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Cultura Pop

A primeira (e única!) vez que teve Ramones em trilha de novela

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A primeira (e única!) vez que teve Ramones em trilha de novela

Lembra daquela vez que você ligava a TV na hora da novela e ouvia Ramones? Apesar do sucesso que a banda americana fez em países latinos, só numa ocasião uma estação de TV pensou na hipótese de colocar uma música do grupo para embalar as cenas. Só não foi naquela trama bombada das nove. Foi numa novela um tanto mais humilde.

Em 11 de abril de 1994 – mesmo dia em que a Globo punha no ar um de seus maiores campeões de audiência, A viagem, às 19h – a Manchete soltava a estreia de 74.5, Uma onda no ar, às 21h30. Essa novela, da qual possivelmente muita gente nunca ouviu falar, era uma produção da TV Plus, com argumento de Domingos de Oliveira e direção de Cecil Thiré. No elenco, nomes como Leticia Sabatella, Angelo Antonio, Jerry Adriani (fazendo um cantor chamado Roberto), Daniel Dantas e Raul Gazolla.

Um blog chamado Memória Teledramatúrgica explica que a história é isso aí.

A primeira (e única!) vez que teve Ramones em trilha de novela

Olha a novela na capa da Manchete aí, com direito a uma matéria anunciando que “Curt Cobain” (oi?) ia “do Nirvana ao inferno”.

A primeira (e única!) vez que teve Ramones em trilha de novela

“Tem onde ver umas cenas dessa novela?”. Tem, claro. Olha a abertura aí.

“Tá, mas e o que os Ramones têm a ver com isso?”, você já deve estar se perguntando. Na cena abaixo, em 16h12, você vê uma discussão, er, um tanto pesada (com direito a homem-segura-o-braço-de-mulher) entre o boa vida Nestor (Marcelo Picchi) e a gatinha Tuca (Karina Barum). Para embalar o desentendimento entre o casal, nada melhor que Substitute, clássico do The Who, na versão dos Ramones lançada no disco de covers sessentistas Acid eaters (1993).

Substitute, na voz de Joey Ramone, ainda tinha a participação discreta do autor da canção, Pete Townshend, nos vocais. Na época, teve clipe, que você confere abaixo. Ele rolou muito na MTV. Acid eaters foi lançado até em LP por aqui, numa época em que o formato já estava sumindo. No Mercado Livre tem uma turma pedindo mais de cem pilas pelo vinil nacional.

Eles vieram ao Brasil lançar esse disco em 1994. Eu tava lá.

As capinhas dos discos nacional e internacional da novela eram essas aí. Hoje, ambos os discos valem uma baita grana em sebos (o Mercado Livre tem usuários seguindo uma escala psicodélica que eleva o preço até uns 200 paus).

A primeira (e única!) vez que teve Ramones em trilha de novela

E o responsável por colocar Ramones em trilha de novela pela primeira vez foi ninguém menos que Mayrton Bahia. Lançador da Legião Urbana na antiga EMI, Mayrton havia deixado a gravadora para ir para a PolyGram (hoje Universal, assim como a própria EMI) nos anos 1990. Lá, lançou Mutantes em CD e suou para convencer a chefia de que Sandy & Junior e Cássia Eller dariam bons contratados, entre outros projetos. Depois montou o selo Radical Records. Em 1994, era produtor independente, e foi chamado para fazer a trilha de Uma onda no ar.

“Os caras da TV Plus me chamaram para fazer a produção musical da novela. Foi um freela meu. Eles tinham uma parceria com a EMI e eu conhecia todo o pessoal da gravadora. A ideia era que o disco saísse por lá, porque a Manchete não tinha uma gravadora como a Som Livre. Tinha que usar as músicas da EMI e o que eu quisesse a mais, a gravadora corria atrás”, recorda Mayrton, num papo com a gente.

Como a ideia central da novela era uma rádio em Búzios, o próprio diretor Cecil Thiré – que também interpretava o diretor da rádio, Álvaro – disse a Mayrton que a trilha deveria ter uma certa diversidade. “Não era uma rádio tão comprometida assim com o mainstream. Eu podia dar uma cara de rádio independente”, conta. “Aí aconteceu que eu adoro Ramones e sabia que não teria outra chance de colocar uma música deles numa novela”, diz, rindo.

Mayrton pôs som ainda em outras produções da TV Plus, como O campeão (1996, Band) e Perdidos de amor (1997, Band). Fazer as trilhas dessas novelas, bem menos competitivas em termos de audiência, esbarrava em limitações dadas pelas gravadoras.

“Eu pegava o que elas não faziam questão de dar para a Globo, porque o filé mignon ia para a Som Livre. A Som Livre sempre queria a música de trabalho do disco. Isso às vezes atrapalhava o próprio artista, porque concorria com o disco dele. Em O Campeão, peguei uma música do Skank e botei na trilha. Cara, o pessoal da Sony ficou furioso: ‘Pô, essa música aí, não, a gente vai dar pra Globo’. Tive que tirar”, conta.

Já a escolha de Substitute era bem menos complexa. Mas ainda assim, era controversa. “Ela tocava na novela e lembro que um pessoal que trabalhava na técnica detestava a música! Uma menina da produção artística, sempre que passava por mim, falava: ‘Essa porra dessa música…’. Mas eu passava por algumas pessoas e elas falavam: ‘Cara, ouvi Ramones tocando na novela, que legal! Me falaram que você que fez!'”.

Já que era pra diversificar, Mayrton aproveitou para lançar Cantaloop, redesenho de Cantaloup Island, de Herbie Hancock, feito pelo grupo londrino de hip hop US3 (“estourou nas rádios e foi praticamente lançada pela novela”, recorda). A EMI estava repondo nas lojas o catálogo que Rita Lee deixara na Som Livre, então Agora só falta você, de 1975, entrou lá. A sessentista He’s ain’t heavy, he’s my brother, dos Hollies, era tema do personagem de Jerry Adriani e entrou no disco internacional.

Mayrton também aproveitou para incluir Ramones de certa forma também na trilha nacional de Uma onda no ar, já que Gibi, Ramones e Motörhead, da banda punk paulista Devotos de Nossa Senhora – liderada pelo VJ Luiz Thunderbird – estava lá. O Devotos era uma contratação do selo de Mayrton, Radical.

“Não sei nem se o disco vendeu muito, mas as pessoas adoravam a trilha. Os atores também gostavam”, conta, lembrando que, ao contrário de um diretor musical comum, acompanhou a novela toda. “Eu ficava em cima sonorizando e o pessoal editando embaixo, num casarão. O diretor dizia que queria música o tempo todo como se fosse filme, para combinar com as paisagens de Búzios. Geralmente você escolhe os breaks, os temas dos personagens, larga na mão do sonoplasta e vai embora. Mas ele queria que eu ficasse em cima de cada capítulo. Eu ficava no estúdio o tempo todo botando som. Eu tava de freela e eles estavam me pagando, foi bem divertido”, lembra, rindo.

(pauta sugerida pelo amigo Reginaldo Zaglia)

Cultura Pop

Urgente!: Nova do Hot Chip, “DVD” do Oasis em Cardiff, The Rapture de volta com turnê

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Hot Chip (foto) anuncia coletânea e lança single e clipe. Fã produz vídeo do primeiro show do Oasis em Cardiff só com imagens feitas por fãs. The Rapture anuncia turnê pelos Estados Unidos e Canadá.

RESUMO: Hot Chip (foto) anuncia coletânea e lança single e clipe. Fã produz vídeo do primeiro show do Oasis em Cardiff só com imagens feitas por fãs. The Rapture anuncia turnê pelos Estados Unidos e Canadá.

Texto: Ricardo Schott – Foto Hot Chip: Louise Mason/Divulgação

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Vai sair pela primeira vez uma coletânea do Hot Chip, Joy in repetition, prevista para 5 de setembro. Vale até a pergunta que muita gente já se fez: qual a importância de coletâneas nessa época de playlists e aplicativos de música com poucas infos? Bom, a importância de uma boa coletânea de hits é enorme, vale por uma setlist bem montada e pode contar uma história. E elas eram as playlist de duas décadas atrás.

No caso de Joy, ela traça o caminho do Hot Chip do tempo dos cachês baixos até a época em que jornais como The Guardian já estavam classificando Alexis Taylor, Joe Goddard, Owen Clarke, Al Doyle e Felix Martin como o maior grupo pop de seu tempo. E entre hits como Ready for the floor, I feel better e Look at where we are, ainda tem uma música nova de altíssimas proporções de grude: Devotion, já lançada em single, que é uma mescla de pop adulto, eletrônica psicodélica e futuro hit de pista, com clipe gravado no Japão.

Taylor rasga seda: Devotion é “uma celebração da devoção a este projeto coletivo”. E ele ainda faz um baita elogio ao colega Joe Goddard: “Penso no Joe como alguém parecido com o Brian Wilson, com uma dedicação enorme em descobrir como criar a música pop mais incrível possível”. Errado não está.

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Alguém com (felizmente, não estamos julgando) muito tempo livre pegou varias imagens diferentes do primeiro show do Oasis em Cardiff, feitas por fãs da banda, e compilou um (digamos) DVD do show.

O registro tá o mais fiel possivel, apesar das imagens à distância e do som nem sempre maravilhoso – vale como um belo bootleg das antigas. Tem ate o som da fitinha de Fuckin in the bushes na abertura, e a voz do apresentador do show. Detalhe: quem botou o video no ar tentou se livrar de problemas avisando que o video nao é monetizado. Pode ser que não ganhe strike do YouTube. “É de um fã apenas para fãs”, avisa.

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E ainda Oasis: vale ler o texto de Liv Brandão, fera do jornalismo musical brasileiro recente, sobre como a setlist do show do Oasis não foi apenas uma setlist. Foi uma aula de storytelling daquelas – como numa (olha aí) coletânea daquelas que vinham com textos contextualizando tudo.

“Muito se falou da escolha das canções, que privilegia os dois primeiros álbuns, como se só eles importassem (…). Mas tão especial quanto a seleção das 24 músicas que compõem o set, idêntico nos dois dias, é a ordem em que elas aparecem, montada para contar a história de quando o Oasis foi a maior banda do mundo – justamente na época desses discos – e tudo o que aconteceu desde então”. Leia o restante na newsletter dela

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Banda importante do dance punk dos anos 2000, The Rapture voltou, mas não há ainda nenhuma novidade a respeito de disco novo – nem de shows no Brasil, já avisamos. Na real, esse grupo novaiorquino já está de volta desde 2019, com o cantor Luke Jenner como único membro fixo, mas não havia retornado de fato. Fizeram alguns shows, mas pararam as atividades por conta da pandemia, e foi só. Dessa vez, o grupo tem uma turnê de verdade pela frente, que começa dia 16 de setembro no mitológico First Avenue, em Minneapolis, e passa por várias cidades dos EUA e Canadá até novembro.

“Anos atrás, quando me afastei da banda, eu precisava de tempo e espaço para reconstruir minha vida”, conta Jenner sobre a volta, sem comentar diretamente sobre as brigas intermináveis que a banda tinha lá por 2014. “Eu precisava consertar meu casamento, estar presente para meu filho e, por fim, trabalhar em mim mesmo. Esta turnê marca um novo capítulo para mim, moldado por tudo o que vivi e aprendi ao longo do caminho. Conquistei tudo o que esperava alcançar através da música e agora posso usá-la para ajudar qualquer pessoa que talvez precise, como eu precisei naquela época”.

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Urgente!: O silêncio que Bruce Springsteen não quebrou

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Urgente!: O silêncio que Bruce Springsteen não quebrou

Tá aí o que muita gente queria: Bruce Springsteen vai lançar uma caixa com sete álbuns “perdidos”, nunca lançados oficialmente. O box vai se chamar Tracks II: The lost albums (é a continuidade de Tracks, caixa de 4 CDs lançada em 1998) e nasceu de uma limpeza que Bruce fez nos seus arquivos durante a pandemia. Pelo que se sabe até agora, o material inclui sobras das sessões de Born in the USA (1984) e gravações da fase eletrônica dele, no comecinho dos anos 1990 – inclusive um disco inteiro desse período, que nunca viu a luz do dia.

Essa notícia caiu nos sites na semana passada e trouxe de volta um detalhe que os fãs de Bruce já conhecem bem: ele tem muito material inédito guardado – e material bom. Em uma entrevista à Variety em 2017, ele mesmo comentou que sabia ter feito mais discos do que os que lançou, mas que havia motivos sérios para manter alguns deles nas gavetas.

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“Por que não lançamos esses discos? Não achei que fossem essenciais. Posso ter achado que eram bons, posso ter me divertido fazendo, e lançamos muitas dessas músicas em coleções de arquivo ao longo dos anos. Mas, durante toda a minha vida profissional, senti que liberava o que era essencial naquele momento. E, em troca, recebi uma definição muito precisa de quem eu era, o que eu queria fazer, sobre o que estava cantando”, disse na época (o link do papo tá aqui – é uma entrevista longa e bem legal).

Com o tempo, vários desses registros acabaram saindo em boxes e coletâneas. Um deles foi The ties that bind, um disco de pegada punk-power pop que seria lançado no Natal de 1979 – e que acabou virando uma espécie de esboço inicial do disco duplo The river, de 1980. Pelo menos saiu uma caixa em 2015 chamada The ties that bind: The River collection, com todo o material dessa época, inclusive o tal disco descartado (além de um material que formava quase um suposto disco de punk + power pop que teria sido abandonado).

Um texto publicado na newsletter do músico Giancarlo Rufatto recorda que Bruce infelizmente deixou de fora do novo box alguns álbuns que realmente mereciam ver a luz do dia. Um deles é um álbum solo (sem a E Street Band, enfim), com uma sonoridade country ’n soul, que foi gravado em 1981. Esse disco teria sido abandonado durante um período de depressão, que resultou em isolamento e na elaboração do disco cru Nebraska (1982), feito em casa com um gravador de quatro canais, só voz e violão.

Bruce até parece fazer referência a esse álbum perdido na entrevista da Variety. “Esse disco é influenciado pela música pop da Califórnia dos anos 70”, contou. “Glen Campbell, Jimmy Webb, Burt Bacharach, esse tipo de som. Não sei se as pessoas vão ouvir essas influências, mas era isso que eu tinha em mente. Isso me deu uma base pra criar, uma inspiração pra escrever. E também é um disco de cantor e compositor. Ele se conecta aos meus discos solo em termos de composição, mais Tunnel of love e Devils and dust, mas não é como eles. São apenas personagens diferentes vivendo suas vidas.”

Outro material bastante esperado pelos fãs – e que também não está na caixa – é o Electric Nebraska, a tentativa de Bruce de gravar com a E Street Band as músicas que acabaram no Nebraska. Nem ele, nem o empresário Jon Landau, nem os co-produtores Steven Van Zandt e Chuck Plotkin gostaram do resultado, e as gravações foram trancadas a sete chaves. Nem em bootlegs esse material apareceu até hoje. Pra você ter ideia, Glory days, que só sairia no Born in the USA (1984), chegou a ser ensaiada e gravada junto.

Quase todo mundo próximo a Bruce acredita que ele nunca vai lançar oficialmente essas gravações elétricas do Nebraska. Max Weinberg, baterista da E Street Band desde 1974 (com algumas pausas), confirmou a existência desse material em 2010, numa entrevista à Rolling Stone, e disse que adoraria ver tudo lançado.

“A E Street Band realmente gravou todo o Nebraska, e foi matador. Era tudo muito pesado. Por melhor que fosse, não era o que Bruce queria lançar. Existe um álbum completo do Nebraska, todas essas músicas estão prontas em algum lugar”, revelou. Bruce pode até guardar discos inteiros na gaveta, mas esse é um daqueles casos em que o silêncio guarda várias histórias – que podem render surpresas bem legais.

E ese aí é o lyric video de Rain in the river, uma das faixas programadas para Tracks II (a faixa sai num disco montado durante a elaboração do box, Perfect world).

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Urgente!: Supergrass, Spielberg e um atalho recusado

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Coisas que você descobre por acaso: numa conversa de WhatsApp com o amigo DJ Renato Lima, fiquei sabendo que, nos anos 1990, Steven Spielberg teve uma ideia bem louca. Ele queria reviver o espírito dos Monkees – não com uma nova versão da banda, como uma turma havia tentado sem sucesso nos anos 1980, mas com uma nova série de TV inspirada neles. E os escolhidos para isso? O Supergrass.

O trio britânico, que fez sucesso a reboque do britpop, estava em alta em 1995, quando lançou seu primeiro álbum, I should coco. Hits como Alright grudavam na mente, os vídeos eram cheios de energia, e Gaz Coombes, o vocalista, tinha cara de quem poderia muito bem ser um monkee da sua geração. Spielberg ouviu a banda por intermédio dos filhos, gostou e fez o convite.

Os ingleses foram até a Universal Studios para uma reunião com o diretor – com direito a recepção no rancho dele e papo sobre fase bem antigas da série televisiva Além da imaginação. O papo sobre a série, diz Coombes, foi proposital, porque a banda sacou logo onde aquilo poderia dar. “Talvez eu estivesse tentando antecipar a abordagem cafona que seria sugerida, tipo a banda morando junta como os Monkees”, contou Coombes à Louder, que publicou um texto sobre o assunto.

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A proposta era tentadora. Mas eles disseram não. “Foi lisonjeiro e muito legal, mas ficou óbvio para nós que não queríamos pegar esse atalho”, explicou o vocalista, afirmando ter pensado que aquilo poderia significar o fim do grupo. “Você pode acabar morrendo em um quarto de hotel ou algo assim, ou então a produção quer apenas um de nós para a próxima temporada. Foi muito engraçado, respeitosamente muito engraçado”.

O tempo passou. E agora, em 2025, I should coco completa 30 anos (mas já?). O Supergrass, que se separou no fim dos anos 2000, voltou para tocar o disco na íntegra e alguns hits em festivais como Glastonbury e Ilha de Wight.

Aqui, o trio no Glastonbury de 2022.

Foro: Keira Vallejo/Wikipedia

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