Crítica
Ouvimos: Gustavo Kaly, Wander Wildner, Pata de Elefante – “Emaranhados em gambiarras mal-ajustadas”
RESENHA: Gustavo Kaly, Wander Wildner e Pata de Elefante unem-se em disco punk e poético, entre psicodelia, folk e samba-rock.
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Punk com aura beatnik, o catarinense Gustavo Kaly tem uma relação criativa com o gaúcho Wander Wildner há bastante tempo. Gravado pelos dois ao lado da banda Pata de Elefante, Emaranhados em gambiarras mal-ajustadas é um álbum de bardo punk, de cantor que está acostumado a rodar pelo Brasil e pelo mundo observando e cantando as suas verdades – exatamente como o próprio Wander faz desde a época em que estava à frente dos Replicantes, nos anos 1980.
No disco, Wander e Gustavo inserem a pegada poética e cortante, e o Pata de Elefante responsabiliza-se por ruídos e peso. Como na faixa-título, um texto lido por Wander com voz rouca e clima ríspido, ou na psicodelia lascada de Olhar veludo. Já Antes do café da manhã é uma balada sixtie cantada como uma milonga, mas com ar Neil Young. Depois que a guerra terminou é folk gaúcho com clima guerreiro na melodia e na letra.
No restante do álbum, Wander, Gustavo e o Pata invadem a área do samba-rock em Tristeza à moda antiga, que tem algo da MPB melancólica dos anos 1970 (chega a lembrar Abílio Manoel) e põem pegada hispânica no rock de O segundo lado do disco (“ignorância é alegria / o tempero da inexistência”, diz a letra). O clima trevoso de Lou Reed e a vibe esperançosa de Neil Young residem em Sempre que eu posso eu fujo do inverno, por sua vez.
Texto: Ricardo Schott
Nota: 9
Gravadora: Independente.
Lançamento: 1 de agosto de 2025.
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