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Crítica

Ouvimos: Atalhos – “A força das coisas”

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RESENHA: Dupla de art rock de Birigui (SP), o Atalhos une dream pop e pós-punk oitentista no disco A força das coisas, com ecos de Smiths, Sundays e New Order.

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Banda de art rock com origens no interior paulista (vieram de Birigui), o Atalhos une som, literatura e profecias em seu novo disco, A força das coisas. Mas nada de progressivismos ou algo do tipo. Basicamente o álbum de Gabriel Soares e Conrado Passarelli demonstra orgulho por soar próximo do dream pop e do pós-punk dos anos 1980. Assim falou Zaratustra, na abertura, tem ecos de The Smiths e Echo and The Bunnymen, clima de sonho e ritmo leve e quase insinuado.

Anjo mau, com a chilena Antonia Navarro no vocal, tem vibe tranquila e meio gótica, lembrando os britânicos do The Sundays, e soando como um rock britânico vindo de um país próximo da Inglaterra, mas pertencente ao mesmo reino – da mesma forma que Belo Horizonte, combinando guitarras e synths, soa como uma banda dos anos 1980 que você não conhecia, mas a qual foi apresentado/apresentada numa plataforma de música. Delirios en Paraguay, música realmente bonita, com participação do projeto paraguaio El Culto Casero, soa como uma releitura indie do som do Skank e de Samuel Rosa.

O som do Atalhos aponta também para um guitar rock sereno em Ondas de calor e Ayer morí, e para a sonoridade mais recente do New Order na faixa-título. Desejos de uma tempestade, no final, é uma balada de oito minutos, entre a MPB e o rock texturizado.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Costa Futuro
Lançamento: 24 de junho de 2025

  • Ouvimos: Jonabug – Três tigres tristes
  • Ouvimos: Manco Capac – Bom jantar (EP)

 

Crítica

Ouvimos: Superchunk – “Songs in the key of yikes”

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Superchunk une power pop, punk e heartland rock em Songs in the key of yikes, disco radiante sobre crises, guerras e novos tempos sombrios.

RESENHA: Superchunk une power pop, punk e heartland rock em Songs in the key of yikes, disco radiante sobre crises, guerras e novos tempos sombrios.

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Por alguma razão que só os anos 1990 explicavam, a banda norte-americana Superchunk sempre foi vista no Brasil como sendo mais “alternativa” do que era de fato. Na real, guitarras pesadas, vocais doloridos e sons que os aproximavam de bandas como Hüsker Dü e Replacements mostravam que o grupo criado em 1989 era uma espécie de convidado atrasado na festa do college rock oitentista. E um convidado atrasado que estava longe de ter a esperteza comercial do Weezer, por exemplo – tanto que a carreira do Superchunk sempre girou em torno de selos indie como Merge Records e Matador, e o grupo nunca entusiasmou as grandes gravadoras.

Décimo-terceiro álbum de estúdio do grupo, Songs in the key of yikes mostra que o Superchunk, com o tempo, foi seguindo um caminho parecido com o do Guided By Voices. Ou seja: tornou-se a banda indie boa de melodias que, com o tempo, foi ganhando ares de heartland rock, aquele tipo de som que exprime orgulho e memória, além de uma certa relação com sua própria terra e sua gente.

  • Ouvimos: Water From Your Eyes – It’s a beautiful place
  • Ouvimos: Guided By Voices – Universe room

O radiante novo álbum do Superchunk une power pop, rock de garagem e punk herdado de bandas como Ramones, Hüsker Dü, Wire e Blondie para cantar os novos tempos de Trump, guerras, mortes, falta de sensibilidade, um mundo sem arte, e coisas do tipo. Abrem até com Is it making you feel something, uma canção cantarolável que, segundo o vocalista e guitarrista Mac McCaughan, fala sobre dilemas e crises do impostor quando se cria algo.

Essa mistura de melodias alegres e brabeiras emocionais, que volta e meia deixa o Superchunk meio parecido com grupos como Big Star e Teenage Fanclub, é a base do disco. Dá as caras também no powerpop de Bruised lung, no mal-estar de No hope (cuja traz a frase-título, “sem esperança”, repetida várias vezes, além de versos como “quando tudo está perdido e não pode ser encontrado / e cada palavra de amor é apenas um som cortante”, além de um riff de guitarra que se transforma em explosão emocional) e na vibe sixties de Climb the walls.

Musicalmente, o Superchunk volta fazendo lembrar Pixies no começo (no pós-punk com riff doce Some green), trazendo uma vibe pós-punk trevosa (Cue) e até arriscando algo próximo de bandas como T.S.O.L. e Joy Division (em Everybody dies, parecendo um relato sobre como os telejornais, hoje em dia, são feitos de morte, sangue e guerra e ninguém parece mais se importar). Já Stuck in a dream traz tristeza e despedida na letra, e distorção doce na melodia. Songs in the key of yikes é um disco cheio de beleza e barulho.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Merge Records
Lançamento: 22 de agosto de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Terminal Guadalupe – “Serenata de amor próprio”

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Terminal Guadalupe retorna com Serenata de amor próprio, disco que mistura Beatles, britpop, folk e psicodelia em hinos cheios de energia.

RESENHA: Terminal Guadalupe retorna com Serenata de amor próprio, disco que mistura Beatles, britpop, folk e psicodelia em hinos cheios de energia.

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Para quem fica de olho nos términos, retornos, sístoles, diástoles, tapas e beijos do rock britânico – com suas bandas que começam, terminam, voltam e etc – a história da banda curitibana Terminal Guadalupe é um prato cheio. Não tem brigas de fechar o comércio (ao que consta), mas tem discos espaçados, sucesso de crítica, separação, projetos individuais, retomada de trabalhos, e uma e outra atividade para deixar os fãs felizes em meio a tudo isso.

Uma dessas “atividades” recentes foi um disco ao vivo de gravações do baú do grupo – o irônico Como despontar para o anonimato, com gravações entre 2006 e 2008, e lançado ano passado. Agora, Dary Jr (voz e letras) e Allan Yokohama (vários instrumentos) voltam com o novo disco de inéditas, Serenata de amor próprio. O TG usa sua sonoridade para abrir espaço tanto aos novos tempos quanto para obsessões musicais antigas: músicas como Foi por pouco, Vá ser feliz, Sonho não faz curva e Sara misturam Beatles, britpop, powerpop, climas ligados ao rock argentino e uma certa noção – talvez herdada de Oasis e Stone Roses – de que hinos do rock são compostos para serem cantados em clima de torcida.

No disco, Vá ser feliz faz isso ao ironizar os haters, enquanto Sara acrescenta micropontos de reggae e Nordeste à receita, e Sonho não faz curva adiciona muito de Beatles e Lô Borges. Já Volta soa como um Weezer menos punk e indie, trazendo clima esperançoso numa faixa que prega coisas como “quero todas as cores pra mim” e “bora ser feliz de novo”. Esse mesmo clima surge também no folk-rock Além da glória, nas emanações de Simon & Garfunkel de Black Jesus, no pós punk tranquilo e sombrio de Cuando me extranas e Calma, e na psicodelia de Amor, eu vou embora (com Ana Cascardo nos vocais). No final, o momento de chorar de rir com a faixa-bônus Não desanime, uma resposta bisonha a um candidato a emprego.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Independente
Lançamento: 8 de agosto de 2025

  • Ouvimos: Supercombo – Caranguejo (parte 1)
  • Ouvimos: Pobre Orfeu – Galeria das recordações

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Crítica

Ouvimos: Sir Chloe – “Swallow the knife”

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RESENHA: Sir Chloe, pseudônimo-projeto de Dana Foote, une noise rock, grunge e pós-punk em Swallow the knife, com dramas vocais e ecos 90s que brilham mais nos momentos pesados.

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Tem algo em Dana Foote, a popular Sir Chloe, que aponta para uma espécie de Chappell Roan do noise rock. Isso porque, ainda que Dana tenha um vocal grave e forte, tem um clima dramático que surge aqui e ali em letras e músicas de seu segundo disco, Swallow the knife. Mas vale também apontar que o rock alternativo feminino dos anos 1990, embebido em referências do country, também bate ponto em vários momentos do disco – o que já garante o diálogo entre fãs de barulho e fãs de sons mais acessíveis.

Sir Chloe, cujo vocal lembra às vezes uma Dolores O’Riordan (Cranberries) mais controlada e blasé, faz punk com cara triste (The hole), sons grunge entre Concrete Blonde e Julianna Hatfield (Forgiving, com texturas trevosas e peso nas guitarras) e canções quase no mesmo esquema loud-quiet-loud dos Pixies (Kiss, dos versos “não quero amor / eu quero vingança”, e a ótima Passenger). O típico pós-punk de bom refrão dá as caras em Forget it, Holy e Complicated – esta, com certo ar de New Order.

Take it, punk melódico que fala sobre amores e lembranças amargas, marca uma espécie de final antes do final em Swallow the knife – já que depois disso, o álbum vai desacelerando, e vai deixando saudades de quando era mais acelerado. Eyes vai pra próximo do folk meditabundo, Too much (Enough) é uma balada em tom tristinho (de versos como “tudo que tive que te dar não foi o suficiente”) e Candy já dá uma aumentadinha na pressão, com voz, guitarra e algo meio velvetiano. Quando fala alto e bota pressão, Sir Chloe manda melhor.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 7,5
Gravadora: Independente
Lançamento: 22 de agosto de 2025

  • Ouvimos: Water From Your Eyes – It’s a beautiful place
  • Ouvimos: Katie Gregson-MacLeod – Love me too well, I’ll retire early (EP)

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