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Plunderphonic: o som “roubofônico” de John Oswald

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Plunderphonic: o som "roubofônico" de John Oswald

Você ainda se assusta com aquelas histórias de que David Bowie roubou características, ou trechos de músicas, ou pedacinhos dos arranjos de outros artistas? Ou com as histórias dos plágios de Raul Seixas? Tá certo: é porque você não conhece um sujeito chamado John Oswald.

Nascido em 1953, o canadense, que é compositor, saxofonista, produtor musical, dançarino e escritor, é também o rei da pilhagem musical. Isso desde bem novinho, quando se envolvia em bandas e sempre estava envolvido no ataque ao repertório de algum artista. Especialmente quando declarava por aí que seu principal instrumento musical era o toca-discos.

“A única coisa que eu fiz que realmente soou musical foi colocar uma agulha em um disco. Isso de forma alguma me preparou para finalmente dar uma de Grandmaster Flash, ou qualquer coisa assim, foi algo bastante rudimentar. Consegui empregos como DJ de uma estação de rádio para estudantes. Eu tinha acesso a dois toca-discos de uma só vez, podia tocar duas coisas ao mesmo tempo, o que me dava muita satisfação”, disse Oswald num bate-papo em 1994.

Com todo o interesse do mundo em usar gravações alheias como matéria-prima para suas músicas, John criou em 1980 o selo Mystery Tapes, que consistia basicamente em fazer mixtapes “secretas”, em que se aproveitava de outras gravações para criar peças de música concreta. “Não estamos citando fontes reconhecíveis. Estamos apresentando coisas sem nenhuma informação sobre como os artistas se parecem ou se estão vivos ou mortos, ou de onde eles são. É o que eu vejo como uma experiência de música de ilha deserta”, disse no tal papo de 1994. Traduzindo: John Oswald via seu trabalho como se um cara estivesse numa ilha deserta, assinasse um sistema que lhe entregasse discos sem capas e com rótulos em branco, e não encontrasse nenhum tipo de subtexto a balizar a audição dos discos.

Diz o YouTube que isso aí é uma Mystery Tape de 1980.

Em 1987, olha só o que Oswald andava fazendo: o EP Plunderphonics (algo como “roubofônico”), em que mexia e manipulava em estúdio gravações de Count Basie, Dolly Parton, Elvis Presley e Igor Stravinsky. Inicialmente não deu merda, o que animou John Oswald a fazer uma versão ampliada do disco dois anos depois, com 25 faixas e redesenhos em cima de faixas de Beatles, Glenn Gould, Michael Jackson, Captain Beefheart, Bing Crosby, James Brown, Public Enemy, Metallica, Beethoven, entre outros.

O problema é que aí já deu caquinha. Ao contrário das Mystery Tapes, os Plunderphonics entregavam as fontes das músicas. Era “ético” (vá lá) mas era uma violação das leis de direitos autorais. Oswald precisou entregar o master do seu próprio disco para o CRIA (Canadian Recording Industry Association), que destruiu tudo – fez isso para escapar de um processo violento. Curiosamente, em 1991, a Elektra comemorava 40 anos e convidou John para saquear seu próprio catálogo e produzir um CD. Rubaiyat Plunderphonics saiu como CD promocional da coletânea Rubáiyát, que comemorava as quatro décadas do selo.

Tá bom pra você? Pra John Oswald nunca esteve. Pega aí Plexure, projetinho malucão dele lançado em 1993, feito a partir de uma série de compactos lançados entre 1982 e 1992 – a ideia era contar dez anos de história da música pop a partir dessas músicas.

“Ele se concentra no limiar do reconhecível. Quando você justapõe alguma faixa com uma pilha de outras coisas como essa, tudo começa a ficar confuso. Quando algo é reconhecível, algo mais o distrai para quase reconhecer outra coisa. Idealmente, o ouvinte médio não seria capaz de colocar o dedo em qualquer coisa em Plexure e dizer ‘eu sei o que é isso”, contou Oswald. Bom, nem tanto: Oswald jura que o músico americano Jim O’Rourke bateu o ouvido em Plexure e reconheceu uma média de trezentas músicas.

Olha o que nosso amigo fez em 1994. John Oswald pegou mais de cem execuções ao vivo de uma única musica do Grateful Dead, Dark star, feitas no período entre 1968 e 1993. Mexeu e remexeu em tudo, e fez duas colagens enormes com a música. Que resultaram num CD chamado Grayfolded. Ele conta que fez o álbum a pedido de Phil Lesh, baixista e fundador da banda.

Meio sumido, Oswald deve estar aprontando alguma: o músico, além dos sons, se tornou conhecido nos últimos anos como artista visual.

Via Leo Monteiro

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Artes

Frank Kozik, criador de capas de discos e pôsteres, morre aos 61

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Frank Kozik, criador de capas de discos e pôsteres, morre aos 61

Frank Kozik, um dos mais criativos artistas gráficos e criadores de capas de discos dos últimos 30 anos, morreu no sábado, de causas não-reveladas, aos 61 anos, na Califórnia. Nascido na Espanha e radicado nos Estados Unidos, filho de norte-americano e espanhola, Kozik fez artes para bandas como Queens Of The Stone Age (o primeiro disco, de 1998, epônimo), Melvins (Houdini), Offspring (Americana), e ainda criou pôsteres de turnê para Nirvana, Sonic Youth, White Stripes, Butthole Surfers e outros grupos.

“Frank era um homem maior do que ele mesmo, um ícone em cada gênero em que trabalhou”, diz uma declaração compartilhada pela esposa de Kozik, Sharon. “Ele mudou drasticamente a indústria da qual fazia parte. Ele era uma força criativa da natureza. Estamos muito além de sortudos e honrados por fazer parte de sua jornada, e ele fará falta além do que as palavras poderiam expressar”. Ele costumava atribuir muito do seu trabalho artístico ao fato de ter “um senso de humor sombrio” e a ter crescido no meio do punk rock.

Kozik começou a fazer pôsteres enquanto morava em Austin, Texas, no início dos anos 1980 e chegou a trabalhar com publicidade antes das capas de discos, Também foi dono de uma gravadora, a Man’s Ruin Records, e foi diretor criativo da Kidrobot, a empresa de brinquedos artísticos de edição limitada. Dirigiu também um clipe do Soundgarden, Pretty noose.

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E se a capa “da raquete” do disco Houses Of The Holy, do Led Zeppelin, tivesse sido feita?

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E se a capa "da raquete" do disco Houses Of The Holy, do Led Zeppelin, tivesse sido feita?

Se você ouviu o episódio mais recente do nosso podcast, o Pop Fantasma Documento, sobre o Led Zeppelin no ano de 1972 (não ouviu? tá aqui), deve lembrar que em 1972, o grupo estava elaborando o disco Houses of the holy, que acabou sendo lançado só um ano depois. E que antes daquela capa com as crianças ficar pronta, Storm Thorgerson, da empresa Hipgnosis, havia sugerido a eles uma capa “com uma quadra de tênis verde e uma raquete” – que Jimmy Page odiou.

Aparentemente essa capa rejeitada (rejeitadíssima, Page ficou p… da vida com a sugestão e mandou o designer sumir da frente dele) nunca tinha sido desenhada. Pelo menos até agora. A Aline Haluch, que faz as artes do Pop Fantasma Documento e do Acervo Pop Fantasma, fez três versões da ideia original de Storm para Houses of the holy. Mais do que uma brincadeira com a história, fica aqui como homenagem a esse designer morto em 2013, e que revolucionou as capas de discos.

“A ideia foi fazer aquelas brincadeiras das capas do Pink Floyd, como a do cara cheio de lâmpadas no disco ao vivo A momentary lapse of reason (de 1988, feita pelo mesmo Storm Thorgerson). Quis brincar com as sobreposições das redes, mas são redes de aço, aquelas de cadeia. Um pouco como se fosse um condomínio, já que tênis é um jogo da elite, cercada de proteção”, conta. “Na segunda capa, a própria raquete é de grama. E na terceira, tem um céu, meio que para brincar com a paisagem da capa do disco Atom heart mother, também do Pink Floyd (1970, com capa também de Storm)“.

A que a gente mais gostou (a do céu), ganhou a faixinha branca com o nome do disco e da banda, que vinha envolvendo a capa do LP original. 🙂

E se a capa "da raquete" do disco Houses Of The Holy, do Led Zeppelin, tivesse sido feita?

E se a capa "da raquete" do disco Houses Of The Holy, do Led Zeppelin, tivesse sido feita?

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Aquela vez em que Elifas Andreato começou a fazer capas de discos

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“Em 2009, os jornalistas Marcos Lauro e Peu Araújo entrevistaram o artista plástico Elifas Andreato para uma matéria sobre capas de discos. A ideia era falar com capistas profissionais e amadores sobre as mudanças de formato que a internet impunha – do tamanho do vinil ao thumbnail da rede mundial. Players como Spotify já existiam, mas ainda não eram populares como hoje. A matéria nunca saiu, isso acontece. Mas um trecho do material guardado está aqui em homenagem a Elifas Andreato, que nos deixou no dia 29 de março aos 76 anos. Vida eterna ao artista e sua imensa obra”.

Logo depois que Elifas morreu, o radialista, jornalista e podcaster Marcos Lauro subiu no YouTube esse bate-papo dele e de Peu com o capista. A conversa é curtinha mas cheia de detalhes a respeito de como Elifas entrou no mundo das capas de discos – ele trabalhava na editora Abril Cultural em 1970 e acabou fazendo as capas da série História da Música Popular Brasileira, com discos vendidos em bancas de jornal. O trabalho gráfico foi considerado inovador para a época, “e a ideia era interpretar cada personagem de uma maneira”, conta. Foi a partir daí que Elifas conheceu vários artistas e se envolveu com o trabalho nas capas de discos. Partiu direto para a produção de uma capa de Paulinho da Viola – a do disco Foi um rio que passou em minha vida, em 1970, mas ainda apenas usando uma foto do cantor, sem desenhos.

Confira o bate-papo aí.

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