Cinema
Quando o Oscar deixou de besteira e criou a categoria Melhor Animação
Incrível: a categoria de “Melhor Animação” do Oscar parece sempre ter existido, mas vai completar vinte anos no ano que vem. Isso porque só a partir de 2002 a Academia passou a premiar as melhores produções na área.
O que passou para a história é que os notáveis do Oscar achavam que não haveria filmes suficientes para que a premiação acontecesse. Em decorrência disso, até então, desenhos animados eram premiados em outras categorias. Em 1939, por exemplo, Branca de Neve e Os Sete Anões, primeiro longa-metragem em animação feito nos Estados Unidos, foi premiado. Mas recebeu um prêmio honorário, por ter sido considerado “uma significativa inovação” no cinema. Aliás, Walt Disney, cuja equipe realizou o longa, já havia recebido um Oscar extra em 1932 por causa da criação do camundongo Mickey.
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Teve mais: em 1989, a trabalheira de stop motion de Uma cilada para Roger Rabbit foi indicada para seis prêmios e venceu quatro deles (efeitos visuais, som, efeitos sonoros e edição). Já em 1996, Toy Story, da Disney/Pixar, ganhou três indicações, mas acabou comovendo os jurados a ponto de ganhar um Oscar de Contribuição Especial. Pouco antes, em 1992, A Bela e a Fera havia sido indicado na categoria de Melhor Filme. E desde 1932, já havia um prêmio específico para curtas de animação.
Já em 26 de setembro de 2000, a turma da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas decidiu que logo no 74º Oscar, em 2002, poderia rolar a primeira premiação da categoria Melhor Animação. Inicialmente, a ideia era que a premiação existisse “apenas nos anos em que houver oito ou mais filmes elegíveis para a categoria”. Mas essa regra existiu apenas até 2019. Shrek, da DreamWorks, foi o primeiro a levar o Oscar pra casa.
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Na época, essa história de existir ou não uma categoria especial para animação no Oscar dava muita discussão. Em especial porque alguns oponentes acreditavam que se houvesse uma categoria, ela confinaria os filmes de animação num nicho. Que seria talvez menor e menos importante que o de “melhor filme”, ou algo do tipo.
De qualquer jeito, na época, não era só a Disney que estava produzindo animações, o que jogava areia na tal tese do “não há filmes o suficiente”. Havia também Warner, Pixar e várias outras. E muitas animações excelentes não ganharam nada por não se encaixarem em lugar algum, como o próprio Toy Story 2. As várias produtoras independentes que trabalhavam com animação, teoricamente, teriam menos do que se queixar. Desde que, especialmente, se juntassem com a turma correta.
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Daí para a frente, começaria uma longa temporada de animações fantásticas concorrendo ao prêmio. E, aliás, um inverno mais extenso ainda de produções injustiçadas pela não-indicação, ou por não levarem a estatueta para casa. Noiva cadáver, de Tim Burton e Mike Johnson, por exemplo, concorreu em 2005 mas não levou. O imaginativo Persepolis, de Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi, brigou com Ratatouille e Tá dando onda, e se deu mal. Já os indicados da premiação que rola neste domingo (25) estão aí.