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Cultura Pop

New Order: e o tal show de 1987 que foi parar na nova versão da coletânea “Substance”?

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Substance: relembrando a época em que New Order virou rei

Largamente pirateado por anos, e oficializado agora no relançamento da coletânea Substance 1987 com quatro CDs, o show do New Order dado em 12 de setembro de 1987 no Irvine Meadows Amphitheatre, em Irvine, Califórnia, virou uma espécie de ponto culminante da história do grupo. Pelo menos é o que diz Peter Hook no livro Substance: Inside New Order.

No show, o grupo tocou todo o repertório do álbum duplo Substance, do começo ao fim. O show está quase inteiro no CD 4 da versão nova de Substance. Faltam lamentavelmente as três últimas músicas, que eram duas versões de sucessos do Joy Division (Atmosphere e Love will tear us apart) e uma releitura de Sister Ray, do Velvet Underground. Falta também um trecho da introdução de The passenger, de Iggy Pop, tocado antes de True faith.

Durante a turnê de Substance, o grupo vinha dividindo o palco com o Echo & The Bunnymen e com o Gene Loves Jezebel, e a tour vinha sendo marcada por acontecimentos bem bizarros. O New Order tinha que se defrontar com o comportamento agressivo de Ian McCulloch (vocal do Echo), com o estrelismo do Gene Loves Jezebel e com situações-limite entre a paranoia e a comédia: o grupo ficou sem drogas no meio do giro, um integrante da equipe resolveu fazer uma encomenda ao cunhado traficante e… o pobre diabo foi pego pela polícia, com as encomendas da banda e com armas. “Ficamos convencidos de que passaríamos por uma batida policial”, disse Hook, que ainda tomou uma reprimenda da esposa de Ian McCulloch por se envolver com uma garota na turnê (o músico disse que era uma prima distante dele e ouviu: “Entendi, você beija sua prima na boca?”).

Não era a primeira vez que o New Order tocava todo o disco Substance, não. Em 3 de setembro de 1987, num show no CNE Grandstand (Toronto, Canadá), o grupo já havia feito isso, encerrando com uma versão do hit Age of consent. No caso do show de Irvine, Peter deixa claro no livro que o repertório do show surgiu de um pedido do co-empresário Rob Gretton. E diz que “foi um show tempestuoso, embora os acontecimentos anteriores significassem que foi marcado por uma grande tristeza”.

A tal tristeza a qual Peter se refere – e que tornou o show uma data especial na tour – foi que Bernard Sumner, cantor do New Order, enxergado como um sujeito difícil pelos colegas, resolveu aproveitar uma reunião que rolou antes do show para informar a todos que “queria trabalhar com outras pessoas”. Sumner acabaria de fato montando em 1988 o Electronic com Johnny Marr (Smiths), mas demoraria um pouco para esse projeto virar prioridade do vocalista. De qualquer jeito, ainda que o grupo não acabasse aí, caiu mal e o astral baixou totalmente antes da apresentação.  “Ele jogou a carta do frontman insubstituível e ganhou a banda”, reclamou Hook no livro.

NEW ORDER AO VIVO. As versões do show do Irvine Meadows surpreendem pelo caráter orgânico – até mesmo quando a banda dispara samplers e demais engenhocas – e pelos sons que tornam o New Order ao vivo um cruzamento perfeito entre punk e sons eletrônicos. Peter Hook transforma o baixo de Subculture em algo parecido com a versão original, do álbum Low life (1985). Alerta vermelho: para não rolar um corte brusco antes de True faith – por causa da supressão de The passenger – batidas a mais foram acrescentadas. Sumner dá as desafinadas costumeiras no vocal, em especial quanto tem que encarar a voz grave de Ceremony. Mas vale dizer que nada do clima baixo-astral dos bastidores pareceu vazar para o show.

Quer conferir o show como ele aconteceu de verdade (e como foi pirateado?). Tem no YouTube.

Cultura Pop

Roberto Carlos: agradecimento aos fãs e lembranças em “Eu ofereço flores”

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Roberto Carlos: agradecimento aos fãs e lembranças em "Eu ofereço flores"

Quando Roberto Carlos anunciou uma música nova chamada Eu ofereço flores, que foi cantada por ele em 19 de abril no show comemorativo de seus 82 anos – cidade natal de Cachoeiro de Itapemirim (ES) – imediatamente me veio à cabeça a antipatia de Roberto ao distribuir flores à plateia durante shows, no ano passado, quando ele chegou até mesmo a responder de maneira grosseira a um fã que testava sua paciência.

Seria uma maneira de fazer as pazes com o público, então? Talvez. Eu ofereço flores põe pela primeira vez em música um hábito que Roberto Carlos tem no fim de seus shows há anos, e que sempre tornou suas apresentações especiais para todos. Afinal, é um artista romântico que, no fim do show, oferece um presente para suas fãs mais dedicadas, em especial às fãs que têm coragem de se aventurar na frente para disputar uma das rosas com várias outras admiradoras (uma fã dele certa vez me confessou que lixava as unhas quase no formato de garras antes de ir aos shows de Roberto – e na hora de disputar as rodas, saía distribuindo unhadas nas concorrentes).

Eu ofereço flores, uma balada com belo arranjo orquestral (que ocupa o final da faixa, com direito a tímpanos para dar mais grandiloquência), é basicamente uma música feita por ele para agradecer aos fãs pelo amor e pela fidelidade durante suas seis décadas de carreira. “Eu quero agradecer/por tudo o que você/de bom me faz sentir/por tantas emoções/você me viu chorar/você me fez sorrir”, diz a letra. É uma boa surpresa para quem já estava acostumado à falta de novidades, já que se os álbuns anuais de Roberto deixaram de ser feitos em 2005, nem mesmo o hábito de lançar um single a cada ano foi adquirido pelo cantor. Aliás, o único single realmente memorável lançado por ele nos últimos tempos foi o de Esse cara sou eu, que já tem onze anos (Sereia, de 2017, feita para a trilha da novela A força do querer, não é tão brilhante).

  • E lembramos que temos um episódio do nosso podcast, o Pop Fantasma Documento, sobre a fase 1966/1967 de Roberto Carlos. Ouça aqui.

A nova música deixa um certo ar de despedida, até por ser um canção em que Roberto elenca tudo que o faz agradecer aos fãs, como se folheasse um álbum de fotografias. Será? Que seja apenas uma impressão. Para 2024, ano em que se comemora os 60 anos do bem sucedido álbum É proibido fumar, o cantor poderia se espelhar no exemplo de vários colegas mais novos, que fazem do lançamento de álbuns um acontecimento de grandes proporções, e lançar um novo disco. Sim: com doze faixas, nem que algumas delas sejam regravações.

Se o tal disco (que só existe na minha imaginação) trouxer músicas novas dele, unidas a canções novas de seus habituais fornecedores (a dupla Eduardo Lages e Paulo Sergio Valle, por exemplo), vai ser o sonho de muita gente. Os fãs merecem ser supreendidos mais uma vez por Roberto – e ninguém merece ver o maior cantor pop brasileiro de todos os tempos apenas virar meme todo final de ano com o “descongelamento” de sua imagem.

Foto: Reprodução da capa do single.

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Cultura Pop

No nosso podcast, Jimi Hendrix e o disco “Electric ladyland”

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Várias coisas que você já sabia sobre Electric Ladyland, de Jimi Hendrix

Raramente a gente faz um episódio do nosso podcast, o Pop Fantasma Documento, falando apenas de um disco – geralmente a gente escolhe uma época, uma fatia de vida de algum personagem da música. Dessa vez aproveitamos a proximidade do aniversário de 81 anos de Jimi Hendrix (ele chegaria a essa idade no dia 27 de novembro) para lembrar de um disco que não apenas é o melhor do guitarrista norte-americano, como também é um daqueles álbuns dos quais pode-se dizer que, depois dele, nada foi a mesma coisa.

No episódio de hoje, tudo o que você sabe, tudo que você não sabe e tudo que você deveria saber sobre Electric ladyland (1968), terceiro álbum do Jimi Hendrix Experience. Um disco que mudou o rock, a psicodelia, a guitarra e a tecnologia da música – num período em que a nova onda dos sintetizadores dobrava a esquina. E uma época que exigiu muito, emocionalmente e psicologicamente, de Hendrix. Ouça no volume máximo.

Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: L’Rain e Julico.

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts. 

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta!

Foto: Reprodução da capa do disco Electric ladyland.

 

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Cultura Pop

Beatles: qual é a das coletâneas “vermelha” e “azul”, afinal?

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Beatles: qual é a das coletâneas "vermelha" e "azul", afinal?

Relançadas com nova mixagem, som surround Dolby Atmos (dependendo da escolha do consumidor) e músicas a mais, as coletâneas “vermelha” e “azul” dos Beatles são originalmente lançamentos BEM menores da banda, se comparados a álbuns de carreira como Please please me (1963), Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band (1967), Abbey road (1969) e etc. E não poderia ser diferente no caso de compilações de “melhores sucessos”, claro. Mas são discos que têm história, e muita.

Pra começar, são álbuns que cabem muito bem num contexto em que o The Who, uma banda com menos LPs lançados que os Beatles no começo dos anos 1970, já reembalava hits em compilações havia alguns anos. E era uma época em que 1) nem sempre discos ficavam em catálogo por muito tempo; 2) havia uma onda de nostalgia do rock que fazia com que as pessoas relembrassem os Beatles e vários roqueiros de outrora.

No caso dos Beatles, fatores tanto da história da banda quanto do mercado musical colaboraram para o lançamento desses dois discos – que, você deve saber, uniam hits de 1962-1966 e de 1967-1970, respectivamente. Para começar (e isso explica boa parte da parada), os dois LPs duplos, lançados em 2 de abril de 1973, foram o último ato do empresário-estrela Allen Klein à frente dos negócios do grupo.

Tido como manager do mal por muita gente, Allen tinha virado gerente de negócios da banda em 1969 e, por consequência, comandante da Apple Corps, empresa dos Beatles. Fez uma sangria na firma, demitiu muita gente, fez o possível (pelo menos no começo) para demonstrar que estava comprometido em salvar a banda dos negócios mal sucedidos. Mas nunca foi aceito por Paul McCarney, que pessoalmente e profissionalmente não gostava de Allen, e queria o pai e o irmão de sua namorada Linda Eastman no cargo.

Com o tempo, cada um dos três outros beatles foi passando também a detestar Klein e a dar razão a Paul. Cada um por seus motivos particulares, diga-se (John Lennon, por exemplo, não achava que o empresário dava atenção o suficiente a seus manifestos políticos). O dia 2 de abril de 1973 foi também a data em que Klein emitiu um comunicado dizendo que estava se desligando profissionalmente de George Harrison, Ringo Starr e John Lennon. Isso rolou um pouco pela falta de vontade do trio em continuar seguindo com ele, mas também um pouco pelo próprio Allen ter descoberto que secretamente, a banda já vinha pedindo conselhos sobre como se livrar dele – já que estavam amarrados por contratos e o empresário ainda dizia que o grupo lhe devia dinheiro (e muito).

Mesmo que os Beatles estivessem efetivamente acabados, havia certa expectativa de que, sem Klein, a banda se reunisse – a verdade é que trabalhos pessoais e problemas mal resolvidos de ego jamais deixariam que isso acontecesse. De qualquer jeito, o imponderável aconteceu: no fim de 1972, uma gravadora pequena de Nova Jersey chamada Audiotape Inc. aproveitou brechas nas leis de direitos autorais e lançou quatro (qua-tro!) coletâneas dos Beatles chamadas Alpha Omega, com fonogramas tirados das edições norte-americanas da banda.

A compilação, no total, tinha 60 faixas reunidas de modo cagado – muita coisa parecia estar numa ordem alfabética sem revisão. Foi anunciada na TV e vendeu bastante até ser retirada de catálogo. Klein iniciou um mega-processo em nome de Lennon, Ringo e Harrison, que atingiu não apenas a Audiotape como as emissoras que transmitiram os comerciais (e que depois foram retiradas do processo por terem parado de passar o reclame). Mas os discos pelo menos serviram para mostrar que se os Beatles quisessem lançar uma coletânea oficial de seus hits, ora bolas, venderiam bastante. Dito e feito: Allen Klein ordenou à Apple que os discos fossem lançados – e as duas coletâneas bateram recordes de vendagem.

1962-1966 e 1967-1970 não foram lançados de imediato (saíram, já falamos, no dia em que Klein deixou a Apple), nem contaram com a boa vontade da banda. Klein simplesmente avisou que os LPs sairiam e pediu colaborações de todos, mandando listas de músicas para cada um. Harrison fez a maior parte das escolhas, Lennon mandou dizer que estava ocupado demais para se envolver com aquilo, Ringo não estava nem aí, Paul se recusou a colaborar e depois disse nem ter ouvido os discos.

Nessa época, o ex-empresário se esmerava em intimar e processar os Beatles pelos mais diversos motivos, e havia decisões relativas aos álbuns solo dos integrantes que passavam por ele, já que o selo Apple permaneceria sendo usado em discos como Band on the run, de Paul. Neil Aspinall, assistente pessoal dos Beatles desde o começo da banda, pegou a vaga de Klein no comando da Apple. Em 1974, já com Klein fora da Apple, mas ainda processando todo mundo, chegou a haver uma “reunião” dos Beatles em Nova York, mas foi pra tratar de assuntos jurídicos.

As duas coletâneas serviram para reavivar o interesse pela banda e para mostrar que se os Beatles não existiam, o legado interessava até mesmo a fãs que eram crianças em 1970, quando o grupo se separou – em 1974, houve a primeira Beatlefest, reunião de fãs e colaboradores dos Beatles, em Nova York, lotada de fãs de 13, 14 anos de idade. Biógrafos associam o lançamento da coletânea Endless summer, dos Beach Boys (1974) com esse disco, mas a Capitol já vinha lançando greatest hits do grupo desde os anos 1960.

Uma curiosidade dos dois discos foram as capas, trazendo as fotos de Angus McBean que mostram a banda no mezanino do prédio da EMI em duas fases. A do álbum 1962-1966 foi parar originalmente na capa da estreia Please please me (1963). A do 1967-1970 foi tirada em 1969, originalmente para o disco Get back – mas não foi aproveitada na capa do LP Let it be e foi deixada de lado. E os Beatles por acaso não foram os primeiros nem seriam os últimos a tirarem fotos no prédio da gravadora, como você já viu aqui.

Ah, e aí embaixo, você confere o comercial de TV das coletâneas, veiculado em 1973.

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