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Crítica

Ouvimos: Nelly Furtado, “7”

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Ouvimos: Nelly Furtado, “7”
  • 7 é o (já diz o nome) sétimo álbum da cantora canadense Nelly Furtado. É o primeiro álbum lançado por ela depois da pandemia – Ride, o anterior, saiu em 2017. Nome como Tove Lo, Bomba Estéreo, Charlotte Day Wilson e a colombiana-canadense Lido Pimienta estão entre os convidados.
  • Nelly escolheu o material do disco em meio a várias canções novas. Em 2023, ela disse que “tinha gravado cem músicas nos últimos 18 meses”. Em julho, anunciou o disco e afirmou que escreveu “400–500 peças musicais em 4 anos”. Disse também que seu TDAH sempre permite que organize as criações de forma metódica, “então é difícil explicar como escolhemos 14 músicas que magicamente subiram ao topo da pilha”.

Quando Nelly Furtado estava mais próxima do universo indie-pop e de uma certa noção de folk-pop (quando “folk-pop” não era exatamente o que o mercado andou criando nos últimos anos), ela parecia mais interessante musicalmente, vá lá. E olha que muita gente olhou de lado Ride, o disco anterior dela (2017), que era bem legal e arrojado – e surgiu numa época em que estrelas pop “independentes” e ousadas eram a maior novidade.

7, o disco novo dela, é bom. Mas sofre de um problema que, no entanto, é compreensível: para não perder o rumo da prosa atual do pop, Nelly optou por fazer uma colagem do que vem dando certo em discos de cantoras como Camila Cabello, Billie Eilish (os vocais entediados e ASMR de Love bites, com Tove Lo e SG Lewis), Rosalia (as latinidades de Corazon, com o Bomba Estéreo).

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A identidade dela começa a reaparecer nos vocais do r&b Better for worse, mas ainda não é a mesma coisa. Se bem que depois surge um house bem bacana e curtinho, Identity, do tipo que dá vontade de ouvir o resto do disco (e não custa citar a gravação de vocais, ponto forte de qualquer disco de Nelly, e a mixagem realmente boa do álbum). E que é seguido pelo pop-rock ensolarado e setentista de Floodgate, uma canção curtinha e sinuosa que poderia ser maior – e poderia ter dado a letra pra boa parte do álbum.

All comes back une Nelly e a pianista Charlotte Day Wilson numa ótima balada de piano com os pés nos anos 1970 e 1990. Save your breath (em tom rap-gospel), Fantasy (outra “curtinha” que poderia ter um minuto a mais e soa como vinheta no disco) e Ready for myself fazem o ponteiro girar para o começo dos anos 2000. Mesmo faltando uma “cola” mais forte (enfim, a mesma identidade que qualquer pessoa espera de um disco novo), difícil não prestar atenção neste 7.

Nota: por acaso, 7
Gravadora: Nelstar/21

Crítica

Ouvimos: Morcheeba – “Escape the chaos”

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Ouvimos: Morcheeba - "Escape the chaos"

RESENHA: Morcheeba retorna com Escape the chaos, disco que traz de volta a mistura de trip hop, soul, psicodelia e climas escapistas – sempre de olho no relaxamento do/da ouvinte.

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O Morcheeba já foi sinônimo de trip hop numa época em que o estilo ainda era novidade e não era usado como recurso por um número considerável de artistas do universo pop. Também foi uma das maiores responsáveis pela presença na imprensa musical brasileira do termo chill out, aquela coisa da música escapista, feita com valores bem diferentes do pop normal – com referências de hip hop, blues, psicodelia e coisas mais ou menos análogas.

Dá para dizer, sendo assim, que Escape the chaos, seu décimo-primeiro álbum – e terceiro disco depois que a banda virou uma dupla formada pela cantora Skye Edwards e o multi-instrumentista Ross Godfrey – é auto-explicativo. E é verdade: basicamente o Morcheeba volta fazendo altos investimentos na fórmula que consagrou a banda, em faixas como Call for love, a balada Far we come, o quase blues rock Elephant clouds, e a sexy Bleeding out. Além de Peace of me (com rap de Oscar Worldpeace e clima próximo do ambient) e do eletrorock We live and die, que chega a lembrar um pouco as guinadas pop do U2 nos anos 1990.

O Morcheeba chega a lembrar um pouco o soul brasleiro setentista na psicodélica Pareidolia, surge com uma balada em vibe britânica e sixties (Molten) e mostra uma faceta meio Joni Mitchell/meio bossa nova em Dead to me e na faixa-título. A ideia de Skye – cuja voz continua no mesmo tom tranquilo e aveludado – e Ross provavelmente foi fazer de Escape the chaos um momento de tranquilidade para antigos fãs. Conseguiram.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8,5
Gravadora: 100%
Lançamento: 23 de maio de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Lido Pimienta – “La belleza”

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Ouvimos: Lido Pimienta - "La belleza"

RESENHA: Em La belleza, Lido Pimienta troca o pop por um réquiem visual e orquestral, com ares de cinema, teatro e paisagens sonoras latinas.

Ouvido hoje, Miss Colombia, disco de 2020 da cantora colombiana Lido Pimienta, já parecia revelar discretamente a sonoridade de La belleza, seu quarto álbum. As relações com o synthpop e o pop latino foram deixadas de lado em prol de uma sonoridade que é praticamente música clássica, cinema, teatro, elegia. Ao lado do produtor Owen Pallett, ela criou uma obra que soa como um réquiem sombrio e montanhês, com participações da Orquestra Filarmônica de Medellín e diversas intervenções percussivas e vocais.

Entre corais gregorianos e vibes cerimoniais, o disco se equilibra como uma espécie de obra “visual” – mas um visual que dispensa até mesmo um complemento de filme, ou de vídeo, porque são passagens musicais que ativam a imaginação do ouvinte. Como acontece no instrumental lírico e latino de Overturn, na cerimônia narrada de Ahora e no clima de topo de montanha de Quero que me beses, onde cordas e oboé sobrevoam como se sonorizassem uma paisagem coberta de poeira. Ares desérticos, com percussão arábica, tomam conta de El denbow del tiempo, e climas orientais surgem em Mango.

La belleza ganha ares de despedida conforme vai chegando perto do fim – destacando o clima cigano de Aun te quiero, a tristeza contida de Tengo que ir e a canção de guerra Busca la luz (“qué viva el Caribe / qué viva el Caribe /libre!”). Um disco curto, belo e que soa como uma só faixa, repleta de progressões.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Anti
Lançamento: 16 de maio de 2025.

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Crítica

Ouvimos: Manco Capac – “Bom jantar” (EP)

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Ouvimos: Manco Capac - "Bom jantar" (EP)

RESENHA: Manco Capac mistura Beach Boys, psicodelia, climas progressivos e até doo wop em EP cheio de camadas.

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Essa banda carioca tem algo de Beach Boys, de Beatles, de psicodelia, de krautrock, e até de antigas trilhas de filmes – tudo ali junto e misturado, e dando a eles uma sonoridade bem diferente, o tipo da coisa que você escuta e já imagina a trabalheira para criar em estúdio.

Bom jantar, EP do Manco Capac – formado por Ricardo Lannes (vocais, guitarra, efeitos), Carlos Renan (vocais, mixagem ao vivo, efeitos, percussões de mão) e João Diégues (vocais, sampler, guitarra) – apresenta ainda inusitadas referências de doo wop na faixa-título, que encerra o disco. E surgem também por toda parte elementos do começo do rock progressivo – que parecem vir de uma época em que o estilo era mais zoeiro e livre (Moody Blues, Gilles, Gilles & Fripp, o início do Pink Floyd).

Curto (apenas três faixas, onze minutos), Bom jantar abre com a meditativa Entranhas, que soa como música de cinema, com musicalidade marítima e visual, repleta de efeitos especiais. Já Montanhas pt.2 é música atmosférica, feita para soar como se viesse do alto. Confira em disco e ao vivo – neste sábado (14), às 19h eles vão se apresentar ao lado da banda Pic-Nic e fazer um set acústico na Livaria Baratos da Ribeiro, em Botafogo (Rio).

Texto: Ricardo Schott

Nota: 10
Gravadora: Independente
Lançamento: 23 de dezembro de 2024.

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