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Ziriguidum: 25 anos de MPB na internet comemorados com documentário

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Um site que existe há 25 anos. Ok, sabemos o que você está pensando aí: “Peraí, mas há 25 anos já tinha internet pública?”. Tinha sim, mas funcionava quase a lenha. “Não tinha essa dinâmica de publicar na mesma hora, era um processo. Então tínhamos edições mensais com três ou quatro matérias que entravam no ar”, conta Beto Feitosa, que em 1996 criou, ao lado de Flávia Souza Lima o site Ziriguidum, especializado em MPB. No ano passado, bem no início da pandemia, o site transformou-se num dos primeiros festivais online, o Ziriguidum Em Casa, dirigido por Beto, pelo músico e ator Cláudio Lins e pelas jornalistas Maria Braga e Ana Paula Romeiro. O festival já teve 23 edições.

O reconhecimento do Ziriguidum Em Casa veio pela presença do público, pelo número de artistas conhecidos que se apresentaram no festival, e também por uma premiação: recentemente, o evento foi o vencedor na categoria Festival de Música Online, na sexta edição do Prêmio Profissionais da Música. Já o site Ziriguidum, que surgiu como uma revista impressa, ganha em janeiro um documentário, dirigido por Rafael Saar, contando toda a trajetória do site. Vale lembrar que o Ziriguidum foi inovador a ponto de – bem antes de existir um negócio chamado podcast – já ter mantido uma rádio na internet.

Beto Feitosa bateu um papo com o POP FANTASMA sobre o documentário, os projetos que estão vindo aí e sobre o pioneirismo do Ziriguidum.

Queria saber um pouco como foi a surpresa de receber um prêmio pelo Ziriguidum Em Casa. Qual o balanço que você faz desse tempo todo que o evento está de pé?

Ziriguidum já tinha sido indicado outras vezes ao prêmio, mas esse é o primeiro troféu que vem pra estante. Foi uma alegria muito grande e até surpresa pq tinham outros festivais ótimos e super importantes. Aquele velho chavão que só estar ali entre eles já era um prêmio, mas quando anunciou o vencedor deu uma alegria imensa. Um incentivo grande pra continuar.

A gente começou na primeira semana de pandemia sem saber o que estava fazendo. Só no impulso de fazer. Aos poucos fomos entendendo a lógica, adaptando… e também mudando o formato, que no início eram de apresentações ao vivo. Depois essa onda de lives diminuiu e deu lugar a shows mais bem produzidos. Nisso a gente passou a fazer especiais temáticos, juntando artistas. E o evento é feito por quatro pessoas (eu, Claudio Lins, Maria Braga e Ana Paula Romeiro) que são apaixonadas por música. Então a gente fala pra quem tem o mesmo interesse que a gente. É um festival feito de verdade com muito amor e dedicação.

No começo falava-se em isolamento de poucos dias, poucos meses… O que vocês tinham em mente quando montaram o evento? Acreditaram mesmo que seria algo de poucos dias ou meses?

Não tinha nada em mente. Eu também estava com aquela ideia de “daqui a 15 dias já tem show de novo”. A gente fez a primeira semana – que a princípio seriam três dias com cinco shows cada e acabou virando quatro dias com cerca de 7 a 10 shows por dia – e no final dessa primeira maratona tinha gente pedindo pra fazer. Então a gente resolveu repetir na semana seguinte. E foi rolando assim até que a gente entendeu que aquilo ali tinha força grande de unir pessoas. Acho que demorou cerca de um mês pra gente ter essa visão. A entrada da Maria Braga e da Ana Paula Romeiro na produção – nos dois primeiros éramos apenas eu e Claudio – foi um sinal disso.

Como tem sido o retorno dos frequentadores do festival? Você diria que o Ziriguidum ajudou muita gente?

Eu comparo a importância dos artistas nessa pandemia com a dos médicos. Para quem estava em casa sozinho, sem amigos, sem família, com a vida totalmente mudada de uma hora pra outra… Você ligar o Instagram e ter ali diversos artistas oferecendo sua música é de um tamanho que não tem como dimensionar. A gente estava trancado, com medo, sem informações. Mas conseguia se distrair ali pulando de um show pra outro, descobrindo novos artistas, reencontrando outros…

A gente organizou essa grade, fazendo quase que uma curadoria. Um artista se apresentava por meia hora e chamava o público para acompanhar o seguinte. Isso ajudou muito quem estava em casa – falo isso por experiência própria como público também – e ajudou os artistas que naquele momento encontraram essa forma de se comunicar, de oferecer sua música para as pessoas. A troca é incrível, uma energia que realmente rolou. E acho que isso criou um costume novo, abriu um palco a mais. Hoje em dia a pessoa entende como “um programa” assistir um especial desses pela internet. Nada substitui o artista ao vivo, mas também você entrar na casa dos artistas e ter ele ali em seu ambiente fazendo música é muito especial.

Hoje em dia quem faz a edição do programa sou eu. Ou seja, passo a semana inteira vendo e revendo aqueles vídeos, colando, tentando equalizar o som… Mas na hora que está indo ao ar, assistindo com todo mundo, minha emoção é de público também. Me surpreendo e adoro ler os comentários.

Quais são os próximos projetos do evento?

Com a retomada gradual das atividades, dos editais, toda a equipe se viu muito sobrecarregada nos últimos meses, tanto que essa edição teve um atraso e chegou a ser remarcado algumas vezes. Então a gente decidiu que vai ser o último de 2021. Mas já temos o tema do próximo, algumas confirmações, parcerias bacanas… E em janeiro vamos estar de volta. Também queremos muito que o festival tenha uma continuidade no palco com o mesmo clima que tem na internet, juntando surpresas e matando saudades. A ideia é encontrar as pessoas, viajar, chegar mais perto de quem esteve junto nesse período.

Em 2021 o site Ziriguidum completou 25 anos. O que te motivou a montar o site como estava sua vida profissional (e a da Flavia) na época?

Não existia vida profissional (risos). Eu era calouro de jornalismo da PUC, ela tinha se formado e estava voltando para fazer letras. A gente se conheceu por acaso e foi uma empatia imediata. Eu já tinha editado jornais e revistas em Niterói e tinha tentado emplacar uma revista sobre música brasileira em uma editora daqui. Comentei isso com ela que adorou a ideia, embarcou e juntos conseguimos colocar isso na rua em forma de revista.

Eu cheguei a dispensar um estágio no Jornal do Brasil – sonho de 9 entre 10 estudantes de jornalismo na época – pra seguir com Ziriguidum. Com a revista circulando saiu uma nota na coluna que o Tárik de Souza tinha no Jornal do Brasil e fomos convidados para fazer um site. Isso era 1996, eu só usava e-mail e pesquisava coisas pontuais. A internet – especialmente no Brasil – era terra de ninguém, pouquíssimas pessoas tinham acesso.

Quais são os maiores de gols que o site marcou esse tempo todo? Alguma entrevista ou matéria marcou mais?

Acho que o maior gol tá no DNA: é um veículo que nunca se pautou pela indústria, sempre foi “amigo da arte”, como diria Alceu Valença. Desde o número zero a gente nunca quis se colocar como um espaço para crítica de música, e sim para curadoria, apontar trabalhos interessantes, especialmente aqueles que não tinham espaço na grande mídia. Sempre teve esse lado alternativo e amplo de dar espaço para muita gente.

E em tudo que Ziriguidum fez nesses 25 anos esse olhar nunca mudou. No início era diferente, a música circulava em CDs, então eu recebia muito material que as pessoas não tinham acesso. Hoje todo mundo tem acesso a tudo na internet, mas o papel é mais de curadoria. Eu quero apontar o que estou ouvindo, o que me toca. Em um mar imenso de lançamentos é impossível alguém dar conta de tudo. E nisso muitos trabalhos geniais passam em branco.

Não sei se tem uma entrevista ou matéria que tenha marcado mais, mas tem gols maravilhosos. Se for parar para lembrar vou buscar do início, do inusitado… Rita Lee respondendo minhas perguntas por fax (fax pra lá, fax pra cá e ela desenhando na folha), Zélia Duncan dando entrevista gravada no que a gente chamava de “programa de rádio na internet”, a gente nem sabia direito o que era aquele material, não tinha nome.

E como era fazer site no tempo da internet a lenha? Como ele era feito e montado?

Era muito simples. Há poucas semanas consegui recuperar os arquivos do primeiro site, e é lindo ver que aquilo era a realidade. Fotos pequenas de resolução baixa (tempos de modem de 9600, quem viveu sabe…), textos com fonte maior, textos imensos, e edições mensais. Não tinha essa dinâmica de publicar na mesma hora, era um processo. Então tínhamos edições mensais com três ou quatro matérias que entravam no ar. Seguiu assim até 2000 mais ou menos, quando comecei a fazer um conteúdo mais dinmico. Aí eu mesmo fazia tudo: da pesquisa, texto, edição de fotos (às vezes até a própria foto), edição de áudio ou vídeo, programação em html, até divulgação.

Verdade que vem um documentário sobre o site por aí? O que está sendo planejado?

Desde o início do ano estou com vontade de fazer isso, contar essa história. Tentei alguns editais e não rolou. Mas a ideia continuou, e fomos vendo as possibilidades, formatos mais econômicos… E agora no finalzinho do ano vai rolar. Vai ser um doc dirigido pelo cineasta Rafael Saar que vai ter como fio condutor uma entrevista comigo e com a Flávia Souza Lima contando a história.

De ilustração já recuperei vários prints, as revistas imprensas, destaques na home do UOL, material em vídeo, áudio… Além de ter depoimentos gravados à distância de pessoas que são muito importantes nessa história. O lançamento vai ser em janeiro no nosso YouTube, mas a ideia é que ele seja exibido também em outros lugares. Acho que tenho uma história muito bacana, peculiar e principalmente apaixonada pra contar.

Eu sou muito discreto, meio tímido, e muito prático com as demandas do dia-a-dia. Nisso a história de Ziriguidum vai ficando negligenciada, não falo muito, não jogo luzes… mas tem muita história bacana pra contar e acho que é uma hora legal, quando comemora 25 anos. Um marco importante.

Antes do conceito de podcast existir, vocês já tinham um programa de rádio na internet. O que você se lembra dessa época e como era fazer rádio na internet com internet lenta?

Lembra do Real Player? Era essa a plataforma. Nem MP3 existia. Por intermédio da Rita Lee – sempre ela – Ziriguidum foi parar dentro do portal UOL, que era uma equipe mínima meio que num cantinho da redação da Folha de São Paulo. Mas era uma equipe também com muita vontade de fazer aquilo acontecer e experimentar. Quando comecei a publicar lá, eles estavam estreando o servidor de streaming (já tinha esse nome) e me ensinaram a fazer conteúdo em áudio, a princípio para colocar 30 segundos de duas ou três músicas.

Nisso, tive a ideia de fazer conteúdos mais longos. E começamos a gravar: a gente ia na casa dos artistas para bater um papo, editava, costurava algumas músicas e colocava no ar. O som era quase de rádio AM, mas ficava legal! Mas a orientação do UOL era que todo o conteúdo do audio estivesse também disponível em texto, afinal de contas dos poucos que tinham internet, pouquíssimos tinham uma conexão boa para manter a reprodução de um áudio.

Outro formato muito importante (e que infelizmente pouca coisa restou) foi de programa de rádio mesmo. Um amigo querido chamado Marcus Heizer era dono do Estúdio Arte (ele era sócio do Arthur Maia) e abriu o estúdio pra que eu gravasse o programa nos horários vagos. Às vezes era depois da meia noite, outras à tarde. Mas a equipe dele sempre à disposição e super parceria me abria as portas pra gravar, eu ia pra casa e editava em um programa super simples.

Vocês têm os programas guardados? Pretendem fazer algo com esse material?

Não tenho todos, mas tenho alguns que já estão no ar, outros que estou digitalizando para usar no documentário, e quero disponibilizar sim. Encontrei um DAT com a entrevista da Zélia Duncan, ainda não sei se é o material bruto ou o editado. Estou procurando um amigo com DAT pra desvendar essa questão! Hahahaha Mas com essa onda de revisar a história, de falar e ficar pensando – e venho lembrando de muitas coisas. Ontem por exemplo lembrei que fiz uma transmissão live de um show da Anna Ratto por um app chamado Twittcam em 2010.

Cada vez mais vontade de colocar isso tudo no ar, vou organizando. Também recuperei áudio e vídeo do show de comemoração de dez anos do site. Vou me organizar para que na sequencia do doc, esse material de arquivo entre no ar.

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Radar: Wet Leg, Fuzz Lightyear, OMNI, The Captains Syndrome, Isabella Lovestory, Mariah Carey

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Radar: Wet Leg, Fuzz Lightyear, OMNI, The Captains Syndrome, Escape With Romeo, Isabella Lovestory, Mariah Carey

Um negócio que sempre passa pela nossa cabeça quando estamos fazendo o Radar: vale falar de gente que não precisa tanto assim de divulgação? E repetir artista no Radar, vale? As duas coisas valem, sim. E por causa de dois aspectos: 1) queremos acompanhar tudo o que está rolando na música; 2) queremos acompanhar o que uma turma da qual gostamos vem fazendo. E a luta aqui é para quem tenha sempre espaço pra geral. Dito isto, estamos na espera pelo novo álbum do Wet Leg, e estamos tanto de olho nos passos de Mariah Carey quanto nos movimentos do Fuzz Lightyear, uma banda do barulho. Ouça em alto volume!

Texto: Ricardo Schott – Foto Wet Leg: Alice Backham/Divulgação

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WET LEG, “DAVINA MCCALL”. Sabe o que é que vai sair na semana que vem (sexta, dia 11)? O esperadíssimo disco novo do Wet Leg, Moisturized – que a julgar pelos singles já lançados, e pelo clima zoeiro dos clipes, vai meter o pé na porta. Davina McCall, single novo, é loucura do começo ao fim: um doce soft rock que fala sobre amor incondicional e devotado, em que a personagem promete ser “a Davina” do seu amor, e depois avisa que será a “Shakira” da tal pessoa. Eita.

Honestamente, não sacamos lá muito bem o porquê da referência à Davina McCall – apresentadora veterana da TV britânica, conhecida por comandar realities como Big Brother, The Biggest Loser e The Masked Singer. A própria banda disse que terminar a música foi como “resolver um mistério” (qual, exatamente, ninguém sabe). E falando em mistério, o clipe entra na mesma vibe: o Wet Leg aparece em versão bonecos de argila e sai em uma perseguição maluca, a bordo de um conversível (no maior estilo do clipe anterior do grupo, o de CPR), atrás de um sujeito bem esquisito.

FUZZ LIGHTYEAR, “BERLIN, 1885”. Sabemos muito bem o que você está pensando aí: “Fuzz Lightyear? Caraca, como eu não tive a ideia desse nome antes?” Essa banda de Leeds fez mais do que apenas pegar o boneco-herói do filme Toy Story e transformá-lo num trocadalho barulhento do carilho. No single Berlin, 1885, transformou seu som numa massa bruta percussiva, que range de maneira selvagem, num design sonoro em que guitarra e baixo são tão responsáveis pela condução do ritmo quanto a bateria.

Ben Parry, o vocalista, diz que a música é um aviso de que a luta não acabou. “É difícil continuar na luta quando parece que nada mudou. Esta música é uma espécie de alerta para mim mesmo, e para qualquer outra pessoa tão apática quanto eu, para continuar”, conta.

OMNI, “FOREVER BEGINNER”. Essa banda de Atlanta, Georgia, ligada ao pós-punk clássico, foi destaque nos melhores álbuns do Pop Fantasma no ano passado – por causa do disco Souvenir, cujo repertório inclui faixas que soam como o King Crimson soaria se fosse produzido por Tom Verlaine (Television). Ou como um hipotético supergrupo envolvendo integrantes do Television, da Gang of Four e do Black Sabbath. E lá estão eles de volta com o pós-punk durão Forever beginner, uma sobra das gravações do álbum anterior que chega agora às plataformas. Uma bateria quase robótica e uma trama de riffs marcam a canção.

(leia nossa resenha de Souvenir aqui)

THE CAPTAINS SYNDROME, “THE SOUND”. A onda desse grupo sueco é a encruzilhada entre o punk e o rock pauleira – ou seja: aquela pegada sonora representada por artistas como Billy Idol, Ramones, Sex Pistols e Iggy Pop, e que aparece no som desse trio. Explosões espalhadas pela letra e pelo arranjo do novo single, The sound (inclusive no refrão), ajudam a reforçar a narrativa da música, que fala basicamente sobre ser passado para trás, cair e se reerguer várias vezes. “Na letra, usamos fogo e água como metáforas para a luta interior e libertação”, contam eles, que também avisam: “Estamos aqui para fazer barulho!”. Ninguém duvida.

ISABELLA LOVESTORY, “EUROTRASH”. Pop performático, exagerado e afiado: depois dos singles Gorgeous e Telenovela, a cantora pop hondurenha Isabella Lovestory volta com Eurotrash, single que mistura eletro-trap debochado, sintetizadores ácidos e imagens absurdas (poodles rosa, bolsa Louis Vutton pirateada, becos europeus).

A faixa é um dos singles de Vanity, novo disco dela, já nas plataformas. E Isabella diz que o álbum traz, em todas as faixas, a maneira como ela vem lidando com fama e exposição. “Quis romantizar essa escuridão e transformá-la em narrativa. Cada música é um lado diferente meu lidando com a própria vaidade, em toda a sua bela escuridão”, diz.

MARIAH CAREY, “TYPE DANGEROUS”. Nem a pau a gente vai deixar de lado um dos monumentos da música pop dos anos 1990 – especialmente porque Mariah Carey mandou bem com seu novo single, Type dangerous, 50º hit da cantora a invadir a Billboard Hot 100. É o primeiro lançamento inédito dela desde 2018 e antecipa seu próximo álbum.

E, enfim, vale a pena ouvir? Se você detesta Mariah Carey e todos os usos e costumes relativos ao repertório dela, mas gosta de música pop, vale: a nova música é soul eletrônico bastante texturizado e remixado, invadindo a área do new jack swing – o som urbano-contemporâneo, que parece de volta à moda, até mesmo nas produções brasileiras. Poderia ser uma produção de Mark Ronson (não é, mas Anderson.Paak, outro nomão da produção, está envolvido na faixa). Enfim, eu se fosse você, ouviria.

OLIVIA RODRIGO feat ROBERT SMITH, “JUST LIKE HEAVEN”. E fica aí de bônus e também de surpresa – já que nem estava no título deste texto: no último domingo (29 de junho), Olivia foi headliner do festival de Glastonbury, na Inglaterra, e recebeu no palco ninguém menos que Robert Smith (The Cure) para cantarem dois sucessos da banda, Friday I’m in love e Just like heaven.

Olivia descreveu Robert como “talvez o melhor compositor que já saiu da Inglaterra e um herói pessoal”, Smith subiu no palco usando um moletom com lantejoulas, e os dois cantaram juntos. O vídeo de Just like heaven foi liberado pelo canal da BBC com boa qualidade de imagem e som. E com isso, The Cure se consagra como uma das bandas veteranas mais influentes dos dias de hoje – aquela que influencia novos artistas sem que eles sequer percebam, como também acontece como Beatles e Rolling Stones.

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Radar: MPB4, Rohma, Marcelo Lobato, Felipe F., Les Gens, Anna Esteves, Bersote

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Radar: MPB4, Rohma, Marcelo Lobato, Felipe F., Les Gens, Anna Esteves, Bersote

Um pouco de história nesse Radar nacional: o grupo que popularizou a sigla “MPB” como sinônimo de música variada e cheia de referências lança música nova e apadrinha um projeto cuja ideia é revirar a música brasileira. O MPB4 aparece aqui com Bendegó e encabeça nossa lista quase diária de novidades. Ouça alto, bem alto.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Leo Aversa/Divulgação

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MPB4, “BENDEGÓ”. “Peça (e pedra) fundamental do Museu Nacional, a pedra de Bendegó sobreviveu novamente a um incêndio, era símbolo do museu que seria destruído pelo fogo, agora é símbolo do museu que, em reconstrução, será reinaugurado. Não poderia ser outra a canção-síntese do projeto MPB Ano Zero“, avisa o jornalista e escritor Hugo Sukman sobre o projeto idealizado por ele, ao lado do produtor Marcelo Cabanas e do cantor Augusto Martins.

É história em forma de som: o MPB4 surgiu há 60 anos — e com ele, a sigla que até hoje define a música brasileira, seja ela mais popular ou mais erudita, desde que cheia de brasilidade. Para comemorar a trajetória, o projeto MPB Ano Zero, em parceria com a gravadora Biscoito Fino, vem lançando um single por semana: serão 21 regravações de clássicos da MPB por novos intérpretes. E Bendegó, bela toada de Claudia Castelo Branco e Renato Frazão, originalmente gravada por Luísa Lacerda, reaparece na voz do MPB4 — padrinho simbólico da iniciativa.

ROHMA, “A LOBA”. Cantor italiano radicado há duas décadas no Brasil, Rohma é professor de línguas na UFSC, dançarino, figurinista, e em paralelo, vem lançando discos. Ele lançou em fevereiro o EP Tabula rasa, cantado em italiano e em português, com referências de MPB experimental, sons malditos nacionais e estilos como hip hop.

A faixa A loba, que acaba de ganhar clipe dirigido por Bruno Ropelato – e gravado quase inteiramente no campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – é um samba-rock sombrio, que passou por várias mãos. Foi composto por Laura Diaz (Teto Preto), Thiago Nassif e o produtor André Sztutman (o popular SZTU). e ganhou produção de SZTU e Pedro Sá, metais arranjados por Maria Beraldo, além de percussões e programações de Bica Tocalino e Entropia. O resultado é definido por Rohma como “intenso e bruto”.

CAFÉ PRETO, feat CÉU (REMIX MARCELO LOBATO), “ÁGUA, FOGO, TERRAMAR”. Marcelo Lobato (ex-O Rappa, atual solo e Afrika Gumbe) mergulha em Água, fogo, terramar, parceria de Café Preto com Céu, e entrega um remix que cruza o analógico com o eletrônico sem perder o pé nas raízes afro-brasileiras.

A ideia surgiu de um gesto generoso de Cannibal, do Café Preto (e também da mitológica banda punk pernambucana Devotos): ele enviou um compacto da faixa com as vozes isoladas para Lobato experimentar. “Gravei algumas ideias em casa e depois levei para o estúdio Jimo para finalizar com o Zé Nóbrega. Foi um processo bem natural. Toquei todos os instrumentos, com exceção das guitarras, que ficaram por conta do Zé”, explica Lobato. Usando os ruídos do próprio vinil como matéria-prima, ele constrói uma releitura crua e pulsante.

FELIPE F, “SAMBA ELEGIA”. “Essa música começa com uma batida enigmática que só quando os vocais entram você percebe se tratar de um samba, mas como se a St Vincent estivesse tocando”, diz Felipe F, que faz trilhas sonoras e tem no currículo a voz e a guitarra do Bloco do Sargento Pimenta. O carioca prepara para breve o primeiro álbum, Dois, e no single Samba elegia, reúne desencanto amoroso, indie rock, fartas percussões e um clima que está mais para Nelson Cavaquinho do que para bedroom pop. O álbum, ele adianta, “tem letras inspiradas nos meus dois últimos relacionamentos amorosos, seja pelo otimismo do começo ou a tristeza lancinante do fim”, afirma.

LES GENS, “SOLITUDE, QUEM?”. O primeiro single do Les Gens “é uma viagem sensorial sobre a solidão urbana e suas contradições”, define João Auzier, criador do projeto — que transita entre o musical e o literário. Solitude, quem? mistura indie rock com trip hop, com influências de Portishead, Björk e companhia. A letra tem como ponto de partida obras de Caio Fernando Abreu e Clarice Lispector. “É sobre existir no caos”, completa ele. A faixa começa em clima acústico, mas logo se adensa com programações, teclados, guitarras distorcidas e uma atmosfera carregada.

ANNA ESTEVES, “PRO MESMO NOME”. “Esse trabalho é, antes de tudo, sobre me reconhecer. Sobre aceitar quem eu sou, com todas as minhas contradições. Sobre assumir minhas verdades e também meus medos”, diz Anna Esteves, que estreia com o EP Anna e faz uma mistura de r&b, samba, bossa, com a ajuda de convidados como Haroldo Ferretti (Skank), Thiago Corrêa (Graveola, Diesel). Pro mesmo nome, single que antecedeu o EP, tem jeito de bedroom pop, beat simples e texturizado, vocais com agilidade entre o rap e o pop, e sustos com os descaminhos do amor na letra. O EP ainda tem a tranquilidade solar de A você, Sereia e Não deu.

BERSOTE, “DESCEU AMARGO”. Às vezes o dia segue, mas algo entala na garganta — ou a ficha só cai depois, revelando que o que parecia banal era, na verdade, um baita abismo existencial e emocional. Esse é o clima de Desceu amargo, faixa-título do novo EP do fluminense Bersote, que aposta numa mistura de trip hop com toques de blues. No clipe, cenas cotidianas traduzem a mesma introspecção e tensão presentes na música.

 

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Radar: Nation Of Language, Panic Shack, Lobsterbomb, Mac DeMarco, Revelation 23, Alwyn Morrison, Molly Grace

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Radar: Nation Of Language, Panic Shack, Lobsterbomb, Mac DeMarco, Revelation 23, Alwyn Morrison, Molly Grace

O Radar internacional de hoje tem uma banda que está renovando o tecnopop (Nation Of Language) e que fez mudanças em seu próprio som recentemente, além de um gênio atual do pop (Mac DeMarco) que entra agora em vibe tranquila e bucólica. E uma boa leva de nomes novos da música. Ponha o volume no máximo e organize suas playlists.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Ebru Yildiz/Divulgação

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NATION OF LANGUAGE, “I’M NOT READY FOR THE CHANGE”. Ian Richard Devaney, vocalista da banda de synthpop de Nova York Nation Of Language, diz que o próximo álbum de sua banda, Dance called memory, previsto para 19 de setembro, vem bastante inspirado na musicalidade de Brian Eno. “Li sobre como o Kraftwerk queria remover toda a humanidade de sua música, mas Eno frequentemente falava sobre querer fazer música sintetizada que soasse distintamente humana”, conta.

“Por mais que o Kraftwerk seja uma influência sonora fundamental, com este disco me inclinei muito mais para a escola de pensamento de Eno”, completa. I’m not ready for the change, single novo do grupo, tem essa vibe de música sintetizada que só poderia ter sido feita pelo viés do calor humano.

PANIC SHACK, “THELMA & LOUISE”. Formado em 2018 na Inglaterra por Sarah Harvey (voz), Meg Fretwell (guitarra, backing vocal), Romi Lawrence (guitarra, backing vocal) e Emily Smith (baixo), o Panic Shack estreia em 18 de julho com o primeiro álbum, epônimo, oscilando entre a alegria do power pop e a crueza do punk. O disco já foi anunciado pelos singles Girl band starter pack (que parece uma versão 2025 das Slits, mas com texturas modernas), Gok wan e agora por Thelma & Louise, que bota a mulherada da banda para rodar num carro conversível – em cenas como no filme de Ridley Scott – e celebrar a amizade em clima punk.

LOBSTERBOMB, “NOT AGAIN”. Vindo de Berlim, o Lobsterbomb já tem um álbum lançado (Look out, de 2023) e volta agora com Not again, canção punk, pesada e grudenta, cuja letra fala sobre aqueles momentos em que a paz tão sonhada – junto com o equilíbrio tão trabalhado – parece que vai sumir: “Tenho potencial, mas ele vai ser desperdiçado / tenho a sensação de que vai mudar / mais um dia e de novo é a mesma coisa”.

No clipe em preto e branco, a câmera gira ao redor da banda enquanto eles tocam com uma entrega contagiante. No Instagram, o grupo contou que, na época da gravação, estava há meses sem subir num palco – o que torna essa explosão de energia ainda mais surpreendente. Mal dá pra acreditar!

MAC DEMARCO, “HOME”. Li por aí – e discordo totalmente – que Mac DeMarco faz um tipo de rock “pra funcionar”. Como assim? A pessoa (não lembro quem) enxerga o som do canadense como algo meramente decorativo: música pra ouvir enquanto você estuda, lava cuecas, cuida da louça, do quintal ou treina. Pode até ser trilha pra tudo isso, mas é reducionismo demais. A verdade é que a sonoridade cheia de texturas, ruídos low-tech e manhas caseiras de Mac vem influenciando muita gente (já parou pra contar quantos discos nessa mesma pegada saíram só em 2025?).

E vem mais por aí: Guitar, o novo álbum, chega em 22 de agosto. Foi gravado na casa dele em Los Angeles e mixado na casa da mãe, no Canadá – pra onde ele foi tirar férias, mas acabou, claro, arrumando trabalho. Home, o primeiro single, é uma balada slacker rock daquelas que não querem guerra com ninguém. No clipe, Mac rema tranquilamente num lago, pássaros sobrevoam o céu e o clima bucólico toma conta. Uma boa trilha para o seu relax – mas não apenas isso.

REVELATION 23, “SWEET FOR YOU”. Essa banda britânica une pós-punk, metal e som gótico, com vocais e temática femininos. Sweet for you, novo single, fala sobre “o conforto que às vezes encontramos na destruição – como a espiral se transforma em identidade quando todo o resto desmoronou” e foi feita “para quem já confundiu dormência com segurança ou desespero com amor”. O som rola em meio a guitarras pesadas e synths.

ALWYN MORRISON, “CHAINED”. Alwyn é um ex-jornalista musical de Nova York que também compõe e canta, numa onda musical que une The Cure, britpop, folk e até algo da sujeira punk, ali misturado. Chained, seu novo single, é uma balada emocional feita durante um voo, e que fala sobre amar alguém que sofre de depressão.

“Ela é sobre estar ‘em um quarto escuro’ com essa pessoa e como isso afeta minha vida: nunca querer ir embora, mas se sentir preso ali dentro. Eu faria qualquer coisa para ajudar, mas está além do meu controle, e cada tentativa parece um fracasso. É uma música sobre resiliência, empatia e a luta de amar alguém nos seus momentos mais sombrios”, comenta ele. “Às vezes o amor exige mais do que esperamos”.

MOLLY GRACE, “HEAVEN SENT”. Qualquer observadora/observador do universo pop não vai se arrepender se der uma olhadinha no trabalho dessa cantora norte-americana de 24 anos, com orignens em Lexington, mas radicada em Nashville. Molly começou disponibilizando suas músicas em aplicativos como o Tik Tok, já gravou dois EPs, fez turnês e lançou um álbum ao vivo – tudo como artista independente. Seu branding artístico mistura disco-music, atitude “cheguei” no estilo de Chappell Roan e ideologia queer, com canções que pegam. Já o novo single Heaven sent une ABBA, gospel, humor ligeiramente blasfemo, amor sáfico, e um clipe – dirigido por Chase Denton – que é um primor de exagero camp.

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