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Cultura Pop

R.I.P. Agildo Ribeiro: um papo em alta rotatividade

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R.I.P. Agildo Ribeiro: um papo em alta rotatividade

Das grandes feras do humor brasileiro dos anos 1960 e 1970, sobrou pouca gente viva. E agora, tem menos um para contar a história: Agildo Ribeiro saiu de cena no sábado, em sua casa no Leblon (Rio de Janeiro), por problemas cardíacos. Um dos maiores nomes do humor televisivo nacional, ele tinha completado 86 anos dois dias antes de morrer – e faria uma operação para corrigir problemas vasculares durante a semana. E costumava reclamar em entrevistas que estava afastado da TV – desde algumas reformas no humorístico Zorra, da Globo.

Bem antes de humoristas reclamarem que não são tratados como “atores”, Agildo já ousava bastante. Todo mundo que acompanhou seu trabalho sempre fez questão de falar que o intérprete de personagens como o professor de mitologia Aquiles Arquelau (da “múmia paralítica”) foi um gigante também no teatro. Logo ao estrear, nos anos 1950, com uma peça chamada Joãozinho anda pra trás (cujo título Agildo sempre fazia questão de sacanear, em vários esquetes humorísticos), ele conseguiu arrancar vários elogios da crítica. Um dos jornalistas que mais fez elogios a ele nessa época foi ninguém menos que Paulo Francis – o mesmo que, três décadas depois, ficava bastante puto ao ser imitado por ele na televisão.

Justamente por causa dessa experiência no palco, a faceta “contador de histórias” de Agildo era especial. Apesar de ter contado durante vários anos com um enorme time de roteiristas – que trabalhava para emissoras como Globo, SBT e Band, por onde ele passou – e de ter sido um grande imitador, o forte dele era narrar histórias comuns de maneira engraçada. Sempre com diálogos zoadores que poderiam estar rolando num papo entre amigos, e não necessariamente num show de humor.

É o que fica claro, por exemplo, na audição de um Sgt Pepper’s dos discos de humor como Agildo Ribeiro e Rogéria em Alta Rotatividade (Polydor, 1980), com o registro fonográfico de um show que os dois faziam desde os anos 1970. Entre piadas e imitações, Agildo passa boa parte do tempo zoando colegas como Paulo Silvino e Ibrahim Sued, conta no disco que havia sucumbido a uma moda da época e estava fazendo análise de grupo (“eu e vinte analistas”, brinca) e faz a plateia passar mal de rir lembrando uma festa que deu num de seus primeiros endereços: um apartamento em Copacabana tão pequeno que, quem entrava, já caía na cama.

Em março, Agildo recebeu das mãos de Lucio Mauro Filho uma homenagem na segunda edição do Prêmio de Humor criado por Fábio Porchat. Fui bater um papo para o jornal O DIA tanto com Agildo quanto com Fábio – que também fez questão de salientar o quanto o humorista era bom de palco. Com Agildo, bati um papo de meia hora por telefone, em que falei não apenas de humor, de sua carreira e do prêmio, como também de como era fazer rir em época de censura. Separei os melhores momentos abaixo. Foi uma das últimas entrevistas dele, acredito.

FORA DA GLOBO: “Eu sou contratado da TV Globo mas não estou lá, estou esperando outra oportunidade para voltar. O ambiente lá é ótimo, todo mundo é favorável à minha volta, todo mundo torcendo por mim, a direção toda. Eu tô voltando… Sei lá, a qualquer momento”.

E O HUMOR DE HOJE? “Não tenho o hábito de ver televisão, então não acompanho o humor que está sendo feito hoje em dia. Eu nem gosto de ver televisão, não, só de madrugada. Eu durmo tarde, acordo tarde, saio todas as noites, tenho um horário de vampiro. Não consigo ver. Eu tô achando que o humor hoje em dia está bastante complicado. Não pode falar isso, não pode falar aquilo. Isso me soa como censura. É uma bobagem. Piada é piada, não tem nada disso. Agora tem essa frescura. Eu não tenho opinião formada sobre o que essa turma tá fazendo hoje em dia”.

CONTATO COM O POVO. “Quando eu fazia TV, só pra você ter uma ideia, não via nem os meus programas! Eu gravava o meu quadro, ia no switcher ver se estava tudo certo, os diretores falavam: ‘Tá bom, Agildo? Quer fazer de novo?’ Eu dava uns palpites, fazia de novo se precisasse e fim. Nem via TV mas sabia através do povo como estava o quadro. Me falavam na rua”.

FORA DA GLOBO II. “Até hoje o povo me cobra muito: ‘Ô Agildo, quando é que você volta? Por que é que você não volta?’. Aí me chamam de mestre, ícone, lenda brasileira, uma porção de nome esquisito. Pedem para eu imitar o Paulo Maluf (que Agildo imitava no Zorra) … Eu sempre falo: liga lá pra Globo e pergunta quando eu volto, fala com eles. Eu mesmo não sei!”

FALTAM REDATORES DE HUMOR. “Podia ter mais prêmios em homenagens aos humoristas. Tem gente que aparece e desaparece… Mas eu acho que nem estamos com deficiência de humoristas novos. Estamos com deficiência de novos redatores. Os grandes redatores de humor, como Max Nunes, Haroldo Barbosa, Roberto Silveira, Gugu Olimecha, o próprio Chico Anysio… Esse pessoal todo já morreu. A época em que eles escreviam para nós era outra, era tudo em plena ditadura, e a gente fazia o que queria. A coisa era muito mais direta, era mais irreverente, e não era um humor pornográfico. Na chamada democracia tá tudo muito sem rumo, sem freio”.

Depois disso aí, eu passei uma meia hora conversando com Agildo sobre o espetáculo Alta rotatividade, que ele começou a fazer com Rogéria no começo dos anos 1970. E que rendeu um LP histórico lançado em 1980, dividido por eles com Luiz Pimentel – que servia de escada para os dois no show. Os textos eram de Max Nunes, Haroldo Barbosa e do próprio Agildo.

LEMBRANÇAS DE “AGILDO E ROGÉRIA EM ALTA ROTATIVIDADE”. “Foram cinco anos com esse show em cartaz. Viajamos o Brasil, foi todo um sucesso enorme. Eu estava fazendo o Planeta dos homens com Jô Soares, um sucesso muito grande de audiência. Rogéria tinha acabado de chegar da Europa e é uma artista maravilhosa. Em Porto Alegre ficamos cinco meses num teatro em que cabiam 1.600 pessoas. Um ano inteiro no Teatro Princesa Isabel (Copacabana). Fomos pra Brasília e foram mais quatro semanas lá. A gente já saía do teatro com as datas programadas. Senão estaríamos lá até hoje”.

CENSURA. “Curioso isso, mas a censura no teatro não era tão violenta quanto na TV. No teatro além de você mandar o texto, tinha que encenar a peça antes de ela estrear, para apenas um ou dois censores – geralmente um homem e uma mulher. Os dois ocupavam duas cadeiras do teatro e não riam de nada! Lembro que uma vez a dona Solange (famigerada ex-chefe de censura) me falou no fim da peça: “Olha, Agildo, tudo certo. Mas sabe aquele ‘puta que pariu’ que você fala?”. “Que ‘puta que pariu’, Solange? Eu falo dois ‘puta que pariu'”. E ela: “Aquele que você fala quando atende o telefone! Tira um dos dois ‘puta que pariu’, então”. Mas quando chegava na hora da peça, eu falava de qualquer jeito! Eles tinha era que mostrar a função deles, cortavam alguma coisa, mas a gente falava”.

O DISCO “ALTA ROTATIVIDADE”. “A Philips reuniu um grupo no estúdio deles da Barra da Tijuca. Foi um coquetel, com drinks, salgadinhos etc. Eu e a Rogéria, com o Pimentel, fizemos um show inteiro. Depois eles editaram para caber no disco. Mas era bem igual ao show. Aquela história do meu apartamento pequeno, em que eu dei uma festa e não cabia todo mundo, eu contei no Jô Soares uma vez. Aquilo foi verdade. Lógico que em termos teatrais a gente aumenta. Mas foi a festa de uma namorada minha, que conhecia Deus e o mundo e convidou a rua toda. Até aquela história do conjunto LSD, Louvado Seja Deus, aconteceu de verdade. Era um apartamento que eu morava na Rua Djalma Ulrich, em Copacabana, eu estava começando, era solteiro ainda…”

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Urgente!: O silêncio que Bruce Springsteen não quebrou

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Urgente!: O silêncio que Bruce Springsteen não quebrou

Tá aí o que muita gente queria: Bruce Springsteen vai lançar uma caixa com sete álbuns “perdidos”, nunca lançados oficialmente. O box vai se chamar Tracks II: The lost albums (é a continuidade de Tracks, caixa de 4 CDs lançada em 1998) e nasceu de uma limpeza que Bruce fez nos seus arquivos durante a pandemia. Pelo que se sabe até agora, o material inclui sobras das sessões de Born in the USA (1984) e gravações da fase eletrônica dele, no comecinho dos anos 1990 – inclusive um disco inteiro desse período, que nunca viu a luz do dia.

Essa notícia caiu nos sites na semana passada e trouxe de volta um detalhe que os fãs de Bruce já conhecem bem: ele tem muito material inédito guardado – e material bom. Em uma entrevista à Variety em 2017, ele mesmo comentou que sabia ter feito mais discos do que os que lançou, mas que havia motivos sérios para manter alguns deles nas gavetas.

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“Por que não lançamos esses discos? Não achei que fossem essenciais. Posso ter achado que eram bons, posso ter me divertido fazendo, e lançamos muitas dessas músicas em coleções de arquivo ao longo dos anos. Mas, durante toda a minha vida profissional, senti que liberava o que era essencial naquele momento. E, em troca, recebi uma definição muito precisa de quem eu era, o que eu queria fazer, sobre o que estava cantando”, disse na época (o link do papo tá aqui – é uma entrevista longa e bem legal).

Com o tempo, vários desses registros acabaram saindo em boxes e coletâneas. Um deles foi The ties that bind, um disco de pegada punk-power pop que seria lançado no Natal de 1979 – e que acabou virando uma espécie de esboço inicial do disco duplo The river, de 1980. Pelo menos saiu uma caixa em 2015 chamada The ties that bind: The River collection, com todo o material dessa época, inclusive o tal disco descartado (além de um material que formava quase um suposto disco de punk + power pop que teria sido abandonado).

Um texto publicado na newsletter do músico Giancarlo Rufatto recorda que Bruce infelizmente deixou de fora do novo box alguns álbuns que realmente mereciam ver a luz do dia. Um deles é um álbum solo (sem a E Street Band, enfim), com uma sonoridade country ’n soul, que foi gravado em 1981. Esse disco teria sido abandonado durante um período de depressão, que resultou em isolamento e na elaboração do disco cru Nebraska (1982), feito em casa com um gravador de quatro canais, só voz e violão.

Bruce até parece fazer referência a esse álbum perdido na entrevista da Variety. “Esse disco é influenciado pela música pop da Califórnia dos anos 70”, contou. “Glen Campbell, Jimmy Webb, Burt Bacharach, esse tipo de som. Não sei se as pessoas vão ouvir essas influências, mas era isso que eu tinha em mente. Isso me deu uma base pra criar, uma inspiração pra escrever. E também é um disco de cantor e compositor. Ele se conecta aos meus discos solo em termos de composição, mais Tunnel of love e Devils and dust, mas não é como eles. São apenas personagens diferentes vivendo suas vidas.”

Outro material bastante esperado pelos fãs – e que também não está na caixa – é o Electric Nebraska, a tentativa de Bruce de gravar com a E Street Band as músicas que acabaram no Nebraska. Nem ele, nem o empresário Jon Landau, nem os co-produtores Steven Van Zandt e Chuck Plotkin gostaram do resultado, e as gravações foram trancadas a sete chaves. Nem em bootlegs esse material apareceu até hoje. Pra você ter ideia, Glory days, que só sairia no Born in the USA (1984), chegou a ser ensaiada e gravada junto.

Quase todo mundo próximo a Bruce acredita que ele nunca vai lançar oficialmente essas gravações elétricas do Nebraska. Max Weinberg, baterista da E Street Band desde 1974 (com algumas pausas), confirmou a existência desse material em 2010, numa entrevista à Rolling Stone, e disse que adoraria ver tudo lançado.

“A E Street Band realmente gravou todo o Nebraska, e foi matador. Era tudo muito pesado. Por melhor que fosse, não era o que Bruce queria lançar. Existe um álbum completo do Nebraska, todas essas músicas estão prontas em algum lugar”, revelou. Bruce pode até guardar discos inteiros na gaveta, mas esse é um daqueles casos em que o silêncio guarda várias histórias – que podem render surpresas bem legais.

E ese aí é o lyric video de Rain in the river, uma das faixas programadas para Tracks II (a faixa sai num disco montado durante a elaboração do box, Perfect world).

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Cultura Pop

Urgente!: Supergrass, Spielberg e um atalho recusado

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Coisas que você descobre por acaso: numa conversa de WhatsApp com o amigo DJ Renato Lima, fiquei sabendo que, nos anos 1990, Steven Spielberg teve uma ideia bem louca. Ele queria reviver o espírito dos Monkees – não com uma nova versão da banda, como uma turma havia tentado sem sucesso nos anos 1980, mas com uma nova série de TV inspirada neles. E os escolhidos para isso? O Supergrass.

O trio britânico, que fez sucesso a reboque do britpop, estava em alta em 1995, quando lançou seu primeiro álbum, I should coco. Hits como Alright grudavam na mente, os vídeos eram cheios de energia, e Gaz Coombes, o vocalista, tinha cara de quem poderia muito bem ser um monkee da sua geração. Spielberg ouviu a banda por intermédio dos filhos, gostou e fez o convite.

Os ingleses foram até a Universal Studios para uma reunião com o diretor – com direito a recepção no rancho dele e papo sobre fase bem antigas da série televisiva Além da imaginação. O papo sobre a série, diz Coombes, foi proposital, porque a banda sacou logo onde aquilo poderia dar. “Talvez eu estivesse tentando antecipar a abordagem cafona que seria sugerida, tipo a banda morando junta como os Monkees”, contou Coombes à Louder, que publicou um texto sobre o assunto.

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A proposta era tentadora. Mas eles disseram não. “Foi lisonjeiro e muito legal, mas ficou óbvio para nós que não queríamos pegar esse atalho”, explicou o vocalista, afirmando ter pensado que aquilo poderia significar o fim do grupo. “Você pode acabar morrendo em um quarto de hotel ou algo assim, ou então a produção quer apenas um de nós para a próxima temporada. Foi muito engraçado, respeitosamente muito engraçado”.

O tempo passou. E agora, em 2025, I should coco completa 30 anos (mas já?). O Supergrass, que se separou no fim dos anos 2000, voltou para tocar o disco na íntegra e alguns hits em festivais como Glastonbury e Ilha de Wight.

Aqui, o trio no Glastonbury de 2022.

Foro: Keira Vallejo/Wikipedia

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Crítica

Ouvimos: Lady Gaga, “Mayhem”

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Ouvimos: Lady Gaga, “Mayhem”

Tudo que é mais difícil de explicar, é mais complicado de entender – mesmo que as intenções sejam as melhores possíveis e haja um verniz cultural-intelectual robusto por trás. Isso vale até para desfiles de escolas de samba, quando a agremiação mais armada de referências bacanas e pesquisas exaustivas não vence, e ninguém entende o que aconteceu.

Carnaval, injustiças e polêmicas à parte, o novo Mayhem foi prometido desde o início como um retorno à fase “grêmio recreativo” de Lady Gaga. E sim, ele entrega o que promete: Gaga revisita sua era inicial, piscando para os fãs das antigas, trazendo clima de sortilégio no refrão do single Abracadabra (que remete ao começo do icônico hit Bad romance), e mergulhando de cabeça em synthpop, house music, boogie, ítalo-disco, pós-disco, rock, punk (por que não?) e outros estilos. Todas essas coisas juntas formam a Lady Gaga de 2025.

Algo vinha se perdendo ou sendo deixado de lado na carreira de Lady Gaga há algum tempo, e algo que sempre foi essencial nela: a capacidade de usar sua música e sua persona para comentar o próprio pop. David Bowie fazia isso o tempo todo – e ele, que praticamente paira como um santo padroeiro sobre Mayhem, é uma influência evidente em Vanish into you, uma das faixas que melhor representam o disco. Aqui, Gaga entrega dance music com alma roqueira, um baixo irresistível e um batidão que evoca tanto a fase noventista de Bowie quanto o synthpop dos anos 1980.

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Mais coisas foram sendo deixadas de lado na carreira dela que… Bom, sao coisas quase tão difíceis de explicar quanto as razões que levaram Gaga a criar um álbum considerado “difícil” como Artpop (2013), enquanto simultaneamente mergulhava no jazz com Tony Bennett e preparava-se para abraçar o soft rock no formidável Joanne (2016), um disco autorreferente que talvez tenha deixado os fãs da primeira fase perdidos. Em outro tempo, Madonna parecia autorizada a mudar como quisesse, mas quando Gaga fazia o mesmo, deixava no ar notas de desencontro e confusionismo. O pop mudou, as décadas passaram, o público mudou – e todas as certezas evaporaram.

É nesse cenário que Mayhem equilibra as coisas, entregando um pop dançante, consciente e orgulhoso de sua essência, mas ao mesmo tempo sombrio e marginal. Há momentos de caos organizado, como em Disease e Perfect celebrity – esta última começa soando como Nine Inch Nails, mas, se você mexer daqui e dali, pode até enxergar um nu-metal na estrutura. Killah traz uma eletrônica suja, um refrão meio soul, meio rock que caberia num disco do Aerosmith, enquanto Zombieboy aposta no pós-disco punk, evocando terror e êxtase na pista (por acaso, Gaga chegou a dizer que o disco tem influências de Radiohead, e confirmou o NiN como referência).

Na reta final, o álbum se aventura por outros terrenos: How bad do U want me e Don’t call tonight flertam com o pop dinamarquês dos anos 90 (e são, por sinal, as únicas faixas pouco inspiradas do disco); The beast tem cara de trilha sonora de comercial de cerveja; e Lovedrug mergulha na indefectível tendência soft rock que surge hoje em dia em dez entre dez discos pop. Essa faixa soa como um híbrido entre Fleetwood Mac e Roxette – como se Gaga  estivesse pensando também na programação das rádios adultas de 2035.

O desfecho de Mayhem chega como um presente para o ouvinte: Blade of grass é uma balada melancólica de violão e piano, que ecoa tanto a tristeza folk dos anos 70 quanto a melancolia do ABBA, crescendo em inquietação à medida que avança. E então, como quem perde um pouco o tom, o álbum termina com… Die with a smile, a já conhecida balada country-soul gravada em parceria com Bruno Mars, lançada há tempos como single. Dentro do contexto do disco, ela soa mais como um apêndice do que como um encerramento – uma nota de rodapé onde se esperava um ponto final. Nada que chegue a atrapalhar a certeza de que Lady Gaga conseguiu, mais do que retornar ao passado, unir quase todos os seus fãs em Mayhem.

Nota: 8,5
Gravadora: Interscope
Lançamento: 7 de março de 2025.

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