Cultura Pop
25 coisas que você já sabia sobre a estreia do Black Sabbath

Não foi só no fato de ter inventado o heavy metal que a estreia do Black Sabbath (lançada em 13 de fevereiro de 1970) foi um disco inovador.
O debute de Ozzy Osbourne (voz), Tony Iommi (guitarra), Terry “Geezer” Butler (baixo) e Bill Ward (bateria) foi também: 1) um dos primeiros discos de estreia com capa dupla; 2) uma das primeiras produções independentes a serem vendidas in natura a uma gravadora; 3) um dos primeiros álbuns de estreia que dispensaram a foto do artista na capa (para frustração de Ozzy, que sonhava em aparecer na capa, “que nem os Beatles”).
E enfim, demoramos mas segue aí nossa homenagem ao disco que formatou para sempre o som pesado.
1) Existia uma conexão entre o Earth, embrião do Black Sabbath, e o New Yardbirds, banda da qual saiu o Led Zeppelin. Tudo porque o grupo de Jimmy Page foi assistido por Tony Iommi e Bill Ward quando aquele se apresentou numa casa de Birmingham chamada Henry’s Blues House. Por causa desse show e das conexões que viram entre o som pesado do Earth e o blues psicodélico do Led Zeppelin, Tony procurou o chefão do Earth e pediu uma chance na casa.
2) Foi por causa dessa chance no Henry’s que Tony Iommi ficou um tempo tocando guitarra no Jethro Tull, já que o Earth abriu para eles na casa.
3) Tony não durou muito no Jethro, já que não curtiu os métodos de liderança do criador da banda, Ian Anderson (“ele andava separado dos outros caras, sentava numa mesa e eles em outra”). Agora, o músico detestou mais ainda ter ouvido do empresário do JT que ele “era um cara de muita sorte” por ter conseguido entrar na banda. “Isso realmente me deixou bravo. Pensei: ‘Não é sorte. Eles me chamaram aqui porque sei tocar — não porque tenho sorte!'”.
4) A música Black Sabbath surgiu ainda nos tempos do Earth e nem tinha esse nome no começo. A canção surgiu na hora em que Geezer Butler começou a tocar no baixo Marte, trecho da suíte Planetas, do compositor inglês Gustav Holtz. Iommi ouviu, mudou um pouco a música e saiu a introdução de Black Sabbath, a canção.
https://www.youtube.com/watch?v=MTHBEbivfZI
5) Todo mundo comenta que a canção faz uso do chamado trítono (ou “intervalo do diabo”, proibido pela Igreja na Idade Média). Iommi diz que mal sabia disso e que Black Sabbath praticamente se escreveu sozinha.
6) Por ter sido a primeira música que a banda escreveu sozinha de verdade, foi Black Sabbath que transformou o grupo no que ele seria depois.
7) O nome da canção (e da banda) foi tirado de um filme homônimo de Mario Bava de 1963, também chamado de As três máscaras do terror, estrelado por Boris Karloff. Só foi acrescentado depois que a música já estava pronta (não existe, você deve saber, a expressão “Black Sabbath” na letra).
8) E, talvez você saiba, Geezer Butler inspirou-se numa visão que teve de um sujeito demoníaco em seu quarto, para fazer a letra.
9) “Era o ‘a figure in black which points at me’ da letra. Aquilo me gelou o sangue! Acordei de repente, e lá estava, tipo, essa silhueta escura parada na beira da minha cama. Eu não tinha usado drogas nem nada e não tinha bebido naqueles dias”, contou.
10) Até então, o baixista era meio fanático por assuntos de magia e satanismo, e mantinha contato com ocultistas. Geezer chegou a pensar em ser padre quando mais novo. Quando viu a tal personificação do demo, largou toda a memorabília que colecionava, pintou seu apartamento de laranja (as paredes eram pretas) e se afastou daquilo.
11) Naquele momento, a maior ligação entre os quatro integrantes da banda era que todos adoravam filmes de terror e ficção científica.
12) O primeiro disco do Black Sabbath foi uma gravação independente. Um produtor independente chamado Tony Hall mandou a banda para um estúdio chamado Regent Sounds, em Londres, para gravar com um produtor chamado Rodger Bain.
13) O Regent não era um graaande estúdio, mas tinha história. Os Rolling Stones gravaram seu primeiro álbum lá, os Kinks e Jimi Hendrix gravaram demos, parte do disco A quick one, do Who (1966) foi feita lá. O site do estúdio conta que Fixing a hole, dos Beatles, teve uma parte gravada lá – e foi um dos raros momentos em que os Beatles não gravaram em Abbey Road.
14) Hall conseguiu duas gravadoras interessadas no Sabbath, ambas pertencentes à Philips holandesa: o selo pop Fontana e o selo esquisitão Vertigo, montado para concorrer com o selinho progressivo da EMI, a Harvest. O disco já estava pronto e pago, e quem lançasse não teria muitos gastos.
15) A Fontana condicionou o contrato do Sabbath à gravação de um cover – Evil woman (Don’t you play your games with me), do Crow, uma banda de Minneapolis. A Vertigo, doida para lançar algo estrepitoso, recebeu o Sabbath de braços abertos. Mas ainda assim a banda manteve o tal cover (que a Fontana lançou em single) no disco.
16) E olha que interessante: Tina Turner e Ike Turner também gravaram a mesma música, só que com o nome trocado para Evil man. A versão mantém o riff inicial do original do The Crow (que o Sabbath também gravou na música).
17) N.I.B. (que é “nib” mesmo e surgiu de um apelido do baterista Bill Ward, Nibby) foi uma brincadeira de Geezer e Iommi com duas coisas, respectivamente: as músicas românticas (“eu sempre ouvi o clichê de alguém apaixonado prometendo à pessoa amada a lua e as estrelas, etc., então pensei que se o diabo se apaixonasse, ele poderia realmente prometer a lua e as estrelas; ele tem esse poder”, falou o baixista, autor da letra) e o riff de Sunshine of your love, do Cream.
18) Behind the wall of sleep surgiu de uma adaptação do conto Beyond the Wall of Sleep, de H.P. Lovecraft. Geezer dormiu lendo o conto, sonhou com ele e fez a música.
19) Na época do primeiro disco, músicas que seriam gravadas futuramente, como Faires wear boots e Solitude (que quase se chamou Changing phases) foram testadas no Regent Sounds.
20) A gravação de Black Sabbath, você deve saber, foi feita em duas sessões de 12 horas no Regent Sound Studio, em Londres, nos dias 17 e 18 de novembro de 1969. Rodger Bain, o produtor, costuma ser elogiado pela banda – muito embora haja testemunhas de que ele participou pouco da gravação e basicamente mandou apertar os botões de play e rec.
21) Tom Allom, técnico de som do disco, conta que o volume de gravação foi enorme (“tonitruante”, disse) durante as sessões de Black Sabbath. Na real foi tão grande que abalou os funcionários de um estúdio de gravação no andar superior.
22) O tal estúdio fazia animações e a câmera precisava ficar totalmente parada. Por causa do baixo de Geezer, a câmera se movia o tempo todo, involuntariamente. “Eu tive que dizer a Geezer: ‘Sinto muito. Este estúdio custa apenas 10 libras por hora, mas lá em cima são 100 libras, e eles estão ficando meio zangados'”, conta Allom.
23) Warning, o outro cover do disco, era uma música original do grupo Ansley Dunbar Retaliation, banda do baterista Aynsley Dunbar. A versão que saiu no disco de estreia da banda tem oito minutos. Em alguns shows, ela podia chegar a meia hora (!). A versão abaixo tem 18 minutos.
24) Como você já sabe, a modelo da capa do disco do Black Sabbath agora tem nome: ela se chama Louisa Livingstone, trabalha com música eletrônica com o nome Indreba e tem Twitter. E também trabalhou como atriz: fez o papel de Brenda Clarke num episódio da série britãnica Kids (1979), entre outros serviços pequenos. E nunca foi fã do Black Sabbath na vida. Aparecer na capa do disco foi um bico que ela fez como modelo aos 18, 19 anos.

Olha ela!
25) E essa aí é a capa de Paranoid, o segundo disco do Black Sabbath (1970) na Suíça. Sim, pegaram a capa do primeiro disco, mexeram daqui e dali e saiu isso.
(uma parte desse texto saiu dessa reportagem da Rolling Stone, e a outra de Black Sabbath – A biografia, livro de Mick Wall)
Mais Black Sabbath no POP FANTASMA:
– E aí, será que chegou a hora de reavaliar Live Evil, do Black Sabbath?
– Buffalo: aquela vez em que surgiu um Black Sabbath da Austrália
– Black Sabbath antes do Black Sabbath: Earth, Sacrifice…
– Lembra daquela vez em que o Black Sabbath fez rap com Ice-T?
Crítica
Ouvimos: Lady Gaga, “Mayhem”

Tudo que é mais difícil de explicar, é mais complicado de entender – mesmo que as intenções sejam as melhores possíveis e haja um verniz cultural-intelectual robusto por trás. Isso vale até para desfiles de escolas de samba, quando a agremiação mais armada de referências bacanas e pesquisas exaustivas não vence, e ninguém entende o que aconteceu.
Carnaval, injustiças e polêmicas à parte, o novo Mayhem foi prometido desde o início como um retorno à fase “grêmio recreativo” de Lady Gaga. E sim, ele entrega o que promete: Gaga revisita sua era inicial, piscando para os fãs das antigas, trazendo clima de sortilégio no refrão do single Abracadabra (que remete ao começo do icônico hit Bad romance), e mergulhando de cabeça em synthpop, house music, boogie, ítalo-disco, pós-disco, rock, punk (por que não?) e outros estilos. Todas essas coisas juntas formam a Lady Gaga de 2025.
Algo vinha se perdendo ou sendo deixado de lado na carreira de Lady Gaga há algum tempo, e algo que sempre foi essencial nela: a capacidade de usar sua música e sua persona para comentar o próprio pop. David Bowie fazia isso o tempo todo – e ele, que praticamente paira como um santo padroeiro sobre Mayhem, é uma influência evidente em Vanish into you, uma das faixas que melhor representam o disco. Aqui, Gaga entrega dance music com alma roqueira, um baixo irresistível e um batidão que evoca tanto a fase noventista de Bowie quanto o synthpop dos anos 1980.
- Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
Mais coisas foram sendo deixadas de lado na carreira dela que… Bom, sao coisas quase tão difíceis de explicar quanto as razões que levaram Gaga a criar um álbum considerado “difícil” como Artpop (2013), enquanto simultaneamente mergulhava no jazz com Tony Bennett e preparava-se para abraçar o soft rock no formidável Joanne (2016), um disco autorreferente que talvez tenha deixado os fãs da primeira fase perdidos. Em outro tempo, Madonna parecia autorizada a mudar como quisesse, mas quando Gaga fazia o mesmo, deixava no ar notas de desencontro e confusionismo. O pop mudou, as décadas passaram, o público mudou – e todas as certezas evaporaram.
É nesse cenário que Mayhem equilibra as coisas, entregando um pop dançante, consciente e orgulhoso de sua essência, mas ao mesmo tempo sombrio e marginal. Há momentos de caos organizado, como em Disease e Perfect celebrity – esta última começa soando como Nine Inch Nails, mas, se você mexer daqui e dali, pode até enxergar um nu-metal na estrutura. Killah traz uma eletrônica suja, um refrão meio soul, meio rock que caberia num disco do Aerosmith, enquanto Zombieboy aposta no pós-disco punk, evocando terror e êxtase na pista (por acaso, Gaga chegou a dizer que o disco tem influências de Radiohead, e confirmou o NiN como referência).
Na reta final, o álbum se aventura por outros terrenos: How bad do U want me e Don’t call tonight flertam com o pop dinamarquês dos anos 90 (e são, por sinal, as únicas faixas pouco inspiradas do disco); The beast tem cara de trilha sonora de comercial de cerveja; e Lovedrug mergulha na indefectível tendência soft rock que surge hoje em dia em dez entre dez discos pop. Essa faixa soa como um híbrido entre Fleetwood Mac e Roxette – como se Gaga estivesse pensando também na programação das rádios adultas de 2035.
O desfecho de Mayhem chega como um presente para o ouvinte: Blade of grass é uma balada melancólica de violão e piano, que ecoa tanto a tristeza folk dos anos 70 quanto a melancolia do ABBA, crescendo em inquietação à medida que avança. E então, como quem perde um pouco o tom, o álbum termina com… Die with a smile, a já conhecida balada country-soul gravada em parceria com Bruno Mars, lançada há tempos como single. Dentro do contexto do disco, ela soa mais como um apêndice do que como um encerramento – uma nota de rodapé onde se esperava um ponto final. Nada que chegue a atrapalhar a certeza de que Lady Gaga conseguiu, mais do que retornar ao passado, unir quase todos os seus fãs em Mayhem.
Nota: 8,5
Gravadora: Interscope
Lançamento: 7 de março de 2025.
4 discos
4 discos: Elvis Presley no final

Ainda que o mercado de álbuns estivesse bastante fortalecido desde o fim dos anos 1960, isso não chamava a atenção de Elvis Presley (1935-1977), e muito menos a de seu empresário, o Coronel Tom Parker (1909-1997). O cantor não parecia se interessar muito por LPs, apesar de ter tido grandes vendagens de álbuns desde o começo. Muitas vezes, Elvis apenas gravava o que tinha vontade, e deixava que a RCA, sua gravadora, escolhesse capas, repertório e (o principal) como e de que maneira cada gravação seria aproveitada.
Nos anos 1970, com Elvis enclausurado em sua mansão e cada vez mais descontrolado (no apetite, nas drogas, na violência etc), o cantor ficou também cada vez mais desinteressado em gravar regularmente. Seus álbuns começavam a se tornar compilações de gravações, quase sempre feitas em etapas diferentes. Não era nem preciso que as sessões passassem pelos mesmos esquemas de produção, embora os álbuns pós-1966 do cantor tivessem todos o mesmo produtor. Era o ex-cantor Felton Jarvis, que chegou a lançar em 1959 um single cujo lado B era um tributo chamado Don’t knock Elvis.
O álbum That’s the way it is (1970), por exemplo, foi feito a partir de oito faixas gravadas do estúdio da RCA em Nashville, mas também entraram quatro faixas gravadas ao vivo em Las Vegas. Por sua vez, o restante dessas sessões de Nashville foi lançado gradativamente em singles e rendeu também o álbum Elvis country, de 1971. Era como se os álbuns do cantor, com raras exceções, já fossem compilações de out takes. E o que não falta é crítico de rock apontando para esse clima “alhos com bugalhos” na parte final da discografia de Elvis.
Pois bem, resolvemos revisitar quatro álbuns dessa última década da carreira de Elvis Presley – que, você talvez saiba, teria completado 90 anos no dia 8 de janeiro. E pode crer: quem deixou esses discos para trás perdeu muita coisa. Mesmo os mais alheios à obra do cantor, que o conhecem apenas pelos grandes hits, podem encontrar surpresas agradáveis. Porque, sim, por trás daquela fachada de decadência, havia música pulsante. Se você nem sequer desconfiasse que a vida de Elvis andava uma zona daquelas, poderia acabar achando que ele já estava rico o suficiente e havia resolvido só gravar o que quisesse, para quem quisesse ouvir, e problema dele.
- Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
- Este texto foi inspirado por um outro texto, da newsletter do músico Giancalrlo Rufatto
“ELVIS NOW” (1972). O nome desse álbum de Elvis podia indicar que se tratava de um disco ao vivo, de uma coletânea, de um álbum de sobras, de um cata-corno musical – enfim, Elvis now, como título, não quer dizer lá muita coisa. De qualquer jeito, é um dos mais brilhantes lançamentos do cantor em sua última década. Numa época em que Elvis parecia ter entendido mais ou menos para que serviam os álbuns e estava adotando estilos musicais diferentes em cada lançamento (gospel, country, baladas, etc), seu décimo-sexto LP era o que mais se aproximava de um “programa de música” (digamos assim), cabendo vários estilos musicais de maneira equilibrada.
Para manter um hábito do cantor na época, Elvis now não era um disco de “agora”. Havia uma faixa gravada em 1969 (a versão dele para Hey Jude, dos Beatles, feita nas sessões que geraram o disco Elvis in Memphis, daquele ano) e gravações de 1970 e 1971. Ou seja: era basicamente um cozidão de sobras com material ainda sem destinação. De qualquer jeito, lá você ouve, além de Hey Jude, Elvis interpretando canções de Kris Kristofferson (Help me make it through the night), da ativista e cantora Buffy Sainte-Marie (a canção de amor classe-operária Until it’s time for you to go), de Gene McLellan (Put hand in the hand), Gordon Lightfoot (Early mornin’ rain) e até um clássico gospel tradicional que, poucos anos depois, Raul Seixas e Paulo Coelho fariam questão de chupar (I was born ten thousand years ago).
“RAISED ON ROCK/FOR OL’ TIMES SAKE” (1973). Mais uma vez uma capa de Elvis traz uma foto praticamente idêntica dele (Elvis proibia que o fotografassem fora do palco), e o título lembra o de um álbum pirata ou coletânea caça-níqueis. Mas esse disco é tido como o último álbum de estúdio verdadeiramente rocker de Elvis, e tem quem o considere o melhor álbum dessa fase. O repertório veio de sessões no Stax Studios (Memphis, Tennessee), em julho de 1973, além de outras gravações feitas na casa de Presley em Palm Springs, Califórnia, em setembro de 1973.
Raised on rock tem esses dois títulos porque aproveitou os nomes dos lados A e B de um single de sucesso do cantor – o que dá a impressão também de “single expandido para álbum” e feito às pressas. Uma ouvida distraída revela pérolas como as próprias músicas-título, além de Three corn patches (da dupla Leiber e Stoller), Just a little bit (sucesso do cantor Rosco Gordon) e Find out what’s happenin’ (country gravado em 1968 por Bobby Bare). Muita gente implicou bastante com aquele papo de “criado no rock”, ate porque a canção fala de uma pessoa que foi criada ouvindo hits como Johnny B. Goode, de Chuck Berry, e nada menos que Hound dog, gravada pelo próprio Elvis (!) em 1956. Mas pula essa parte porque a gravação é ótima.
“ELVIS TODAY” (1975). A capa e o título não dizem muita coisa, mas Today é um dos discos mais saidinhos dessa fase final da carreira do cantor. O som une música pop e country, em vez de se concentrar apenas num estilo. E fica claro, pela escolha de repertório, que o álbum foi um esforço grande de Elvis em tentar entender o que estava acontecendo ao seu redor na música.
Havia o rock country de T-R-O-U-B-L-E, um dos últimos hits do cantor no estilo que o havia consagrado. Tinha uma regravação de Fairytale, das Pointer Sisters, indicando que a transição do soul à disco já tinha sido devidamente observada por Elvis e sua turma. E havia algumas regravações bem bacanas de faixas recentes, como I can help, de Blly Swan, e Pieces of my life, de Troy Seals – muito embora, justamente por causa disso, ficasse a impressão de que Today, mais do que resultado de uma gravação em estúdio, era o resultado de uma mexida em várias demos. Ainda assim, era uma mostra de que Elvis ainda se reinventava. Da maneira dele, mas rolava sim.
“FROM ELVIS PRESLEY BOULEVARD, MEMPHIS, TENNESSEE” (1976). O título desse disco lembra o de um álbum póstumo ou coletânea. É apenas o vigésimo-terceiro álbum de Elvis, feito numa época em que o cantor nem sequer queria sair de casa para gravar, e a RCA mandou instalar um estúdio na casa dele. Foi lançado pouco após a excelente coletânea The Sun sessions, e, diz o site oficial do cantor, trouxe músicas “comercializadas como se Elvis estivesse finalmente emitindo um convite aos seus fãs para entrarem pelos portões de Graceland”. Inclusive vendeu mais do que a coletânea, embora tenha custado mais aos cofres da RCA do que Sun sessions.
A capa informa que se trata de um “disco ao vivo”, mas a realidade é bem diferente: não há palmas, e basicamente o material foi feito “ao vivo” dentro da própria mansão de Elvis. O repertório é de uma força impressionante, com destaque para a balada blues Hurt, a romântica Never again e as baladas country Dany boy e Bitter they are, harder they fall, além da grandiosa The last farewell. From Elvis Presley Boulevard não é apenas um disco: é um retrato do Rei em um momento de fragilidade e reclusão, mas ainda capaz de emocionar como poucos.
Cultura Pop
Grammy 2025: as apostas do Pop Fantasma

Informações básicas sobre o Grammy 2025, que vai rolar neste domingo (2 de fevereiro), às 21h30, horário de Brasília, nos Estados Unidos. Vamos por partes:
- É a 67ª edição da premiação.
- Uma porrada de gente vai fazer show na premiação. Entre os confirmados, Stevie Wonder, John Legend, Janelle Monáe, Chris Martin, Cynthia Erivo, Brittany Howard, Brad Paisley, Herbie Hancock, Jacob Collier, Lainey Wilson, St. Vincent e Sheryl Crow. A Academia afirmou também que estarão no palco nomes como Benson Boone, Sabrina Carpenter, Doechii, Raye, Chappell Roan, Teddy Swims, Shakira e Charli XCX.
- O comediante sul-africano Trevor Noah vai apresentar o prêmio – ele comanda o palco do prêmio desde 2021.
- Tem Brasil na premiação, já que Anitta concorre a melhor álbum de pop latino com Funk generation.
- O canal de TV TNT e o serviço de streaming Max vão transmitir a premiação aqui no Brasil.
- Após discussões iniciais, foi decidido que os incêndios em Los Angeles não causariam o adiamento do evento – e decidiu-se também que o Grammy será um instrumento para angariar fundos para ajudar a cidade.
E enfim, ninguém convidou o Pop Fantasma para votar lá, mas nós resolvemos mostrar nossas apostas, divididas em quem a gente acha que leva os prêmios, e quem a gente adoraria que ganhasse. Confira aí e faça suas apostas. Não votamos em todas as categorias, claro – são 94 e não nos sentimos capazes de opinar em várias delas.
(na foto, Charli XCX, que a gente gostaria que ganhasse numas três categorias).
Música do Ano
Shaboozey, A bar song (Tipsy)
Billie Eilish, Birds of a feather
Lady Gaga and Bruno Mars, Die with a smile
Taylor Swift featuring Post Malone, Fortnight
Chappell Roan, Good luck, babe!
Kendrick Lamar, Not like us
Sabrina Carpenter, Please please please
Beyoncé, Texas hold ‘em
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Taylor Swift
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Kendrick Lamar
Revelação do Ano
Benson Boone
Sabrina Carpenter
Doechii
Khruangbin
RAYE
Chappell Roan
Shaboozey
Teddy Swims
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Chappell Roan
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Ficamos contentes se a Chappell ganhar, mas enfim, tem o Khruangbin
Melhor Performance Solo Pop
Beyoncé, Bodyguard
Sabrina Carpenter, Espresso
Charli XCX, Apple
Billie Eilish, Birds of a feather
Chappell Roan, Good luck, babe!
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Sabrina Carpenter é a campeã de audiência em algumas plataformas digitais, e tem grandes chances,
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Charli XCX
Melhor Performance Dupla ou Grupo Pop
Gracie Abrams Featuring Taylor Swift, Us
Beyoncé Featuring Post Malone, Levii’s Jeans
Charli XCX & Billie Eilish, Guess
Ariana Grande, Brandy & Monica, The boy is mine
Lady Gaga & Bruno Mars. Die with a smile
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Grandes chances para o dueto de Lady Gaga e Bruno Mars
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Charli XCX e Billie Eilish
Melhor Álbum Pop Vocal
Sabrina Carpenter, Short’n sweet
Billie Eilish, Hit me hard and soft
Ariana Grande, Eternal sunshine
Chappell Roan, The rise and fall pf a midwest princess
Taylor Swift, The tortured poets department
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Chappel Roan? Taylor Swift? Billie Eilish? Aí parece que TODAS podem ganhar.
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Billie Eilish
Melhor Álbum de Country
Beyoncé, Cowboy Carter
Post Malone, F-1 Trillion
Kacey Musgraves, Deeper Well
Chris Stapleton, Higher
Lainey Wilson, Whirlwind
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Chris Stapleton
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Beyoncé
Melhor Performance Country Solo
Beyoncé, 16 Carriages
Chris Stapleton, It takes a woman
Jelly Roll, I am not OK
Kacey Musgraves, The architect
Shaboozey, A bar song (Tipsy)
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Chris Stapleton ou Shaboozey
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Beyoncé (ou, vá lá, também o Shaboozey)
Melhor Gravação Dance/Eletrônica
Madison Beer, Make you mine
Charli XCX, Von Dutch
Billie Eilish, L’amour de ma vie (Over Now Extended Edit)
Ariana Grande, Yes, and?
Troye Sivan, Got me started
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: talvez, quem sabe, Billie Eilish
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Charli XCX
Melhor Álbum de Pop Latino
Anitta, Funk generation
Luis Fonsi, El viaje
Kany García, García
Shakira, Las mujeres ya no lorran
Kali Uchis, Orquídeas
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Talvez a Kali Uchis
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Fernanda Torres no Oscar e Anitta no Grammy, já pensou? (mas Kali Uchis ganhando ia ser legal, Orquideas é um disco bacana).
Melhor Álbum de Rock
The Black Crowes, Happiness bastards
Fontaines D.C., Romance
Green Day, Saviors
Idles, TANGK
Pearl Jam, Dark matter
The Rolling Stones, Hackney diamonds
Jack White, No name
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Algo me diz que o primeiro álbum dos Stones lançado após a morte de Charlie Watts vai mexer com os jurados.
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Jack White.
Melhor Performance de Rock
The Beatles, Now and then
The Black Keys, Beautiful people (Stay high)
Green Day, The american dream is killing me
Idles, Gift horse
Pearl Jam, Dark matter
St. Vincent, Broken man
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Beatles.
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Em tempo de Trump na presidência dos EUA, Green Day cantando que “o sonho americano está me matando” seria um sonho (sem trocadilho). Mas dificilmente vai rolar.
Melhor Performance de Música Alternativa
Cage the Elephant, Neon pill
Nick Cave & The Bad Seeds, Song of the lake
Fontaines D.C., Starbuster
Kim Gordon, Bye bye
St. Vincent, Flea
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Nick Cave & The Bad Seeds
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Kim Gordon, com certeza.
Melhor Álbum de Música Alternativa
Nick Cave & Bad Seeds, Wild god
Clairo, Charm
Kim Gordon, The collective
Brittany Howard, What now
St Vincent, All born screaming
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: estou entre Clairo e Nick Cave
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Kim Gordon
Melhor Álbum de Rap
Common & Pete Rock, The Auditorium Vol. 1
Doechii, Alligator bites never heal
Eminem, The death of Slim Shady (Coup de grâce)
Future & Metro Boomin, We don’t trust you
J. Cole, Might delete later
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR: Se bobear, Eminem leva essa. Ou o trapper Future.
QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Common & Pete Rock, que ainda por cima têm samples bem criativos de música brasileira (pegaram trechos de faixas de Chico Buarque, Ivan Lins & Vitor Martins e até uma faixa da banda de rock progressivo brasileira Karma).
Melhor Performance de Rap
Cardi B, Enough (Miami)
Common & Pete Rock Featuring Posdnuos, When the sun shines again
Doechii, Nissan altima
Eminem, Houdini
Future, Metro Boomin & Kendrick Lamar, Like that
Glorilla, Yeah glo!
Kendrick Lamar, Not like us
QUEM PROVAVELMENTE VAI GANHAR e QUEM A GENTE QUER QUE GANHE: Kendrick Lamar
- Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.
-
Cultura Pop4 anos ago
Lendas urbanas históricas 8: Setealém
-
Cultura Pop4 anos ago
Lendas urbanas históricas 2: Teletubbies
-
Notícias7 anos ago
Saiba como foi a Feira da Foda, em Portugal
-
Cinema7 anos ago
Will Reeve: o filho de Christopher Reeve é o super-herói de muita gente
-
Videos7 anos ago
Um médico tá ensinando como rejuvenescer dez anos
-
Cultura Pop8 anos ago
Barra pesada: treze fatos sobre Sid Vicious
-
Cultura Pop6 anos ago
Aquela vez em que Wagner Montes sofreu um acidente de triciclo e ganhou homenagem
-
Cultura Pop7 anos ago
Fórum da Ele Ela: afinal aquilo era verdade ou mentira?