Crítica

Ouvimos: Elemento Zero, “Efêmera” (EP)

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  • Efêmera é o novo EP da banda Elemento Zero, que vem de Vitória (ES) e é, na verdade, uma dupla formada por Marcelo Schiffer (vocal, guitarra e sintetizador) e Jack (vocal, baixo, violão e sintetizador). Entre as referências da dupla, estão Joy Division, Placebo, The Jesus And Mary Chain, The Kills, The Cure, Depeche Mode, New Order e Pink Floyd.
  • Jack é um antigo amigo do grupo que estava na Nova Zelândia e assumiu o posto de baixista – Fábio de Souza, ex-baixista do Elemento Zero, morreu em janeiro de 2022.
  • A capa do disco traz um fóssil de uma efêmera. “As efêmeras são os insetos com asas mais antigos já registradas e podem ser encontradas em diversas partes do mundo. O seu tempo de vida como adultas é muito curto, variando entre 30 minutos e um dia. Usando a imagem da efêmera, a banda quis expressar o sentimento de que a vida humana passa muito rápido, é muito breve”, diz a dupla.

Depois de vários anos, discos de bandas nacionais de pós-punk que não tiveram lá muita atenção da crítica quando saíram (Ethiopia, Eterno Grito, Kafka, Varsóvia) viraram raridade. Se o EP do Elemento Zero tivesse sido lançado em vinil lá por 1988, a chance dele hoje em dia virar objeto de culto seria bem grande. É pós-punk forte, com afiliações góticas, feito em dupla, por gente ligada em The Cure, New Order, Velvet Underground, e em construções eletrônicas de canções que soam orgânicas.

É o que acontece na combinação de fortes linhas de baixo e guitarras distorcidas da faixa de abertura, Dia nove, ou no pós-punk enevoado de Rotina, abrindo com percussão eletrônica antiga, e seguindo com diálogo entre riffs de guitarra e linhas de baixo. Quando um sol nascer é mais funkeada, e Efêmera, a faixa-título, é quase gêmea de Rotina – uma canção sobre luto (“a procura em vão de amigos e entes queridos que nunca mais veremos”, informa a banda) lembrando Joy Division e The Cure.

Efêmera encerra com dois temas instrumentais: Yasmin é uma balada em tom quase gótico, com percussão lembrando Velvet Underground – abrindo com cello, seguindo com teclados e guitarra, e explodindo com parede de guitarra distorcida e baixo lá pela metade. Paradisus efimeri, que fecha o EP, é uma vinheta ambient baseada em teclados. Pode adotar essa banda.

Nota: 8
Gravadora: Independente.

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