Crítica

Ouvimos: Addison Rae – “Addison”

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RESENHA: Addison Rae estreia com álbum autoral e ambicioso, misturando vertentes da música pop numa busca sincera por identidade artística.

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Norte-americana da Louisiana, 25 anos, Addison Rae é personalidade da mídia, e filha de personalidade da mídia – seu pai, Monty Lopez, é ator, empreendedor e chegou a ter uma conta no OnlyFans, logo deixada de lado. Ela começou no TikTok, já tinha vários seguidores antes de lançar o primeiro single, e é amiga e mentoranda de Charli XCX. No Brasil, talvez Addison fosse uma subcelebridade com algum peso, destinada a aparecer em A Fazenda ou no camarote do Big Brother Brasil.

Addison acabou mostrando mais força do que parecia ter: trabalhou bastante até se tornar uma candidata a popstar da música e em seu primeiro álbum, Addison, faz o possível e o impossível para se destacar da onda enorme de cantoras pop. Juntou-se a Elvira Anderfjärd e Luka Kloser, dupla de compositoras e produtoras escoladas no pop europeu (trabalham com o sueco Max Martin, o cara por trás de hits como Baby hit me one more time, de Britney Spears) e, junto delas, fez de Addison uma espécie de diário de cantora tentando decifrar o mundo pop – com vibes hyperpop, clima texturizado e sonoridades que tangenciam o pop de câmara.

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Rae não vê problemas em citar nomes como Lana Del Rey e Madonna no dream pop dançante de Money is everything (em que fala: “a garota que eu costumava ser ainda é a garota dentro de mim”), em propagandear sua própria inocência no eletrorock Fame is a gun, em se localizar entre o pop de Britney Spears e o art pop de Lady Gaga em High fashion. Não se constrange nem mesmo de apelar para o truque barato do amor-para-sempre em meio aos teclados voadores e dançantes de Summer forever (“essa não é minha primeira vez, mas, baby, espero que seja a última”).

Falando assim, nem parece nada demais. Mas Addison acrescenta à rotina do pop a disposição para lidar com climas vaporosos e bem delineados – como no design sonoro, com piano Rhodes, de Times like these, e no art pop de In the rain.Headphones on, que encerra o álbum, é basicamente uma música que se utiliza de métodos “artísticos” para criar uma vibe de “canção de rádio”. Um lado chamber pop surge numa vinheta simples, Life’s no fun through clear waters, que lembra artistas como Sampha e Moses Sumney.

No geral, Addison mostra Addison Rae tentando mostrar quem ela é de verdade, mas ainda buscando ver até onde as coisas vão – é uma artista fazendo o que pode para buscar sua autoridade pop, vamos dizer assim. Um início promissor.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 8
Gravadora: Columbia
Lançamento: 6 de junho de 2025.

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