Crítica

Ouvimos: Terno Rei, “Nenhuma estrela”

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Em seu quinto álbum, o Terno Rei soa como uma das bandas menos lembradas do rock oitentista: os australianos do The Church (lembra de Under the milky way?) e seu pós-punk sonhador e espacial – ainda que o nome do disco seja Nenhuma estrela, e em boa parte das faixas, um certo desencanto tome conta de letras e vocais.

Lô Borges, que solta a voz na bela Relógio (remetendo ao som do mineiro dos anos 2000 para cá), é uma grande referência em vários momentos do álbum, igualmente. Mas o principal é que em faixas como Peito, Nenhuma estrela (ambas com clima quase dream pop), Próxima parada (de clima quase trip hop, lembrando uma música da Marina Lima, e coincidentemente xará de uma faixa da cantora) e Nada igual – esta lembando bandas como Smiths, R.E.M. e The Sundays – o Terno Rei comporta-se como um membro tardio do clube oitentista britânico, ou da legião pop adulta da mesma década.

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Ainda assim, o Terno Rei faz questão de demarcar território em 32, som folk e misterioso, cheio de recordações doloridas (“agora sou eu, que tenho meus 32 / 32 dentes, o mundo na frente, não posso ficar pra trás”), e de unir desencanto e amadurecimento em Coração partido, outra faixa lembrando The Church, com os versos “eu não quero mais saber do que não posso mudar / não precisa me dizer / amanhã já vai chegar”.

Sons mais explosivos aparecem em faixas como Pega, levada por riff de guitarra e baixo costurando a melodia, e Programação normal, alternadas com o tecnopop deprê, com cadência de rap (e participação do duo mineiro Paira) de Tempo, e as baladas pós-punk Acordo e Viver de amor. Entre ecos do passado e dúvidas do presente, o Terno Rei parece buscar um lugar próprio.

Nota: 8,5
Gravadora: Balaclava Records
Lançamento: 16 de abril de 2025

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