Connect with us

Notícias

Marthe Sessions: apresentando o novo som do Piauí

Published

on

O Marthe Festival teve três edições físicas entre 2017 e 2019, com mais de 50 apresentações musicais em mais de dez espaços de Cultura de Teresina (Piauí). O evento volta em edição de bolso neste fim de semana, e – por causa do aumento de casos na pandemia – rola apenas online. O Marthe Sessions vai trazer cinco nomes da região: Bia e Os Becks, Caju Pinga Fogo, Florais da Terra Quente, Monte Imerso e Narcoliricista.

A ideia é ocupar espaços: no sábado (22, meio-dia) e no domingo (23, ás 15h) o evento rola em pré-estreia na TV Assembleia. A gravadora Hominis Canidae Rec, realizadora do evento, vai transmitir tudo no dia 29 em seu canal do YouTube. Além disso, vão sair EPs ao vivo com as apresentações, igualmente distribuídos pelo selo em todas as plataformas.

Batemos um papo com Diego Pessoa, produtor do evento, e ele contou um pouco pro Pop Fantasma o que tá vindo aí – e quais são os planos para esse 2022 ainda repleto de dúvidas seríssimas, ainda mais na área da cultura.

Como tá sendo fazer o Marthe Sessions online e como foi o preparo para isso?

Tá sendo uma parada muito mais cinema do que evento e música/ festival. O projeto é uma ideia até anterior a pandemia, mas o projeto era bem mais modesto do que acabou acontecendo agora. Sempre achei que seria interessante registrar em vídeos artistas daqui, inclusive em performances ao vivo realmente, nos espaços que fui nas vezes que vim aqui em Teresina antes de morar. Rolavam uns lances bem interessantes que surgiam meio que do nada.

Com a pandemia, bolei o projeto no intuito de apresentar um pouco da nova cena piauiense para o Brasil e também mostrar um ponto turístico ou um espaço bonito de Teresina pra quem é de fora e por que não da cidade. Teresina é extremamente espalhada, os moradores daqui nem sempre conhecem todos os espaços da cidade, então na minha cabeça era a forma de eu conhecer espaços e apresentar. Foi aí que surgiu o Parque da Cidade, um lugar enorme e arborizado que no dia lá da session, descobri que várias pessoas estavam indo lá pela primeira vez ou não iam lá a muitos anos. É um lugar que está meio abandonado pela população e pelo poder público, que eu espero que volte a ser mais vivo.

Houve um momento em que se acreditava, no fim do ano, que os eventos presenciais iriam voltar com força total, etc. Como estavam os planos de vocês nessa época? Havia a ideia de fazer uma edição presencial das sessions?

Eu sou biólogo e pesquisei e trabalhei com doenças virais durante boa parte da minha graduação e toda minha pós-graduação. Atrelado a isso, sempre estive envolvido com cultura, seja consumindo e indo em eventos ou produzindo. Eu estou trabalhando full produção cultural / jornalismo cultural desde o final de 2016/ início de 2017 quando vim morar por aqui em Teresina, então estou um pouco enferrujado na parte científica. Mas com a pandemia, comecei a ler diversos artigos no NCBI (Banco de dados internacional que era aberto na universidades de todo o brasil, por conta o governo Dilma), e a capacidade de se espalhar e de gerar novas cepas dessa doença eram bem impressionantes. Então juntando isso e o fato de que a cultura sempre é colocada de lado no Brasil, mais ainda em um período de governo acultural e não científico, nunca estive esperançoso nessa volta com força total.

Viveremos em ondas, acredito que é um momento para fortalecer cenas locais, e acho que será assim nesse ano e talvez no próximo, tudo para conter essa violência extrema do Covid. Então são shows pequenos, com artistas locais ou da região, exatamente para não ter uma bolha tão extensa. Eu acredito nisso e era nesse sentido que estava pensando fazer eventos nesse período de pandemia e pós.

O Marthe teve três edições físicas e todas as bandas que estão nesse projeto já se apresentaram na mostra em algum dos anos.

Qual o conceito do Marthe Festival? O que vocês tinham em mente quando o evento foi montado?

O Marthe Festival surgiu em 2017, quando comecei a me inserir na cena cultural da cidade como morador. Tinha chegado em Teresina em Outubro de 2016 e após virar o ano, comecei a fazer contato com pessoas que já conhecia aqui por conta do Hominis ou pelo fato de ter vindo aqui algumas vezes antes de vir para morar. Como falei, a cidade aqui é bem espalhada e grande, existem diversas cenas (sonoras e regionalizadas) distintas. A ideia era unir linguagens sonoras diferentes no mesmo palco. E não só musical, mas expandir para outros tipos de artes e se espalhar pela cidade.

Como eu tinha contato com o pessoal que organizava o Dia da Música e já tinha realizado palco dentro do evento, resolvi inserir a Marthe como sendo o primeiro palco do Dia da Música no estado do Piauí. O primeiro ano foi um palco no Espaço Cultural Noé Mendes, que fica na Universidade Federal do Piauí, com entrada franca e conseguimos apoio com a prefeitura de Teresina na época. Foram 10 shows com bandas de Teresina, Parnaíba (cidade do litoral do Piauí), Fortaleza e João Pessoa.

Em 2018, tivemos apoio da Prefeitura para palco e som do festival, mas zero apoio financeiro e mesmo assim tivemos o festival com diversas bandas de diversos estilos da cidade, 2 oficinas e palestras gratuitas, uma exposição da artista que fez a arte daquele ano e uma mostra de cinema e música. Tudo de graça com doação de quilos de alimento.

Em 2019 tivemos o nosso primeiro edital, que nos garantiu uma verba de R$ 35 mil reais que foi aplicada na realização de shows em vários espaços de Teresina, com bandas que nunca tinham passado pela cidade como Rakta, Curumim, Guitarrada Das Manas, niLL, Dj Buck, MC Nabru, Jair Naves, Lupe de Lupe, D_M_G, em pelo menos 5 palcos diferentes, se misturando com vários artistas locais e realizando palestras, oficinas e ações gratuitas nesse período, além dos shows com preços simbólicos. A ideia em 2019 foi abrir as portas da cidade para as bandas de fora e também tentar fazer mais bandas daqui conseguirem ir para fora, quebrando essa barreira geográfica. Infelizmente a pandemia atrapalhou tudo, mas surtiu efeito o evento a ponto da gente ter planejado algumas tours pelo nordeste e apresentação na cidade com 4 atrações que nunca tinham vindo aqui no primeiro semestre de 2020, o que obviamente não rolou.

Agora não sabemos se iremos voltar a fazer shows um dia, até por que não sabemos se temos condições de realizar isso.

Como foram selecionadas as bandas dessa session?

Eu gosto muito da proposta das 5 atrações da sessão. Gosto do som, gosto delas ao vivo, acho a mistura interessante e são projetos plurais e que mostram um pouco da identidade cultural do piauí e da mistura de som que é essa cidade. Monte Imerso é um indie rock psicodélico lo-fi aqui do bairro onde moro em Teresina, meninos jovens e cheios de talento. A Florais da Terra Quente é um coletivo de jovens artistas e músicos que escrevem e compõe muito bem e bebem na música regional e brasileira de outros tempos.

O Narcoliricista é meu MC favorito aqui do Piauí, tem uma marra bem hip hop, com uma sonoridade mais boom-bap que eu gosto mais e com boas letras e performance de palco. A banda de Pífanos Caju Pinga fogo é um pouco mais antiga que as anteriores e um dos caras da banda sempre esteve envolvido nos corres da Marthe nos outros anos. Fora que ao vivo é muito legal a mistura de regionalismo com modernidade que eles impõem, mesmo usando elementos tradicionais como pífano, rabeca e percussão. A Bia e os Becks tem dez anos de rolê já e só melhoram a cada apresentação que eu vejo. O som é bem pop e dançante, bem agitado ao vivo, então casou bem com o balanço da proposta.

A ideia era ter três atrações a mais, mas não sabia que o edital da Aldir Blanc de Teresina iria ter o corte total de imposto de renda de 25% do projeto, então tivemos um corte substancial no valor solicitado para proposta e reduzimos algumas ações. Mas tá bonito do mesmo jeito.

A ideia do evento é poder trabalhar com todas as plataformas? Vai rolar exibição na TV, no YouTube, EPs ao vivo.

Sim, a ideia é trabalhar o máximo de plataformas possíveis. Por que a ideia é divulgar a música autoral piauiense para o máximo de pessoas possíveis. Conseguimos colocar a session na TV Assembleia, numa pré-estreia em 2 datas para todo o Piauí na TV aberta. No sábado (22 de Janeiro), meio dia e no domingo (23), às 15h. Depois, o projeto será lançado dia 29 de Janeiro, às 20h, no canal do Youtube do Hominis Canidae. E em fevereiro iremos disponibilizar os sons que foram gravados por canais de forma profissional, mas mantendo aquela vibe que eu adoro de bootleg ao vivo em todos os streams pelo selo Hominis Canidae REC. Um EP de 3 faixas de cada uma das bandas, pra mais gente consumir a música piauiense no máximo de locais possíveis. Eu queria passar no cinema também, mas infelizmente não rola aglomerar no ar condicionado no momento.

Algum plano para 2022? Como estão as movimentações para o evento neste ano?

Por enquanto é trabalhar a session e sentir o terreno cultural brasileiro esse ano, mês a mês, semestre a semestre, com a ideia de shows menores e com atrações mais regionalizadas se possível. Aproveitar que é ano de eleição pra tentar fazer o país voltar para um momento mais cultural e humano e seguir se vacinando, mantendo a saúde em dia. É o que dá pra fazer e pensar no momento. E tentar pagar as contas e viver nesse momento distópico do Brasil, onde o problema é mais politico do que pandêmico, infelizmente. Mas bora mudar no voto esse ano, assim espero.

Lançamentos

Radar: Dingo, Fernanda Coelho, Júca, Supercombo, Pablo Lanzoni, Fuz Aka, Maria Esmeralda

Published

on

Radar: Dingo, Fernanda Coelho, Júca, Supercombo, Pablo Lanzoni, Fuzaka, Maria Esmeralda

Sei lá o que os algoritmos andam falando por aí – o Pop Fantasma está a fim, na maior parte do tempo, de música nova. E de gente que está fazendo coisas novas com a música. O Radar nacional de hoje parte do groove reflexivo do Dingo, passa por uniões de piseiro e metal (!) e até pelo forró percussivo e eletrônico. Ouça em alto volume.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Gustavo Vargas/Divulgação (Dingo)

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
  • Mais Radar aqui.

DINGO, “DÚVIDAS”. O quarteto gaúcho Dingo (ex-Dingo Bells) voltou a lançar material inédito após três anos com Dúvidas, um single de indie pop que mergulha na fonte da disco music setentista – mais um exemplo das vibes retrô que surgem no pop alternativo. A faixa tem brilho, groove e reflexão: fala sobre o caos de escolhas e estímulos do presente, tudo isso com batida pulsante. A música antecipa as comemorações de dez anos do disco Maravilhas da vida moderna e ganhou clipe dirigido por Gustavo Vargas.

FERNANDA COELHO, “CLAREIA”. Fernanda transforma em música e imagem a ponte entre São Paulo e Tóquio em Clareia, faixa de seu álbum 5 minutos. O clipe da faixa foi gravado no Japão, após um convite inesperado do dono de um estúdio durante uma viagem em 2014, que acabou rendendo também a gravação de um álbum. A música nasce do olhar curioso da artista sobre os espaços escondidos e históricos de São Paulo, enquanto o vídeo mostra as ruas geladas de Tóquio.

“Era inverno e em alguns momentos a minha roupa não segurava muito o frio. E como gravamos com esse efeito de imagens aceleradas, eu tinha que ficar imóvel por muitas horas… aí teve um momento em que eu estava congelando mesmo”, brinca. Mas sem estresse: clipe belo e música igualmente bela e tranquila.

JÚCA, “FOGO”. Single lançado no ano passado, Fogo chega agora ao YouTube no formato clipe, valorizando a sonoridade introvertida da música. Dirigido por Yasmin Sanches e pelo próprio Júca, o vídeo foi feito no Arpoador (Ipanema, Rio de Janeiro) nas primeiras horas do dia, e utiliza várias performances de dança para trabalhar com a ideia de resistência e reinvenção. O próprio “fogo” da letra, diz Júca, tem a ver com os rituais de transformação. “Essa tensão entre continuar e transformar é o que move a música”, explica ele, que prepara um álbum para este ano.

SUPERCOMBO, “PISEIRO BLACK SABBATH”. A Supercombo abre os caminhos para seu disco novo com esse single, um cruzamento inusitado (e bem-humorado) entre rock pauleira e piseiro. Com clima de jam ao vivo e letra sobre metaleiros que curtem uma praia e um bailão, a faixa mostra o espírito livre do novo álbum do grupo, que sai em 15 de agosto. O som é intenso, divertido e cheio de referências brasileiras – prova de que a banda está mais aberta do que nunca a experimentar e brincar com seu próprio universo sonoro. E já tem clipe, com a banda de preto curtindo uma praia em p&b, até que…

PABLO LANZONI, “PORTO”. “Salve a cidade! Minha gente vive aí”, diz Pablo em sua nova música, uma balada climática falando da urbanidade e da paisagem de Porto Alegre, sem deixar de observar os problemas vividos recentemente pela capital gaúcha.

Porto foi uma das últimas faixas compostas para Aviso de não lugar, novo álbum que está programado para agosto. E foi escrita enquanto Pablo acompanhava “as notícias sobre uma disputa judicial envolvendo a proposta de construção de um prédio de cerca de quarenta andares ao lado de um importante museu da cidade — projeto que avançava sem estudo de impacto de vizinhança e sem manifestação dos órgãos de proteção do patrimônio histórico”, conta.

FUZ AKA feat EDGAR, “SAIDERA”. Com uma sonoridade marcada pelo forró eletrônico, a dupla formada por Ricardo Mingardi (Kazvmba) e Fernando Barroso merece ser olhada e ouvida com calma – o som nordestino e eletrônico deles une forró e estilos como afrobeat, dancehall, trap, funk e hip hop, e soa como uma renovação de sons como o mangue beat. Saidera, o single mais recente, saiu em fevereiro com participação de Edgar. Entre rabecas e beats, a ideia da dupla é falar sobre “identidade, memória e futuro traduzido em som, corpo e imagem”.

MARIA ESMERALDA (Thalin, Cravinhos, VCR Slim, Pirlo e iloveyoulangelo) feat DONCESÃO, “POLIESPORTIVA”. A turma que fez o disco Maria Esmeralda, lançado no ano passado, voltou ao material para fazer e lançar o clipe de Poliesportiva, uma das melhores faixas. A direção de VCR Slim aposta na estética de tela dividida em quatro, inspirada no filme indie Timecode (2000), de ampliando as camadas da história. A faixa mistura observações do dia a dia, poesia e reflexões, tudo ampliado pela participação de Doncesão. E se você não ouviu Maria Esmeralda, ouça hoje – falamos dele aqui.

Continue Reading

Lançamentos

Radar: Stina Marie Claire, King Princess, Mèr, Esteves Sem Metafísica, Suede, Mantra Of The Cosmos, Rosetta West

Published

on

Radar: Stina Marie Claire, King Princess, Mèr, Esteves Sem Metafísica, Suede, Mantra Of The Cosmos, Rosetta West

Ouça no último volume: em comum, as músicas do Radar internacional de hoje têm a inquietação – seja a inquietação existencial, a inquietação criativa, ou aquele estado que tira a gente da letargia e obriga a fazer alguma coisa urgentemente. A lista começa com Stina Marie Claire dando um trato no arranjo de sua própria música, e prossegue até a psicodelia dançante do Mantra Of The Cosmos.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Bandcamp (Stina Marie Claire)

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
  • Mais Radar aqui.

STINA MARIE CLARIE, “THE HUMAN CONDITION (MEMENTO VERSION)”. Stina Tweeddale é mais conhecida por liderar a banda Honeyblood, que gravou álbuns excelentes unindo emo, power pop (com mais ênfase no “power”), sons misteriosos e um certo clima grunge. O Honeyblood tá meio sumido desde o single You’re standing on my neck (2019) e após a pandemia, Stina tem se dedicado a seu projeto solo, assinado com seu nome quase completo (que é Christina Marie Claire Tweeddale).

Na real, o Honeyblood já vinha funcionando como um projeto de uma mulher só. A diferença é que Stina Marie Claire dedica-se a uma sonoridade mais próxima do dream pop e do som-de-quarto. O EP A souvenir of a terrible year, repleto de lembranças do isolamento pandêmico, saiu em 2021, e agora sai a versão “memento” das faixas, reimaginadas com arranjos de cordas. A de The human condition humaniza tudo aquilo que era eletrônico e quase chiptune no original. Ficou bonito.

KING PRINCESS, “RIP KP”. No dia 12 de setembro sai Girl violence, novo álbum de Mikaela Strauss, ou King Princess, produzido por ela ao lado de Jake Portrait (Alex G, Unknown Mortal Orchestra) e Aire Atlantica (SZA). O disco marca a volta da artista a Nova Iorque e a um som mais cru e direto, após rompimentos pessoais e profissionais. O single RIP KP, que anuncia o álbum, mistura desejo feminino, melancolia e autossabotagem com batidas pulsantes e guitarras viscerais.

“É é sobre o lado sexy da violência feminina – quando o amor toma conta do seu cérebro e, de repente, você está sendo fodida pela casa toda, agindo como uma idiota. É a maneira perfeita de abrir o disco: dramática, desequilibrada e um pouco irônica”, conta ela, que no clipe, encara um clube de strip tease bem estranho. “É um hino safado para as lésbicas. Precisamos de devassidão neste verão”.

MÈR, “LET’S FIGHT”. A dupla formada pelas cantoras e compositoras francesas Cindy Doire e Sarah Burton uniu-se ao Chorus of Courage – um coletivo que amplifica as vozes de sobreviventes da violência. Do trabalho em conjunto saiu a delicada e etérea Let’s fight, uma canção em inglês e francês, que põe em versos a convivência com pessoas narcisistas e tóxicas. Aliás, a faixa é a estreia da dupla: Sarah e Cindy conhecem-se há duas décadas e mantém carreiras solo, mas só agora gravam juntas.

“Você já teve um amigo ou amante que sempre queria começar uma briga? É um ciclo exaustivo de manipulação e mágoa”, diz Sarah, localizando o sentido da letra. “A música é interpretada com ironia e calma, como se a pessoa dissesse: ‘Não vou mais brigar'”. A gravação foi feita durante uma nevasca na casa de Cindy, e o Mèr misturou sons acústicos e eletrônicos, lançando mão de sintetizadores vintage.

ESTEVES SEM METAFÍSICA, “SÓBRIA”. Com nome inspirado num verso do poema Tabacaria, de Álvaro de Campos (heterônimo do poeta Fernando Pessoa), o Esteves Sem Metafísica é uma banda de uma mulher só – a escritora portuguesa Teresa Esteves da Fonseca, que acaba de lançar com seu projeto o álbum de.bu.te. Não é um pop fácil: é um dream pop com referências de folk, música clássica, sons de Portugal e a fase mais elaborada dos Beatles. Nas letras, há espaço para crônicas pessoais e comentários existenciais: a bela e contemplativa Sóbria, single que antecedeu o álbum, é definido por Teresa como “um hino à juventude inconsequente”.

SUEDE, “TRANCE STATE”. No dia 5 de setembro, os reis do glam rock dos anos 1990 voltam às plataformas e prateleiras: o Suede lança o novo álbum Antidepressants (BMG). Produzido por Ed Buller, parceiro de longa data da banda, o disco promete um mergulho no pós-punk, segundo o vocalista Brett Anderson. Depois do ótimo primeiro single, Disintegrate, agora é a vez de Trance state, um rock dramático e elegante sobre perder o controle (entrar em estado de transe, enfim) ao ver alguém. Nada de trance eletrônico, como o nome da canção sugere, mas o clima hipnótico está garantido: é Suede puro, com clima de arena e direção de vídeo feita por Chris Turner.

(e falamos de Disintegrate aqui).

MANTRA OF THE COSMOS feat NOEL GALLAGHER, “DOMINO BONES (GETS DANGEROUS)”. O tira-casaco-bota-casaco envolvendo Zak Starkey na formação do The Who manteve o nome do baterista na mídia. Aliás, no caso, pior para a veterana banda britânica, que agiu de maneira bem estranha na demissão do músico.

Zak permanece aparecendo: seu supergrupo Mantra Of The Cosmos – que também tem na formação Shaun Ryder e Bez, do Happy Mondays, e o guitarrista do Ride, Andy Bell – volta com o terceiro single, um dance-rock lisérgico que lembra os próprios Mondays e o Black Grape (a “outra banda” de Shaun e Bez), e que tem participação de Noel Gallagher, do Oasis. Starkey, provavelmente o único filho de beatle que dispensa tal aposto ao lado no nome, usou os brinquedos do filho no clipe da faixa.

ROSETTA WEST, “DORA LEE”. Lembra do Rosetta West, banda que chegou até nós pelo nosso perfil no Groover e da qual já falamos diversas vezes? Eles estão de volta com o ótimo EP Gravity sessions, com músicas antigas do grupo gravadas numa sessão no estúdio Gravity, de Chicago. Dora Lee, uma das mais legais do álbum Night’s cross (resenhado aqui), era um blues acústico no original, e virou punk-blues com herança de Jimi Hendrix e Tad.

“A música conta a história de um homem assombrado por uma visita breve e apaixonada de uma figura feminina aparentemente sobrenatural. No clipe, o narrador assume o papel de um endurecido comandante de tanque, ainda perturbado por essa aparição mesmo em meio aos combates”, avisa o grupo, chegadíssimo nos climas sombrios.

Continue Reading

Lançamentos

Radar: Julião e o Forró do Suco Elétrico, Swave, Lupino, Vi Drumus – e mais

Published

on

Radar: Julião e o Forró do Suco Elétrico, Swave, Lupino, Vi Drumus - e mais

Tem um restinho da farra de junho abrindo essa edição nacional do Radar – com o som nordestino e psicodélico de Julião e O Forró do Suco Elétrico (foto). Entre sons herdados do punk, como Swave e Lupino, também tem muita brasilidade aqui hoje, inclusive com a presença de um dos maiores e mais longevos nomes da MPB entre os novos lançamentos. Ouça tudo no volume máximo.

Texto: Ricardo Schott – Foto: Divulgação

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
  • Mais Radar aqui.

JULIÃO E O FORRÓ DO SUCO ELÉTRICO, “A MURIÇOÇA”. Criado pelo músico pernambucano Feiticeiro Julião, o Forró do Suco Elétrico (que estreia agora em EP epônimo) é uma brincadeira séria com a tradição zoeira e alegre do forró, só que turbinada pelas guitarras e pela psicodelia – como também é tradicional na MPB nordestina dos anos 1970 para cá, via Alceu Valença, Robertinho de Recife e vários outros nomes. Julião une-se a Ju Menezes, Alexandre Baros, Drica Ayub, Juvenil Silva e Tomé, e liga forró, frevo e sons afins na tomada, sem esquecer das raízes. A muriçoca, de Julião, une forró, folk, reggae, sofrência e picardia em doses quase iguais. Pra tocar na sua festa!

SWAVE, “VAI CAIR”. Esse supergrupo indie paulistano lançou recentemente o disco Foi o que deu pra fazer (resenhado pela gente aqui) e une sua estética musical grunge a um clima de gravação de vídeo antiga no novo clipe, Vai cair. Parece um VHS guardado por décadas, uma videoarte antiga, ou um vídeo dos primórdios das câmeras digitais – você escolhe – mas tudo cheio de estilo e som alto. Detalhe: com esse vídeo, a banda fechou a rodada, porque agora todas as onze faixas do álbum (!) têm clipes. Música para ver e ouvir.

LUPINO, “MUROS”. Unindo rock, variações rítmicas e música eletrônica, o Lupino, de Florianópolis (SC), fecha seu primeiro ciclo de gravações com Muros – que vem após outros quatro single lançados. Uma música especial para a banda, por ter sido a primeira vez em que a banda compôs em conjunto, “unindo elementos de rock e música eletrônica para criar uma experiência dançante e introspectiva”.

Na faixa, os vocais de Taissa Bordalo cantam uma relação bem complicada, em que uma pessoa entra sem pedir licença e as coisas fica beeem bagunçadas – tanto que em algum momento, a outra parte do relacionamento tem que construir muros em volta de si. Lá pela metade, a canção muda de ares e ganha um clima mais tecnológico, com teclados e programações.

JOÃO MERIN, YAAN, LAIÔ, “FILHOS DE ÁFRICA”. Esse trio vem da Bahia, une afrobeats, pagotrap e r&b, e mescla talentos – João é cantor e rapper, Yaan é músico e produtor, Laiô tem 20 anos de carreira como cantora, compositora e gestora cultural. O EP Olhos de sol tem música pra dançar, mas tem protesto e vitória, como no balanço de Filhos de África. Uma música em que Laiô canta que “tá ficando preto, tá ficando bom / cês tão vendo só o começo, vamo dominar”, e João entra citando o jogador Vinicius Jr e o rei do afrobeat Fela Kuti. “Cantando o amor até mesmo no fim /precioso na lama feito rubi”, diz, unindo amor e resistência.

CAMALEÔNICA, “GERAL”. Banda formada em Barcelona por dois amigos de infância do Brasil (Felipe Dantas e Fernando Reis), o Camaleônica encontra na mistura musical a sua razão de existir – samba, bossa nova, rock, rap, eletrônicos, tudo isso encontra lugar no som deles. Geral, um dos singles que puxam o disco Eletrotropical, une guitarras ligadas ao blues e ao rock, e batuque vindo do axé. Seria um axé-blues, então? Talvez. Felipe explica que o principal da faixa é que apesar das diversidades, o personagem da música tem orgulho de sua história – e é esse amor próprio que “pulsa forte nos batuques e conduz sua trajetória”, completa o músico.

VI DRUMUS, “O SONHO ANESTESIA”. “Quero que quem ouça esse som se sinta visto, mesmo nas suas sombras”, diz Vi Drumus, que acaba de lançar o álbum Medor. O sonho anestesia é uma música que une metais, beats e referências que vão do hip hop ao soul brasileiro, para falar de “uma realidade em que o corpo é explorado e a mente busca refúgio na poesia e na fuga onírica”. Som pra dançar e encarar a luta do dia a dia com outra mentalidade, já que um dos grandes temas dos quais Vi fala em seu álbum, é como um monte de coisas que a gente faz e pensa são mediadas pela dor.

NEY MATOGROSSO, “PÁSSARO BRANCO”. Canção meditativa composta por Paula Raia, Pássaro branco é a faixa-título do novo EP de Ney – que traz quatro faixas feitas para a trilha do balé Entre a pele e a alma, espetáculo encenado pela Focus Cia de Dança sob direção de Alex Neoral. O disco é um dos projetos que envolvem o nome de Ney perto de seu aniversário de 84 anos – ele chega à nova idade em 1º de agosto. Tivemos também o filme Homem com H – que fez sucesso nos cinemas e está agora na Netflix – e o ótimo disco Canções para um novo mundo, um dos destaques do começo do ano, gravado com a banda Hecto (e resenhado pela gente aqui). Algo nos diz que vem mais aí.

Continue Reading
Advertisement

Trending