos da banda a partir do primeiro show em novembro de 2013. Quando mandamos o release pra rádio assinamos como: Gabriel Pavone, Mateus Pavone e Rafael Pavone. Mas só o Rafael prosseguiu usando o nome, acabou virando o nome artístico dele.

A ideia inicial quando decidimos fazer o disco era que ele seria produzido a seis mãos por mim, pelo Mateus e Rafael. Mas por vários motivos isso acabou não acontecendo e quem assumiu a produção fomos de fato eu e o Arthur, em todas as faixas – com exceção de Fui cumê, que o Mateus co-produziu com a gente. A participação deles no disco foi meio natural, até porque grande parte do repertório nós construímos juntos e acredito que essa vai ser uma constante na discografia da banda; já tem canções listadas de ambos pra entrar no segundo disco…

Jimmy: O Mateus e o Rafael moram em Belém. O Rafael tá no grupo da banda (no Whatsapp). Tudo que a gente conversa no grupo ele fica ciente, ele dá a posição dele quando acha que deve, enfim. Tem até uma piada interna em que a gente fala que o “Mais Querido” (apelido do Rafael) está sempre presente em nossos corações. Isso surgiu numa época em que ele ainda cantava nos shows, mas dificilmente ia pros ensaios por conta da vida.

O Mateus lançou um trabalho musical recente também, A imitação do vento (assinando com seu nome verdadeiro, Mateus Moura). Ele é um artista que produz muito, então frequentemente a gente se encontra pelos espaços, troca ideia e tal. Ninguém tá nem tão perto e nem tão longe. Acho que isso se encaixaria mais pro Mael, que é quem assina Chinatown. Atualmente ele mora na Alemanha e já faz tempo que ele fez parte da banda. Então é o que tá perto, no sentido de que a música dele tá no disco, mas longe no tempo e no espaço.

Aliás, qual foi o motivo que mais fez gente sair do Les Rita Pavone?

Gaya: Acredito que fechamento de ciclo, surgimento de outras prioridades, cansaço – e algumas fricções, sim. Eu mesmo de vez em quando dou uns hiatos da banda. No ano de 2024 fizemos pouquíssima coisa juntos porque após o show de dez anos da banda, em novembro de 2023, e após a finalização do disco, eu me senti meio exaurido. Além disso ainda teve a morte do pai do Jimmy, que deixou todos da banda de luto.

Eu acho importante dar esses respiros – principalmente em um projeto que ainda não é fonte de renda pra ninguém. Então, quando voltamos, estamos com a energia renovada pra trabalhar.

Como vai a cena musical de Belém? Atualmente quais são os maiores desafios e as maiores vitórias de quem vive aí e trabalha com música?

Gaya: Um dos movimentos mais importantes em termos de “cena paraense” ultimamente tem sido a página/grupo de whatsapp Ouça Rock Paraense (@oucarockparaenese) que tem movimentado eventos de música autoral na cidade e dando destaque pra lançamento de singles e discos das bandas daqui do Estado.

Outra iniciativa importantíssima aqui em Belém é o trabalho desenvolvido pelo músico e produtor Renato Torres, que inclusive produziu nosso primeiro EP Voltar a viver. É o Roda Cancioneira, que acontece na loja Na Figueiredo, em que ele chama um elenco base de compositores tem a oportunidade de mostrar suas músicas para um público que vai lá para ouvi-las. Depois tem microfone aberto.

Acho que o maior desafio pra qualquer empreitada aqui em Belém é a formação de plateia. Isso passa por estabelecer parceria com produtoras e outras bandas e pensar em estratégias pra chegar no público. Ultimamente temos feito muitos esforços nesse sentido e nossa parceira mais regular tem sido a produtora Perau, que presta assessoria pra artistas e bandas aqui em Belém.

Já as vitórias têm sido as pequenas: lançar nossos trabalhos, manter uma certa regularidade de shows… Neste ano pela primeira vez conseguimos ser aprovados em um edital.

Como vocês veem o fato do rock brasileiro aparentemente “não fazer parte” (muito entre aspas) do rock latino-americano?

Gaya: Engraçado você perguntar isso porque o documentário Rompan todo, que foi feito sobre o rock na américa latina, exclui o Brasil dessa história. E olha que Roberto Carlos, Rita Lee e Secos e Molhados fizeram muito sucesso na América Latina, teve todo o esforço por parte dos Paralamas em se inserir dentro desse contexto do rock latino… As conexões são enormes, mas muitas vezes esquecidas e até mesmo intencionalmente apagadas.

Jimmy: Existe uma barreira que é a língua. Se no Brasil houvesse uma política de se priorizar aprender a língua espanhola, talvez a gente conseguisse se integrar mais com os povos dos países vizinhos em termos de cultura.

Arthur: Tem que pensar até no que é “rock” e no que é considerado “brasileiro”. O que ficou conhecido enquanto “Rock Nacional”, as bandas do Sudeste/Sul, de fato não se comunicou com grande afinco à vizinhança latina. Teve a exceção dos Paralamas. Porém, na música amazônica – pensando Amazônia como território que transcende o Brasil – a injeção da guitarra psicodélica na tradicional música peruana foi decisiva para influenciar a guitarrada no Pará e o beiradão no Amazonas. E eles também se fundiram com a musicalidade caribenha não só espanhola, mas também dos países francófonos.

Esse, pra mim, é o grande ponto do debate: quais partes do Brasil não se comunicaram com as infusões que o rock trouxe para a América Latina? Porque enquanto o Sudeste já chegou a fazer até marcha contra a guitarra elétrica, a Amazônia pegou a guitarra elétrica e deu a ela um sotaque próprio e único.

Vocês têm fãs em outros países de língua latina? Ou até em outros países falantes de português, por que não?

Arthur: Tenho um trabalho solo e um contato de fã na Colômbia – é a única pessoa estrangeira que eu conheço. Quero apresentar o Les Rita a ela, tenho certeza que ela vai curtir.

Jimmy: Tem uma amiga chilena que conheceu nosso trabalho. Talvez ela conte como uma fã de outro país.

Gaya: Surgiu até uma proposta da gente fazer uma turnê na Argentina, mas infelizmente era golpe. Na real era um cara tentando vender um pacote de turismo em um esquema “pay to play” dizendo que a gente ia ter a honra de tocar no mesmo estúdio que o Ceratti, do Soda Stereo, tocou. Com todo respeito ao Ceratti e ao Soda Stereo… achei tudo isso um engodo. Apesar das estatísticas do Spotify for Artists apontarem que temos ouvintes fora do país, ainda não rolou algo realmente palpável nesse sentido. Eu particularmente adoraria tocar em festivais da América Latina ou mesmo em Portugal e Angola e acho que isso de fato ajudaria a aumentar nosso público nesses lugares.

Passamos por desgovernos, mortes, pandemia, etc. Qual a visão que vocês têm de futuro atualmente e o quanto isso impacta o som de vocês?

Jimmy: Eu penso que a gente não passa de 2050, mas, sinceramente, isso não impacta muito o meu trabalho, pessoalmente falando. Quanto o som da banda, talvez a gente faça uma música sobre isso tudo pro próximo disco. Bora ver.

Arthur: Tenho tentado não ser pessimista em relação ao futuro, já que o pessimismo também é uma ferramenta política. Gosto muito de pensar no que o Antônio Abujamra falou sobre o artista do teatro, e que adaptei à arte de um modo geral: “Tem que ser torcedor do América”. Sofredor, mas nunca deixar de acreditar até o fim, manter a esperança no intangível.

O Gabriel é um exemplo disso. Ele pretende seguir com o Les Rita até o fim, ou do mundo, ou o dele próprio. É o cara mais apaixonado pela música que eu conheço. Nosso som tem tudo a ver com a nossa realidade, e isso vai permanecer. Que o Les Rita Pavone seja uma das trilhas sonoras pra adiar o fim do mundo!

Gaya: Depois de sobreviver à pandemia, veio a consciência do quão essencial pra nossa existência é a realização de projetos. O lançamento desse disco pra mim é a materialização de um sonho. Engraçado vocês (Arthur e Jimmy) falarem de fim do mundo porque isso vem sendo um tema recorrente em vários trabalhos que entrei em contato: Pic Nic, com o ótimo single Aniquilação, Luedji Luna, Menores Atos… vários artistas vêm falando disso. Uma das muitas coisas que eu gosto de fazer no meu parco tempo livre é assistir vídeos de biologia na internet e neles uma constante é que as “grandes extinções” tendem a demorar milhares de anos. Então, provavelmente – e apesar dessa “coisa no ar”- ou estamos muito longe do fim, ou azarentos o suficiente pra estar bem no ponto X.

Vocês já conseguem viver de música? O que cada um faz da vida?

Gaya: Eu não vivo de música, mas sem música também não vivo. Já ganhei um dinheirinho discotecando ou fazendo seleção de músicas pra ambientes. Mas meu ganha-pão mesmo vem da profissão que comecei há 12 anos que é o trabalho de garçom e que, modéstia às favas, eu sou bom pra caralho! Tenho um trampo fixo que é o Bar do Parque, o bar mais antigo do Brasil em funcionamento atualmente, e trabalho em mais uns dois bares como extra. Quero fazer Enem esse ano pra música ou jornalismo, mas sempre tenho aquele fio de esperança da banda se tornar viável comercialmente.

Arthur: Somos artistas proletários. Além de nós, Cézar é professor de Inglês e também estudante e Luiz Otávio trampa com cozinha. Por enquanto eu trabalho 100% com música. Tenho dois EPs lançados, Acenei e Tese brega-soul, participei de projetos de outros amigos como músico, vou lançar trampo novo com a Velhos Cabanos, outra banda daqui… Mas dou aula de violão, produzo em estúdio, faço gigs em bares. A gente se desenrola em mil corres pra segurar o sonho. “No mais, vida de artista”, dizia Itamar Assumpção.

Jimmy: Eu sempre vivi de música, de um jeito ou de outro. Meu pai é considerado um dos maiores compositores do Brasil. Ele é conhecido como Tonny Brasil, pai do tecnobrega. Com o trabalho dele foi possível construir a casa onde eu vivo hoje, entre outras coisas. Mas eu mesmo não consigo me sustentar com o meu próprio trabalho com música. Estou terminando uma graduação em Letras, vou me tornar professor de português e pretendo prestar concurso pra conseguir me estabilizar.

Nos últimos anos vocês lançaram EP, single, o álbum… e imagino que vocês sejam o tipo de banda que mal lançou alguma coisa, já pensa num próximo lançamento. Já têm algo em mente?

Gaya: Na real, o EP Voltar a viver foi um relançamento via Maxilar de um trabalho que já tinha sido lançado em 2017, mas só estava no Soundcloud e YouTube. Mas sim o conceito do segundo disco já está definido e com repertório pré-selecionado, e terá o nome de A arte da fulerage. Como meu planejamento com a banda é a longuíssimo prazo, após esse disco um dos caminhos possíveis é retomar as canções que foram feitas antes desse dois discos – o real baú da banda. O ideal seria lançar um disco por ano, o que é difícil pra realidade independente. Mas com esse material daria pra lançar uns cinco discos e ainda sobraria música pro meu disco solo.

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Crítica

Ouvimos: Half Japanese – “Adventure”

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Half Japanese celebra o amor e a maturidade em Adventure, unindo no-wave, psicodelia e ecos de Television e T. Rex.

RESENHA: Half Japanese celebra o amor e a maturidade em Adventure, unindo no-wave, psicodelia e ecos de Television e T. Rex.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: Fire Records
Lançamento: 11 de julho de 2025

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Tem algo no som do Half Japanese que sempre deu uma ideia de The Fall norte-americano, só que com beleza nas melodias e um clima mais garageiro e art-rock do que propriamente afrontoso. Por acaso, Jad Fair, criador do grupo, lado a lado com a turma que passou pela banda durante nada menos que 50 anos (!), sempre fez questão de que o Half Japanese não falasse só de temas bizarros ou irônicos.

Mesmo um disco malucão como The band that would be king (1989), o sétimo da banda, com nada menos que trinta microfaixas, era bem variado. Tinha espaço para nostalgia dos anos 1960, letras sobre situações do dia a dia e até mesmo a vibe fun fun fun de Daytona beach, bolerinho praiano que deve tanto a Beach Boys quanto a Neil Young, e cuja letra fala basicamente de azarar garotas à beira-mar – lado a lado com a oração pagã, sessentista e ruidosa de Lucky star.

Corta agora para Adventure, disco que a própria gravadora da banda, Fire Records, está apresentando como sendo muito otimista e venturoso, com faixas que “celebram o poder do amor, do afeto e da maturidade”. Em vários momentos, soa mesmo como se o Half Japanese fosse uma banda de no-wave do mundo invertido, de krautrock doce, com vocais tensos misturados a climas bonitos e delicados. Rola isso na melodia bonita e ruidosa de Beyond compare, na união de Talking Heads e do Nirvana do single Dive em Step on up, no pós-punk psicodélico de Meant to be – que traz à mente um supergrupo unindo Mark E Smith (The Fall) e Syd Barrett.

O Television também tem um disco, o segundo deles, chamado Adventure (1978) – e o Half Japanese, vá lá, não deixa de lembrar bastante o Television em vários momentos. Tendo o grupo de Tom Verlaine como uma das fontes primárias, Jad Fair também une magia e mistério em That’s fate, deixa entrar influências do The Doors do disco Morrison Hotel (1970) na faixa-título – que faz lembrar o começo de Roadhouse blues – e soa como um Talking Heads voltado para o dream pop em Magnificent.

A faceta clássica do grupo dá as caras igualmente em faixas que soam como um revisionismo punk da psicodelia – entre elas, a declamada The summer of love e a elaborada Blame it on your smile. Fãs de Marc Bolan e T. Rex vão ficar contentes com o glam rock Stars don’t lie, que tem até uma discreta percussão ao fundo, como nos clássicos do grupo glam britânico.

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Crítica

Ouvimos: Friendship Commanders – “Bear”

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O duo Friendship Commanders mistura Alice In Chains, Smashing Pumpkins e climas ligados até a country e soft rock em Bear, disco intenso com cara noventista.

RESENHA: Rock pesado e confessional: o duo Friendship Commanders mistura Alice In Chains, Smashing Pumpkins e climas ligados até a country e soft rock em Bear, disco intenso com cara noventista.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Magnetic Eye Records
Lançamento: 10 de outubro de 2025

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Se até as 4 Non Blondes podiam, por que é que o Friendship Commanders não pode? Esse interessantíssimo grupo de Nashville faz um som pesado que tem até um ou outro elemento de country perdido aqui e ali, em meio às guitarras. Mas o principal é que Buick Audra (guitarras, composições e vocais de longo alcance) e Jerry Roe (bateria e baixo) unem rock pauleira a la Alice In Chains, guitarradas herdadas dos Smashing Pumpkins, clima denso decalcado do doom metal e até truques melódicos do soft rock (evidentemente com um soft lá pelo último volume). Eles retornam do seu jeito aos anos 1990, em clima quase de rock pauleira bedroom, em seu novo disco, Bear.

O Friendship Commanders tem história: o grupo teve um disco produzido por Steve Albini em 2018, Bill – só que o álbum acabou mixado por outra pessoa. Só no ano passado, Jerry e Buick soltaram as mixagens originais feitas por Steve, como homenagem ao produtor. X, um dos singles de Bear, foi inspirado na morte de Albini. A música é uma nuvem de guitarras altamente melódica que envolve o/a ouvinte, e que parece inspirada numa mescla de Fleetwood Mac com os Smashing Pumpkins de Siamese dream (1993).

  • Ouvimos: Rocket – R is for rocket

O repertório de Bear tem pauleira clássica (Keeping score, Midheaven), tons mais densos (Dripping silver, Found, Melt), sons mais próximos do punk (Imperfect, New) e as tais influências dos Smashing Pumpkins (na estradeira Dripping silver, e em algumas combinações de guitarra e virada de bateria). Já as letras de Buick, por sua vez, vão numa onda confessional e direta, falando quase o tempo todo sobre inadequações e abusos.

X, por exemplo, prega que “eles vão te dizer que você é muito jovem antes de te dizerem que você é muito velha”. Found soa como uma carta para alguém, dizendo que “foi aqui que te encontrei / quando o suficiente não era o suficiente”. Keeping score abre o disco com a frase “eu coloquei uma fechadura em mim mesma porque fui assaltada cedo”. O final é tenso e fúnebre, com a energia quase stoner de Dead & discarded girls.

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