Cinema
Angus MacLise: o primeiro baterista do Velvet Underground – descubra!
Ocupante do cargo de baterista do Velvet Underground em 1965, quando a banda surgiu, o músico, artista plástico, poeta, ocultista e malucão Angus MacLise (1938-1979) bem que tentou voltar para o grupo quando o Velvet foi contratado pela Verve. Não deu: Lou Reed, com medo do comportamento bizarro do músico, proibiu sua volta. Diz a lenda que num breve retorno à banda em 1966, Angus iria dividir tarefas num show com a baterista Maureen Tucker (ela improvisada no baixo, ele na bateria e percussões) mas atrasou-se muito e só chegou quando a banda já estava no palco. A solução que ele arrumou? Para compensar o atraso, tocou bateria sozinho por meia hora após o show (!).
Se o Velvet é considerada uma banda bastante experimental, difícil e obscura por muitos defensores roxos do rock clássico, talvez a história do grupo fosse bem mais bizarra caso Angus tivesse continuado nas baquetas. O baterista tinha conhecido seu futuro colga de banda John Cale quando ambos faziam parte do Theater of Eternal Music, do músico La Monte Young. Angus nunca chegou a gravar com o Velvet, nem mesmo quando era integrante da banda – há demos na caixa “Peel slowly and see”, desse período inicial, sem ele. Em 1965, ele já fazia música eletroacústica, obtendo resultados de drone com instrumentos de percussão. Muitos anos depois, o selo SubRosa reuniu algumas gravações de Angus no disco “New York electronic, 1965”.
Isso aí é uma gravação de Angus com a mulher Hetty McGee. Ele e Hetty se casaram numa cerimônia no Golden Gate Park, em San Francisco, presidida pelo guru do LSD Timothy Leary.
Uma raridade: vídeo com imagens de Angus tocando percussão, inclusive com o Velvet. Na abertura, um texto de Lou Reed explicando o motivo pelo qual Angus inicialmente deixou o Velvet: antes do primeiro show pago da banda, resolveu sair porque não admitia receber dinheiro para tocar (foi isso mesmo).
Várias imagens raríssimas de figuras do underground novaiorquino dos anos 1960 tocando no apartamento do cineasta e fotógrafo experimental Ira Cohen. logo na abertura, Angus aparece tocando pratos.
Angus era discípulo do mago inglês Aleister Crowley – pouco antes de morrer, quando morava em Katmandu, trabalhava no roteiro de uma versão cinematográfica de “Diary of a drug fiend”. E tinha lá suas relações com o misticismo tibetano e religiões orientais em geral. Essas preferências fizeram com que o músico fosse convidado para fazer trilhas para filmes experimentais. O filme abaixo é “Chumlum” (1964), do cineasta Ron Rice, realizado com atores da trupe de Andy Warhol (Mario Montez, o popular Mario Banana, Gerard Malanga e a drag Francis Francine) e que lembra as produções de outro cineasta ligado ao ocultismo, Kenneth Anger. A trilha é de Angus.
E aqui, um clássico filme psicodélico de Ira Cohen: “The invasion of Thunderbolt Pagoda”, de 1968. A trilha, de Angus com participação de músicos da comunidade experimental novaiorquina (e de Hetty, tocando harpa e percussão), chegou a sair em CD. Tony Conrad, brother do Velvet Underground e parceiro de Lou Reed e John Cale, participa do filme como ator e toca na trilha.
E por causa de músicas como a hipnótica “Trance”, composta e gravada por Angus em 1968, ele é tido como um grande nome da música eletrônica. Tony Conrad e John Cale participam da gravação. R.I.P. Angus MacLise.
Aliás, dia 12 o primeiro disco do Velvet, “Velvet Underground & Nico”, faz 50 anos. Se você nunca ouviu, tá aí uma edição deluxe com 65 músicas.
Cinema
Ouvimos: Lady Gaga, “Harlequin”
- Harlequin é um disco de “pop vintage”, voltado para peças musicais antigas ligadas ao jazz, lançado por Lady Gaga. É um disco que serve como complemento ao filme Coringa: Loucura a dois, no qual ela interpreta a personagem Harley Quinn.
- Para a cantora, fazer o disco foi um sinal de que ela não havia terminado seu relacionamento com a personagem. “Quando terminamos o filme, eu não tinha terminado com ela. Porque eu não terminei com ela, eu fiz Harlequin”, disse. Por acaso, é o primeiro disco ligado ao jazz feito por ela sem a presença do cantor Tony Bennett (1926-2023), mas ela afirmou que o sentiu próximo durante toda a gravação.
Lady Gaga é o nome recente da música pop que conseguiu mais pontos na prova para “artista completo” (aquela coisa do dança, canta, compõe, sapateia, atua etc). E ainda fez isso mostrando para todo mundo que realmente sabe cantar, já que sua concepção de jazz, voltada para a magia das big bands, rendeu discos com Tony Bennett, vários shows, uma temporada em Las Vegas. Nos últimos tempos, ainda que Chromatica, seu último disco pop (2020) tenha rendido hits, quem não é 100% seguidor de Gaga tem tido até mais encontros com esse lado “adulto” da cantora.
A Gaga de Harlequin é a Stefani Joanne Germanotta (nome verdadeiro dela, você deve saber) que estudou piano e atuação na adolescência. E a cantora preparada para agradar ouvintes de jazz interessados em grandes canções, e que dispensam misturas com outros estilos. Uma turminha bem específica e, vá lá, potencialmente mais velha que a turma que é fã de hits como Poker face, ou das saladas rítmicas e sonoras que o jazz tem se tornado nos últimos anos.
O disco funciona como um complemento a ao filme Coringa: Loucura a dois da mesma forma que I’m breathless, álbum de Madonna de 1990, complementava o filme Dick Tracy. Mas é incrível que com sua aventura jazzística, Gaga soe com mais cara de “tá vendo? Mais um território conquistado!” do que acontecia no caso de Madonna.
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O repertório de Harlequin, mesmo extremamente bem cantado, soa mais como um souvenir do filme do que como um álbum original de Gaga, já que boa parte do repertório é de covers, e não necessariamente de músicas pouco conhecidas: Smile, Happy, World on a string, (They long to be) Close to you e If my friends could see me now já foram mais do que regravadas ao longo de vários anos e estão lá.
De inéditas, tem Folie à deux e Happy mistake, que inacreditavelmente soam como covers diante do restante. Vale dizer que Gaga e seu arranjador Michael Polansky deram uma de Carlos Imperial e ganharam créditos de co-autores pelo retrabalho em quatro das treze faixas – até mesmo no tradicional When the saints go marching in.
Michael Cragg, no periódico The Guardian, foi bem mais maldoso com o álbum do que ele merece, dizendo que “há um cheiro forte de banda de big band do The X Factor que é difícil mudar”. Mas é por aí. Tá longe de ser um disco ruim, mas ao mesmo tempo é mais uma brincadeirinha feita por uma cantora profissional do que um caminho a ser seguido.
Nota: 7
Gravadora: Interscope.
Agenda
Rock Horror Film Festival: cinema de terror em setembro no Rio
O Rock Horror Film Festival, festival carioca de filmes de terror, está de volta na praça – e vai rolar de 19 de setembro a 02 de outubro no Cinesystem de Botafogo (Zona Sul do Rio). Dessa vez, o evento vai trazer uma seleção de mais de 50 filmes de 17 países em seis categorias: Longas Sinistros, Médias Bizarros, Docs Estranhos, Curtas Macabros, Brasil Assombrado e Pílulas de Medo.
O objetivo do festival é unir terror, cultura pop e rock, e juntar os públicos das três coisas. Entre os filmes selecionados, há produções como The history of the metal and the horror, documentário de Mike Schiff repleto de nomões do som pesado (EUA), Tales of babylon, de Pelayo de Lario (Reino Unido), The Quantum Devil, de Larry Wade Carrell (EUA). Há também Death link, dirigido por David Lipper (EUA), com um time de astros e estrelas que inclui Jessica Belkin (Pretty little liars), Riker Lynch (Glee), David Lipper (Full House) e outros.
O evento também vai ter mesas redondas com diretores, atores e outros profissionais da indústria para o público do festival, comandadas pela criadora do Rock Horror Film Festival, Chrys Rochat (Sin Fronteras Filmes), e que vão rolar no hall do Cinesystem. Entre os convidados já estão confirmados diretores da Polônia, EUA, Canadá e Brasil. Happy hours cinéfilas, shows de rock e oficinas estão no programa também, além da exibição de um filme inédito no Brasil na abertura.
Lista completa dos filmes que participarão da edição no site do festival: www.
Agenda
Parayba Rock Fest: filme que será exibido no evento relembra história de fotógrafo morto por covid
Marcado para este domingo (28) na Areninha Cultural Hermeto Pascoal (Lona Cultural de Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro), o Parayba Rock Fest, do qual você ficou sabendo aqui, vai ter shows, DJs, exposições e várias outras atrações. E Michael Meneses, criador do selo Parayba Records e realizador da festa (que também comemora seus 50 anos de idade), vai exibir seu primeiro filme, Ver + – Uma luz chamada Marcus Vini. Michael, que é fotógrafo e professor de fotografia, iniciou o filme como trabalho de conclusão de curso de sua faculdade de Cinema.
“O que eu vou exibir no evento são os 50 minutos que já estão prontos do filme e que apareceram na apresentação do meu TCC. Ainda estou inclusive fazendo pesquisas para ele”, conta Michael, que com o filme, homenageia Marcus Vini, seu melhor amigo (“o irmão homem que eu não tive”, conta), morto por covid. Marcus era fotógrafo e, como Michael, foi professor universitário e cobriu festivais de música como o Rock In Rio.
“Marcus contraiu covid naquela época mais braba da doença, e morreu no dia em que ele deveria estar tomando a primeira dose”, lembra Michael. “Ele foi fotojornalista e curiosamente fazia aniversário no dia 19 de agosto, que é o Dia Mundial da Fotografia. E só soube disso depois que virou fotógrafo. Ele inclusive fez uma foto super importante numa enchente, que foi publicada no jornal Le Monde. A ideia do filme é focalizar o lado humanitário dele, um cara que estava sempre pensando em fazer doação de alimentos, coordenou um curso de fotografia em Madureira (Zona Norte do Rio)“. Antes do evento de Michael, o filme foi exibido também em lugares como a livraria carioca Belle Epoque.
O Pop Fantasma é um dos apoiadores do evento, ao lado de uma turma enorme. Para saber mais e comprar seu ingresso, confira o serviço abaixo.
SERVIÇO:
SHOWS COM AS BANDAS:
Netinhos de Dna Lazara, Benkens, NoSunnyDayz, New Day Rising (NDR) e Welcome To Tenda Spírita.
ALÉM DOS SHOWS:
Exibição do Documentário: VER+ – Uma Luz Chamada Marcus Vini – Direção: Michael Meneses
DJs: Explica e Chorão 3
Expo de fotos dos fotógrafos da Rock Press
Feira Cultural com: Disco de vinil, CDs, DVDs, roupas, livros, fanzines, artesanato, acessórios de moda rock, cultura geek e muito mais
Gastronomia Vegana: Vegazô – A Feira Vegana da Zona Oeste/RJ
DATA: 28 de julho 2024, às 14h.
LOCAL: Areninha Cultural Hermeto Pascoal – Praça 1 de Maio S/N – Bangu/RJ
INGRESSOS: antecipados aqui, na bilheteria da Areninha e na loja Requiem (Camelódromo de Campo Grande).
Foto: reprodução Instagram
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