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Destaque

“Heróis da guitarra brasileira”, o livro, virou filme e making of

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Demorei um pouco para falar disso, mas vamos lá.

Em 2014, eu (Ricardo Schott) e Leandro Souto Maior (jornalista, grande amigo meu e hoje dono da Casa Beatles, em Visconde de Mauá, com sua amada Mari Dantas) lançamos um livro chamado Heróis da guitarra brasileira. Saiu pela Ed. Vitale e dava uma geral nos grandes nomes do instrumento no Brasil.

O livro tem entrevistas exclusivas com nomes como Pepeu Gomes, Claudio Venturini, Andreas Kisser, Zé Menezes (em sua última entrevista antes de morrer), Helcio Aguirra (que também morreria pouco depois do livro pronto), Sergio Dias, Edgard Scandurra, Luis Carlini e quase todo mundo que você puder imaginar. Roberto Frejat, também entrevistado, escreveu o prefácio do livro.

Leandro, que além de grande jornalista é um puta guitarrista e baixista, é que teve a ideia do livro. Nós passamos dias e dias pesquisando coisas, apurando datas, entrevistando pessoas e decidindo nomes. Resolvemos que o livro teria duas partes: uma dos heróis dos heróis (aqueles nomes indiscutíveis) e outras dos influenciados por eles (gente surgida dos anos 1970 para cá).

Se você nunca leu, é um livro muito divertido. Entre os causos publicados, está o fato de que as primeiras “guitarras baianas”, usadas pelo trio elétrico Dodô & Osmar, eram feitas após a dupla de músicos entrar nas lojas de instrumentos e quebrar violões e bandolins na cara dos vendedores. Era para evitar que a polícia incomodasse a turma – músico naquela época era sinônimo de vagabundo.

Mais: Pepeu Gomes disse pra gente não imaginar nada sem que tenha havido Novos Baianos, nem mesmo Los Hermanos e Raimundos. Frederyko lembra que o coral de Nepal, música do primeiro disco do Som Imaginário (1970), foi animado por “um certo produto trazido da Mangueira”. Jão, do Ratos de Porão, revela que ouve jazz e Benito di Paula, e que seu primeiro guitarrista preferido foi Ritchie Blackmore, ex-Deep Purple. Luis Carlini contou, horrorizado até aquele momento, que o solo de Ovelha negra, da Rita Lee, por pouco não entrou no disco. “Sugeri um solo e o produtor: ‘Tá louco? Na balada do disco?'”, disse.

O livro está ainda à venda e pode ser encomendado no site da editora. Tem quem ao ler, sinta falta de um ou outro nome. Fica para uma próxima edição, que possivelmente deve demorar pra sair: moro em Niterói, Leandro em Mauá, e estamos bastante ocupados com projetos pessoais. O meu inclui, entre outras coisas, esse site aqui. O dele, se você nunca foi conferir, pegue a estrada (quando elas estiverem 100% liberadas) e vá ver.

Agora corta para setembro de 2013. Num sábado desse mês, Leandro, nosso amigo fotógrafo Felipe O’Neill (responsável pelas fotos exclusivas que estão no livro) e eu fomos a Belo Horizonte assistir aos shows do festival Brasil Guitarras, realizado pelas empresas Cultura Livre e Bra.zil.

O evento tinha shows de dez guitarristas: Andreas Kisser, Armandinho Macedo, Lanny Gordin, Edgard Scandurra, Frank Solari, Toninho Horta, Kiko Loureiro, Luiz Carlini, Marcelo Barbosa e Pepeu Gomes. Cada um faria shows individuais ou com colegas de instrumento. No final, todo mundo no palco tocando Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, e o Hino Nacional.

Levamos Felipe para gravar todo o material em vídeo, para podermos ter também uma contrapartida visual assim que saísse o livro. Heróis da guitarra brasileira, o livro, já saiu. Heróis da guitarra brasileira, dirigido por Leandro e roteirizado por ele e por mim, demorou um pouco. Mas já está no YouTube desde março. Vinte e poucos minutos que mostram bem o que é o livro na tela.

A novidade é que sobrou muita coisa do filme, que acabou não sendo aproveitada no corte final. O Leandro tá subindo na página do filme alguns dos making of. Esse foi o primeiro, liberado lá na segunda-feira: Toninho Horta conversando com a gente nos bastidores do Brasil Guitarras.

Outros já estão por vir e vão sair na página do livro, logo logo. Fica de olho aí.

Cultura Pop

Quando Suicide gravou… “Born in the USA”, do Bruce Springsteen

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Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

A way of life, disco de 1988 da dupla de música eletrônica Suicide, é tido como um disco, er, acessível. Acessível à moda de Martin Rev e Alan Vega, claro. O disco pelo menos podia ser colocado tranquilamente na prateleira dos artífices da darkwave e era bem mais audível do que o comum de um grupo que havia lançado a assustadora Frankie teardrop. O disco era produzido por Ric Ocasek, líder dos Cars (que já havia produzido o segundo disco deles, de 1981, Alan Vega/Martin Rev), e tinha até uma eletro-valsinha, Surrender, além de um estiloso misto de rockabilly e synthpop, Jukebox baby 96.

O que ninguém esperava era que a dupla tivesse feito nessa mesma época uma estranhíssima versão de… Born in the USA, de Bruce Springsteen. A faixa surge numa versão ao vivo, gravada num show de Vega e Rev em 1988, em Paris. A dupla nem sequer disfarçou que a ideia era fazer uma versão bem lascada – saca só o sintetizadorzinho da música, e a referência a músicas como Lucille, de Little Richard, e o tema When the saints go marching in, logo na abertura. A “versão” da faixa resume-se a quase nada além do título da canção. Parece um karaokê do demo (e é).

A versão poderia ser uma bela pirataria, mas vira oficial nesse mês: vai aparecer em uma reedição de A way of life, prevista para o dia 26. A edição de luxo estará disponível em vinil azul transparente com Born in the USA e em CD com quatro faixas bônus, além do formato digital. O material extra inclui versões ao vivo de Devastation e Cheree, bem como uma versão inicial de estúdio de Dominic Christ. O pesquisador Jared Artaud encontrou as faixas enquanto trabalhava no arquivo de Vega, após a morte do cantor em 2016.

Quando Suicide gravou... "Born in the USA", do Bruce Springsteen

E se você não sabia, vai aí a surpresa: Springsteen tá bem longe de ser um sujeito que diria “what?” ao ser informado da existência do Suicide. Pelo contrário: era fã da dupla e costumava dizer que a estreia do Suicide, o disco epônimo de 1977, era “um dos discos mais sensacionais que já ouvi”. Em 1980, o cantor esteve com a dupla e Vega descobriu que Springsteen era seu fã – e se surpreendeu.

“Ele estava gravando o disco The river (1980) e nós estávamos gravando nosso segundo álbum em Nova York. Então tivemos uma reunião de audição do nosso álbum. Havia três ou quatro figurões da nossa gravadora, e Bruce também estava lá. Depois que tocamos o álbum, houve um silêncio mortal… exceto por Bruce, que disse, ‘Isso foi ótimo pra caralho.’ Ele fazia questão de nos dizer o quanto nos amava”, contou em 2014 ao New York Post.

Mais: um texto do site Treblezine, a partir de audições da obra de Bruce e de entrevistas do Suicide, descobre: a dupla influenciou muito o sombrio disco Nebraska, tido como o “primeiro disco solo” (sem a E Street Band) de  Springsteen (1982), basicamente um disco sobre crise, desemprego e gente à beira do desespero pela falta de oportunidades. Houve uma versão elétrica e pesada de Nebraska, mas Bruce quis lançar o disco acústico, de voz, violão e registros crus, e que de fato lembram o clima esparso do Suicide do primeiro disco.

Na dúvida, ouça State trooper, cujos uivos lembram bastante os gritos (sem aviso prévio) de Frankie teardrop. “Lembro-me de entrar na minha gravadora logo após o lançamento do meu disco”, disse Vega depois de ouvir State trooper pela primeira vez. “Eu pensei que era um dos meus álbuns que eu tinha esquecido. Mas era Bruce!”

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Cultura Pop

No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

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No podcast do Pop Fantasma, a fase de transição do Metallica

A morte do baixista Cliff Burton, em 27 de setembro de 1986, desorientou muito o Metallica. Além do que aconteceu, teve a maneira como aconteceu: a banda dormia no ônibus de turnê, sofreu um acidente que assustou todo mundo, e quando o trio restante saiu do veículo, só restou encarar a realidade. A partir daquele momento, estavam não apenas sem o baixista, como também estavam sem o amigo Cliff, sem o cara que mais havia influenciado James Hetfield, Lars Ulrich e Kirk Hammett musicalmente, e sem a configuração que havia feito de Master of puppets (1986) o disco mais bem sucedido do grupo até então.

Hoje no Pop Fantasma Documento, a gente dá uma olhada em como ficou a vida do Metallica (banda que, você deve saber, está lançando disco novo, 72 seasons) num período em que o grupo foi do céu ao inferno em pouco tempo. O Metallica já era considerado uma banda de tamanho BEM grande (embora ainda não fosse o grupo multiplatinado e poderoso dos anos 1990) e, justamente por causa disso, teve que passar por cima dos problemas o mais rápido possível. E sobreviver, ainda que à custa justamente da estabilidade emocional de Jason Newsted, o substituto do insubstituível Cliff Burton…

Nomes novos que recomendamos e que complementam o podcast: Skull Koraptor e Manger Cadavre?

Estamos no Castbox, no Mixcloud, no Spotify, no Deezer e no Google Podcasts.

Edição, roteiro, narração, pesquisa: Ricardo Schott. Identidade visual: Aline Haluch. Trilha sonora: Leandro Souto Maior. Estamos aqui toda sexta-feira!

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Destaque

Dan Spitz: metaleiro relojoeiro

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Se você acompanha apenas superficialmente a carreira da banda de thrash metal Anthrax e sentia falta do guitarrista Dan Spitz, um dos fundadores, ele vai bem. O músico largou a banda em 1995, pouco antes do sétimo disco da banda, Stomp 442, lançado naquele ano. Voltaria depois, entre 2005 e 2007, mas entre as idas e as vindas, o guitarrista arrumou uma tarefa bem distante da música para fazer: ele se tornou relojoeiro (!).

A vida de Dan mudou bastante depois que o músico teve filhos em 1995, e começou a se questionar se queria mesmo aquela vida na estrada. “Fazíamos um álbum e fazíamos turnês por anos seguidos, e então começávamos o ciclo de novo – o tempo em casa não existia. É uma história que você vê em toda parte: tudo virou algo mundano e mais parecido com um trabalho. Eu precisava de uma pausa”, contou Spitz ao site Hodinkee.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Rockpop: rock (do metal ao punk) na TV alemã

Na época, lembrou-se da infância, quando ficava sentado com seu avô, relojoeiro, desmontando relógios Patek Philippe, daqueles cheios de pecinhas, molas e motores. “Minha habilidade mecânica vem de minha formação não tradicional. Meu quarto parecia uma pequena estação da NASA crescendo – toneladas de coisas. Eu estava sempre construindo e desmontando coisas durante toda a minha vida. Eu sou um solucionador de problemas no que diz respeito a coisas mecânicas e eletrônicas”, recordou no tal papo.

Spitz acabou no Programa de Treinamento e Educação de Relojoeiros da Suíça, o WOSTEP, onde basicamente passou a não fazer mais nada a não ser mexer em relógios horrivelmente difíceis o dia inteiro, aprender novas técnicas e tentar alcançar os alunos mais rápidos e mais ágeis da instituição.

>>> Veja também no POP FANTASMA: Discos de 1991 #9: “Metallica”, Metallica

A música ainda estava no horizonte. Tanto que, trabalhando como relojoeiro em Genebra, pensou em largar tudo ao receber um telefonema do amigo Dave Mustaine (Megadeth) dizendo para ele esquecer aquela história e voltar para a música. Olhou para o lado e viu seu colega de bancada trabalhando num relógio super complexo e ouvindo Slayer.

O músico acha que existe uma correlação entre música e relojoaria. “Aprender a tocar uma guitarra de heavy metal é uma habilidade sem fim. É doloroso aprender. É isso que é legal. O mesmo para a relojoaria – é uma habilidade interminável de aprender”, conta ele. “Você tem que ser um artista para ser o melhor – seja na relojoaria ou na música. Você precisa fazer isso por amor”.

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