Cultura Pop
Doze fãs famosos de Their Satanic Majesties Request

Por causa de Their satanic majesties request, oitavo disco dos Rolling Stones, lançado em 8 de dezembro de 1967, o ex-beatle John Lennon, mesmo sendo amigo de Mick Jagger e Keith Richards, soltou o sarcasmo para cima dos colegas. Disse que o disco, mergulho dos Stones na psicodelia, eram a prova de que “o que os Beatles faziam, os Stones copiavam depois”. Não foi só ele que aproveitou para tirar um pelo do grupo. Biógrafo da banda, Christopher Sanford afirma no livro The Rolling Stones: Fifty years, que a recepção à época foi duvidosa. “Ninguém que tivesse um aparelho de som em estéreo e um baseado o esqueceria tão fácil”, brincou, lembrando que o álbum dos Stones fazia vergonha perto de Sgt Peppers, virada de fio definitiva dos Beatles para a psicodelia, lançada meses antes.
Afinal – aponta Sandford no livro – não tinha como disfarçar que um era cópia (ou paródia) do outro. Eram dois discos com músicas de abertura reprisadas (a bizarra Sing this all together, que abre a obra, aparece numa versão “psicodélica” de oito minutos no fim do lado A). Ambos os LPs incluíam claque de risadas, aplausos pré-gravados e ruídos diversos, além de efeitos de estúdio. Ambos tinham faixas indianistas e meditativas (no dos Beatles, Within you without you, no dos Stones, Gomper).
https://www.youtube.com/watch?v=fk3K4Hg04eo
Pior: em ambos os casos a capa foi feita pelo artista plástico Michael Cooper. E se na capa de Sgt Peppers, tinha uma boneca num canto com a frase “Welcome the Rolling Stones”, Their satanic trazia as carinhas dos quatro Beatles escondidas em cantos estratégicos na capa. A Rolling Stone caiu de pau na época. O crítico Jon Landau disse que o disco tinha arranjos “instrumentais amorfos e sem rumo” e produção pobre. E chamou a tal versão estendida de Sing this all together de “a maluquice obrigatória de oito minutos”. Pode ser maldade com um disco que tinha a bela She’s a rainbow (cujo arranjo de cordas foi feito por um jovem músico de estúdio chamado John Paul Jones, que dois anos depois responderia pelo baixo do Led Zeppelin), mas dá para entender perfeitamente o nariz torcido. Por mais que a banda tenha lançado o quase-psicodélico Between the buttons naquele mesmo ano, a última coisa que alguém imaginaria era que um grupo tão devotado às origens no blues, como os Stones, encheria seu novo lançamento de cordas, tablas indianas, instrumentais malucos e ainda posaria na foto da capa como bruxos de história infantil.
https://www.youtube.com/watch?v=Ya4R7ZswMwA
Pois bem: quem se acha no direito de repetir a frase de Lennon (a de que o que os Beatles faziam os Stones copiavam), ganha mais munição a partir de 22 de setembro. Their satanic majesties request ganha edição comemorativa, com a imagem lenticular (hum, em “3D”) da capa restaurada, edições em mono e estéreo e um livro de 20 páginas com fotos inéditas. Um presente para os fãs do grupo que amam o disco.
Vale dizer que, sim, tem muita gente que mete o pau até hoje nesse álbum. Experimente puxar o assunto Their satanic numa rodinha de fãs dos Stones e veja o que acontece. Mas a verdade está no quadro de medalhas: o disco psicodélico dos Stones rendeu disco de ouro rapidamente, chegou no topo da parada da Billboard no dia do lançamento e foi definido como “uma epidemia, não um simples hit” pela London Records, que o publicou nos Estados Unidos. E olha, tem uns nomões do universo do pop-rock que também são fãs da diminuta fase “viajante” do grupo. Confira aí doze desses admiradores.
“TRISTEZA NUM DIA ALEGRE” – RONNIE VON (1968). A primeira resposta a Their Satanic… saiu pouco depois de seu lançamento, com Ronnie Von dando uma copiada na introdução “misteriosa” de 2000 light years from home, sucesso do disco dos Stones numa das melhores músicas de seu disco de 1968 – mas emendando, em bom caipirês-paulistês, com a frase “Varte, traz as porpéta?”
“2000 LIGHT YEARS FROM HOME” – TODD TAMANEND CLARK (1975). Espécie de bardo pré-cyber-punk, o poeta e ativista americano Todd Tamanend Clark fez em 1975 uma versão da mesma música dos Stones, só que em clima de trilha de série de ficção científica. O próprio Todd tocou sintetizador e teremin.
“2000 MAN” – KISS (1979). Em um de seus discos mais estranhos, Dynasty, o Kiss aproveitou para transformar uma das mais belas músicas de Their satanic em hard rock. Dynasty, só para registro, é o disco que tem “a disco music” do Kiss, I was made for lovin you.
“CITADEL” – VIOLETA DE OUTONO (1988). O grupo paulistano de rock progressivo releu a segunda faixa de Their satanic majesties request no EP The early years, lançado entre o primeiro e o segundo discos deles. Também trazia versões de Interestellar overdrive (Pink Floyd), Blues for Findlay (Gong) e Within you without you (Beatles). Na época, em entrevistas, a banda chegou a dizer que o sapinho da capa (fotografado pelo próprio baixista do trio, Angelo Pastorello, que depois viraria fotógrafo até da Playboy e da Sexy) era “uma referência à boca do Mick Jagger”.
“STREET LIFE” – ROXY MUSIC (1973) e “CHANGELING” – SIMPLE MINDS (1979). Em um fórum na internet um sujeito chama a atenção para as semelhanças entre essas duas canções e Citadel, dos Rolling Stones. Que parece, parece – e no caso da música dos Simple Minds (que está no melhor disco da primeira fase da banda, Reel to real cacophony, a semelhança é ainda mais evidente. Compare aí.
“CITADEL” – THE DAMNED (1981) e “CITADEL” – COMSAT ANGELS (1985). Banda punk atenta a sons feitos em décadas anteriores, o Damned também gravou Citadel. Já os Comsat Angels, grupo do pós-punk britânico, também gravou a música dos Stones, como lado B de compacto. Vale dizer que Citadel é uma das poucas músicas do álbum do qual o próprio autor de quase todas elas, Keith Richards, realmente diz gostar – em entrevistas, ele já falou que Their satanic “é uma porcaria”.
“DON’T FADE AWAY” – MUDHONEY (1991). Única música do baixista Bill Wyman gravada em Their satanic, In another land ganhou – sem que o compositor soubesse – o acréscimo dos seus roncos no fim da faixa, gravados numa noite em que ele descansava no estúdio. Só soube disso quando escutou o disco pronto. O Mudhoney aproveitou a ideia na introdução da penúltima música de seu segundo disco, Every good boy deserves fudge.
THURSTON MOORE. O guitarrista e cantor do finado e saudoso Sonic Youth é fã do disco. Foi na verdade o segundo disco que ele comprou, influenciado por seu irmão mais velho, Gene – como diz o livro Psychic confusion: The Sonic Youth story, de Stevie Chick. “Pedi para minha mãe comprar. A capa em 3D era algo realmente misterioso, e eu não estava nem muito certo de que grupo era aquele, mesmo quando já estávamos na fila do caixa”, contou aqui.
“THEIR SATANIC MAJESTIES SECOND REQUEST” – BRIAN JONESTOWN MASSACRE (1996). A banda americana de rock psicodélico (na verdade uma one-man-band, comandada pelo músico Anton Newcombe) presta tributo em seu nome a Brian Jones, fundador dos Stones (e que ainda estava na formação em 1967). E homenageou Their satanic nesse disco duplo lançado há 21 anos, com músicas como Miss June 75, All around you e Donovan said. Maravilhoso.
IVAN CARDOSO: O cineasta carioca estreou em 1971 dirigindo um filme super-8, Nosferato no Brasil, que trazia participações de Torquato Neto e Scarlet Moon. Boa parte da trilha sonora do curta é tomada por músicas de Their satanic majesties request – mas tem até Detalhes, de Roberto Carlos, lá.
4 discos
4 discos: Elvis Presley no final

Ainda que o mercado de álbuns estivesse bastante fortalecido desde o fim dos anos 1960, isso não chamava a atenção de Elvis Presley (1935-1977), e muito menos a de seu empresário, o Coronel Tom Parker (1909-1997). O cantor não parecia se interessar muito por LPs, apesar de ter tido grandes vendagens de álbuns desde o começo. Muitas vezes, Elvis apenas gravava o que tinha vontade, e deixava que a RCA, sua gravadora, escolhesse capas, repertório e (o principal) como e de que maneira cada gravação seria aproveitada.
Nos anos 1970, com Elvis enclausurado em sua mansão e cada vez mais descontrolado (no apetite, nas drogas, na violência etc), o cantor ficou também cada vez mais desinteressado em gravar regularmente. Seus álbuns começavam a se tornar compilações de gravações, quase sempre feitas em etapas diferentes. Não era nem preciso que as sessões passassem pelos mesmos esquemas de produção, embora os álbuns pós-1966 do cantor tivessem todos o mesmo produtor. Era o ex-cantor Felton Jarvis, que chegou a lançar em 1959 um single cujo lado B era um tributo chamado Don’t knock Elvis.
O álbum That’s the way it is (1970), por exemplo, foi feito a partir de oito faixas gravadas do estúdio da RCA em Nashville, mas também entraram quatro faixas gravadas ao vivo em Las Vegas. Por sua vez, o restante dessas sessões de Nashville foi lançado gradativamente em singles e rendeu também o álbum Elvis country, de 1971. Era como se os álbuns do cantor, com raras exceções, já fossem compilações de out takes. E o que não falta é crítico de rock apontando para esse clima “alhos com bugalhos” na parte final da discografia de Elvis.
Pois bem, resolvemos revisitar quatro álbuns dessa última década da carreira de Elvis Presley – que, você talvez saiba, teria completado 90 anos no dia 8 de janeiro. E pode crer: quem deixou esses discos para trás perdeu muita coisa. Mesmo os mais alheios à obra do cantor, que o conhecem apenas pelos grandes hits, podem encontrar surpresas agradáveis. Porque, sim, por trás daquela fachada de decadência, havia música pulsante. Se você nem sequer desconfiasse que a vida de Elvis andava uma zona daquelas, poderia acabar achando que ele já estava rico o suficiente e havia resolvido só gravar o que quisesse, para quem quisesse ouvir, e problema dele.
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- Este texto foi inspirado por um outro texto, da newsletter do músico Giancalrlo Rufatto
“ELVIS NOW” (1972). O nome desse álbum de Elvis podia indicar que se tratava de um disco ao vivo, de uma coletânea, de um álbum de sobras, de um cata-corno musical – enfim, Elvis now, como título, não quer dizer lá muita coisa. De qualquer jeito, é um dos mais brilhantes lançamentos do cantor em sua última década. Numa época em que Elvis parecia ter entendido mais ou menos para que serviam os álbuns e estava adotando estilos musicais diferentes em cada lançamento (gospel, country, baladas, etc), seu décimo-sexto LP era o que mais se aproximava de um “programa de música” (digamos assim), cabendo vários estilos musicais de maneira equilibrada.
Para manter um hábito do cantor na época, Elvis now não era um disco de “agora”. Havia uma faixa gravada em 1969 (a versão dele para Hey Jude, dos Beatles, feita nas sessões que geraram o disco Elvis in Memphis, daquele ano) e gravações de 1970 e 1971. Ou seja: era basicamente um cozidão de sobras com material ainda sem destinação. De qualquer jeito, lá você ouve, além de Hey Jude, Elvis interpretando canções de Kris Kristofferson (Help me make it through the night), da ativista e cantora Buffy Sainte-Marie (a canção de amor classe-operária Until it’s time for you to go), de Gene McLellan (Put hand in the hand), Gordon Lightfoot (Early mornin’ rain) e até um clássico gospel tradicional que, poucos anos depois, Raul Seixas e Paulo Coelho fariam questão de chupar (I was born ten thousand years ago).
“RAISED ON ROCK/FOR OL’ TIMES SAKE” (1973). Mais uma vez uma capa de Elvis traz uma foto praticamente idêntica dele (Elvis proibia que o fotografassem fora do palco), e o título lembra o de um álbum pirata ou coletânea caça-níqueis. Mas esse disco é tido como o último álbum de estúdio verdadeiramente rocker de Elvis, e tem quem o considere o melhor álbum dessa fase. O repertório veio de sessões no Stax Studios (Memphis, Tennessee), em julho de 1973, além de outras gravações feitas na casa de Presley em Palm Springs, Califórnia, em setembro de 1973.
Raised on rock tem esses dois títulos porque aproveitou os nomes dos lados A e B de um single de sucesso do cantor – o que dá a impressão também de “single expandido para álbum” e feito às pressas. Uma ouvida distraída revela pérolas como as próprias músicas-título, além de Three corn patches (da dupla Leiber e Stoller), Just a little bit (sucesso do cantor Rosco Gordon) e Find out what’s happenin’ (country gravado em 1968 por Bobby Bare). Muita gente implicou bastante com aquele papo de “criado no rock”, ate porque a canção fala de uma pessoa que foi criada ouvindo hits como Johnny B. Goode, de Chuck Berry, e nada menos que Hound dog, gravada pelo próprio Elvis (!) em 1956. Mas pula essa parte porque a gravação é ótima.
“ELVIS TODAY” (1975). A capa e o título não dizem muita coisa, mas Today é um dos discos mais saidinhos dessa fase final da carreira do cantor. O som une música pop e country, em vez de se concentrar apenas num estilo. E fica claro, pela escolha de repertório, que o álbum foi um esforço grande de Elvis em tentar entender o que estava acontecendo ao seu redor na música.
Havia o rock country de T-R-O-U-B-L-E, um dos últimos hits do cantor no estilo que o havia consagrado. Tinha uma regravação de Fairytale, das Pointer Sisters, indicando que a transição do soul à disco já tinha sido devidamente observada por Elvis e sua turma. E havia algumas regravações bem bacanas de faixas recentes, como I can help, de Blly Swan, e Pieces of my life, de Troy Seals – muito embora, justamente por causa disso, ficasse a impressão de que Today, mais do que resultado de uma gravação em estúdio, era o resultado de uma mexida em várias demos. Ainda assim, era uma mostra de que Elvis ainda se reinventava. Da maneira dele, mas rolava sim.
“FROM ELVIS PRESLEY BOULEVARD, MEMPHIS, TENNESSEE” (1976). O título desse disco lembra o de um álbum póstumo ou coletânea. É apenas o vigésimo-terceiro álbum de Elvis, feito numa época em que o cantor nem sequer queria sair de casa para gravar, e a RCA mandou instalar um estúdio na casa dele. Foi lançado pouco após a excelente coletânea The Sun sessions, e, diz o site oficial do cantor, trouxe músicas “comercializadas como se Elvis estivesse finalmente emitindo um convite aos seus fãs para entrarem pelos portões de Graceland”. Inclusive vendeu mais do que a coletânea, embora tenha custado mais aos cofres da RCA do que Sun sessions.
A capa informa que se trata de um “disco ao vivo”, mas a realidade é bem diferente: não há palmas, e basicamente o material foi feito “ao vivo” dentro da própria mansão de Elvis. O repertório é de uma força impressionante, com destaque para a balada blues Hurt, a romântica Never again e as baladas country Dany boy e Bitter they are, harder they fall, além da grandiosa The last farewell. From Elvis Presley Boulevard não é apenas um disco: é um retrato do Rei em um momento de fragilidade e reclusão, mas ainda capaz de emocionar como poucos.
Cultura Pop
Grammy 2025: as apostas do Pop Fantasma

Informações básicas sobre o Grammy 2025, que vai rolar neste domingo (2 de fevereiro), às 21h30, horário de Brasília, nos Estados Unidos. Vamos por partes:
- É a 67ª edição da premiação.
- Uma porrada de gente vai fazer show na premiação. Entre os confirmados, Stevie Wonder, John Legend, Janelle Monáe, Chris Martin, Cynthia Erivo, Brittany Howard, Brad Paisley, Herbie Hancock, Jacob Collier, Lainey Wilson, St. Vincent e Sheryl Crow. A Academia afirmou também que estarão no palco nomes como Benson Boone, Sabrina Carpenter, Doechii, Raye, Chappell Roan, Teddy Swims, Shakira e Charli XCX.
- O comediante sul-africano Trevor Noah vai apresentar o prêmio – ele comanda o palco do prêmio desde 2021.
- Tem Brasil na premiação, já que Anitta concorre a melhor álbum de pop latino com Funk generation.
- O canal de TV TNT e o serviço de streaming Max vão transmitir a premiação aqui no Brasil.
- Após discussões iniciais, foi decidido que os incêndios em Los Angeles não causariam o adiamento do evento – e decidiu-se também que o Grammy será um instrumento para angariar fundos para ajudar a cidade.
E enfim, ninguém convidou o Pop Fantasma para votar lá, mas nós resolvemos mostrar nossas apostas, divididas em quem a gente acha que leva os prêmios, e quem a gente adoraria que ganhasse. Confira aí e faça suas apostas. Não votamos em todas as categorias, claro – são 94 e não nos sentimos capazes de opinar em várias delas.
(na foto, Charli XCX, que a gente gostaria que ganhasse numas três categorias).
Música do Ano
Shaboozey, A bar song (Tipsy)
Billie Eilish, Birds of a feather
Lady Gaga and Bruno Mars, Die with a smile
Taylor Swift featuring Post Malone, Fortnight
Chappell Roan, Good luck, babe!
Kendrick Lamar, Not like us
Sabrina Carpenter, Please please please
Beyoncé, Texas hold ‘em
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Taylor Swift
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Kendrick Lamar
Revelação do Ano
Benson Boone
Sabrina Carpenter
Doechii
Khruangbin
RAYE
Chappell Roan
Shaboozey
Teddy Swims
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Chappell Roan
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Ficamos contentes se a Chappell ganhar, mas enfim, tem o Khruangbin
Melhor Performance Solo Pop
Beyoncé, Bodyguard
Sabrina Carpenter, Espresso
Charli XCX, Apple
Billie Eilish, Birds of a feather
Chappell Roan, Good luck, babe!
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Sabrina Carpenter é a campeã de audiência em algumas plataformas digitais, e tem grandes chances,
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Charli XCX
Melhor Performance Dupla ou Grupo Pop
Gracie Abrams Featuring Taylor Swift, Us
Beyoncé Featuring Post Malone, Levii’s Jeans
Charli XCX & Billie Eilish, Guess
Ariana Grande, Brandy & Monica, The boy is mine
Lady Gaga & Bruno Mars. Die with a smile
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Grandes chances para o dueto de Lady Gaga e Bruno Mars
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Charli XCX e Billie Eilish
Melhor Álbum Pop Vocal
Sabrina Carpenter, Short’n sweet
Billie Eilish, Hit me hard and soft
Ariana Grande, Eternal sunshine
Chappell Roan, The rise and fall pf a midwest princess
Taylor Swift, The tortured poets department
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Chappel Roan? Taylor Swift? Billie Eilish? Aí parece que TODAS podem ganhar.
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Billie Eilish
Melhor Álbum de Country
Beyoncé, Cowboy Carter
Post Malone, F-1 Trillion
Kacey Musgraves, Deeper Well
Chris Stapleton, Higher
Lainey Wilson, Whirlwind
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Chris Stapleton
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Beyoncé
Melhor Performance Country Solo
Beyoncé, 16 Carriages
Chris Stapleton, It takes a woman
Jelly Roll, I am not OK
Kacey Musgraves, The architect
Shaboozey, A bar song (Tipsy)
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Chris Stapleton ou Shaboozey
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Beyoncé (ou, vá lá, também o Shaboozey)
Melhor Gravação Dance/Eletrônica
Madison Beer, Make you mine
Charli XCX, Von Dutch
Billie Eilish, L’amour de ma vie (Over Now Extended Edit)
Ariana Grande, Yes, and?
Troye Sivan, Got me started
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: talvez, quem sabe, Billie Eilish
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Charli XCX
Melhor Álbum de Pop Latino
Anitta, Funk generation
Luis Fonsi, El viaje
Kany García, García
Shakira, Las mujeres ya no lorran
Kali Uchis, Orquídeas
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Talvez a Kali Uchis
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Fernanda Torres no Oscar e Anitta no Grammy, já pensou? (mas Kali Uchis ganhando ia ser legal, Orquideas é um disco bacana).
Melhor Álbum de Rock
The Black Crowes, Happiness bastards
Fontaines D.C., Romance
Green Day, Saviors
Idles, TANGK
Pearl Jam, Dark matter
The Rolling Stones, Hackney diamonds
Jack White, No name
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Algo me diz que o primeiro álbum dos Stones lançado após a morte de Charlie Watts vai mexer com os jurados.
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Jack White.
Melhor Performance de Rock
The Beatles, Now and then
The Black Keys, Beautiful people (Stay high)
Green Day, The american dream is killing me
Idles, Gift horse
Pearl Jam, Dark matter
St. Vincent, Broken man
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Beatles.
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Em tempo de Trump na presidência dos EUA, Green Day cantando que “o sonho americano está me matando” seria um sonho (sem trocadilho). Mas dificilmente vai rolar.
Melhor Performance de Música Alternativa
Cage the Elephant, Neon pill
Nick Cave & The Bad Seeds, Song of the lake
Fontaines D.C., Starbuster
Kim Gordon, Bye bye
St. Vincent, Flea
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Nick Cave & The Bad Seeds
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Kim Gordon, com certeza.
Melhor Álbum de Música Alternativa
Nick Cave & Bad Seeds, Wild god
Clairo, Charm
Kim Gordon, The collective
Brittany Howard, What now
St Vincent, All born screaming
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: estou entre Clairo e Nick Cave
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Kim Gordon
Melhor Álbum de Rap
Common & Pete Rock, The Auditorium Vol. 1
Doechii, Alligator bites never heal
Eminem, The death of Slim Shady (Coup de grâce)
Future & Metro Boomin, We don’t trust you
J. Cole, Might delete later
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Se bobear, Eminem leva essa. Ou o trapper Future.
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Common & Pete Rock, que ainda por cima têm samples bem criativos de música brasileira (pegaram trechos de faixas de Chico Buarque, Ivan Lins & Vitor Martins e até uma faixa da banda de rock progressivo brasileira Karma).
Melhor Performance de Rap
Cardi B, Enough (Miami)
Common & Pete Rock Featuring Posdnuos, When the sun shines again
Doechii, Nissan altima
Eminem, Houdini
Future, Metro Boomin & Kendrick Lamar, Like that
Glorilla, Yeah glo!
Kendrick Lamar, Not like us
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR e QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Kendrick Lamar
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Crítica
Ouvimos: Bad Bunny, “Debí tirar más fotos”

Benito Antonio Martinez Ocasio, o popular Bad Bunny, não veio ao mundo pop a passeio. Debí tirar más fotos, seu novo disco, é um passeio pela musicalidade e pela identidade portorriquenhas – e esfrega na cara do mercado fonográfico que ele não tem nenhuma vontade de soar mais “americano” (estadunidense, enfim) para bombar nas paradas.
Já era uma prerrogativa de Bad Bunny desde os primeiros tempos, até porque ele é um dos nomes mais conhecidos do rap de idioma hispânico, mas Debí, mergulhado no reggaeton e em sons caribenhos, é um disco de memórias e sensações. Nuevayol, uma referência à pronúncia hispânica de “Nova York”, traz BB requerendo sua posição de rei do pop, e homenageando a comunidade latina que vive na megalópole. Baile inolvidable, que parece uma trilha sonora, cita as diversões calientes de Porto Rico e traz alunos da Escuela Libre de Música Ernesto Ramos Antonini, de San Juan, tocando salsa. Weltita tem cara de samba-rap e narra uma proposta de date praiano, com as falas do homem (Bunny) e da mulher (Lóren, da banda portorriquenha Chuwi) na história.
Com duração de mais de uma hora, Debí soa irregular em alguns momentos, mas compensa no storytelling (cabendo momentos em que o discurso de Bad Bunny é interrompido para uma mudança rítmica ou a entrada de uma gravação) e na variedade. E em especial no lado mobilizado, definido pelo próprio Bad Bunny como sendo “uma carta a Porto Rico”. A bebaça e doidaralhaça Cafe com ron é pura variação rítmica, cabendo pelo menos três estilos caribenhos, e no fim, um house cubano.
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La mudanza é orgulho portorriquenho purinho (“fala pra ele que essa é a minha casa, onde nasceu minha avó/daqui ninguém me tira, eu não saio daqui”), com letra falada no início e destaque para a percussão (que ganha alguns segundos só dela no final). Lo que le paso a Hawaii é som marolado e cigano, com vocal grave, e letra pregando que não quer que Porto Rico torne-se mais dominada ainda pelos Estados Unidos. A romântica e praguejadora Bokete (que traz encartado na letra um protesto bizarríssimo contra os buracos nas ruas de Porto Rico) abre em clima meio psicodélico, graças a uma gravação de guitarra ao contrário, como num sampling invertido. Não falta diversão em Debi tirar más fotos, e não falta raiz musical.
No lado mais descontraído e menos mobilizado das letras, Debí é um disco que aponta para dois lados, er, complementares. Ou Bad Bunny encarna o fodão que apronta todas nas boates e ganha as gatas, ou ele está chorando pelos cantos – geralmente de arrependimento por alguma merda que fez. El club abre em clima de trap, falando de boates, mulherada, drogas, bebedeira, até que… “mas o que minha ex está fazendo?’. “Os caras acham que estou feliz/mas não, estou morto por dentro/a discoteca está cheia e ao mesmo tempo, vazia/porque meu bebê não está lá”, choraminga.
Se você acha que parou por aí, tem mais. Pitorro de coco, repleta de violões ciganos (e cujo título faz referência a um drinque popular em Porto Rico), é dor de corno etílica das boas. Turista, cheia de cordas e sons acústicos, é… Bom, haja sofrimento: “na minha vida você era turista/você só viu o melhor de mim e não o que eu sofri/você foi embora sem saber o motivo das minhas feridas” – embora o rapper esclareça que a letra fala também dos turistas que vão à Porto Rico e saem de lá sem conhecer os problemas locais. E tem a quase faixa-título, DTMF, um reggaeton que vira algo parecido com funk carioca logo depois, e que traz Bad Bunny chorando pitangas pelo leite derramado (é a do verso-meme “devia ter tirado mais fotos quando tinha você/devia ter te dado mais beijos e abraços quando pude”).
Nota: 8,5
Gravadora: Rimas.|
Lançamento: 5 de janeiro de 2025.
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