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Tony Bizarro: descubra agora!

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Tony Bizarro, morto no dia 31 de janeiro, era mais conhecido por sua associação com músicos como Tim Maia e Lincoln Olivetti, e por hits do soul e do boogie nativo como Estou livre. Nunca foi só isso: como produtor e compositor, o paulistano Luiz Antonio Bizarro (era seu nome verdadeiro) foi do brega ao samba. “Produzi Odair José, Diana, Balthazar, César Sampaio, Banda do Canecão, Banda do Povo”, disse num papo com Peu Araújo na Vice, recordando seu período de produtor na Polydor, selo popular da Philips. Na infância, cantou música italiana na TV ao lado de um iniciante Sergio Reis. Pouco depois, virou ator da companhia de Oscarito, aos 14 anos, com 1m80.

Seu cultuado primeiro LP solo, Nesse inverno (1977), surgiu após algumas tentativas de estourar como integrante de dupla (Tony & Frankie, produzidos por Raul Seixas na CBS em 1971, com uma sonoridade que ia do baião ao rock a la Santana) e líder de banda (Tony & O Som Colorido, que lançou apenas um single pela Polydor em 1972). Também havia gravado um EP solo que não deu certo, antes disso. Enquanto produtor da Polydor, lidou diretamente com músicos que eram quase residentes dos estúdios da Philips, entre eles a turma da banda de jazz Azymuth e o cantor e compositor Hyldon. Na CBS, produziu o Som Nosso de Cada Dia, no suingado LP Som Nosso, ou Sábado/Domingo (1977).

E se você nunca tinha nem sequer escutado falar em Tony (que chegou a voltar à mídia no fim dos anos 1990 quando Charles Gavin comandou um relançamento de Nesse inverno em CD), seguem aí nove músicas pra você começar a conhecer.

“ADEUS AMIGO VAGABUNDO (TRIBUTO A BRIAN JONES)” (do single Tony & Frankie, CBS, 1970). A razão da homenagem ao recém-morto guitarrista dos Rolling Stones, segundo Tony, era “porque ele era doidão, morreu doidão”. O original da dupla era uma balada soul de violão que lembrava Tim Maia em tudo (arranjos, vocais, etc). Em 1977, Tony regravou a canção num clima mais tranquilo no LP Nesse inverno. E em 1970 mesmo, Os Incríveis meteram um trecho de Foxy lady e regravaram a faixa como… Tributo a Jimi Hendrix.

“PATATI PATATÁ” (do disco Tony &  Frankie, CBS, 1971). Raul Seixas, produtor de Tony Bizarro & Frankie Arduini, pediu a Getulio Cortes “uma letra bem doida” para o disco da dupla. Saiu essa música, uma homenagem a Santana e “à turma do Mercado Modelo” (todos citados logo na abertura).

“O CARONA” (do single Tony & O Som Colorido, Polydor, 1972). A fase psicodélica de Tony (sem Frankie, apesar de O carona ser uma música dos dois) incluiu muito ácido, maconha e parcerias com músicos-chave do soul como Robson Jorge (piano), Renato Britto (irmão de Robson, bateria) e Carlos Lemos (baixo), o mesmo trio que tocaria em 1973 no segundo disco de Cassiano, Apresentamos nosso Cassiano. E eles eram O Som Colorido.

“NÃO VAI MUDAR” (do LP Nesse inverno, CBS, 1977). A primeira música do primeiro álbum de Tony já havia sido gravada por ele em 1976, num EP da RGE que não fez sucesso. Um baita balanço, composto pelo trio de velhos camaradas Robson Jorge, Tony Bizarro e Carlos Lemos – sendo que Tony e Carlos abriram mão do crédito e botaram suas irmãs, Yara e Tulla (respectivamente) para assinar a faixa. “Foi só para não ficar tudo igual”, disse.

“QUANDO VOCÊ VOLTAR” (do single Tony Bizarro, CBS, 1978). Além de Nesse inverno, Tony deixou algumas gravações na antiga CBS que saíram em compacto. Uma delas foi essa balada triste de Cassiano, Paulo Zdan e Betinho.

“APENAS UMA VEZ” (do single Doces palavras, RGE, 1980). O tom soul dos discos anteriores é substituído por uma sonoridade mais próxima do boogie sintetizado. Apenas uma vez era uma parceria de Tony, Carlos Lemos e o trombonista Ed Maciel.

“ESTOU LIVRE” (do single Estou livre, WEA, 1983). Após passar por vários selos, Tony abrigou-se na WEA e lançou dois singles pela gravadora. Estourou logo com o primeiro, que tocou em rádio, e teve letra inspirada num sufoco vivido por Tony e os amigos Lincoln Olivetti e Robson Jorge em 1980, quando saíam de uma sessão de estúdio, de carro, e foram revistados pela polícia em busca de drogas. Tony foi lançar a canção no Cassino do Chacrinha e foi chamado de “o mais elegante cantor de rock da América Latina” pelo apresentador.

“NA BOA” (do LP Uma vez é outra vez, Zimbabwe, 1991). O segundo LP de Tony tinha coprodução de Bozo Barreti (ex-Capital Inicial) e tentava dar uma modernizada no som do cantor, com influências de r&b e rap, além de uns balancinhos que lembram Prince. Infelizmente não chegou a fazer sucesso.

“JÁ TENTEI DE TUDO” (do CD Estou livre, Amplitude Records, 2008). Resgatado após Estou livre virar jingle de empresa telefônica, Tony, com a voz em forma, releu seu repertório ao lado de inéditas no único disco de sua carreira lançado direto em CD. BNegão cantou na releitura da faixa título e o rapper Thaíde solta a voz nessa faixa.

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