Crítica

Ouvimos: Tops – “Bury the key”

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RESENHA: Tops retorna após hiato com Bury the key: pop sofisticado que mistura soft rock, anos 1980 e clima de festa melancólica.

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Banda canadense que até hoje é um segredo muito bem guardado fora de seu país de origem, o Tops estava sem gravar álbuns novos desde 2020. O grupo deu uma sumida, a vocalista Jane Penny e a tecladista Marta Cikojevic lançaram discos solo (esta última usando o nome artístico Marci) e… Bom, ao redor do Tops parece que todo mundo, de Clairo a Hayley Williams, decidiu se aprofundar numa fórmula musical que era bem típica dos primeiros discos deles: beats bacanas, refrãos ótimos e delicados, e uma emanação ou outra do Fleetwood Mac fase Rumours, e do soft rock anos 1970/1980.

E vai daí que em Bury the key, o quinto álbum – e a estreia da banda pelo selo estadunidense Ghostly International – David Carriere, Jane Penny, Marta Cikojevic e Riley Fleck não mexeram um músculo sequer de suas faces por conta disso. Continuam fazendo o que sabem fazer, apostaram na criação de boas melodias, e abrem o álbum imediatamente com Stars come after you – um soft rock com vibe eletrônica, e clima que lembra uma espécie de Carly Simon convertida ao glitch, aos defeitos especiais de gravação. Não por acaso, músicas como Wheels at night e o pop “physical” de ICU-2 soam como se um holograma dos anos 1980 aparecesse de repente na frente do/da ouvinte, dando um tom quase imagético aos sons.

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Essa atmosfera também é a de faixas como Outstanding in the rain e Annihilation – a primeira juntando disco music, indie rock e pop charmoso na onda dos Cardigans, a segunda, lembrando uma versão mais minimalista das criações de Giorgio Moroder, ou do rock grandiloquente da Electric Light Orchestra. Também rola em Chlorine e Call you back, ambas consistindo de pop oitentista levado para o código pop de 2025. Já Standing on the edge of fire é um som anos 1980 que, mexe daqui e dali, se transforma num hard rock da mesma década.

No fim de Bury the key tem Paper house, soando como uma música de girl group sessentista, só que na mesa vibe mágica e texturizada que atravessa todo o álbum – e ganhando logo ares de indie rock tristonho e festeiro, simultaneamente. Esse “chora agora, festeja depois” mora em cada acorde de Bury the key.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Ghostly International
Lançamento: 22 de agosto de 2025

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