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O adeus dos Estranhos Românticos

Depois de três discos, a banda carioca Estranhos Românticos decidiu encerrar atividades. Último sol, o novo disco, saiu há pouco e revela um indie-rock com letras sobre o dia a dia, sobre romantismo e sobre a vida no Rio (não por acaso, o novo álbum abre com Boa noite, Copacabana). O disco inicialmente nasceu da ideia de fazer um álbum duplo, que incluiria inicialmente o material dele e de Só, o anterior (2020).
“Mas percebemos que, numa época em que todo mundo lança singles e poucos lançam álbuns, seria um desperdício jogar nas plataformas um disco duplo onde poucos chegariam até o final”, comenta Pedro Serra, baterista do grupo, que inclui também Luciano Cian (teclados), Marcos Müller (voz e guitarra) e Mauk (baixo).
O experiente Pedro, que atua também como DJ, bateu um papo com o POP FANTASMA sobre o novo disco, sobre o fato de Último sol ter sido lançado inicialmente no Bandcamp, e sobre o que vem acontecendo com o Rockarioca, movimento de bandas e artistas do Rio de Janeiro, que já virou matéria nossa, e que vem rendendo uma série de lives e posts bem legais nas redes sociais.
Me fala um pouco porque é que a banda resolveu encerrar atividades com três discos. Você diria que cansou um pouco levar a banda adiante em tempos pandêmicos ou isso nem contou?
Olha, na verdade o Estranhos Românticos começou a acabar em 2019 no começo da gravação do segundo disco Só – que também se desdobraria no Último sol. Porque quando a banda entrou no estúdio (La Cueva, do produtor argentino Seu Cris), tínhamos 19 músicas prontas: compostas, arranjadas, algumas já em seu terceiro ou quarto arranjo. E muito bem ensaiadas, fruto de três anos de trabalho. O primeiro disco homônimo produzido por JR Tostoi tinha sido lançado em 2016.
A gente pensava em gravar um disco duplo, na verdade. Daí a banda brigou no terceiro dia de gravação. E por uma semana, parecia que tinha sido tudo em vão. Mas a gente é macaco velho e depois de muito pensar resolvemos tentar terminar a gravação porque as músicas eram muito boas e tínhamos trabalhado muito nelas. Seria um enorme desperdício. Foi muito difícil, porque a banda não se encontrou mais. Cada um ia ao estúdio gravar as suas partes sozinho com o produtor Seu Cris. Aliás, esses álbuns só saíram graças ao empenho e paciência dele.
Só voltamos a nos encontrar na fase da mixagem, no começo de 2020. Daí fomos vendo que algumas músicas estavam mais “prontas” que outras, que tinha algumas que combinavam entre si e outras que caberiam num outro contexto. Também percebemos que, numa época em que todo mundo lança singles e poucos lançam álbuns, seria um desperdício jogar nas plataformas um disco duplo onde poucos chegariam até o final. E durante a mixagem começou a pandemia, mas não atrapalhou muito. O Seu Cris mixava, mandava pra gente e a gente dizia o que achava. Assim, focamos no grupo das 10 músicas mais prontas e que tinham a ver entre si para Só, que foi lançado em maio de 2020. O álbum teve ótimas participações de JR Tostoi, Gilber T, João Pedro Bonfá e do guitarrista argentino Dom Horácio. E guardamos as outras 9 para mais tarde.
O clima entre a banda começou a melhorar, pensamos inclusive em fazer um show (único) de lançamento dos dois discos quando a pandemia terminasse. Em março de 2021 voltamos a trabalhar no que seria o 3º álbum, Último sol. O Marcos regravou alguns vocais e guitarras, o Luciano refez alguns teclados e as músicas foram crescendo – assim como o atrito entre nós. As divergências foram aumentando à medida que as músicas iam ganhando mais forma. Quisemos repetir o esquema de participações que deu muito certo no disco anterior. É muito legal como as músicas ganham uma outra dimensão quando se traz alguém de fora, com um novo olhar.
Quem do Rockarioca está no disco?
Tivemos dois companheiros de Rockarioca no disco. O “Nervoso” André Paixão gravou guitarras e vocais em Me beija, levando ela ainda mais prum lado Jovem Guarda e o Latexxx, que remixou Mergulho no Saara (Latexxx Remixxx). Também teve participação da cantora e atriz argentina Cony Piekarz, conhecida do produtor Seu Cris. E do saxofonista Marcello Magdaleno, que tocou com Canastra e Cisco Trio e tem uma interessante carreira solo. Por mim, teria chamado até mais gente para contribuir.
O Nervoso é essa “jovem lenda” do rock independente carioca, como disse o MauVal outro dia. O conheço desde a adolescência – a mãe dele era amiga da minha. Sempre acompanhei a carreira dele e vice-versa, desde Beach Lizards (ele) e Ao Redor da Alma (eu). A gente tocou junto no projeto Os Helenos, de músicos botafoguenses que gravaram um EP em 2016, eu já editei clipe do Nervoso & os Calmantes… Eles e o Latexxx estão no Rockarioca e eu teria chamado mais gente de lá pra participar – não só pela qualidade musical, mas também pela afinidade. Infelizmente perdi a queda de braço.
Você vinha se dividindo entre duas bandas, o Estranhos Românticos e O Branco E O Índio. Como estava sendo cuidar de dois projetos musicais ao mesmo tempo?
Tocar nas duas bandas não era problema nenhum, mesmo porque os sons são totalmente diferentes e os horários compatíveis. O Mauk (baixista), por exemplo, toca em umas 7 ou 8 bandas! O que era mais complicado é porque eu acabo sempre produzindo as bandas em que toco, e isso tornava as coisas mais trabalhosas e sensíveis. Tipo, qual das bandas inscrever para tal projeto? Ou qual delas tem mais a ver com determinado espaço pra show?
Como é ter uma banda indie que trata de temas românticos nas músicas? Você diria que o Estranhos Românticos busca uma forma diferente de falar de amor?
As letras quem fazia era o Marcos. Mas sem dúvida o estilo dele falar de amor é diferente, mais existencial e cheio de complicações…
Aliás como é falar de certos temas mais escapistas, digamos assim, numa época maluca dessas, com gente escrota no poder, pandemia, etc? Você diria que isso até incentiva na hora de compor uma canção que possa levar o ouvinte pra um lugar legal?
O amor é algo universal e atemporal, né? Todo mundo sente, todo mundo sofre, todo mundo quer. Acho que serve sim pra escapar um pouco desse pandemônio em que estamos vivendo e tentar manter um pouco a nossa sanidade mental e emocional.
Como surgiu a ideia de ter um remix no disco e como foi trabalhar com a turma do Latexx?
Mergulho no Saara era uma música que a gente gostava muito do disco anterior Só e achamos que tinha tido pouca atenção. O Latexxx é uma dupla de synth-rock que faz um som muito interessante, inclusive tocam na nova formação do Fausto Fawcett & os Robôs Efêmeros. E agitam muito – além de serem amigos. Eu participei da sessão de fotos pra capa do EP deles, fiz playlist pra tocar em show deles… Eles extraíram o sumo da música, transformando ela num eletro-punk-funk-carioca, com adição de alguns synths.
Como vai o Rockarioca hoje e que balanço você faz desse um ano?
O movimento coletivo Rockarioca está fazendo um ano em outubro e acho que está mudando muita coisa. Tivemos algumas trocas de artistas que não se adaptaram à coletividade ou saíram por outros problemas e firmamos em 24 bandas fixas e uma mensal, porque tem muita gente boa querendo entrar e o espaço (na playlist) é limitado. Posso afirmar que temos um grupo de artistas unido, que conversa, se ajuda e troca musicalmente – taí o projeto Disstantes do Gilber T e Homobono e as participações nos discos uns dos outros, que não me deixam mentir.
Mas não é só isso. Além de três playlists (do coletivo, de influências dos artistas e de discos importantes do rock carioca) no Spotify e Deezer, e uma de clipes no Youtube, temos agitado muito nas nossas redes (Facebook e Instagram) com seções fixas durante toda a semana. Na segunda-feira, falamos das estreias da semana (e os artistas comentam sobre suas novas músicas). Na terça-feira, contamos histórias sobre os instrumentos da galera (e isso tem sido bem revelador – não só em termos musicais, mas pessoais).
Na quarta-feira, sobre outros artistas selecionados que não estão no coletivo. No #tbt de quinta-feira, sobre bandas antigas da galera, ou estúdios, casas de shows ou projetos clássicos. Na sexta-feira, sobre clipes e nos sábados um artista do coletivo fala sobre um disco do rock carioca. E isso tem gerado vídeos dos artistas retratados e uma interação muito legal entre gerações – já participaram Evandro Mesquita, Pedro Luís, Cris Braun, Fausto Fawcett, Lucas Vasconcellos, JR Tostoi, Pedro Garcia… Os próximos passos são fazer um festival, uma turnê e um disco.
Me fala um pouco dessa opção de lançar o disco primeiro no Bandcamp. Como ficou isso pra vocês?
Eu quis chamar atenção para esse problema da remuneração dos artistas pelas plataformas digitais. Durante o ano e meio de pandemia, o meio musical foi um dos que mais sofreram, com a falta de arrecadação nos shows. E ficou patente como os artistas são mal pagos pelas plataformas digitais. Com 0,00348 centavos de dólar arrecadados a cada reprodução e tendo que ter 60.000 visualizações para garantir um salário mínimo, fica parecendo que a música não vale mais quase nada – quando na verdade, o mundo revolve ao redor da música.
O Bandcamp é uma plataforma que permite que os artistas recebam quanto pedirem pela sua música. E além disso, repassam integralmente as receitas para os artistas uma vez por mês. No caso do lançamento do Último sol, o que aconteceu é que mesmo tendo poucas vendas, a receita gerada pelos 5 dias de pré-venda da Bandcamp foi mais alta que a de 15 dias em todas as outras plataformas, juntas.
Quais são os projetos pro lançamento do disco?
A gente não tem paciência para esse novo esquema de lançamento de ir soltando os singles aos poucos pra depois, só lá no final, lançar o álbum. Então o álbum tá aí, não tem música de trabalho e eu mando ele inteiro para as rádios – do Brasil e do mundo. O que é muito legal, porque cada programa escolhe uma música diferente para tocar. Como nos álbuns anteriores, eu tenho feito um forte trabalho de divulgação nas webrádios brasileiras e europeias, e nas college radios americanas. Além das ondas internéticas, músicas diversas do disco já tocaram em rádios FM de Manaus a Joinville, passando por RJ, SP e Brasilia – e fora do Brasil em São Francisco e Portland (EUA), Madri e Granollers (Espanha), La Plata e Ushuaia (Argentina), Cidade do México e Londres, nesses 15 dias.
Como entendo que as pessoas atualmente só conseguem focar em uma música por vez, vamos lançar uma música por semana, na ordem do álbum, na playlist Rockarioca.
Eventualmente vai rolar clipe também, porque eu e o Luciano Cian (tecladista) trabalhamos com isso. Mas acho importante sempre a música respirar sozinha primeiro, sem a ajuda de imagens que influenciam diretamente na percepção da canção.
O que mais você vem fazendo de trabalho (como DJ, pesquisador, jornalista, etc)?
Eu realmente não me adaptei ao esquema de discotecar online. No começo da pandemia cheguei a fazer umas sessões revisitando as minhas festas (Projeto Rock Brasil – 1989, Copaphonic – 1997 e BLAX – 2004-2019) no Facebook, mas elas eram rapidamente tiradas do ar por problemas de direito autoral (que no meu entendimento o Facebook deveria pagar, porque quem lucra com isso são eles e não eu).
O trabalho com o Rockarioca me toma muito tempo. Não é remunerado, mas espero em breve começar a conseguir algum tipo de suporte. Estamos tentando uns editais. E mantenho meu trabalho de editor de imagens pela internet – as pessoas me mandam as imagens online, eu baixo, edito e reenvio.
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Notícias
Urgente!: Quando a magia de Brian Wilson voltou a funcionar

Brian Wilson, o cérebro criativo dos Beach Boys, passou décadas mergulhado em um estado de espírito mais denso e desafiador que o simples fracasso. Era, enfim, aquela coisa de observar que todas as suas fórmulas mágicas, de uma hora para outra, pararam de funcionar. Ainda que o sucesso insistisse em dar as caras, aqui e ali.
A palavra “fórmula” parecia acompanhar a história dos Beach Boys. Isso porque Mike Love, primo dos Wilson e eterno algoz de Brian no grupo, supostamente odiava as mudanças que Brian queria fazer no som dos BB. E supostamente teria soltado um ríspido “não foda com a fórmula (da banda)” numa das discussões com Brian. O “supostamente” é apenas um mínimo benefício da dúvida, porque Love cansou de negar tudo isso – disse que, pelo contrário, sempre gostou de Pet sounds (há controvérsias), que defendia Smile (mais ainda), etc.
(Por sinal, nas costas de Love repousa a responsabilidade por um dos maiores superfracassos da história dos Beach Boys: uma turnê com o ex-guru dos Beatles, Maharishi, em 1968. Um rolê que deu errado do começo ao fim. E que se resumiu a apenas três datas com som ruim, atuações cagadas – por parte dos BB – e vaias quando Maharishi abria a boca.)
Brian era aquele famoso caso de gênio incompreendido pelo mercado. Com direito a discos recusados pelas gravadoras (ao longo da vida foram vários), ordens expressas para fazer álbuns que vendessem, ideias interessantes quando ninguém ainda estava preparado para elas (o tal single engavetado de rap que ele fez em 1991).
Havia uma magia em ação ali que parece mesmo deslocada de tempo e espaço – por mais sucesso que ele tenha tido em fases anteriores. Num determinado momento dos anos 1970 tanto Brian quanto sua banda, trilhas sonoras da felicidade norte-americana na década anterior, haviam virado um troço absolutamente uncool. Mal comparando, era como ser fã de Belchior no Brasil dos anos 1980/1990.
Não que a imagem dos Beach Boys já não houvesse sido posta em cheque antes – isso ja vinha acontecendo desde a era de Woodstock. Lá por 1967 / 1968 / 1969, a estética do “sonho americano” do grupo estava em baixa e era tido como música da velha guarda. Em compensação, a turma do Norte da Califórnia (Grateful Dead, em especial) chegava à toda.
Só para você ter uma ideia: Brian Wilson era um dos caciques do festival de Monterey, realizado de 16 a 18 de junho de 1967. Mesmo assim a banda cancelou seu show no evento porque achou que o material antigo não levantaria a plateia – e Brian, comandante dos últimos movimentos do grupo em estúdio, estava sem tocar ao vivo com o BB fazia tempo.
Em 1970, os Beach Boys lançaram Sunflower, sua estreia pela Reprise Records – um disco excelente, mas ignorado por muitos. Em plena era de Led Zeppelin, Black Sabbath e do nascente glam rock, os Beach Boys pareciam completamente fora de lugar. As turnês da banda soavam mais como entretenimento nostálgico para fãs antigos do que como eventos imperdíveis. Bruce Johnston – um dos poucos membros que não fazia parte do clã Wilson – resumiu bem o clima da época: os Beach Boys eram vistos como “uma Doris Day do surfe”.
Com o tempo, o culto em torno da figura de Brian foi surgindo – trilhas de filmes resgataram a banda, jornalistas-fãs trouxeram de volta a história do aborto do disco Smile, e o próprio Brian, ainda paciente do controverso dr. Eugene Landy, foi voltando com álbuns novos. A ideia de que Brian foi um gênio demorou bastante a surgir na mente dos fãs de rock – e não custa lembrar que Pet sounds (1966), disco-virada dos Beach Boys, vendeu bem menos que os anteriores e foi visto pela Capitol, selo do grupo, como um risco não muito calculado.
O Brian Wilson que se despediu nesta quarta (11) era um cara diferente: um gênio aclamado pelos fãs, um cara cujos shows atraíam pessoas, um artista cuja ausência dos palcos (por motivos de saúde) era lamentada por quem nunca pôde vê-lo ao vivo. A magia do artífice dos Beach Boys voltou definitivamente a funcionar. Ou, vendo por outro aspecto, a genialidade de Brian demorou a coincidir com as expectativas do público e do mercado, essas duas entidades que muitas vezes, não esperam por ninguém. Seja como for, o mundo acabou, enfim, se curvando àquele som de praia, dor e vanguarda – que nunca deixou de soar, mesmo quando não era ouvido.
Texto: Ricardo Schott
Lançamentos
Radar: Drugdealer e Weyes Blood, Indigo de Souza, Water From Your Eyes, Astra Vaga – e mais

Viver só de arte – várias bandas que estão em começo de carreira sonham com isso (e tem muita banda experiente que também recorre a outros jobs pra pagar as contas, normal). Hoje no Radar internacional tem uma banda de Portugal, o Astra Vaga, que surgiu dessa necessidade de viver a música 24 horas por dia. E tem uma turma na nossa lista de hoje que encara o dia a dia entre estúdios e palcos na maior intensidade – a dupla Drugdealer e Weyes Blood, Indigo de Souza, etc – e leva isso para suas músicas, clipes e performances. Ouça, leia e veja.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Divulgação (Drugdealer e Weyes Blood)
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DRUGDEALER feat WEYES BLOOD, “REAL THING”. Tem coisa nova (e retrô na medida certa) no universo do pop barroco de Michael Collins, mais conhecido como Drugdealer. A nova faixa Real thing, com os vocais de Natalie Mering (que usa o codinome Weyes Blood, e com quem ele já havia feito outras músicas), é puro encanto setentista: tem ecos de Carpenters, e é pop com alma de jazz, baixo dançante e sax envolvente.
Real thing nasceu de sessões de Michael com o produtor parisiense Max Baby no estúdio de um dos membros da banda progressiva. O resultado é suave, nostálgico e feito com afeto. Uma joia pop que parece saída de um especial de TV de 1978 – e que já tem até clipe, dirigido por James Manson. E Natalie Mering/Weyes Blood, mais uma vez, encanta com seus vocais – mas isso já era de se esperar…
WATER FROM YOUR EYES, “LIFE SIGNS”. A TV dos anos 1990, com seus comerciais “ligue djá”, seus telejornais cheios de letreiros passando pela tela, sitcoms e talk shows, é a fonte de inspiração para o novo clipe do Water From Your Eyes. Rachel Brown e Nate Amos, os dois do WFYE, unem tédio, vazio, sátira, ritmos quebrados (numa abordagem mais pro pós-punk que pro pós-hardcore), vocais doces e guitarras ruidosas, numa canção que anuncia o próximo álbum, It’s a beautiful place, agendado para agosto. Um disco que, explicam-confundem eles, será “sobre tempo, dinossauros e espaço”.
INDIGO DE SOUZA, “CRYING OVER NOTHING”. “Essa música é sobre uma dor que transcende a razão. Uma dor que persegue aonde quer que você vá ou o quanto tente apagá-la. Uma dor que vem de memórias que você não consegue apagar e de um amor que você não consegue desfazer. É sobre uma perda que não tem fim”, conta Indigo de Souza sobre seu novo single, Crying over nothing – mais uma música que adianta o próximo álbum da cantora, Precipice, que sai dia 25 de julho. Canção e clipe são bastante felizinhos, apesar da letra ser bastante melancólica.
SUNGAZE, “SHADOWS”. Apesar de ter o clima enevoado do shoegaze como uma de suas referências, o nome desse grupo chega a soar como uma paródia do estilo – só uma ironia diante do clima cabisbaixo do gênero musical. O Sungaze deixa entrar também muitas influências de emo, grunge e até country, e no novo single, o grupo liderado pela dupla Ian Hilvert e Ivory Snow libera espaço para vários tipos de energias – a letra da nova faixa fala sobre o bom e velho equilíbrio entre bem e mal que todos nós vivemos no dia a dia.
PLANET OPAL, “CONNECTION OVERDRIVE”. Não chega a ser um synthpop, mas o som dessa banda italiana experimental é bstante robótico: o Planet Opal se dedica a sons balançados adiante por um clima que lembra bastante o krautrock, e também a dance-punk de bandas como Gang Of Four. Connection overdrive tem até algo de disco music – e em alguns momentos, parece com uma canção punk produzida por Giorgio Moroder. O álbum Recreate patterns, Release energy já está entre nós desde o começo de maio e é som novo, de verdade.
EMPTYSET, “ANTUMBRA”. Essa dupla britânica de música eletrônica trabalha de forma bastante experimental, a ponto de quase ser possível enxergar os sons que eles tiram nas músicas. Algumas canções soam tão esféricas quanto a foto da capa de Dissever, o novo álbum. Já o single Antumbra consiste em uma só nota, no teclado, sendo distorcida de diferentes modos – chegando a parecer uma varrição de vento e areia no deserto. Detalhe: tudo é feito ao vivo e com o uso de equipamento vintage – como se a história do gênero musical fosse repassada.
ASTRA VAGA, “LAMENTO”. Depois de anos no corre entre escritório e estúdio, o português Pedro Ledo (ex-The Miami Flu) larga o inglês e a vida dupla pra lançar seu projeto solo em seu idioma, o Astra Vaga. O primeiro single, Lamento, já tá no ar com clipe e tudo, misturando pós-punk, dream pop e um climão nostálgico noventista. Um som urgente, cheio de contraste, feito pra quem vive entre o mundo real, e a vontade de jogar tudo pro alto e viver de arte. E no qual Pedro fala do que vive: “Tenho sentido, com cada vez mais força, que se não tentar agora viver de forma diferente, talvez nunca venha a descobrir o que é realmente viver da arte”, diz.
Lançamentos
Radar: Marrakesh, Clayton Barros, Silas Niehaus, Alberto Continentino, Dia Eterno, Asterisma, Devotos de Nossa Senhora

Tem radar quase todo dia no Pop Fantasma – alternando nacional e internacional – e a ideia é reforçar um compromisso nosso de estar sempre divulgando música nova. Relançamentos também têm vez por aqui de vez em quando: além de novas de bandas como Marrakesh e Asterisma, tem também o anúncio de que o primeiro álbum do Devotos de Nossa Senhora Aparecida – banda do Luiz Thunderbird, lembra? – voltou em vinil. Ouça, leia, veja, comente e compartilhe tudo.
Texto: Ricardo Schott – Foto: Gustavo Baez/Divulgação (Marrakesh)
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MARRAKESH, “TROQUEI”. Essa banda curitibana, que já tem dois álbuns em inglês, prepara o primeiro disco em português – a sair pela Balaclava Records. A sonoridade da nova faixa fica entre estilos como shoegaze e até hardcore (presente numa viradinha rítmica que rola lá pela metade da música, e nos vocais gritados). A letra, por sua vez, fala de uma pessoa que não some da memória. “É como se a pessoa continuasse ali, mesmo quando a gente tenta seguir em frente. O tropeço não é só literal, mas emocional”, comenta Truno, vocalista do Marrakesh. Antes de Troquei, saíram dois singles que adiantaram o próximo álbum, Talvez e Brincos.
CLAYTON BARROS feat JORGE DU PEIXE, “FLOR DE VULCÃO”. Clayton, violonista do Cordel do Fogo Encantado, abre os caminhos de seu novo álbum solo, Primitivo atemporal, com Flor de vulcão, que traz um feat de Jorge Du Peixe, da Nação Zumbi. Uma música que une sertão, mangue, ritmos levemente caribenhos e climas herdados do samba – o violão tem referências de João Bosco e a batida inclui emanações de Glorioso Santo Antonio, faixa da dupla baiana Antonio Carlos & Jocafi. Já a letra fala de recomeço, amor e coragem diante da escuridão. É o sertão revisto com lentes futuristas – como diz Clayton, “um vaqueiro montado numa moto elétrica”. O single saiu pelo selo Estelita e já está nas plataformas.
SILAS NIEHAUS fest GUIAS CEGOS, “PRES MENINES”. Cantor, compositor, multi-instrumentista, poeta, ator, artesão e artista drag queen da Bahia, Silas acaba de lançar o EP Màriwò – uma celebração da identidade preta, LGBTQI+ e periférica, marcada por composições autorais e diversidade musical. Pres menines, colaboração com a banda Guias Cegos, traz influências de samba, rap e trap, criando um manifesto que afirma corpos, vozes e vivências.
O EP integra a iniciativa Sons do Subúrbio, que impulsiona as trajetórias de artistas do Subúrbio Ferroviário de Salvador por meio da qualificação profissional e do apoio à produção artística.
ALBERTO CONTINENTINO, “MILKY WAY”. Baixista de nomes como Caetano Veloso, Ana Frango Elétrico, Bala Desejo e Adriana Calcanhotto, Alberto apronta seu terceiro álbum solo, Cabeça a mil e o corpo lento, para este mês, pelo selo RISCO. Com groove espacial e as mesmas emanações dos anos 1980 que volta e meia marcam o trabalho de Ana, Milky way traz Alberto cantando – com o auxílio de Leticia Pedroza – uma letra extremamente simplificada em inglês, feita por Tomás Cunha. A música foi feita a partir da letra, e Alberto decidiu fazer tudo em cima do groove, com direito a programações eletrônicas e dois baixos (!) que dão uma baita sustentação á melodia.
(e de lá para cá, saiu outro single de Alberto, Cerne)
DIA ETERNO, “ESSA CIDADE ACABOU”. Bastante influenciada pelo pós-punk (e por bandas como Violeta de Outono, cujo hit Dia eterno inspirou seu nome), essa banda paulistana passou recentemente pela tristeza da morte do baixista Jesum Biasin. O músico teve tempo de gravar o baixo em duas faixas do novo álbum do grupo, Diferentes direções, lançado em abril. Uma delas foi a balada dark Essa cidade acabou, de clima chuvoso e andamento lento. O Dia Eterno prossegue com Ivan Malta no baixo e no teclado, dividindo o grupo com Roberto Troccoli (voz, guitarra) e Leandro Alves (bateria).
ASTERISMA, “UMA ESTRELA E MEIA”. Influenciada pela cena do Midwest emo – o emo do Centro Oeste dos Estados Unidos, que ficou famosíssim a partir dos anos 1990 – essa banda gaúcha também une referências de indie rock, e um clima confessional que não fala só de pensamentos pessoais e introspecções afins. Temas sociais e políticos volta e meia aparecem nas letras do grupo, que prepara para breve o segundo álbum. Uma estrela e meia lida com os problemas da vida como se fossem filmes – o título é inspirado no sistema de avaliação do site Letterboxd, e a letra propõe superação no lugar dos traumas (“a intenção não é levar pra cova / alguma merda que vivi / é que as memórias / não usam interruptor pra apagar”). O clipe, filmado na mitológica Twin Video de Porto Alegre, é bem legal.
DEVOTOS DE NOSSA SENHORA APARECIDA, “GIBI, RAMONES E MOTÖRHEAD”. Formada nos anos 1980 pelo apresentador Luiz Thunderbird, o Devotos é uma banda de uma época em que até o punk rock era mais simples, mais voltado para os poucos acordes e para a adoração irrestrita a Ramones – e o primeiro álbum do grupo, Devotos a quem? (1994) acaba de voltar em vinil pelo selo Monstro Discos. O quase-hit do álbum foi Gibi, Ramones e Motörhead, uma declaração de princípios que na época ganhou clipe e (olha só!) fez parte até de uma trilha de novela (a hoje esquecida 74.5, Uma onda no ar, da Rede Manchete).
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