Crítica

Ouvimos: Lifeguard – “Ripped and torn”

Published

on

RESENHA: Lifeguard estreia com Ripped and torn, disco de 2025 que parece perdido em 1978: pós-punk ruidoso, no wave, caos melódico e energia crua do começo ao fim.

  • Apoie a gente e mantenha nosso trabalho (site, podcast e futuros projetos) funcionando diariamente.

Kai Slater (guitarra, voz), Asher Case (baixo, guitarra barítono, voz) e Isaac Lowenstein (bateria, synth), os três do Lifeguard, poderiam ser três caras de 60-65 anos hoje em dia. E Ripped and torn, primeiro álbum do trio, poderia ser uma obra perdida do indie rock norte-americano gravada em 1978 e esquecida num estúdio – ou guardada como uma mensagem na garrafa.

Mas nada disso. O Lifeguard é uma banda de 2025, nascida em Chicago, e que faz pós-punk, no wave e rock ruidoso em geral, com emanações do esporro: Wire, Gang Of Four, Public Image Ltd e Slits são devidamente lembrados nas doze faixas de seu debute, Ripped and torn.

A tightwire, na abertura, é pós-hardcore (modernidade, enfim) feito com mente de fã de Ramones e de Black Flag. It will get worse e Me and my flashes são puro ruído guitarrístico – a segunda apita como uma sirene. Faixas como Charlie’s vox e Ripped + torn são quase sludge metal dosado, lembrando algo que fica entre Melvins, Flipper e Swans.

  • Ouvimos: Gang Of Four – Shrinkwrapped (relançamento)
  • Aquela vez em que Andy Gill (Gang Of Four) gravou solo
  • Relembrando: Wire – Pink flag (1977)

A anarquia sonora de faixas como (I wanna) Break out e Like you’ll lose tem algo da maneira como a no wave e o começo do math rock foram relidos no Brasil – Voluntários da Pátria, Patife Band. Já How to say deisar é a prova de que, em meio aos decibéis, o Lifeguard sabe construir boas melodias – aliás em meio à experimentação também, porque aqui surge algo que lembra Captain Beefheart e disco music punk, com ecos também de Gang Of Four e Wire. France and põe quilos de peso em algo que lembra The Damned e Buzzcocks.

A variedade do Lifeguard aponta ainda para uma união de no wave, psicodelia e clima mod na onda do Who e dos Kinks (Under your reach) e para o som maníaco, percussivo e experimental (a vinheta instrumental Music for 3 drums, quase um ET jazzístico, experimental e dadaísta num disco de punk rock). Se não ouvir no volume máximo nem tem graça.

Texto: Ricardo Schott

Nota: 9
Gravadora: Matador Records
Lançamento: 6 de junho de 2025.

Trending

Sair da versão mobile