Crítica

Ouvimos: Sabrina Carpenter, “Short n’ sweet”

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  • Short n’ sweet é o sexto álbum da cantora norte-americana Sabrina Carpenter, produzidoo por Julian Bunetta, John Ryan, Ian Kirkpatrick e Jack Antonoff. Boa parte do material foi feito por ela ao lado de Amy Allen, compositora que fez hits para artistas como Shawn Mendes, Justin Bieber, Camila Cabello e Selena Gomez. Julia Michaels, cantora e compositora californiana, compôs também uma boa parte em parceria com as duas.
  • Sabrina afirma que esse é seu segundo disco como cantora “adulta”, com controle criativo. O nome do disco veio do fato dele falar basicamente de relacionamentos curtos – mas já foi interpretado como uma referência ao tamanho de Sabrina e à duração de 36 minutos do álbum.

Quem ouviu o disco novo de Sabrina Carpenter e se pegou gostando das músicas – e acabou achando que ela surgiu com um dos lançamentos pop do ano, embora bem atrás de Brat, de Charli XCX, disco feito com objetivos bem diferentes deste – provavelmente caiu na mais nova pegadinha do pop. E tudo bem, porque música pop também é pra isso.

Se Charli fala para a galera que não quer se encaixar em padrões, e Taylor Swift divide suas experiências pessoais com as fãs, Sabrina é quase sempre a cantora do “se vocês soubessem o que aconteceu, ficariam enojados”. É a artista pop que batizou seu disco anterior de Emails I can’t send (2022) – um álbum, por sinal, em cuja faixa-título ela diz que jamais vai perdoar o pai por ter traído sua mãe, e põe no velho toda a culpa por ela permanecer abalada emocionalmente, e ferrando a vida dos caras mais legais que ela conhece.

Short n’ sweet já é o sexto álbum dela – tem quem só tenha escutado falar de Sabrina agora, já que ela abriu shows da turnê Eras, de Taylor Swift, mas ela já está aí há bastante tempo, e só desde o álbum anterior vê seu próprio trabalho como “adulto”. O novo álbum baixa só um pouco a guarda: o foco é mais na vida sentimental de Sabrina, o que já é garantia de bastante assunto – ela já teve inclusive uma relação rapidíssima explorada pela imprensa e por não-fãs raivosos (um rolo com o ex da cantora Olivia Rodrigo, que rendeu Because I liked a boy e gente xingando muito nas redes sociais). Como já havia acontecido no disco anterior, o tal toque “adulto” não é brincadeira: a produção dividida por Julian Bunetta, John Ryan, Ian Kirkpatrick e Jack Antonoff explora tons pop dos anos 1980, 1990 e 2000 em quase todo o álbum.

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Há espaço até para a recente mania de Fleetwood Mac-Stevie Nicks que assola o pop, com o próprio hit Taste – a letra é pura sacanagem, com Sabrina zoando cruelmente a atual namorada do seu ex, e pondo algumas notas de humor sáfico no meio. O single Please please please parece que vai recordar I want to break free, do Queen, no começo, graças aos sintetizadores – mas se torna um cozidão meio sem pé nem cabeça de ABBA e folk pop. Uma curiosidade é Good graces, aberta num clima que se assemelha mais a um pagode, com solinho de violão e percussão eletrônica – e seguindo para uma espécie de funk melody que não faria feio no Xuxa park em 1994.

Na sequência, Sharpest tool é o lado mais indie do disco, com programações discretas, tom misterioso e argamassa synth pop. Coincidence é quase surf music, batida no violão, com bom arranjo de vocais – Sabrina solta a voz com uma turma que inclui o co-produtor Ian Kirkpatrick e as co-autoras da faixa, as top sellers Amy Allen e Julia Michaels. E provavelmente quem já chegou aos 50 conseguiu enxergar as referências de Michael Jackson no arranjo e na guitarra da boa Bed chem.

A segunda metade de Short n’ sweet é ainda mais interessante, com a house music clássica do hit Espresso, a tristezinha anos 90 da balada Dumb & poetic, o country pop de Slim pickins, e o pop oitentista vintage de Juno e Don’t smile – essa com qualidade de gravação de época, como numa canção gravada em fita K7 da Transamérica em 1987. Já a tentativa de garantir rótulos do tipo “dream pop” para o álbum, em Lie to girls, tem lá suas qualidades, embora seja uma das mais enjoadinhas do disco novo de Sabrina. Que, no geral, mantém a qualidade sendo “só” um bom disco pop.

Nota: 8
Gravadora: Island.

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